sábado, 13 de setembro de 2008

Os jornais Desportivos

No último número da Revista Dragões, o nosso Presidente entendeu, e bem, dar uma alfinetada na Bola em função da publicação em série de primeiras páginas reveladoras da falta de independência (real) do jornal relativamente ao SLB, e afirmando (muito justamente) que esse posicionamento não é conforme o bom jornalismo e a ética do jornalista. São mesmo medíocres, não são?


É proibido, e bem, proibir a liberdade de imprensa, mas não devemos perder a oportunidade de denunciar os exageros em que cai frequentemente a nossa Imprensa desportiva. Mas, nenhum dos jornais está isento de pecados, sendo o Record o pior de todos. Porque é medíocre e porque ainda não deram por ela. São demasiado mauzinhos, para o reconhecerem, não são?


O Jogo não é excepção, infelizmente, e depois de há umas semanas, durante três ou quatro dias seguidos, terem feito de Hulk a primeira página do jornal, há poucos dias asfixiaram-nos com uma entrevista a Rochemback, com 6 páginas incluindo a capa. É demais e não vejo nenhuma razão para essa extensa entrevista. É (era) tempo de selecção e de dar mais atenção aos sub-21. Não é?

O Jogo publica aos Domingos um revista a “J” que é de uma mediocridade que dói. No passado fim-de-semana com uma reportagem fotográfica de Mónica, cuja beleza não mereceria tanto.
É significativo que o jornal pense que a revista é uma mais valia e que desta forma chega junto de mais leitores. Estão a vender gato por lebre e nem o grau de fidelidade ao jornal justifica o preço que nos “obrigam” a pagar. Bons rapazes, não são?

É relativamente vulgar vender publicidade e “oferecer” em contrapartida uns favorzitos na secção dos press release, ou então foto reportagens, nomeadamente nas revistas, sobre as marcas ou os patrões das mesmas. São práticas correntes, mais ou menos camufladas, mas que existem e se patrocinam. Admito que muitas destas capas tenham como objectivo atrair o alvo primário, mas não me espantaria que fossem encomendas pelos clubes que gozam do privilégio de ter nas redacções desses jornais pessoal que se identifica com o emblema e se serve à maneira para a prestação desse tipo de servicinhos.

O reinado de Bush inaugurou o jornalismo embedded que serviu à feição para que o relato dos episódios de guerra não fugissem ao guião oficial. Acho que devem ter colhido da Imprensa desportiva portuguesa excelentes exemplos de como agradar e servir, sem perder estatuto. E nos últimos dias, nos jornais desportivos portugueses as parangonas vão direitinhas para Rochemback, Suazo, Katsou e Di Maria. Porque será? Uma capa, 5 páginas cheias de Rochemback é uma overdose, não é?

5 comentários:

Nelson Carvalho disse...

A falta de independência de todas as publicações desportivas é de tal modo gritante, que não raras vezes o próprio leitor se questiona sobre a veracidade e isenção dos artigos que vai lendo.

Esta parcialidade é promovida devido a pequenez das mentalidades que reinam nas redacções destes jornais, que se reflecte nos seus conteúdos (vide capa do Record de há 2 dias, com Deco numa fotomontagem ridicula) e na permissividade dada aos clubes para fazerem passar a(s) mensagem(ens) que mais lhes convem.

José Correia disse...

Concordo que o panorama da imprensa desportiva é mau mas, apesar de tudo, O JOGO é o jornal que procura manter uma maior equidistância dos três grandes (com secções e jornalistas associados a cada um deles) e, que me lembre, nunca entrou em campanhas contra nenhum dos três grandes.

Jorge Aragão disse...

Por causa das coisas, agoro só leio os desportivos na net e enquanto for de graça, isto para alem de uma ou outra consulta num café ou hipermercado enquanto se espera pela ansiada chegada do carrinho às caixas, sinal da " dolorosa " mas também de sair dali para fora, eh, eh...
Há muito que deixei de acreditar na imprensa desportiva e se tiver mesmo de comprar será sempre " O Jogo " e nunca os outros pasquins.
Já dise algumas vezes, uma análise de conteudo às primeiras páginas dava uma excelente tese de mestrado ou doutoramento em sociologia.

Mefistófeles disse...

Adorei o post. Mas não consigo parar de rir com a expressão do orelhas n'a Bola ! Que ar inteligente que o Luís tem !

Mefistófeles disse...

Se quisessem mesmo saber o lado desconhecido e secreto do Luís, deviam começar por Loures, pela Hiperpneus e pelo Grupo Jorge Seco.
Mas isso agora não interessa nada...