quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A história que se repete


Estádio José de Alvalade, 7 Maio 1995, Campeonato Nacional da Primeira Divisão

SCP: Costinha; Paulo Torres, Budimir Vujačić, Nélson, Oceano; Carlos Xavier, Krasimir Balakov, Luís Figo (futuro melhor jogador do Mundo); Andrzej Juskowiak, Ivaylo Yordanov, Emmanuel Amuneke

Suplentes: Zoran Lemajić, António Pacheco, Dani, Filipe Ramos, Chiquinho Conde

Treinador: ex-seleccionador nacional das camadas jovens, com grande sucesso, vulgo Carlos Queiroz

FCP: Vítor Baía, João Pinto (em final de carreira), Aloísio, Carlos Secretário, Jorge Costa (imberbe), Rui Jorge (imberbe); Vasili Kulkov, Rui Barros, Emerson, Paulinho Santos (imberbe); Domingos

Suplentes: Cândido, Ljubinko Drulović, Russell Latapy, Folha, Sergei Yuran

Treinador: Bobby Robson


No jogo que decidia o campeão da época 1994/95, Sporting e FC Porto defrontaram-se no Estádio José de Alvalade. Pese embora seguisse no segundo lugar da tabela, atrás dos azuis-e-brancos, o Sporting era o favorito à vitória no jogo: jogava no seu estádio, e contava com um plantel mais rico, onde pontificavam Figo e Balakov, entre outros. Do outro lado, o FC Porto, com muito menos recursos - uns meses antes dera-se o famoso caso da penhora do Estádio das Antas - e um plantel mais limitado, contando até com jogadores emprestados, propunha-se a não "deixar voar o pássaro" que tinha na mão. Como ingrediente extra, havia o facto de Bobby Robson, despedido do comando técnico do Sporting no decorrer da época anterior, orientar agora a equipa rival.

Apesar de claro underdog e de todas as adversidades que enfrentava, o Porto "fez das tripas coração", e venceu mesmo os riquinhos do Sporting - 0-1, golo de Domingos, de grande penalidade - que nem do árbitro se puderam queixar. Podíamos não ter individualidades de igual valia, mas tínhamos espírito e uma equipa de verdade (e mais jogadores portugueses no 11 inicial!).

Há (quase) 20 anos foi assim, uma noite inesquecível, mágica, marcante. Foi um daqueles jogos (e campeonatos) "contra tudo e contra todos", em que até com a morte de um jogador, Rui Filipe, sofremos. O Porto já goleou e venceu campeonatos com distâncias de 10 e mais pontos, mas poucos ou nenhuns se comparam a aquilo que nos foi dado a sentir no final daquele jogo.

Nunca tinha pensado o que teria sido estar do outro lado, viver uma derrota descoroçoante, no próprio estádio, contra uma equipa que a esmagadora maioria dos adeptos considerava inferior.

Salvo as devidas diferenças no que respeita à prova, e a alguns dos intervenientes - só para citar alguns casos: o Marco Silva não é certamente o Bobby Robson (embora pareça também ser capaz de fazer ovos sem omeletes), e o Rui Patrício não é o Vítor Baía, nem pouco mais ou menos - no último sábado, fiquei a conhecer essa sensação. É para mim impossível não traçar um paralelo entre os dois jogos, não inverter as posições, e muito menos não ver em Lopetegui um hipotético clone do Queiroz - um indivíduo pode ser o maior do Mundo no futebol jovem, e não dar uma para a caixa no futebol "a sério". Perder com o Sporting, em casa, não é uma coisa do outro mundo, só que não me parece que esta tenha sido apenas uma derrota mas porventura um sinal de que (se) não aprendemos com os erros (dos outros*), estamos condenados a repeti-los.

23 comentários:

Pyrokokus disse...

Percebo o paralelismo mas não concordo. Assim um seleccionador de camadas jovens com sucesso estava condenado a não vingar em equipas.

Temos uma equipa jovem e em crescimento. Há muita coisa que podia estar melhor, mas tb há muita coisa que está melhor do que estava.

Vamos aguardar. Eu acredito no Lopetegui e nesta equipa!!!

Antonio Silva disse...

O jogo foi a 10 de Maio de 1995, Filipe.
Tenho a certeza porque foi no dia do meu aniversário e vi o jogo no Café O Zé na Rua da Matemática (cheia de lampiões).

O Zé ficou chateado comigo por comemorar o golo.

Unknown disse...

Boa tarde.
Já no sábado tive intenção de intervir neste blogue, mas preferi estar calado. Na terça tive muita vontade de responder a diversos intervenientes sobre o que criticaram no sábado anterior. Não o fiz, pois respeito todas as opiniões e mais do que isso nunca irei colocar o portismos de cada um em causa.
Mas depois desta opnião, peço desculpa mas chega.
Comparar Vitor Baía com o Costinha, comparar Aloísio e o Bicho com outros centrais, cmparar Emerson Kulkov Domingos com outros jgadores para no fundo dizer que Carlos Queiroz é Lopetegui e Sir Bobby Robson é Marco Silva é demais. Um grande jogador ( FIGO) não faz uma equipa.
Começa a ser irritante vir a um Blogue que gosto mas que está constatemente a julgar na praça pública uma pessoa ( Lopetegui), arranjar mil uma desculpas para estar constantemente a criticar ou a por em causa o treinador é muito baixo. Eu nunca gostei de Vitor Pereira mas não dizia metade do que aqui dizem do Lopetegui e existiam mais que motivos para julgar as suas opções.
O problema é quie existem sócios/adeptos que estão mal habituados, que não conhecem nem metade da nossa história, que pensam que só joga uma equipa. Nós ganhamos imenso nos últimos 30 anos mas a nossa história tambe´m é feita de 19 anos de seca. Contem quantos treinadores tinha o FCPORTO durante esses anos, chegamos a numa época ter 4. O Lopetegui é o melhor do mundo? Não.
Tem cometido erros? Tem sim senhor. Agora acreditem que não é com os assobios das bancadas que vai ganahr animo. A gente que vem aqui dizer que é necessário levar o treinador ao Museu para ver a nossa história mas se calhar, deveriam de ser essas mesmas pessoas a visitar.
O homem pode não ganhar nada, pode ninguém gostar dele mas ao menos deveriamos de o apoiar. Lembram-se do Mourinho? Após algumas exibições na metade da época de 2001/2002 alguém pensava que iamos ganhar o que ganhamos a seguir? O lopetegui não é o Mourinho nem (infelizmente) vai ganhar o que ganhou o Mourinho mas não façamos criticas só por que não gostamos do homem.
Para muitos sócios, um treinador do FCPORTO deveria, após um empate ou uma derrota ser despedido.
EU SOU DO FCPORTO COM MUITO ORGULHO. Eu vivo atualmente em Braga, no Domingo fui ao Braga parque com a camisola do FCPORTO. Por mais mauS resultados que tenhamos, mesmo que um dia desça de devisão, mesmo que nunca mais veja o FCPORTO ganahr nada, sou e serei FCPORTO até á MORTE. E a camisola que envergo no ginásio e muitas vezes nas Ruas de Braga, pode ser Rosa, amarela, preta, terá sempre o melhor simbolo do Mundo.
Se existe esta contestação ao treinador, imaginem um dia quando JNPC deixar de ser o presidente. Vamos andar a ter eleições de meio em meio ano.
Para o bem ou para o mal, este senhor é o treinador.
Bruno Miguel Guedes -28061.

Pedro ramos disse...

Na sequencia desse jogo, e sobretudo do jogo para a liga dos campeoes, muito se tem discutido a atitude de muitos adeptos, os assobios, os insultos e a intolerancia destes para com a equipa, apesar de condenar, seria interessante perceber o porquê dessas atitudes.
Será apenas uma atitude normal nos novos adeptos pelo hábito de ganhar? É que também vejo muitos adeptos antigos a ter essa mesma atitude, será que todos se aburguesaram? Será e pelo aumento da massa adepta?
Será que o adepto comum, mesmo nao estando interessado na parte financeira do clube também nao se revolta com alguns números que têm saído? Será que ao ouvir os milhoes e milhoes gastos no plantel nao fica mais intolerante e menos paciente para que os resultados apareçam?
A falta de referencias também nao fará que os adeptos tenham menos respeito pelos jogadores, sabendo que eles estao só de passagem já a pensar no próximo contrato? Porque será que alguém como Quaresma mexe tanto com parte dos adeptos mesmo nao sendo da casa?
Nao há cada vez mais uma falta de identificaçao dos adeptos para com a equipa?
Seria interessante discutir este tema um dia destes.

eumargotdasilva disse...

O que se torna necessário é explicar que o homem nunca há-de conseguir ser um treinador de equipe, porque já foi selecionador de sub-21!... Depois, tudo serve! Até ir ao baú buscar um jogo que não tem nada a ver com nada!
Em que sentido é que o Carlos Quierós é parecido com o Lopetegui? em que sentido as equipes de então e de agora são parecidas ? depois deste jogo do título (antecedido de um acidente e morte de adeptos) quantas vezes com treinadores que não tinham antes sido selecionadores é que o zbording foi campeão ???

Filipe Sousa disse...

Em que sentido é que o Carlos Queiróz é parecido com o Lopetegui? Isso é uma pergunta de Retórica?

Mefistófeles disse...

De retórica porquê ? Essa agora. .

Miguel Lourenço Pereira disse...

Pyrokokus,

Façamos então esse exercicio:

"Assim um seleccionador de camadas jovens com sucesso estava condenado a não vingar em equipas."

Quero 3, só 3, exemplos de seleccionadores de seleções jovens que dão o salto para um clube de grande dimensão nacional de um pais (ou média europeu, se quiserem) e têm sucesso.

Só 3!

RS disse...

O Jesulado Ferreira conta? Só faltam dois...

Paulo Marques disse...

Sim senhora e bem dizido. Os assobios não devem estar a ajudar nada a equipa.
Por outro lado, estamos em Novembro e sempre a repetir os mesmos erros. Em função da última época, em Fevereiro sabemos que tudo poderá estar perdido, pelo que ter um plano B na calha não era esforço perdido.

Pueertô disse...

Já dei por mim a pensar nisso, com adeptos deste calibre, qdo o PdC deixar de ser presidente vai ser bonito...

Fredy disse...

o jesualdo sucesso? onde?

José Lopes disse...

Eu a pensar que o Jesualdo ser tri-campeao e apurar-se sistematicamente para os oitavos da Liga dos Campeoes (em grupos que nao eram Apoel+Zenit+Shakhtar) seria sucesso obvio, mas afinal ha quem pense que se deve valorizar mais as goleadas sofridas em Inglaterra ou a derrota contra o Atletico. Malvado Jesualdo que nao ganhou a Champions! Bem sei que o Benfica era uma merda nos anos do Jesualdo, mas que fomos campeoes nos seus primeiros tres anos, fomos... E que na Champions ate chegamos a ganhar o grupo, tambem e' verdade...

Miguel Lourenço Pereira disse...

RS,

Faltam dois.
Posso aceitar o Jesualdo, é um bom treinador e deu-me muitas alegrias mas que eu saiba o Jesualdo foi treinador de clubes durante sete anos entre a sua ultima experiencia com as selecçoes juvenis e juniores e o FCP, incluindo tres optimos anos em Braga. Nao acredito que seja o melhor exemplo para comparar com Lopetegui.

Daniel disse...

É verdade. Foi um jogo ganho com raça. O Sporting pressionou todo o jogo (menos intenso na 2a parte ) e até podia ter goleado.

Mesmo a avançar o Bento Marques podia ter marcado penalty por mão do Paulinho salvo erro. Não marcou e o porto ganhou o jogo.

Jogo muito parecido com o de sábado mas. .. ao contrário.

Mefistófeles disse...

Ainda sobre Lopetegui e a rotatividade - mas só para mentecaptos :-)) - vejam o artigo do Sobral no Maisfutebol.


RS disse...

Miguel,

Confesso que não é fácil encontrar exemplos dentro de tantas condicionantes nomeadamente a inexperiência do treinador em clubes e a propria noção de "sucesso". Para todos os efeitos, convenhamos que o Lopetegui também já trazia "experência" de clube antes de ir treinar as selecções jovens de Espanha.

Mas mesmo assim, aqui vai mais um nome... René Girard, treinador do Lille (com quem jogámos esta época), que foi durante vários anos o responsável pelas selecções jovens francesas e que venceu a Ligue 1 há 2 ou 3 anos com o Montpellier.

Penso que se pesquisarmos bem, havemos de encontrar mais nomes... e só espero que o Lopetegui seja um desses daqui a uns anos :)

PeidoMestre disse...

guardiola, klop, van gaal, jesualdo...chega?

Luís Vieira disse...

Eheheh, não me leve a mal Mefistófeles, não queria apodá-lo de tanto! :) A crítica era direccionada ao Luís Sobral, que estava a tentar negar o inegável. Neste artigo, já assume a rotatividade como um facto e disserta sobre ela. Para que não restem dúvidas: a rotatividade, a meu ver, é benéfica, mas não agora (ou tão cedo).

Mefistófeles disse...

Eu percebi :-)) Um abraço !

Miguel Lourenço Pereira disse...

Guardiola, Klopp, Van Gaal foram seleccionadores de juniores?

Não sabia!

Miguel Lourenço Pereira disse...

RS,

Naturalmente que haverá. Em mais de sessenta anos de futebol de formação e centenas de paises, algum mais haverá. Mas quantos nos lembramos? Um? Dois?

Isso tem uma explicação mais do que lógica e que nada tem a ver com a valia dos treinadores - há grandes treinadores de formação que não funcionam no universo sénior e vice-versa e grandes treinadores que funcionam só com clubes e outros que funcionam só com selecções - mas sim com o perfil.

Lopetegui é a maior aposta de risco da história do FCP e talvez do futebol português. Nem mesmo os Paulo Fonsecas e afins estão nessa categoria porque há muitos precedentes para treinadores que fazem uma grande época numa equipa pequena que depois conseguem dar o salto a um grande com sucesso. Mas conseguir encontrar nomes de seleccionadores de formação - a experiência de clubes de Lopetegui resumem-se a 2 anos na 2º Divisão B, o que equivaleria a ir buscar o treinador do Salgueiros - a triunfarem no futebol de clubes porque esse perfil raramente casa.

Esperemos que o Lopetegui seja a excepção - e tem todos os meios para isso, já deu para perceber no orçamento da SAD para este exercicio - mas nada o parece prever com base nos precedentes históricos.

PeidoMestre disse...

Pensei que estivesse a falar em treinadores com provas dadas na formação que teriam alcançado sucesso no futebol