quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Queimar etapas

A propósito de elogios recentes a André Silva (e Ruben Neves), vi a seguinte afirmação de um adepto do FCP;

"Nada de cair em euforias e queimar patamares de evolução bem necessários a um jogador de futebol."

Quantas vezes não vimos este tipo de afirmação para justificar empréstimos de «prata da casa»? É de facto muito frequente, já se tornando um cliché.

Ora o que acho engracado é que quando o FCP contrata um estrangeiro de 18, 19 - a idade de André Silva - ou 20 anos para o plantel A nunca se vê gente a torcer o nariz dizendo que se estão a «queimar etapas». Pelos vistos «queimámos etapas» quando incorporámos um Fucile, um Reyes, um Alex Sandro, um Anderson, um James, um Pepe, um Oliver, etc etc etc. 

Parece-me pois que muitos adeptos (e, suspeito, muita gente na Direção da SAD) usam 2 pesos e 2 medidas neste assunto - e isto independentemente de eu achar que o jogador X ou Y deve ou não ficar no plantel A.

Sem dúvidas que o Ruben Neves (para dar um exemplo, e este até era 2 anos mais novo qdo entrou no plantel no ano passado do q o André é agora) teria evoluido muito mais se tivesse passado mais um ano nos juniores, depois 2 anos a «pastar» na B seguido de 2 anos emprestado a um Moreirense e depois mais 1 ano emprestado a uma Académica (e quem sabe depois mais outro ao Estoril)... Claro.

Aí sim, ia estar no «ponto» ao chegar ao plantel A do FCP aos 21 ou 22 anos (quer dizer... se algum dia chegasse, o que duvido muito. Se se perdesse pelo caminho - devido a mau acompanhamento, ou equipa sem condições, etc etc - a conclusão seria logo; «estão a ver, não serve para o FCP»). Há que processar as «etapas» todas, carago!

Pois bem, o que eu acho em geral?

Antes de mais nada como já disse, acho que muita gente usa dois pesos e duas medidas. O argumento da idade ou serve para todos ou não serve para ninguém. Ponto.

Acho também, para dar uma Lapalissada, que o mais importante é a qualidade do jogador. Tenha ele 17, 20 ou 33 anos.

Acho ainda que se alguém saído dos escalões tem qualidade q.b. para fazer parte do plantel (e potencial para melhorar, o que quase todos têm) - i.e. nem que seja para ser 2a ou 3a escolha, não precisa de ser fora-de-série da mesma forma que ninguém exige a todos os estrangeiros contratados que sejam foras-de-série e venham para ser titular - em princípio é para ficar no plantel.

Acho também que quando temos casos desses não ajuda ninguém - nem o jogador, nem o clube - que se vá gastar muito dinheiro em mais 2 ou 3 jogadores para a mesma posição, tapando completamente o tal jogador da casa. Quer dizer... quando digo «ninguém» minto: é capaz de ajudar os intermediários nas transferências, já que ninguém recebe comissão quando se aproveita alguém da formação.

E finalmente, também acho que um jogador saído dos escalões não deve ficar mais do que 2 anos a fio no plantel A jogando muito poucos minutos (mas um ou dois, porque não). Nesses casos deve ser de facto emprestado - ou vendido.

28 comentários:

Anónimo disse...

nem mais...bom e oportuno artigo....

essa tanga do quimar etapas e' mandar areia pros olhos....em inglaterra o que mais se ve sao putos de 18/19 anos nas equipas de topo, espanha idem, alemanha idem....

aqui simplesmente a questao e' a da "mama".... formacao pra 'A" ?mas isso nao da de "mamar" !

e' melhor ir buscar o osvaldo que estava livre, oh, espera, afinal assinou por um clube manhoso e assumidamente conhecido como plataforma de esquemas, e afinal osvaldo ja nao vem a custo livre mas sim a custo de "mama" pra nao sei quantos mamoes!
pois....
se o ruben e o andre pegarem de estaca, sera um milagre....

entretanto o goncalo ja entrou na primeira etapa pra se poder queimar....
Manu

Rhanis disse...

Bom dia grande post e concordo plenamente mas o que se esta a esquecer e dos interesses estabelecidos da Sad com doyens e empresarios podemos ter G.paciencia, A.Silva, Ivo rodrigues , R. Neves, F.Ramos , Rafa etc ( td jovens de valor e mt potencial) sejamos claros e honestos do jeito que as coisas estao 99.9% destes miudos nunca vao chegar a equipa A nao por nao terem valor mas por ser bem mais vantajoso pa corja mamar umas comissoes. Eu considero me portista; portugues e tripeiro vi o nosso manto sagrado a ser envergado por homens que amam o nosso porto e tenho pena que as coisas sejam como sao continuarei a ser portista tanto na vitoria e ainda mais na derrota mas nao consigo ver nem viver a equipa como ela esta porque a meu ver isto nao e um.Portoooooo mas um portinho que em vez de querer vencer e lutar e suar em campo ate a morte quer e dar show off pos empresarios da pila levarem os meninos craques da indiolandia p outro pasto qq....

Miguel Lourenço Pereira disse...

Infelizmente não é um mal exclusivo do FC Porto mas sim reflecte perfeitamente a realidade. Em Portugal, um dos paises com melhor formação do mundo - basta ver registos dos últimos 25 anos em comparação com nações muito mais potentes ou afamadas - somos uma das ligas com menos jogadores locais nos principais clubes. É óbvio que alguns estejam no estrangeiro, devido ao maior poderio financeiro, mas isso quase sempre só acontece depois de destacarem por cá. Mas no FCP destacar revelou-se quase missão impossivel.

O Ruben Neves hoje seria titular em muitas das equipas das ligas espanhola, francesa, holandesa, alemã ou italiana. O André Silva e o Gonçalo Paciência já teriam bastantes mais jogos nas costas. Basta ver os planteis das principais ligas europeias e os minutos que muitos clubes dão aos jovens para entender a diferença de atitude. Depois há clubes onde prima o negócio - como é o nosso caso - onde a realidade é diametralmente oposta. A diferença? Nem creio que num Porto isso seja incompativel (negócio mais formação) nem sequer sustentável.

O Barcelona, essa equipa que a esmagadora maioria do futebol mundial admira, teve a audácia (muito criticada à època) de ir lançando como titulares putos de 19, 20, 21 anos com foram Valdés, Puyol, Oleguer, Xavi ou Iniesta (tudo campeões da Europa, tudo jogadores que, na altura, se dizia que tinham de "rodar") e mais recentemente a Busquets ou Pedro (que estava a ponto de ser dispensado por "não ter nivel" ao mesmo tempo que se ia buscar um Keirrison ao Brasil).

Uma equipa só de formação é inviável até porque, desportivamente, convém ter sempre algo distinto que acrescente ao que pode ser um processo formativo na mesma base. Mas uma equipa onde não exista o medo de apostar no que de melhor tem a formação em favor de negócios com um risco muito maior (a formação sai quase grátis, os Quinteros não), tem forçosamente de ser o futuro.

Parecia bom sinal nesse sentido a chegada do Lopetegui com o seu bom passado em Espanha. Afinal, esperemos mais uns anos!

João Machado disse...

Perguntem ao Lopetegui então porque joga Danilo e não Ruben.
Já sei que os adeptos gostam muito do Danilo. É grande, forte, ganha duelos físicos. E no entanto Ruben é já hoje muito melhor e ainda por cima conhece o modelo...

Se calhar Danilo é do catálogo, como Herrera, e por isso têm de jogar. Ou se calhar, a formação não conta... Não sei!

PS: oxalá me engane, mas não vejo André ter qualidade para o Porto. E não vão ser golos de encostar nos sub-21 ou pênaltis na B que me mudam a opinião.

Unknown disse...

O Andre será o 3º avançado ( na grelha de partida), irá treinar com o plantel principal e caso não seja convocado, será titular na equipa B para continuar a ganhar ritmo, só depende dele para ultrapassar um dos outros avançados...pelo menos parece já ter ultrapassado o Gonçalo ( e bem)...

Joao Goncalves disse...

Caro José,

Concordo completamente com quem proferiu tais declarações... a 100%.

Cada jogador é um jogador é para encontrar um James é preciso muita sorte, scouting e dinheiro.

Por sorte, tínhamos um James mesmo em casa e por sorte tínhamos o treinador ideal para o identificar e acreditar nele... Rúben Neves.

No caso do André Silva, nem por sombras está num patamar evolutivo sequer próximo do Rúben.

Eu vi todos os jogos da Pré-Temporada e muitos jogos do André a época passada, assim como já esta época. Está um jogador melhor nos timings de pressão, mas contra defesas grandes e maus, ainda não sabe se movimentar à Domingos ou Lisandro Lopez.

Precisa de jogar mais na Equipa B a ver se da o salto qualitativo esta época e se afirma, a ponto de substituir um dos pontas de lança para o ano (o que não acredito) e ir jogando alguns jogos menos relevantes, já com companheiros da A.

Para a próxima época é reavaliar o atleta (e ao Gonçalo também) e decidir se está num ponto de maturação para apanhar e ganhar lances aos Pepes desta vida.

Fala-se muito da formação portista e ets, mas tirando o Rúben, não temos nenhum outro atleta que possa aspirar a ser titular no imediato e mete-los no plantel para fazer número seria um erro de proporções bíblicas (é claro que Luís Castro estar a orienta-los na última fase de formação antes da B, também não é uma decisão nada saudável).

As nossa promessas (Gonçalo, André Silva, Rafa, Chico Ramos, Ivo Rodrigues), estão todas em fases de maturação ainda curtas.

Rafa, está parado com um treinador que não sabe ensina-lo a defender nem a posicionar-se defensivamente. Ainda defende à Júnior, à espera que a sua velocidade compense os erros posicionais e nos Seniores... não compensa.

Gonçalo é a incógnita das lesões. Tem que resolver algumas questões de finalização dentro da área, já que tem remate fácil mas entorta (cima ou lado) com demasiada facilidade. Contudo Gonçalo já tem posição e cabedal para a equipa A, precisa só de melhorar a pontaria e vermos se aguenta uma época sem lesões.

Chico Ramos... a surpresa, para mim, da época passada. Tem uma intensidade de gente grande e uma qualidade de passe muito agradável... contudo este ano entrou amorfo e algo desconectado do jogo... vamos ver os próximos jogos.

Ivo Rodrigues... vamos ver este ano... o ano passado foi um completo flop no Guimarães... este ano a descer um patamar, vamos ver se cresce como jogador. Tem boa técnica, um cabedal qb, mas más decisões na abordagem aos lances.

Nenhum deles está em período de pertencer ao grupo de trabalho (nem Sérgio Oliveira pois ao que parece "apenas" pertence ao plantel... vamos ver quantos minutos vai ter esta época) mas também Otávio, Gudino entre outros, como os casos de Opare, Quinõnes ou Iturbe, também não estavam e não estão em condições de ainda (se alguma vez estarão, que nos casos de Opare e Quinõnes parece que não) serem jogadores de plantel de Champions.

miguel87 disse...

Há um outro aspecto na questão dos empréstimos que me parece relevante e não costuma ser abordada: penso que é mais fácil um jogador em formação demonstrar a sua qualidade e desenvolver o potencial integrado numa equipa de maior qualidade, em oposto a equipas onde a qualidade não é tão elevada.

Um exemplo prático é o do Gonçalo Paciência: não seria melhor para ele evoluir dentro de um plantel e uma equipa com maior qualidade e que lhe proporcionasse um estilo de jogo favoravel às suas caracteristicas do que estar um ano (ou os que vierem a ser) numa equipa em que provavelmente vai passar 80 a 90% do tempo de jogo a pressionar a defesa contrária sem bola e tentar aproveitar as escassas bolas que lhe cheguem aos pés?

Unknown disse...

Meu caro Jose. Fala de jogadores (e.g. o Alex Sandro) que jogavam a titulares em clubes de algum valor na America latina e se destacavam. Nos nao estavamos a ir buscar jogadores ao Santos B para colocar no FCP A a titular.

Ha de compreender que nao é a mesma coisa ser titular do Santos e vir para titular do FCP, do que ser titular do FCP B e vir para titular da nossa equipa principal.

Pegue nos clubes em que estavam esses jogadores e imagine um jogo contra o FCP B, acha que ganhavamos algum? Sao jogadores habituados a um nivel competitivo muito mais alto.

O caso mais ajustado á questao que levanta seria talvez o Oliver, e olhando para o que aconteceu, nao foi logo titular, lutou por um lugar e ganhou-o.

Concordo consigo que ha pouca coragem em arriscar na prata da casa e que algum desenvolvimento so se faz com o atirar (controlado) aos lobos destes jogadores. Mas nao é comparavel com muitas das contratacoes que fizemos.

Deviamos correr mais riscos com os nossos jovens nem que seja so mete-los em campo para os ultimos 10-30 min de jogos que ja estao claramente ganhos.

José Rodrigues disse...

Porque é q a alguém da casa se pede q tenha condições para ser titular de forma a ser incorporado no plantel A mas já nao se diz nada a estrangeiros contratados com muito pouco perspectiva de ganharem a titularidade?

O José Angel foi contratado para ser titular (por ex)? Se nao, porque é q nesse caso já nao houve problema (quando ainda por cima custou dinheiro q os da prata da casa nao custam)?

Aqui está outro exemplo de dois pesos e duas medidas.

José Rodrigues disse...

Sem duvida!

Felisberto disse...

Posso plagiar este post?????

Unknown disse...

Quem preferes Andre ou Gonçalo ?

Unknown disse...

Tem razao. Jose Angel veio para ser suplente do Alex... Recebemos 100% dos direitos desportivos e 50% de uma futura venda, veio de borla. De certeza nao sera um dos mais bem pagos e também seguramente nao pagamos prémios de assinatura elevados ja que a transferencia nao foi "Bosman". Devia-mos era de-o ter vendido este verão vendo que ele nunca estaria em condições de ser titular. Nao e mau jogador e alguém daria 1-2m euros por ele... melhor ainda seria emprestar-lo (para ser titular) receber nem que fosse 250mil (todo nosso) e depois esperar que jogando seu valor subisse. Agora ele e capaz de rescindir em Janeiro, nao recebemos nada e ainda temos que pagar algo.
Angel podia e devia ter sido um investimento e nestas condicoes também podia-mos investir em Rafa...

Joao Goncalves disse...

José,

O Angel foi contratado porque não tínhamos ninguém em casa para fazer aquele papel... só temos o Rafa e continua a não estar decentemente pronto para jogar. Ainda está unss furos abaixo do Angel e esse já nem conta.

Alguém da casa não se pede para ser tiitular... mas ao passo que um Angel nunca será titular, se o da casa não jogar com regularidade, também nunca será titular... tão simples quanto isso.

Rúben Neves é um excepção que confirma a regra... se houver talento já crescido, tem lugar no plantel e joga... e o Rúben ainda vai jogar muitíssimo esta época.

Agora estrangeiros contratados para não serem titulares, tirando o Angel e as apostas privadas da SAD para a equipa B (Lichnovsky, Otávio, Gudino, etc...), nos tempos de Lopetegui, não estou assim a ver...

Todos os que foram contratados e tirando Angel (que mesmo este penso que foi com o claro intuito de assumir a titularidade assim que o Alex Sandro saísse esta época, mas que não revelou a qualidade esperada), foram claramente para lutar pela titularidade... alguns não se conseguiram impor (Indi, Andres Fernandez, Adrian Lopez), mas esse era a ideia inicial

O que se pode questionar era a necessidade de Osvaldo vir esta época com Gonçalo e André Silva do plantel, mas podemos todos afirmar (acho eu), que não nos sentiríamos à vontade para atacar a época apenas com o Abou, mais os 2 jovens como segundas opções, tendo em conta a não resposta de André Silva, nos jogos da pré-temporada.

Joao Goncalves disse...

Sem dúvida e completamente de desacordo ao mesmo tempo.

O período de maturação ideal de qualquer atleta, em equipas com planteis B, é juniores -> 2 anos de equipa B -> Empréstimo 1ª Liga e se o jogador tiver capaz, fica por 1 empréstimo e aos 21 anos está integrado no plante principal.

Raramente se faz skip a estas etapas e depois temos jogadores que podem fazer mais 2 anos de empréstimo e se até aì, não demonstrarem a evolução esperada, então podem ir à vida deles.

São no máximo 5 anos, para demonstrarem o que valem e não vai ser numa equipa de topo, como o FCP, onde não tem tempo de jogo e que a jogarem será numa 2ª liga, que os jogadores vão evoluir.

Eles tem que jogar numa equipa de maior qualidade, daí ao 3º ano se senior no máximo, saiem da 2ª Liga e vão jogar na 1ª Liga, onde ao encontrarem equipas mais defensivas e que enfrentam outros obstáculos, vai obriga-los a crescer noutras vertentes do seu jogo e a torna-los jogadores mais completos.

O Gonçalo que deixou o clube esta época, não servia para o Porto A e era demasiado bom para o Porto B... o Gonçalo que chegar ao fim do ano, pode perfeitamente ter ganho a garra, o espírito de luta e ter afinado o seu posicionamento e finalização porque a isso é obrigado numa Académica.

Unknown disse...

Confesso que nao entendo mais de metade destes comentarios.

1) Mas alguem acha que se tivessmos emprestado o James ou o Alex Sandro a um Rio Ave um ano, eles nao tinham sido os melhores jogadores da equipa? Ja eram muito bons em equipas muito superiores ao Rio Ave. Ao fim de 1 ano eram titulares na nossa equipa A. Porque é que os jogadores da casa, nao fazem/fizeram o mesmo nos seus emprestimos?

2) Porque é que emprestar um jogador a um clube da primeira liga é limitar o seu desenvolvimento. Tem menos concorrencia, vai disputar os mesmos jogos que disputaria no Porto. Ok, vai estar numa equipa mais defensiva, mas tem muitos mais jogos e minutos de jogo do que teria no FCP, se o Lopetegui apostasse nele nuns 7-8 jogos para o desenvolver.

3) Nos temos tido jogadores interessantes a sair das camadas jovens, por exemplo: Paulo Machado, Vieirinha, Castro, etc. Jogadores de qualidade media-alta, mas nao temos tido craques como um James, um Deco...etc; o unico jogador a sair das camadas jovens nos ultimos 10 anos que ate agora justificou termos ambicao de o ver comandar a equipa principal é o Ruben Neves. O Ruben esta no plantel principal e com um volume decente de minutos na ultima epoca.

4) Colocar os miudos com 18 a 20 anos em jogos a doer, sem serem melhores que as alternativas é sacrificar o presente por um hipotetico futuro. Mas perder titulos para desenvolver jogadores da casa é mesmo o que os adeptos do Porto querem? Queremos mesmo ser como o Sporting?

Concordo que devemos apostar mais criando as melhores condicoes competitivas para os varios estados de evolucao. Concordo que nao podemos comprar jogadores de qualidade questionavel para virem disputar lugares com jogadores da casa. Nao concordo é que os resultados da formacao estao tao ligados com o lancamento de jogadores no plantel principal. Podendo-se fazer melhor, noa vejo que tenhamos perdido talentos da formacao que se tornariam mais tarde fora de serie.

João Machado disse...

A capacidade técnica de Gonçalo é fantástica. Vejo muito poucos como ele. Percebe o jogo e o poder de uma tabela.

André tem uma técnica sofrivel. Erra muitos passes. E os golos que marcou foram quase todos ou penaltis ou quase golos que até eu marcava. Por isso, não é por estes golos que ele é bom ou mau. Marcar em si, diz-me pouco.

Também Suarez tem técnica sofrível, por isso...!

No fim, vai depender de muita coisa... Onde jogam, a cabecinha, a capacidade de responder psicologicamente, porque a posicao deles é ainda mais específica... Tocam na bola às vezes 2 ou 3 vezes por jogo, logo a confiança tem sempre de estar lá.

Infelizmente, pelo que vi da AAC este ano, foi uma péssima escolha para empréstimo do Gonçalo!

José Rodrigues disse...

Na maioria dos casos, os jogadores vao evoluir mais treinando com o plantel A (e fazendo uns jogos pela equipa B para manter ritmo, caso nao ganhem espaco nas prioridades do treinador - e a equipa B devia certamente ser usada para esses fins) do q jogando regularmente emprestados a equipas q nao têm 10% das condicoes q o FCP tem (para alem do ponto já mencionado de q, no caso dos jogadores ofensivos, nao vao aprender lá muita coisa q seja útil para jogar no FCP). Disso não tenho qualquer dúvida.

Mas como tambem escrevi na parte final do artigo, obviamente não defendo q um jogador suba dos juniores para o plantel A e continue lá anos a fio sem ganhar espaco nas escolhas regulares. Ao fim de dois anos no maximo, se nao se perspectivar q conquiste um lugar nas escolhas regulares do treinador entao deve sem duvida ser emprestado um ou dois anos.

E finalmente: como tb disse, só defendo a incorporacao dos mais jovens no plantel A se mostrarem valor q.b. para isso (ainda q nao para serem titulares, claro). Ora esses sao relativamente poucos; nunca mais do q 3 ou 4 por ano, no melhor dos casos.

Ah, e já agora: quando falo em incoporar estes mais jovens no plantel A nao me refiro directamente quando saem dos juniores. Em principio os ex-juniores deviam fazer pelo menos uma epoca na equipa B (como Andre Silva ou Goncalo fizeram, por ex).

Miguel Lourenço Pereira disse...

O Alberto Bueno foi contratado para ser titular?
Não se tem notado!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Mais grave ainda têm sido comentários de alguns jogadores emprestados que indicam que não há contacto entre eles e o clube de tal forma que os jogadores se sentem em terra de ninguém. Em clubes como o Milan, Juve, Chelsea, há profissionais contratados para manter um contacto regular (diario, semanal) com os futebolistas, comentando-lhe aspectos a melhorar, questões tácticas, de comportamento, dando-lhe feedback do clube-mãe sobre a sua evolução.

No caso do FCP os jogadores ficam isolados e muitas vezes estão do outro lado da VCI a treinar. Noutros, são emprestados para jogar numa posição (vide Kayembe) acabam a jogar noutra e não há nenhum contacto nesse sentido.

Esse follow up tem de melhorar!

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

"2) Porque é que emprestar um jogador a um clube da primeira liga é limitar o seu desenvolvimento. Tem menos concorrencia, vai disputar os mesmos jogos que disputaria no Porto. Ok, vai estar numa equipa mais defensiva, mas tem muitos mais jogos e minutos de jogo do que teria no FCP, se o Lopetegui apostasse nele nuns 7-8 jogos para o desenvolver."

Qualquer um que entenda de dinâmica táctica sabe que se temos um avançado a quem vai ser pedido jogar num futebol de toque, em paredes á entrada da área, movendo-se em poucos metros e o emprestamos a um clube que joga no pontapé para a frente, grandes sprints, onde joga longe dos colegas (e da area) ele até pode fazer os 34 jogos a titular mas vai evoluir ZERO no sentido em que o clube quer que ele evolua. Será um jogador radicalmente diferente.

Interessa ter um avançado assim a jogar numa Académica ou Rio Ave só para ter minutos ou procurar clubes que joguem como nós? Não crescem mais na equipa B (que devia jogar como a A) ou treinando com a A?
Quantos jogadores empresta o Barcelona passando da B para a A e a que tipo de equipas, padrões de jogo diferentes ou similares?

A um defesa que vamos pedir que aprenda a sair a jogar vamos emprestá-lo a uma equipa que joga em 4-5-1 onde a saida de bola é pelas alas ou pelo pivot?
A um lateral que vamos pedir que seja capaz de abrir o campo e atacar melhor vamos emprestá-lo a uma equipa onde nunca vai passar do meio-campo?
A um medio criativo que vamos pedir que jogue em futebol de toque, em combinações, vamos emprestá-lo a equipas onde vai estar só, rodeado de "gladiadores" e sem ninguém com quem fazer uma parede?
A um ala que vamos pedir que saiba interpretar o jogo interior, a associação com os médios e o avançado, vamos emprestá-lo a uma equipa que o cola á linha lateral e o obriga a constantes sprints de pontapé para a frente?

A evolução desses jogadores, para o que o clube quer, se´ra sempre absolutamente nula!

Joao Goncalves disse...

José,

Essencialmente acabas por estar de acordo comigo em tudo o que disse acima.

Temos que também perceber é que só agora estamos a formar talentos capazes de promover esta discussão... ultimamente a nossa formação não tem dado nada... de que me lembro são Josué, Paulo Machado e Vieirinha os jogadores nos 25 para cima, que tiveram sucesso relativo, desde que saíram da nossa academia e do projeto visão 00000.

2 anos na B e se mostrarem qualidade, podem a qualquer altura serem chamados. Caso contrário, empréstimo no máximo de 3 anos e se não tiverem qualidade na altura, cada um vai à sua vida, podendo sempre ceder os atletas livres com 50% do passe da nossa parte.

Joao Goncalves disse...

Miguel,

Totalmente de acordo, apesar do caso do Kayembé (por exemplo) não cabe ao nosso clube ditar onde o outro treinador o irá usar, mas cabe ao nosso clube evitar ceder outro jogador nas mesma condições a esse treinador.

O Follow-Up é importantissimo, para que os atletas sintam esse calor do clube mãe, mas mais importante que isso, é necessário haver uma rede de scouting interna para manter a estrutura técnica senior, a par do que os nossos emprestados andam a fazer e da sua evolução, para quando for desenhado o plantel da época seguinte, tomar-se as decisões completamente informadas, tendo em conta a integração ou não dos elementos emprestados.

E para isso é preciso a estrutura ter alguém a visitar os atletas pelo menos 3 vezes ao ano e demonstrar aì que se sabe o que ele anda a fazer e as suas performances(boas ou más) não estão a passar em claro no Dragão.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Desculpa lá João mas hoje em dia todos os clubes têm nos contratos de empréstimos duas cláusulas que são quase obrigatórias.

Uma é a de numero minimo de jogos que justifiquem o empréstimo (o Licá foi para Vallecas e não para o Elche, por exemplo, porque o Elche não aceitou que o Licá fosse titular como minimo 10 jogos como se exigia) e que protegem o jogador de ficar um ano parado ou no banco. Emprestar um jogador que queremos ver evoluir e valorar tem de vir sempre com essa cláusula.

A outra cláusula, também quase obrigatória, é dizer onde queremos ver esse jogador no esquema táctico na maior parte dos casos. Os clubes podem perfeitamente dizer a quem emprestam que "ou vai para jogar a (posição X) ou não vai porque eu quero que ele evolua". No caso do Arouca, se o Kayembe foi emprestado realmente para ser o nosso futuro lateral esquerdo, ao menor sinal de que estava a ser utilizado como extremo das duas uma, ou o clube fazia valer a sua posição ou então é porque não se preocupou demasiado com a escolha do técnico.

miguel.ca disse...

Assino por baixo. Jogadores da formação não geram negociatas nem comissões por isso só por um estranhíssimo e raro alinhamento dos planetas com o sol é que algum destes putos terá sucesso de dragão ao peito.
Talvez isto mude quando a pintodacostice acabar de uma vez por todas.

Pedro ramos disse...

O que dizes é verdade, mas também nao sei como um jovem evolui apenas com treino e a ver os outros jogar, é que o erro é parte essencial no crescimento e sem possiblidades de errar a sua evolução também será nula.
É verdade que teoricamente numa equipa b podes aprender mais facilmente esses conceitos, mas nessas idades, falando de jogadores formados no clube, a prioridade é aprender os conceitos necessários para jogar na equipa principal ou aprender a jogar contra os melhores para poderem assim continuar a evoluir?
Será que parte do crescimento dum jogador nao pode passar também por uma mudança de posiçao, fazendo-o compreender melhor o jogo?
Se calhar o problema é que muitos destes jogadores chegam a sénior sem bases e com conhecimento zero do jogo e por isso têm tanta dificuldade em afirmar-se.

PS. Ah. Já que se fala em dois pesos e duas medidas, quais foram então os jogadores que fomos buscar directamente dos juniores de outra equipa qualquer, para fazer parte do plantel? É que quando contratamos alguém com 18/19 anos para a equipa principal esses jogadores normamente já tem experiencia de 1º liga desse país.

Unknown disse...

Um PL ou Avançado das coisas mais importantes é ter "killer instict", e o Gonçalo tem técnica mas não tem isso, não é rápido, e é um pouco molengão... o Andre é menos elegante, mas é mais combativo, vai mais ao choque, tem o mesmo corpo do GP mas é mais forte, tem mais instinto de matador, e é mais novo...o ideal mesmo é que estivesse ali, 2 Bons avançados para o bem do clube. E de fato o AAC foi má escolha, um Estoril faria mais sentido.

Unknown disse...

Caro Miguel,

Temos alguns casos de avancados em equipas portuguesas que chegaram aos 3 grandes e tiveram resultados (Derlei, Lima, etc). Ja para nao falar que pelo mesmo criterio que apresenta na saida de jogo, faz com que o caso do Ricardo Carvalho (no Leca) e o Pepe (no Maritimo) nao pudessem existir. Ambos eram bons a lancar o ataque.

Como o Pedro Ramos diz, a treinar com os A's e ver jogar nao vao aprender nada do outro mundo. Jogando pelos B's apanham algumas rotinas se o modelo de jogo for o mesmo, mas jogar na segunda liga nao é o mesmo que jogar na primeira liga. Depois de anos na B espero que tenham os conceitos assimilados e o passo seguinte seja aprender a lidar com uma situacao competitiva da primeira liga. Nao acho que temos de exigir ao Goncalo que marque 15 golos pela Academica, queremos que perceba as diferencas no jogo no primeiro escalao, perceba como jogam as equipas do nosso campeonato e desenvolva aspectos do seu jogo.

Miguel, esta tambem a esquecer-se que o Rio Ave nao joga so com os 3 grandes, joga muitos jogos com outros clubes com as mesmas ambicoes. Nestes jogos tem de fazer pontos e nao pode apostar em 4-5-1. Alias os jogos que a sport-tv passa neste 'campeonato' ( para nao descer) acabam muitas vezes com bastantes golos. O campeonato nao acaba nos jogos dos grandes, no que toca ao desenvolvimento dos jogadores.

O nosso FCP pode sempre emprestar a equipas holandesas ou belgas que tem normalmente um futebol mais ofensivo, em caso que se justifique e seja um jogador jovem que aguente viver no estrangeiro muitas vezes longe da familia.

Abraco