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Em Janeiro de 2006, o FC Porto de Co Adriaanse debatia-se com alguns problemas na frente de ataque. Lisandro jogava descaído sobre a ala esquerda, Hugo Almeida e Hélder Postiga não convenciam (ao ponto do treinador holandês ter chegado a tentar adaptar o caxineiro a jogar como Nº 10, nas costas do ponta-de-lança) e Benny McCarthy, depois dos problemas (nunca devidamente resolvidos) com o seu empresário, estava de partida para a Taça de África das Nações (CAN2006), a disputar no Egipto, entre 20 de Janeiro e 10 de Fevereiro de 2006.
Como é sabido, não é fácil arranjar bons pontas-de-lança, ainda por cima a meio dos campeonatos e ao alcance da bolsa dos clubes/SAD’s portuguesas.
Vai daí, a SAD portista lançou um raide para contratar Adriano, ex-futebolista do Nacional da Madeira e que estava ao serviço do Cruzeiro.
Aparentemente o Sporting também estava interessado no jogador tendo, na altura, um assessor de imprensa do clube de Belo Horizonte afirmado o seguinte:
"
O Cruzeiro só revela [o clube] quando a coisa estiver assinada, o que até agora não aconteceu. Há mais de um clube interessado. O problema é que as propostas chegam por empresários, não há papéis dos clubes. Eles representam o FC Porto, o Sporting, mas não há nada definido".
Contudo, o empresário do avançado brasileiro – Essau Elias –, em declarações ao site Superesportes.com, confirmou que o destino de Adriano era mesmo o FC Porto:
"
Foi uma negociação rápida e está mais ou menos fechada. Ele vai por empréstimo para o FC Porto. Não posso falar mais nada para não atrapalhar. O que posso dizer é que foi rápido, que é o FC Porto e que ele vai por empréstimo, com passe fixado".
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A contratação de Adriano salvaguardava um aspecto importante: o jogador conhecia bem o futebol português e o “peso” que representa vestir a camisola de um clube como o FC Porto.
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Por outro lado, o seu curriculum no futebol português era muito positivo. Em três épocas ao serviço do Nacional, Adriano tinha marcado a bonita soma de 43 golos e na época 2003/04 esteve mesmo a um passo de se sagrar melhor marcador do campeonato, tendo sido ultrapassado por McCarthy na última jornada.
Contudo, há jogadores que brilham em clubes pequenos/médios e quando chegam a um grande ficam muito aquém das expectativas. Daí que, talvez escaldada com outros casos, a SAD optou por um empréstimo com opção de compra.
Adriano treinou pela primeira vez com o plantel portista no dia 17 de Janeiro de 2006 e logo no dia seguinte estreou-se com a camisola do FC Porto, na 2ª parte do particular com o Dínamo de Moscovo (nos regressos de Nuno, Seitaridis, Costinha e Derlei ao Estádio do Dragão), tendo precisado de apenas quatro minutos para marcar, após cruzamento de Diego. Mais tarde haveria de bisar, novamente de cabeça, dando sequência a um cruzamento de Sonkaya.
Com apenas um treino, dificilmente a estreia poderia ser melhor ou, como se costumava dizer, pegou de estaca!
Adriano assumiu a titularidade na frente de ataque do FC Porto e em 15 jogos marcou 7 golos, incluindo o golo em Penafiel que carimbou a conquista do campeonato.
O rendimento de Adriano foi de tal modo satisfatório, que antes ainda de terminar a época 2005/06, a administração da FCP SAD decidiu exercer o direito de opção de compra do passe do Adriano.
Em 10/05/2006, o Diário de Notícias noticiava o seguinte:
«Ontem, os responsáveis portistas estiveram a acertar os pormenores da transferência de João Paulo, ex-Leiria, bem como a opção de compra sobre Adriano, discutida com Eduardo Maluf, dirigente do Cruzeiro que se deslocou ao Porto. O FC Porto vai pagar 1,2 milhões de euros pelo avançado brasileiro, que marcou 7 golos em meia época.»
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DN, 10/05/2006Uns dias depois, na final da Taça de Portugal 2005/06, disputada em 14/05/2006, Adriano foi novamente uma das figuras da partida (juntamente com Quaresma que uns dias antes tinha sabido que Scolari o tinha deixado de fora do Mundial de 2006 na Alemanha).
A final foi decidida aos 40 minutos, quando Quaresma cruzou do lado direito e Adriano, de cabeça, não deu hipóteses ao guarda-redes do Vitória de Setúbal.
O FC Porto conquistou a sua 5ª dobradinha e Adriano conquistou o reconhecimento dos adeptos.
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Depois da turbulência de Verão, provocada pelo mau feitio e declarações de Co Adriaanse, a época 2006/07 arrancou em Leiria, em 19/08/2006, para a disputa da Supertaça, novamente contra o Vitória de Setúbal.
No banco sentou-se Rui Barros (com Jesualdo Ferreira a ver na bancada) e, naturalmente, Adriano fez parte do onze inicial.
A primeira parte não foi fácil e ao intervalo ainda não havia golos. Na 2ª parte o FC Porto veio com outra disposição e aos 54’ Adriano abriu o caminho para a vitória com um golo espectacular. O ponta-de-lança brasileiro rematou de costas, em bicicleta, com o pé direito, fazendo a bola a entrar no ângulo superior direito da baliza de Marco Tábuas.
O FC Porto haveria de ganhar por 3-0, com os restantes golos a serem marcados por Anderson (74’) e Vieirinha (90’).
Adriano começava a época ao mesmo ritmo que tinha terminado a anterior: a marcar golos e a decidir jogos. Contudo, pouco tempo depois, o azar bateu-lhe à porta e uma lesão fez com que estivesse afastado dos relvados durante largas semanas.
Chegados a Dezembro e, talvez porque o Postiga tinha feito uma 1ª volta razoável, os jornais noticiaram que Adriano poderia ser emprestado. O jogador não quis sair e em boa hora o fez, porque regressou à equipa a tempo de fazer uma 2ª volta em cheio, na qual os seus golos foram decisivos para a conquista do Bi-Campeonato.
Naquela que foi a sua melhor época no FC Porto, Adriano marcou 11 golos em 18 jogos realizados.
Jogos a titular: 15
Jogos completos: 10
Tempo jogado total: 1410 minutos
Tempo jogado médio por jogo: 78 minutos
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Apesar do seu desempenho dentro das quatro linhas, Adriano parece nunca ter convencido Jesualdo Ferreira. Assim, logo no arranque da época 2007/08, e após as contratações de Edgar (“roubado” ao SLB) e de Ernesto Farias, viu-se que o espaço de Adriano tinha diminuído e praticamente desapareceu com a aposta (de sucesso) de colocar Lisandro a ponta-de-lança.
Deste modo, não surpreendeu que em Dezembro de 2007 se tenha voltado a falar na sua saída, mas o jogador, talvez esperançado numa 2ª volta ao nível da época anterior, voltou a recusar. Isso não veio a acontecer e durante a época passada Adriano teve poucas oportunidades (a primeira alternativa ou complemento a Lisandro foi sempre Farias) e as que teve traduziram-se em meia-dúzia de minutos em alguns jogos.
Logo no arranque desta época, ficou a saber-se que Adriano não fazia parte do plantel do FC Porto. O jogador foi dispensado e não esteve presente na apresentação da equipa, não lhe tendo sido igualmente atribuído número de camisola.
Apesar de saber que não entrava nos planos de Jesualdo Ferreira para a nova temporada, Adriano reafirmou, em declarações a A BOLA, que não pensava noutro futuro para além da permanência no FC Porto.
No dia 6 de Agosto, após as hipóteses de saída não se terem concretizado, Adriano participou no treino da equipa. Aparentemente, estava no ar a possibilidade de fazer parte do plantel, até porque, em ocasiões anteriores, já tinha sido dado como dispensado e posteriormente reintegrado. Contudo, no início deste mês, os jornais noticiaram que Adriano estava a treinar à parte do plantel.
Sinceramente, tenho pena que a ligação de Adriano ao FC Porto esteja nestes moldes e termine (tudo o indica) com o jogador a treinar sozinho e, mais dia menos dia, a sair em conflito com o clube. Pelo seu passado e por aquilo que já deu ao FC Porto, acho que o Adriano não merece este tipo de tratamento.
No último ano e meio a FCP SAD contratou quatro pontas-de-lança: Renteria, Edgar, Farias e Hulk (não estou a incluir nestas contas Rui Pedro e Rabiola). Os dois primeiros nem sequer “aqueceram o lugar”, rapidamente se percebeu que não serviam e foram emprestados para “rodar”. Quanto a Farias e Hulk, jogadores que custaram largos milhões de euros, só espero que um dia venham a ter um rendimento igual ao que Adriano teve nas épocas 2005/06 e 2006/07.
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Nome Completo: Adriano Vieira Louzada
Data de Nascimento: 03/01/1979 (29 anos)
Altura: 1,81m
1999: Portuguesa dos Desportos, 5 jogos, 0 golo
2000: Palmeiras, 12 J, 2 G
2001: Vitória da Bahia, 17 J, 3 G
2002/03: Nacional, 29 J, 16 G
2003/04: Nacional, 29 J, 19 G
2004/05: Nacional, 31 J, 8 G
2005: Cruzeiro, 11 J, 2 G
2005/06: FC Porto, 15 J, 7 G
2006/07: FC Porto, 18 J, 11 G
2007/08: FC Porto, 16 J, 1 G