sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A mentalidade para a Champions

E ei-nos chegados ao mês de Fevereiro. O mês do regresso da Champions League.
Ao contrário do que muita gente pensa (treinadores de futebol incluídos), um jogo para esta competição - a tal que não engana - não se prepara em 3/4 dias como normalmente sucede numa qualquer outra prova.
Quem, realmente, quer mesmo chegar longe na Europa deve preparar uma eliminatória com a maior antecedência possível.

A pergunta a colocar(-nos) é apenas esta:
-Estaremos preparados?

Uma boa maioria de adeptos do nosso clube dá-se normalmente por satisfeita apenas por se atingir os oitavos-de-final.
Alegam que o nosso orçamento a mais não nos obriga.
Eu defendo uma diferente aproximação ao tema: julgo que só poderemos estar de consciência tranquila, após uma eliminação, se o adversário tiver demonstrado dentro do campo - e sublinho esta última parte - ser superior.
Ora não foi isto que sucedeu na última época. Pelo contrário, o que ficou amplamente demonstrado, é que éramos bastante superiores ao Schalke 04. Daí que jamais se possa considerar como positiva essa campanha europeia. O facto de se alcançar os oitavos, por si só, não basta para garantir qualquer selo de qualidade. Ainda para mais se verificamos que até os clubes da segunda-circular o conseguem...

Começa, pois, por aqui, na mentalidade, a caminhada para uma época de sucesso fora de portas.
Desde o mais simples adepto até ao nosso melhor avançado, ninguém se pode dar por satisfeito apenas por ter ultrapassado a fase de grupos (para mais, tendo as duas últimas sido marcadas por duas goleadas em campos ingleses).
Temos, assim, a obrigação de ir o mais longe que a nossa qualidade permita, aconteça isso nos oitavos, quartos ou meias.

Ora, para que tal aconteça (ou seja, para que possamos demonstrar toda a nossa qualidade), temos que utilizar todos os nossos melhores jogadores e colocá-los nas posições em que mais rendem.
Esta verdade de La Palisse tem sido, estranhamente, difícil de ser concretizada...
Os técnicos continuam a teimar na mudança de nomes e sistema táctico sempre que se deparam com um jogo de maior grau de dificuldade.
Se querem que se leve a sério a (deles) habitual conversa de "automatismos", "rotinas" e "fio de jogo", urge acabar com esta "praga" de uma vez por todas.

Indo agora ao concreto, temo que a (deliberada ou não) posse de bola que é habitualmente oferecida ao adversário, possa ser fatal. Vimos que o que tem faltado a equipas como o Braga e Leixões - apenas para citar dois casos recentes - é apenas uma maior qualidade de decisão dentro da nossa área. Ora, qualidade na linha de frente é coisa que, seguramente, não falta a um clube como o Atlético de Madrid, mesmo estando este em crise.
Para além do mais, o número assustador de pontapés de cantos que temos consentido, poderá revelar-se um perigo acrescido.
Por último, ao contrário do quase consenso existente, Rolando não passou, de forma automática, e em apenas meia-época, a ser um jogador com a experiência necessária para este tipo de encontros. Poderá acusar a responsabilidade.
Que a fortuna esteja com ele.

O jogo deste próximo Domingo, mesmo sendo para o campeonato, é já uma excelente oportunidade para começarmos a ganhar a eliminatória europeia.
Apostemos, pois, em novas soluções que não só o contra-ataque.

6 comentários:

José Correia disse...

«o que ficou amplamente demonstrado, é que éramos bastante superiores ao Schalke 04. Daí que jamais se possa considerar como positiva essa campanha europeia.»

Eu tenho uma perspectiva diferente do Luis.

Em primeiro lugar é um óptimo sinal considerar que éramos bastante superiores ao Schalke 04. Eu recordo que o Schalke está no top 20 dos clubes mais ricos do Mundo e que nos últimos anos tem obtido sempre boas classificações na bundesliga.

Quanto à eliminatória em si, se é verdade que o jogo na Alemanha não foi brilhante, eu diria que só por manifesta infelicidade não atingimos um resultado na 2ª mão que nos permitisse seguir em frente.
E nem sequer estou a referir-me às defesas milagrosas do Manuel Neuer e ao facto de termos sido eliminados nos penalties.
Eu recordo que jogamos os últimos 40 minutos (10 + prolongamento) com menos um jogador e que mesmo assim a grande oportunidade foi do FC Porto, com o Quaresma isolado na cara do guarda-redes a falhar de forma escandalosa.

José Correia disse...

«Indo agora ao concreto, temo que a (deliberada ou não) posse de bola que é habitualmente oferecida ao adversário, possa ser fatal. Vimos que o que tem faltado a equipas como o Braga e Leixões - apenas para citar dois casos recentes - é apenas uma maior qualidade de decisão dentro da nossa área.»

Estou de acordo que esta equipa do FC Porto ainda não tem a consistência defensiva necessária para altos voos.
É, na minha opinião, o seu ponto mais fraco.

Já quanto ao modelo de jogo, penso que é muito mais adequado à Liga dos Campeões do que à maior parte dos jogos do campeonato.
Aliás, se o FC Porto conseguir fazer um bom resultado em Madrid (vitória ou empate com golos), até poderá adoptar a mesma táctica nos dois jogos: um bloco recuado, com transições rápidas para o (contra)ataque.

rui disse...

Saudações,

falou-se aqui de preparação adiantada para os jogos da Champions. Ora bem se querem a minha opinião, e se atentarem nos jogos que o porto tem feito de ha um mes para ca, o porto tem propositadamente jogado com um bloco muito mais recuado do que ate dezembro dando literalmente a posse de bola ao adversario. E creio que isto faz parte do tal planeamento para os jogos com o atletico, pois ao "treinar" esta forma de jogar em jogos a serio, existe uma probabilidade muito maior de exito.

Se repararem ha uma diferença mm brutal no plano de jogo em relaçao aos primeiros meses da temporada. E neste contexto axo ke o sr jesualdo faz muito bem em, correndo o risco moderado na liga portuguesa, preparar a equipa para poder finalmetne passar os oitavos.

RuiBonga

Paulino disse...

Penso que o jogo contra o Shalk foi daqueles jogos injustos, uma "partida" feito ao Porto.

A mentalidade para a champions é disputar o jogo como se fosse o último e será mais uma oportunidade para algumas vedetas brilharem mais uma vez.

Mário Faria disse...

Talvez por ser velho e desconfiado, custa-me aceitar a primazia de um futebol laboratorial, que se pode preparar quase com tanta certeza como as receitas de sucesso que nos vendem, escritas por analistas e técnicos acima de qualquer suspeita.
A vida encarrega-se de nos aconselhar que no futebol prognósticos mesmo só no fim dos jogos. Uma equipa como a do FCP cujo objectivo primeiro é, obrigatoriamente, vencer o campeonato, exercitar-se para uma prova a eliminar em que o factor “contingência” se intromete em cada partida e tudo se decide em dois jogos, é com certeza um processo que me parece reprovável, de todo.
Não creio que JF se submeta a esse primado da CL e com jogos tão difíceis como vamos ter neste período, nada melhor que uma boa prestação entre muros para ganhar alguma alma (feita de confiança) para o jogo com o Atlético.
De resto, estou um pouco cansado de tanta ciência e de tanto futebol chato. De tantos processos e tantas rotinas e tão pouca coesão. De tantas transições e tantas perdas de bola.
Admiro JF e estou muito grato pelo trabalho que fez. Não obstante isso, acho que esta overdose de metodologia, processos e transições está a caminho de secar e que o actual "laboratório" tenda a entrar em falência se tivermos o azar de nos faltar alguns jogadores nucleares. Lá vão os processos....

Anónimo disse...

Começo por cumprimentar o Luís Carvalho e saudar o seu habitual estilo desempoeirado. Mas tendo a alinhar com a opinião do Mário: está a abusar-se da pretensa "cientificação" do futebol. Cada vez me lembro mais de uma célebre frase do Zé do Boné, referindo-se aos professores de ginástica que começavam a aparecer como treinadores: "o futebol não é para teóricos";-) (esta não é para o Luís, que não é professor de ginástica:-))