segunda-feira, 17 de junho de 2013

Comissões desproporcionadas

No Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, referente ao 3º Trimestre 2012/2013, que foi enviado à CMVM em 31/05/2013, surge a seguinte informação:

(Relatório e Contas Consolidado, 3º T 2012/2013, página 18)

Um dos números que chamou à atenção no quadro anterior foi o valor dos encargos adicionais do negócio correspondente à aquisição do defesa central mexicano Diego Reyes.

Duas semanas depois, no dia 15 de Junho, o jornal O JOGO publicou uma explicação:

(fonte: jornal O JOGO)

Penso que a explicação dada a O JOGO, por fonte do FC Porto, é perfeitamente razoável. Inclusivamente, do ponto de vista fiscal, é bem capaz de traduzir-se numa poupança para a FCP SAD (é melhor pagar um prémio de assinatura e cedência de direitos de imagem à cabeça, pagando depois um salário mais baixo).
Contudo, sobra uma dúvida: por que razão não se fez o mesmo no caso do Jackson Martinez, também ele contratado a um clube mexicano cinco meses antes?

19 comentários:

JOSE LIMA disse...

Caro José Correia
Penso que cada caso é um caso. Nunca poderemos confirmar os valores “acessórios” de cada contratação. Tanto pode ser tudo verdade, como tudo “inventado”. Se vir na página seguinte (19) aparecem “encargos adicionais” perfeitamente díspares, provavelmente relativos aos tais “prémios de assinatura”, fidelização de imagem etc.
Foi uma das coisas que falei no Encontro. O valor de aquisição do atleta é inflacionado pelas comissões e outras chinesices pagas à cambada que gravita à volta do futebol. Depois quando se quer vender e ninguém aceita pagar estes valores, o jogador é vendido pelo preço da uva mijona, e lá vem as imparidades.
Um clube de futebol pensar que pode ganhar dinheiro a comprar e vender passes, é um negócio falido, sobretudo quando tem custos superiores aos proveitos operacionais. Repare-se que estas transacções são consideradas “proveitos extraordinários”, logo, fora da lógica daquele negócio. E quando falha… é a morte do artista.
Abraço

Anónimo disse...

Quem anda nestas coisas já percebeu que essa rubrica é uma saída favorável em termos fiscais.

Anónimo disse...

Aliás o FCP,SAD é dos poucos que refere os valores pagos nessa rubrica e não era obrigado a tal.
A isso chama-se transparência, mas em Portugal também há muito a falar por falar...

Portista Sec XXI disse...

Completamente de acordo com o comentário do José Lima.
Na verdade para aferir na realidade quanto é que determinado jogador custou ao FCP, temos que olhar para os valores pagos na sua totalidade; ou seja, o valor do passe e todos os outros agregados na altura da transacção; como são as comissões, custos de contrato, prémios de assinatura etc… Outra coisa bem diferente e a bem da sã transparência é saber como foi a distribuição desses custos. É que se pode comprar um jogador por 1€ (custo do passe) e depois associar a isso mais 50Milhões em comissões, prémios de assinatura, direitos de imagem etc… Em conclusão todos nós ficamos a saber para onde foi esse 1 euro, mais difícil é saber quem realmente recebeu os outros 50 milhões. Para terminar, e tendo em conta o que foi publicado pelo “O Jogo”; acho estranho e nada transparente que o esclarecimento seja feito ao jornal por uma fonte do FCP… incógnita!!! Para quem sabe e conhece os meandros do jornalismo, sabe bem o como e o porquê da fonte não ser a oficial ou no mínimo identificada.

Silva Pereira disse...

Bom dia,

Eu posso aceitar que nas ditas comissões estejam incluídos prémios de assinatura para o jogador e outros, mas o que não consigo é compreender e até acho absurdo é que depois se vende uma percentagem do passe sem inclusão desses custos. Segundo as regras contabilisticas
bem como as regras fiscais esses custos concorrem para o preço, assim sendo vende-se de imediato metade do passe do Diego Reys com um prejuízo de 1 046 160€ (aproximadamente 30%).
Isto é que gostava que alguém me explicasse.
Assim até eu entrava num fundo.
Aliás porque razão o FCP em vez de recorrer a empréstimos obrigacionistas não cria um fundo aberto aos associados com este tipo de negócios, se calhar as regras passavam a ser outras.

Douro disse...

Da maneira como por vezes este assunto é tratado dá para diabolizar certos elementos do FCP???

Miguel Lourenço Pereira disse...

É normal que o apartado comissões inclua mais do que as comissões pagas aos empresários. Normalmente um bónus de assinatura ao jogador e os direitos estão incluidos.

A questão, como já foi aqui levantada, é a tentativa de pintar os números de forma diferente. Na Itália do principio da década passada registaram-se várias transferências entre grandes clubes com valores de 1, 2, 3 ou 5 milhões de euros (como valor do passe do jogador) que na prática eram de 10 ou 15, porque aí se incluiam comissões a empresários, prémios de assinatura, etc. Portanto o jogador era avaliado em valores mais baixos do que o real mas o dinheiro que circulava continuava a ser o mesmo.

Para mim o Reyes custou nove milhões. Se 1 euro foi para o passe e 8,99 foi para comissões não me importa. O FC Porto paga 9 milhões é esse o dinheiro que sai das arcas, é com esse que conto!

José Correia disse...

Para mim o Reyes custou nove milhões

Miguel, com este artigo procurei dar um contributo para o esclarecimento de uma situação que causou alguma perplexidade entre os portistas.

Quanto aos valores envolvidos, sem dúvida que a FCP SAD pagou (irá pagar) cerca de 9,1 milhões de euros. Contudo, é melhor, por exemplo, pagar 1,4 milhões de euros à cabeça ao jogador (justificados como prémio de assinatura e/ou cedência de direitos de imagem), diminuindo 100 mil euros ao salário mensal.

Anónimo disse...

Douro - para mim o seu comentário pode ter 2 interpretações:
1. a de que os adeptos diabolizam a SAD (injustamente?) - se for isso é porque há suspeitas o que se resolvia com números mais transparentes. Este caso Reyes já é um avanço no bom caminho, pelo menos pelo esforço de O Jogo;
2. A SAD trata estes assuntos com pouca transparência do que resulta ser acusada - se for isso parece que a SAD, consciente da sua honestidade, terá prazer em ver os adaptos que não percebem nada do assunto a lançarem suspeitas indevidas o que é um pouquinho masoquista.
Conclusão - recomendo mais transparência, mesmo que se perdessem alguns negócios. Nos velhos tempos o FCP não negociava com empresários.
Quanto ao comentário do Silva Pereira, para vender os 30% do Reyes a SAD ainda deve ter tido de pagar uma nova comissão, por isso o prejuizo já deve ir nos 1.5 milhões ....

Anónimo disse...

Conclusão - recomendo mais transparência, mesmo que se perdessem alguns negócios. Nos velhos tempos o FCP não negociava com empresários
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O FCP,SAD é a única ( ou das poucas) que dá a conhecer estes valores.
Sabe quando paga o Benfica ou outros clubes mesmo europeus ?!

Quanto aos empresários sem boas relações com alguns deles tudo fica muito difícil em termos de mercado.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

Nesse ponto, sem dúvida!

Silva Pereira disse...

Boa tarde,

Meu caro Miguel L Pereira é claro que os 90% dos direitos do Reys custaram 9 milhões (e uns trocados que me davam muito jeito) o que me custa a entrar é que logo de imediato se transferiram 50% desses direitos por 3,5 milhões (fora as comissões) isso é que não compreendo, ou seja é como se compra um carro logo que sai do stand desvaloriza 10 a 20%.

José Rodrigues disse...

Achei piada ao adjectivo "legais" a seguir a "comissões".

Há duas interpretações possíveis:

1) que por lei a SAD tem q pagar 10% de comissões (o q é tão falso q chega a ser ridículo)

2) "legais" no sentido de q nao há nada de ilegal em pagar tais comissões. Pois nao, mas é preciso dize-lo? Já agora, também se podia ter escrito q o dinheiro pago pelo passe também foi "legal", se formos por aí.

De qq forma o q interessa é o q o Miguel disse: o Reyes custou 9M, ponto.

Espero q o seu valor desportivo esteja à altura dessa "etiqueta".

José Rodrigues disse...

Porquê? Nao percebi.

Quer dizer, se for para pagar menos impostos (nao sei se é o caso) de acordo. Caso contrario, nao é nada evidente q seja melhor pagar à partida (para mais quando as taxas de juro andam tão altas).

Miguel Lourenço Pereira disse...

Silva Pereira,

Desse ponto já aqui falei. A maioria da opinião dos leitores do blog, como confirma a caixa de comentários, acha que isso é normal e saudável. Já não tenho muito mais a dizer sobre o assunto!

Anónimo disse...

É melhor? Porquê?

Eu pensei que o melhor era pagar prémios por objectivos, foi isso que esta semana se fartaram de dizer para estrangeiro ler.

Cumpriu os objectivos? Tem direito ao prémio. Não cumpriu, azarito.

Não se pode andar por um lado a vangloriar o modelo, que temos uma visão a 15 anos, no pagar prémios por mérito e depois pagarem-se assim prémios só por assinar um papel.

José Correia disse...

Se o pagamento de um montante elevado a um jogador aquando da contratação (justificado como prémio de assinatura e/ou cedência de direitos de imagem), tiver como contrapartida que depois se vai pagar um salário mais baixo, isso pode ser uma boa operação para as duas partes.

Para o jogador, porque recebe uma boa maquia (1 a 2 milhões de euros) logo à cabeça.

Para a SAD, porque fazendo contas aos juros que paga a mais (o dinheiro está caro!) e aos impostos que paga a menos, pode ficar a ganhar.

Anónimo disse...

Em teoria pode ser verdade, mas isso corresponde à prática?

Nada nesta notícia d'O Jogo ou nos R&C garante isso.

Se pagarmos à cabeça 1 milhão e pouparmos em salários 2 milhões é sem dúvida um excelente negócio.

Se pagarmos à cabeça 1 milhão e pouparmos em salários 1,2 milhões é sem dúvida um bom negócio.

Se pagarmos à cabeça 1 milhão e pouparmos em salários 1 milhão, não vejo onde está a vantagem.

Se pagarmos à cabeça 12 milhão e pouparmos em salários 800 mil, é um mau negócio.

Como não temos dados para saber qual destas situações é a real, não vejo como se pode logo concluir que é melhor pagar prémio de assinatura.

Anónimo disse...

Essa dos prémios de assinatura cheira-me a treta. Pode passar-se com alguns jogadores mas não com todos.