sábado, 22 de junho de 2013

Uma ponte pintada em tons de azul-e-branco


Faz hoje 50 anos que, em 22 de Junho de 1963, foi inaugurada a Ponte de Arrábida. Projectada pelo engenheiro Edgar Cardoso, esta magnifica obra da engenharia portuguesa possuía, à data da sua inauguração, o maior arco de betão armado do Mundo (270 metros).

Mas esta ponte, entretanto classificada como património nacional, também está ligada ao imaginário portista por, de certa forma, ter sido durante muitos anos uma espécie de "cabo das tormentas" sempre que o FC Porto tinha de ir para Sul, particularmente para defrontar os rivais da capital.

Os adeptos portistas mais velhos lembrar-se-ão de uma célebre frase do grande Zé do Boné:
Quando o autocarro do FC Porto atravessa a Ponte Arrábida (para jogar em Lisboa) já vai a perder por 1-0

Juntos, José Maria Pedroto e Pinto da Costa acabaram com um longo jejum de 19 anos mas, mais do que isso, acabaram com o nosso “adamastor″, acabaram com o complexo da ponte, transformaram os andrades em dragões e o resto é História. Uma história de três décadas de sucessos, em Portugal e no Mundo, pintada em tons de azul-e-branco.



11 comentários:

Miguel Magalhães disse...

Mais do que acabarem com o complexo da ponte, conseguiram virá-lo para o outro lado pois agora são os nossos rivais da Luz que de cada vez que pensam em atravessar a ponte se "borram" de medo. Há até quem diga que este ano vieram de avião só para não terem que atravessar a ponte...
(Nas últimas 31 épocas, em 45 jogos disputados na casa do Porto, o SLB apenas ganhou 3 contra 29 ganhos pelo Porto ; no mesmo período, em 46 jogos disputados na casa do SLB, o Porto ganhou 13 e perdeu 18)

Bluesky disse...

É mesmo... a ponte agora tem um sentido diferente!!!!
E oxalá essa tendência sulista de se apavorarem ao atravessar a ponte perdure por longos cem anos!!!!!

Anónimo disse...

“Quando o autocarro do FC Porto atravessa a Ponte Arrábida (para jogar em Lisboa) já vai a perder por 1-0″

José Correia, posso estar errado, mas parece-me que José Maria Pedroto não especificava o nome da ponte.

Julgo que a frase seria mais ou menos esta: "Quando vamos jogar a Lisboa, logo que atravessamos a ponte, já estamos a perder".

Bluesky disse...

A ponte em questão até era a D.Luís I, pois lembro-me bem de uma vez ir com o meu pai atrás do autocarro que integrava a comitiva portista e atravessarem a ponte de ferro e "engatarem" na A1 em Santo Ovidio... isto bem antes do 25 de Abril!

Alexandre Burmester disse...

Sim, a frase referia-se, penso eu, à Ponte D. Luís, pois Pedroto falava até de períodos anteriores à construção da Ponte da Arrábida. Mas serve na mesma, e ilustra a ideia.

José Correia disse...

Não me lembro ao pormenor, mas é provável que Pedroto não tenha especificado se a "ponte" era a "Ponte D. Luís" ou a "Ponte da Arrábida".

Contudo, a Ponte da Arrábida encaixa melhor no simbolismo do "complexo da ponte" porque, tendo sido inaugurada no início dos anos 60, quase coincide com o início do longo período de jejum de 19 anos sem vencer o campeonato.

José Rodrigues disse...

Também tenho a ideia clara de q a ponte em questao era a D. Luis.

José Rodrigues disse...

Já agora, eu e muitos aqui lembram-se bem de q a VCI nao existia até muito depois do tempo do Pedroto.

Ora quem sabe como era o Porto na altura (e mesmo quem nao sabe, imaginem q a VCI nao existia) sabe muito bem q nao fazia sentido nenhum fazer um grande desvio a partir das Antas para atravessar o rio na Arrábida, atravessando sim a D. Luis (a ponte do Freixo ainda mais tarde veio), q era o q a comitiva do FCP fazia (tal como a grande maioria dos adeptos, já agora).

José Correia disse...

«(...) Ao fim de uns longos e dolorosos 18 anos de jejum (entre 1960 e 1977, inclusivé), o F.C. Porto voltava a sagrar-se campeão nacional de futebol, sob o comando do carismático "mestre", José Maria Pedroto (1928-1985), popularmente e carinhosamente apelidado de "Zé do boné".
Finalmente, o F.C. Porto lograva ultrapassar e vencer aquele traumatizante e complexo obstáculo, que constituía uma espécie de fraqueza e de inibição da equipa portista, sempre que esta tinha de atravessar a Ponte da Arrábida, rumo a Lisboa, para defrontar os seus rivais da capital (Benfica e Sporting). (...)»
F.C. Porto - Campeão Nacional (Época 1977/78)
in http://coleccionadordesportivo.blogspot.pt/2009/12/fc-porto-campeao-nacional-epoca-197778.html

José Correia disse...

«(...) O primeiro ano nas Antas serviu para os ajustamentos necessários, mas Pedroto levou o FC Porto ao título em 1978/79. O clube tinha interrompido o "jejum" de 19 anos à custa de um futebol personalizado e ambicioso, ultrapassando o que o próprio Pedroto rotulara de "complexo da Ponte da Arrábida". (...)»
in Jornal PÚBLICO, por Bruno Prata.
Texto adaptado do artigo do mesmo autor publicado no quinto volume da Crónica de Ouro do Futebol Português (edição Circulo de Leitores, Lisboa, 2008)

O texto completo é um compêndio sobre Pedroto. Recomendo vivamente que leiam em:
in http://cagido.blogs.sapo.pt/198960.html

José Correia disse...

«(...) Foi com Pedroto que se lançaram as bases de uma grande equipa europeia, capaz não só de ombrear mas de superar os rivais de Lisboa, tantas vezes visados a par dos prejuízos das equipas de arbitragem. "Quando o autocarro do FC Porto atravessa a Ponte Arrábida (para jogar em Lisboa) já vai a perder por 1-0" ou os "roubos de igreja do Estádio da Luz" ressoavam com estrondo nos tímpanos dos rivais e ainda hoje são frases marcantes de um técnico à frente no seu tempo, que muito antes da era-Mourinho já se fazia valer das vantagens do jogo psicológico. (...)»
O 'mestre' partiu há 25 anos
in DN
http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=1463765&page=-1