sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ghilas e o minuto 85


O JOGO, 27-06-2013
Após se ter destacado ao serviço do Moreirense (marcou 13 golos no último campeonato), Nabil Ghilas despertou o interesse de vários clubes, entre os quais o sporting.

O FC Porto teve argumentos mais fortes ($$$) venceu a concorrência (interna e externa) e contratou o avançado argelino, presumo que com os seguintes objectivos:

i) colmatar uma das lacunas do plantel, reforçando-o com um ponta-de-lança, já perfeitamente adaptado ao futebol português, que pudesse ser uma alternativa credível para Jackson Martinez (em caso de castigo, lesão, abaixamento de forma ou gestão de esforço do colombiano);

ii) arranjar um avançado que, tendo características diferentes de Jackson (Ghilas é mais móvel), pudesse formar com o internacional colombiano uma dupla de ataque, possibilitando ao treinador o recurso a soluções alternativas em alguns jogos;

iii) atendendo à idade e ao interesse de clubes estrangeiros preparar, com tempo, a previsível saída de Jackson no final da época 2013/14 (após dois anos de azul-e-branco).

Chegados à paragem de Natal, penso que já podemos fazer um primeiro balanço.

22 minutos de utilização em 5 jogos do campeonato; 33 minutos de utilização em 4 jogos da Liga dos Campeões.

Evidentemente, o FC Porto não é o Moreirense e, ainda para mais tendo um ponta-de-lança como Jackson Martinez, ninguém estaria à espera que Ghilas chegasse e fosse logo titular. Agora, também não estava à espera de um tempo de utilização tão reduzido.

Minutos jogados por Ghilas na época 2013/14 (fonte: zerozero)

E, para além do pouquíssimo tempo de utilização, o que me impressiona mais é o facto de nas nove vezes - 5 para o campeonato e 4 para a Liga dos Campeões - que saiu do banco para dar o seu contributo à equipa, em sete ocasiões Ghilas só entrou após o minuto 85!

Qual é a ideia de Paulo Fonseca?
Com estas sucessivas substituições ao cair do pano, que tipo de mensagem é passada ao jogador?

Olhando para o plantel atual (sem contar com o Quaresma) e constatando as dificuldades ofensivas que a equipa teve na fase pré-Carlos Eduardo, penso que Ghilas poderia ter tido mais oportunidades. Por exemplo, por que não testar Ghilas numa das alas, numa lógica parecida à de Derlei (com Mourinho) ou de Lisandro (antes de Jesualdo o colocar a avançado centro)?

10 comentários:

José Rodrigues disse...

De facto metê-lo 7 vezes a menos de min do fim é estar a gozar com o rapaz. O Ghilas deve ter mesmo uma paciência de santo para nao se queixar disso...

DC disse...

Nas questões de disciplina costumo estar sempre do lado do treinador, mas se um dia o Ghilas se lembrar de se recusar a entrar aos 85min, compreenderei perfeitamente.
Parece mesmo que está a gozar com ele (e connosco).

HULK 11M disse...

Pois... mas que podíamos esperar dum treinador que num ano estava no Tourizense, no outro no Paços de Ferreira e no seguinte saltou para o FCP???
Claro que Vitores Pereiras e Paulos Fonsecas são os treinadores-ideal de gestores da SAD´s e respectivos empresários...
Mas oxalá que tão cedo não sejam obrigados a contratar nenhum treinador de CV e personalidade fortes! Seria sinal de que as coisas estavam a correr muito mal e esses "iluminados" começavam a ver os lugar em perigo!

Miguel Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Miguel Ribeiro disse...

Exactamente.

Sempre disse que poderiam colocar o Ghilas numa das alas. Mas, colocá-lo em jogo quase aos 90m de jogo?! Enfim. Espero que o P. Fonseca deixe de ser casmurro e comece a atinar. Tenho essa esperança.

Pedro ramos disse...

A nao utilizaçao de Ghilas, para mim, tem muito haver com a falta de um plano b para a equipa. PF tem na sua mente um determinado sistema e no meu entender, nao é capaz de o mudar caso as coisas nao estejam a correr bem, por isso as substituiçoes sao normalmente posiçao por posiçao, privilegiando 2 das posiçoes que mais dúvidas vao levantando aos adeptos (e pelos vistos ao próprio PF): substituindo extremo por extremo, e médio defensivo por médio defensivo. Ele raramente tenta introduzir algo que fuja ao seu sistema convencional, também, porque nao tem nada estudado nem treinado para poder realizar essa operaçao. Penso que foi no jogo contra o Atlético em Espanha, que Ghilas entrou a 30 min do fim do jogo, e quer ele quer a equipa nao andaram perdidos com a sua posiçao.

O facto de ele entrar nos últimos 5 min é apenas consequencia do facto de ser a 3º substituiçao. Provavelmente tem escapado a muita gente, mas desde o jogo contra o Arouca que PF faz sempre a 3º substituiçao depois dos 85 min (excepçao foi a Académica em que apenas fez 2 substituiçoes). Até neste ponto se revela a falta de trabalho e o porquê da dificuldade em mudar o rumo de um jogo quando as coisas correm mal: quando o plano inicial nao corre de feiçao nao há nada pensado para o alterar, depois de mudar extremos ou médios a 3º substituiçao parece ser feita mais por obrigaçao do que outra coisa qualquer.

A questao de poder ser utilizado na ala, como um extremo que se aproxima de Jackson, é mais dificil de tentar responder, talvez nao o considere capaz de fazer a posiçao, ou talvez pense que tem de ser apenas uma alternativa ao ponta de lança ou como diz muitas vezes, pense que precisa dum periodo ainda maior de adaptaçao (como CE) pois vem de uma realidade competitiva bastante diferente da actual (seja lá o que isso for).

Henrique disse...

Boas. Para mim a única explicação para esta utilização no mínimo, ridícula, poderá ter que ver com algo no contrato do jogador. Só assim poderei entender tal decisão.

Duarte disse...

O tempo de utilização do Ghilas é incompreensível. Aliás, há várias coisas neste caso que são incompreensíveis, desde a altura em que geralmente o jogador entra em campo, ao facto de poucas vezes jogar ao lado do Jackson na frente de ataque.

Quando veio para o Porto, o Ghilas sabia perfeitamente que seria suplente do Jackson. Sabia ele e sabíamos todos. O que de todo é injustificável é o pouco tempo de utilização, que devia ser muito maior. Como o José Correira refere, ter transformado Ghilas num Derlei ou num Lisandro era uma opção perfeitamente viável, sobretudo numa equipa que carece de alguém que acompanhe Jackson e um irregular Varela.

Joaquim Lima disse...

Caso seja emprestado no mercado de inverno, a sua utilização custu-nos a módica quantia de 70 mil euros por minuto!

José Correia disse...

Como o José Correira refere, ter transformado Ghilas num Derlei ou num Lisandro era uma opção perfeitamente viável, sobretudo numa equipa que carece de alguém que acompanhe Jackson e um irregular Varela

Eu não sei se um tridente atacante formado por Varela, Jackson e Ghilas (a jogar numa das alas) funcionaria bem mas, perante aquilo que se viu com outras opções de Paulo Fonseca (Varela - Jackson - Licá; Varela - Jackson - Josué), penso que faria todo o sentido experimentar.