segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Quem não chora, não mama

Devido ao castigo do treinador do Paços de Ferreira, o adjunto Jorge Mendonça assumiu o “protagonismo” de dirigir a equipa, via instruções de telemóvel, e teve também direito aos seus cinco minutos de glória, ficando encarregue das declarações no final do jogo.

Primeiro, no flash interview, perante as câmaras da SportTV, começou por afirmar o seguinte:

«No futebol não há momentos bons para sofrer golos, mas aquela altura, quando sofremos o primeiro, foi mesmo muito má. Depois, logo a abrir a segunda parte, sofremos o segundo. Dizem-me que era fora-de-jogo e complicou muito para nós. (...) O Paços de Ferreira esticou-se, correu riscos e o FC Porto, naturalmente, aproveitou. Marcou outra vez e podia ter marcado mais golos...»

Entretanto, alguém lhe deve ter dito que tinha “chorado pouco” e que na situação periclitante em que está o Paços de Ferreira tinha de berrar muito mais. Assim, chegado à sala de imprensa o tom já foi outro e afirmou o seguinte:

«Tivemos o azar de todos os foras-de-jogo mal assinalados terem sido fundamentais. Em foras-de-jogo mal assinalados também perdemos seis ou sete a um, mas tivemos azar sobretudo no fora-de-jogo mal assinalado que dá o segundo golo do F.C. Porto. Naturalmente acontecem erros, mas esse foi um grande azar».

A gente ouve uma mentira destas e até duvida se ouviu bem. Mais. O pobre adjunto disse esta enormidade sem se rir, como se estivesse a falar a sério (até me fez lembrar as entrevistas que o Vale e Azevedo dava à SIC...).

De facto, na jogada que antecede o segundo golo de Lisandro, Farias quando recebe a bola está milimetricamente adiantado em relação ao último defesa do Paços de Ferreira.
Mas se alguém se queixa desta jogada, como pode ignorar três outros lances semelhantes, em que foi erradamente assinalado fora-de-jogo ao ataque portista (uma vez a Tarik e duas a Lisandro), em situações em que os avançados do FC Porto estavam claramente em jogo (mais de um metro)?

E o que dizer da impune agressão de Furtado a Raul Meireles, aos 73’, quando o jogador pacense atingiu deliberadamente o médio portista com o cotovelo?

Percebe-se a intenção do Paços de Ferreira – quem não chora, não mama – mas é inconcebível vir queixar-se da arbitragem num jogo em que foi claramente beneficiado.

Cavalgando em cima destas declarações, alguma comunicação social optou por ignorar todos os lances em que os árbitros ajuizaram em prejuízo do FC Porto, fazendo de conta que nunca existiram (veja-se a forma como foram seleccionadas e comentadas as imagens dos resumos do jogo) e repetindo 33 vezes as declarações do adjunto do Paços de Ferreira...

Assim se explica a vantagem do FC Porto no campeonato português...

1 comentário:

Vasco Rodovalho disse...

Todo e qualquer treinador, mesmo sendo do nosso vizinho e amistoso Paços de Ferreira, sabe que, sendo o adversário o FC Porto, rende muito atacar as decisões da arbitragem, já que beneficia instantaneamente de ampla difusão dessas opiniões, sejam elas acertadas ou crassas...