terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

É vantajoso ser sócio?

Longe vão os tempos em que as pessoas se filiavam numa qualquer Agremiação, por simples carolice ou simpatia pessoal. Salvo honrosas excepções, que mantêm intactas a suas convicções desportivas e, demonstram um assinalável “sentido de estado” perante a vida quotidiana do Clube, (participando nos mais importantes actos públicos da Instituição, como as AG´S ou eleições) a maioria do público nos dias de hoje exige espectaculo e entretenimento.


Segundo o Relatório e Contas referente ao ultimo ano do FC Porto, Clube, havia em registo nos seus serviços administrativos 83.669 sócios com quotas em dia, o que significa cerca de menos 3.400 sócios que existiam um ano antes. Apesar da inscrição de quase 7.000 novos associados, desistiram da filiação ao FC Porto cerca de 10.200 pessoas, tudo isto numa conjuntura desportiva altamente favorável.


Se a entrada de novos sócios não surpreende, (apesar de não ser muito expressiva) dado tal periodo positivo que o Clube atravessa, a perca de mais 10.000 sócios em apenas um ano deixa-me abismado. A acrescentar a tudo isto, todos estes dados são respeitantes à temporada 2006/07, onde entrou em funcionamento do novo conceito de sócio, um sistema de parcerias com varias entidades e de acumulação de saldo para quotas e bilhetes numa conta virtual.


Com estes numeros, a primeira coisa que facilmente se conclui é que as vitórias não chegam para as pessoas se manterem ligadas ao Clube e, o tal novo conceito de sócio, não cativa novos públicos, ou pelo menos não o faz nos moldes actuais. Não se pode sequer dizer que o FC Porto pratica preços nas quotizações altos, pois dos 3 grandes é aquele que apresenta uma tabela mais acessivel, apesar de estar inserido numa região mais constrangida pelas dificuldades económicas que o país atravessa.


Na minha óptica, o FC Porto tem falhado essencialmente na forma de se relacionar com os sócios. Actualmente, as unicas comunicações vindas do Clube para os associados, visam o incentivo à compra de lugares de época ou um qualquer produto promocional. Muito pouco. Penso que cabe tambem nas competências da Instituição informar, esclarecer e questionar de forma regular, os sócios sobre assuntos do quotidiano do Clube. Enviar-lhes as convocatórias e respectivos Relatórios e Contas das AG´S, incentivando-os à sua participação, bem como o envio sugestões por RSF com vista a melhoria do funcionamento dos serviços e satisfação do sócio. Incrementar um maior leque de ofertas e serviços através do uso do cartão de sócio, tornando-o um utensílio indespensavel para todos os dias (por exemplo estabelecer parcerias para descontos com as grandes cadeias de hipermercados como o Continente ou Jumbo), maior abertura e criação de novas funcionalidades no site do Clube, com acesso a conteúdos exclusivos. Em suma, há que envidar esforços de forma a fazer sentir aos sócios que existem reais vantagens em estar ligados ao FC Porto, porque os simples descontos nos bilhetes para jogos não chegam.

4 comentários:

José Correia disse...

Numa perspectiva de negócio, os sócios deveriam ser encarados como clientes frequentes e o cartão de sócio, como um cartão de fidelização.

Que tipo de benefícios existem hoje em dia?
a) desconto de 0,03 euros por litro de combustível (há outras entidades que fazem descontos superiores);
b) tarifário especial na TMN (comparando com outros tarifários, é uma vantagem discutível e dependente do perfil de utilizador);

Assim sendo, parece-me claro ser necessário encontrar benefícios REAIS e indiscutíveis. Algumas possibilidades, seriam:
i) descontos nos prémios de seguros efectuados através da mediadora PortoSeguro;
ii) descontos em pacotes de viagens, principalmente em pacotes de viagem + bilhete nas deslocações para acompanhar a equipa;
iii) descontos em merchandising e equipamentos desportivos.

Para além do factor emotivo, há que também tornar mais aliciante ser-se sócio do ponto de vista económico.

José Rodrigues disse...

Mais do que incentivar vantagens materiais de se ser sócio, penso que a prioridade é criar o sentido de IDENTIDADE entre a comunidade de sócios.

O Nélson tocou em alguns pontos importantes: é preciso fazer ver ao sócio que é mais do que um adepto ou consumidor; que tem privilégios e deveres como tal; que faz parte de um grupo muito especial.

Neste aspecto, o clube pode fazer muito, muito mais: fomentar a participação activa dos sócios na vida do clube, fomentar o feedback, fomentar a informação.

Muito sinceramente: não tenho qualquer interesse em ter sócios cujo único interesse é ter descontos. Que acréscimo é que esses sócios trazem ao clube em relação aos adeptos comuns?

José Correia disse...

Temos de olhar para as duas vertentes:
- a parte emotiva, cultural, de identidade com o clube, a sua história e valores é, obviamente, fundamental;
- a parte económica, de prestação de serviços aos sócios (com uma melhor relação qualidade/preço), não sendo fundamental, não deve ser desprezada.

O desenvolvimento de uma das vertentes não tira o lugar à outra. São complementares.

Mário Faria disse...

Ser sócio do FCP é uma "obrigação",
logo não é discutível, salvo em caso de morte ou de extrema pobreza.