sábado, 7 de junho de 2008

Euforia


Há essencialmente duas coisas em torno da Selecção Nacional que me irrita e vai afastando cada vez mais a minha simpatia sobre si, o seu Seleccionador e fanfarronice crescente em torno da equipa das Quinas.

Do seu “Sargentão Chefe”, cada vez mais se destaca a sua liderança ao bom velho estilo totalitário e ditatorial, onde só o seu ideal pode imperar. Desde os seus primeiros actos ao “serviço da Nação”, Scolari parece abdicar das suas funções e obrigações de escolha dos melhores jogadores na representação do seu País, para construir um grupinho de carneiros que obedecem respeitosamente o seu mestre, e daí criar um núcleo de eternas “vacas sagradas” que, independentemente da sua condição física/técnica, de cometer mais erro ou menos erro, têm lugar cativo no seu onze ideal. A juntar a tudo isto está uma postura intolerante perante a critica pública ou publicada, chegando mesmo a vetar o acompanhamento da Selecção a quem, no exercício do seu livre pensamento, tenha mostrado discordância pela forma como o Seleccionador dirige o agora denominado clube com mais sócios em Portugal (aí se o Presidente do SLB sabe disto).

A verdade é que esta estratégia de pressão e intimidação da comunicação social em geral, não só tem resultado, como fez com que a maioria dos jornalistas desportivos da nossa praça começasse a usar a bajulação à Selecção e ao seu “Sargentão Chefe”, como forma de poder estar ao seu lado e fazer o seu acompanhamento diário sem restrições, bem ao estilo dos “Incríveis” que vemos na SIC. Ora esta postura da comunicação social para alem de lhe ter retirado isenção, tornou-se ela própria na maior maquina de propaganda ao serviço da Selecção. Quem por infelicidade se pôs diante do televisor no passado fim de semana, teve de aguentar uma jamais vista lavagem cerebral, que nem o zapping conseguia contornar. A forma eufórica como os canais de televisão se degladiavam para não deixar escapar o mínimo pormenor do desfile e apresentação de cumprimentos da comitiva ao Presidente da República, é o exemplo mais claro de como o propagandismo em torno da Selecção atingiu o nível anedótico, Para figurantes desta cena surreal, lá estava o anónimo Zé Povinho, que acenava aos “grandes heróis” da Nação a caminho da glória.



Suspeito que tanta loucura, euforia e excitação para com a Selecção Nacional e seu “sargentão Chefe” um dia tudo isto poderá acabar mal, bem ao estilo da recepção que António Oliveira teve no aeroporto Francisco Sá Carneiro após o decepcionante Mundial da Coreia/Japão. É que se até agora nas fases finais onde o actual Seleccionador esteve, têm corrido mais ou menos acima das expectativas (pese embora eu considere que Euro2004 foi o desbaratar de uma oportunidade única de Portugal sagrar-se campeão Europeu), haverá o dia em que tanta festa se tornará em tragédia, e aí aqueles que agora estão na linha da frente no apoio e gritar vivas à Selecção, serão os primeiros a pedir as cabeças do “Sargentão Chefe” e seus muchachos.

3 comentários:

Mefistófeles disse...

Nélson, compartilho a sua irritação. E já foi o Portugal-Turquia.

José Correia disse...

Para além do xocolari, há outra coisa que eu não suporto na Selecção: o desfile de pseudo VIP's e "gente fina" do eixo Lisboa-Cascais que, nestas alturas, aparecem sempre na primeira fila para "apoiar a Selecção de todos nós".

Mário Faria disse...

O futebol tomou conta do País. Scolari ganhou a carta de alforria quando deixou Baia de fora e declarou guerra ao FCP . Isso já era. Ganhou a guerra e hoje pode dominar, na paz do senhor.
Neste período de tréguas, continua a valer para a grande maioria essa imagem de homem forte que pôs no lugar o inimigo do costume, para os outros – uma imensa minoria – um homem esperto, com autoridade e prestígio, mas que não é especialmente dotado como treinador de futebol.
Pior que o Scolari, são as doses maciças de lavagem ao cérebro que a CS injecta e a rendição ao poder do seleccionador, sem condições prévias. Em alguns casos é mesmo um caso de bajulação. Enjoativo !
Fora isso, é justo dizer que a equipa jogou bem e mereceu ganhar. RQ parece não colher junto de Scolari a mesma benevolência que sempre mereceu de JF. Pode ser que aprenda.