quarta-feira, 18 de junho de 2008

Resposta ao Procurador-Geral da República


O Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, esteve ontem na Assembleia da República numa audiência com os deputados da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, para falar sobre o problema da violência nas escolas.
A dada altura da audiência, uma deputada dessa Comissão teve o desplante e o desassombro de perguntar ao Sr. Procurador-Geral o que é que ele já tinha feito pela Justiça em Portugal. “Ó Sra. Deputada!” exclamou, perturbado, o magistrado, para logo a seguir responder à senhora com uma pergunta: “Diga-me a Sra. Deputada uma pessoa ou uma instituição que ainda não tenham sido investigados por mim, desde que cheguei à Procuradoria-Geral da República?”. Não resistindo à tentação do auto-elogio público, acabou o Procurador por responder à sua própria pergunta desta forma curiosa, mas previsível: “Não há NINGUÉM que ainda esteja IMPUNE em Portugal desde que fui nomeado Procurador, há cerca de um ano, pois mexi com todas as áreas, desde o futebol, (...) até à banca”.

Ora muito bem, já que na reportagem da TSF não foi possível ouvir a resposta (se é que tenha chegado a responder) da Sra. Deputada, proponho-me responder ao Sr. Procurador e inclusivamente contradize-lo. Há uma instituição em Portugal que não foi alvo de investigação - que se justificava plenamente à luz dos mesmos princípios que nortearam a actuação da Procuradora adjunta M. José Morgado no processo Apito Dourado – e há uma pessoa que está impune e pelo que temos visto irá continuar impune desde que o Sr. Procurador continue a exercer essas funções: S.L. Benfica e Luís Filipe Vieira.

Os exemplos de impunidade são mais que muitos e não há na Polícia Judiciária nem no Ministério Público responsáveis capazes de trabalhar e investigar de forma independente e autónoma dos poderes que os influenciam. A Justiça está completamente descredibilizada e o Sr. Procurador é um dos maiores responsáveis.


Falemos então da impunidade: De reuniões secretas entre Luís Filipe Vieira e José Veiga e dirigentes da arbitragem na época vergonhosa de 2004/05 às reuniões secretas entre Luís Filipe Vieira e Hermínio Loureiro nesta época que agora findou; dos jantares num restaurante de Penafiel com José Veiga e árbitros e árbitros assistentes; das reuniões entre o Dr. João Rodrigues e Pinto de Sousa em hotéis de Lisboa; do famoso “jogo do título” Estoril-Benfica transferido para o Algarve por dirigentes do Estoril que eram ex-dirigentes do Benfica até à arbitragem escandalosa do Sr. Hélio Santos nesse mesmo jogo; da contratação e empréstimo pelo Benfica de jogadores das equipas que iria defrontar na semana seguinte (temos os exemplos de José Fonte e Moretto do Setúbal, de Jorge Ribeiro do Boavista, de Rúben Amorim ao Belenenses, de João Pereira para o Gil Vicente); de um caso inédito em que um árbitro para um jogo do Benfica se “lesiona” e é substituído por Paulo Paraty, que acaba por anular um golo limpo ao adversário permitindo assim a vitória do SLB; da presença de capangas de LF Vieira no aeroporto para perpetrarem agressões nas barbas de agentes da PSP que nada fizeram; das agressões de Luís Filipe Vieira e do seu motorista a clientes da CGD; enfim, de tantos outros casos passíveis de enumeração e descrição exaustiva que demonstram que, afinal, temos no nosso País uma instituição e uma pessoa que não são nem foram investigados e que continuam impunes.

Isto, note-se, depois do Sr. Procurador ter dito, no repasto com amigos que precedeu a sua entrada nessas funções, que “um amigo lhe tinha dito que queria que ele fosse o Simão Sabrosa da Justiça portuguesa”, naquele seu típico sotaque das Beiras a assobiar os esses.

Para a próxima, Sr. Procurador, tenha vergonha e não diga inverdades.

7 comentários:

José Rodrigues disse...

“um amigo lhe tinha dito que queria que ele fosse o Simão Sabrosa da Justiça portuguesa”

Se a ideia transmitida nessa frase era de que passasse a ser um dos maiores "trunfos" do slb (como o Simão o era na equipa de futebol), "parabéns" ao Sr PGR porque vai no bom caminho.

Pedro Vale disse...

Não te esqueças do Makukula do Marítimo. Os contactos começaram na semana antes do jogo, apesar da contratação só ter sido feita em Janeiro.

Nuno Nunes disse...

Pedro,

Os exemplos são mais que muitos e não queria que o artigo fosse muito extenso ;-)

Mário Faria disse...

O Simão é um excelente executante de bolas paradas. O PG segue o rumo.
É parado a executar, mas posiciona muito bem os seus movimentos. Os alvos são cirurgicamente escolhidos. Consegue, assim, ter boa imprensa e excelentes câmaras que o filmam, sempre, sob o melhor ângulo.
Adora aparecer na TV, e por isso escolhe cuidadosamente os dossiers e o momento azado, para ficar bem na fotografia e impecável nos ecrãs.
Uma vedeta . Ainda não compreendeu que Justiça não se dá bem com vedetas mediáticas. E, daí .... Talvez o segredo seja mesmo esse : trabalhar bem para a televisão, e nisso homem tem-se excedido.

César disse...

Legitimidade meus caros legitimidade! Alguém se lembra do Helton? Falam de jogadores que ainda não estão contratados. Que culpa tem o Benfica do que aparece nos jornais. Ahh e já agora sobre o Apito Encarnado, o selo da polícia era falsificado, e os jantares foram denuncias anónimas. Até ver gostava que me explicassem aqui como se chama um anónimo a depor...

José Rodrigues disse...

Ó César, acho q até tu não podes escamotear em plena consciência q *no mínimo* seria normal q pusessem também o LFV sob escuta, não? É q nem isso...

Mefistófeles disse...

Realmente a comparação é boa. Eu costumo chamar a Simão o Simulão Saborosa ( porque me irrita profundamente como pessoa e futebolista ). O PGR também simula bem que é um verdadeiro PGR.