quarta-feira, 11 de junho de 2008

Reviver o passado

Suspensos do resultado dos recursos apresentados pelo FCP, pouco motivados para qualquer inquietude relativamente ao saldo das entradas e saídas de jogadores, curiosos q.b. relativamente ao europeu, continuamos ensimesmados e com pouca matéria para promover o diálogo e falar do que gostamos. Estamos suspensos, vacilamos e andamos tensos.
Dei, por mim, a reler o que tinha alinhavado no passado pós Mourinho, para atentar como valorei a vida colectiva do FCP através dos vários acontecimentos ocorridos, e retirei do que escrevi o que me pareceu ter algum interesse e actualidade.

Dos Sócios


É frustrante reconhecer que podemos tão pouco. De qualquer forma desistir é proibido. Pela minha parte, não deixarei de exercer o meu direito à opinião e à indignação sempre que assim o entender e pelos canais que julgar mais convenientes para o efeito.

Um clube, uma empresa, um governo não pode ser gerido da rua, mas também nenhuma instituição pode sobreviver virada de costas para os cidadãos. A menos que se viva em “ditadura”.

Como já tive oportunidade de referir: estou (muito) preocupado com o presente e com o futuro do FCP. Espero que haja competência, bom senso e coragem. Os sócios e adeptos do FCP merecem. Quase sem queixume, têm encaixado tudo.

Como aprender a intervir, nós que temos sido agentes passivos e temos vivido felizes sobre o guarda-chuva acolhedor do nosso Presidente?
O caminho tem muitos escolhos e há muito oportunista à espera do "espalhanço" de Pinto da Costa. Por isso, a intervenção, a ser feita (acho que a inércia se vai manter), tem de ser prudente, inteligente e insuspeitamente posicionada para servir o FCP. Mas há algo a fazer. Todos somos poucos para dar ao FCP o contributo de que carece para sair deste cerco, que é real, e cheio de perigos.

Mas parece-me (insisto parece-me) que o FCP precisa de um safanão. Há muita gente (bem) instalada, que se acomodou e permitiu o cerco: é preciso mudar!

A identidade de FCP? A identidade somos nós!

Do Presidente e da SAD


Não o podemos fragilizar: devemos tanto quanto possível resguardar o nosso presidente dos ataques e a sua intervenção deve ficar-se para momentos excepcionais quando a defesa da instituição o reclamar de forma indiscutível.

De resto, há muita gente no FCP com competência para dirimir os conflitos que nos vão colocando. Há de facto algum silêncio a mais, mas estou mais preocupado com a informação que não chega aos sócios, com excepção das compras, das vendas e dos vícios privados.

E vamos ceder, perseguir e criticar imprudentemente, quando PdC está acossado por todos os lados?
Eu sei que o FCP está acima de qualquer figura, por mais importante que tenha sido, mas não defendo a saída de PC pela porta pequena, ou pela via de uma proclamada incapacidade de gerir os “negócios do clube” ou porque “o seu tempo já passou”.

Não reconheço que tenham sido essas “qualidades” que tornaram o FCP um clube de projecção mundial e não consigo deixar de considerar que grande parte do mérito é de PdC.

Para além disso, uma atitude contra o presidente do FCP lançaria uma grande polémica e provavelmente a uma grave cisão dos sócios do FCP. A cura seria bem pior que a doença.

Porém, o homem que tudo comanda é PdC, e certamente que os outros administradores são da sua exclusiva escolha. Não vejo que possa existir um movimento de contestação no interior da SAD e que possa ser possível alterar o actual quadro funcional, pela via de uma reestruturação. Se houver mudanças, temo que seja para deixar tudo na mesma.

No FC Porto, as remunerações médias de cada administrador atingiram os 240 mil euros em 2003 e os 510 mil euros em 2004. Este valor resulta da excepcional carreira desportiva e financeira dos portistas em 2004: além da remuneração fixa, os administradores executivos tiveram direito - de acordo com as regras da FC do Porto-Futebol, SAD - a uma percentagem dos lucros de 24,7 milhões de euros registados pela sociedade no exercício de 2003-04. Esta remuneração global anual de 510 mil euros colocaria os administradores portistas na segunda metade da tabela dos "cartolas" mais bem pagos do futebol inglês.

Os Outros


Desde o Apito Dourado que o FCP é vítima de todas as perseguições. As instituições que lideram o futebol, sem excepções, são comandadas para nos “subestimar”.
A FPF, a Liga e toda a comandita que por lá habita obedece cegamente aos senhores do futebol.

Do Governo e das instituições do Estado, tenho dúvidas que sejam capazes de despir a camisola.
A comunicação social é a tropa de choque anti-FCP.

Estamos perante uma situação complicada, pois a estratégia é levar para a 2ª circular todo o poder, que aspiram exclusivamente para si, tal como no antanho.
Falam em progresso, activos e “produto”, mas sonham com o regresso ao passado.

O FCP e os seus dirigentes tem de ser capazes de agir em função da nova situação que exige que sejamos institucionalmente e desportivamente muito mais fortes que no passado. E temos de agir, não podemos permitir este “apartheid” em que nos querem colocar.

No futebol, em que o “bem” é tão escasso e num mercado em que há um clube claramente hegemónico que não vence, a luta tende a passar para um nível não desportivo. Já se viu que no terreno do jogo não se safam. Então, o(s) adversário(s), que não são parvos, sabem que dominar a comunicação social é meio caminho andado para travar esse poderio.
No caso particular do futebol, entendo que se pode dizer com toda a propriedade, que não vivemos numa “democracia”, mas sim numa “ditadura da maioria”.

Temos, pois, que funcionar nesse mercado “viciado”, cercados por muitos adversários. Mas, isso já acontece há muito. Para vencer temos que ser melhores no campo e temos sido. Mas, não basta.

Moral da História

O enigma final desta história não é se os ditos justos (SLB+Liga+FPF+UEFA) vencerão e se vai ser confirmada a pena atribuída ao(s) dito(s) batoteiro(s), mas sim como ultrapassar o mal e a perversidade dos ditos justos que dizem agir em nome do bem e só fazem batotice.

1 comentário:

Mefistófeles disse...

"No caso particular do futebol, entendo que se pode dizer com toda a propriedade, que não vivemos numa “democracia”, mas sim numa “ditadura da maioria”."

Não podia concordar mais. E a "ditadura" vai manter-se e até agravar-se, sobretudo se PdC e o FCP forem efectivamente condenados.

Excelente post, fez-me reflectir. O FCP ( todos nós ) temos pela frente um desafio decisivo que é o de pensarmos um clube diferente na sua forma de estar e de agir.

É da agilidade ( e agressividade )que o FCP for capaz de mostrar face a desfavoráveis novas circunstâncias que o seu futuro será escrito.