sábado, 16 de agosto de 2008

A receita é não inventar

No último confronto entre FC Porto e Sporting, a final da Taça de Portugal da época 2007/2008, a equipa lisboeta levou a melhor com dois golos em minutos consecutivos já no prolongamento. Na altura o FC Porto fez alinhar a seguinte equipa: Nuno; João Paulo, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Jorge Fucile; Paulo Assunção (Sektioui 111'), Raul Meireles (Kazmierczak 103'), Lucho Gonzalez; Mariano Gonzalez (Lino 78'), Quaresma e Lisandro Lopez. A grande novidade no onze inicial foi mesmo a inclusão de João Paulo a defesa esquerdo, passando Fucile para o lado direito para substituir Bosingwa, que dias antes assinara contrato com o Chelsea em que o FC Porto terá supostamente acordado (estupidamente) não utilizar o jogador na final da Taça.


A arbitragem, como todos sabemos, foi péssima em claro prejuízo do FC Porto, não tendo o clube feito qualquer protesto de forma oficial pela forma extremamente parcial com que Olegário Benquerença dirigiu o encontro (análise à arbitragem feita aqui no blog). Este comportamento de “comer e calar” perante arbitragens destas por parte da SAD é inaceitável. Agora, findo que está o processo Apito Final e declarados culpados clube e presidente não há razões para que se continue com a “estratégia de silêncio”. Há que começar a defender publicamente o FC Porto destes Roubos desavergonhados.


Os lances em que se verificaram erros grosseiros de arbitragem foram muitos mas aquele do Lisandro imediatamente antes do golo do Sporting é uma vergonha e demonstra que Benquerença prejudicou o FC Porto de forma deliberada – poderiam existir dúvidas (é admissível) sobre se a falta é dentro ou fora da área, não sancionar sequer o lance foi uma atitude deliberada.


Relativamente ao jogo o que se pode dizer é que Paulo Bento ganhou (mais uma vez) na ocupação de espaços, na marcação, nas segundas bolas e na saída para o (contra) ataque. O FC Porto não foi capaz de criar lances de perigo de forma colectiva tendo os jogadores optado, a partir de certa altura, por tentar resolver o jogo sozinhos. Isto para não falar de opções discutíveis como a colocação de João Paulo a defesa esquerdo, a substituição de Tarik por Mariano e a deslocação de Lisandro para ‘segurar’ Miguel Veloso.

Resultados dos confrontos entre as duas equipas na Supertaça:
Jogos: 7
Vitórias do FC Porto: 0
Empates: 4
Vitórias do Sporting: 3

Ou seja, nunca lhes ganhámos um jogo para a Supertaça!

O que parece óbvio ao vulgar ‘treinador de bancada’ é que é o Sporting o único a beneficiar com as alterações promovidas por Jesualdo Ferreira cada vez que tem de defrontar a equipa lisboeta. O ‘povoamento’ do meio campo não tem resultado e as experiências para jogar em 4-4-2 com este adversário também não aparentam ser a solução para o problema. De cada vez que se defrontam e Jesualdo ‘mexe’ na forma de jogar da equipa, Paulo Bento agradece. Aquilo que o FC Porto tem de fazer é jogar em 4-3-3, o seu esquema habitual, tendo obviamente estudado bem as rotinas, as movimentações e as virtudes dos jogadores adversários, e jogar desinibido, com alegria, mas procurando o golo desde o primeiro minuto. Sem constrangimentos nem invenções de última hora.

Mesmo sabendo que o Mariano não será opção por estar adoentado, parece-me que continuam a existir jogadores dentro da convocatória com qualidade suficiente para fazerem companhia a Lisandro e Rodriguez num esquema de 4-3-3, como Farías, Candeias ou até Hulk.

Está na hora de os vencer pela primeira vez na Supertaça. De forma autoritária mas equilibrada, com muito trabalho, vamos a eles rapazes!

3 comentários:

José Correia disse...

Nos jogos contra o Sporting tenho sempre muito receio da arbitragem.

Os sportinguistas são especialistas em condicionar as arbitragens e os árbitros sabem que o mínimo erro contra o Sporting será motivo de conversa durante semanas.

Nós, pelo contrário, parece que gostamos de ser ROUBADOS. Para além de uma ténue referência do Jesualdo à arbitragem da Supertaça da época passada, alguém ouviu um dirigente do FC Porto lembrar o que foram os ROUBOS do Bruno Paixão e do Olegário Benquerença, respectivamente na Supertaça e final da Taça de Portugal da época passada?

Os árbitros sabem que podem ROUBAR o FC Porto, porque os dirigentes do FC Porto nem sequer abrem a boca.

José Correia disse...

Num contexto normal, a ausência do Mariano não seria problemática, mas numa altura em que o Tarik está lesionado e o caso Quaresma continua um mistério, ficamos sem as tres alternativas que existem no plantel para jogar a extremo direito.

Sem extremos direitos, o Jesualdo terá de fazer adaptações.

Irá manter o 4-3-3 deslocando o Lisandro para a direita e fazendo entrar de início Farias ou Hulk?

Irá jogar em 4-4-2, com Rodrigues e Lisandro na frente e reforçando o meio-campo com mais um elemento?

Sinceramente, não gosto nada de adaptações que não estejam devidamente treinadas e ensaiadas.

José Correia disse...

«O Sporting é a única equipa portuguesa que, nos últimos anos, tem um saldo positivo - e claramente positivo - frente a um dominador FC Porto. Assim, antes do primeiro grande jogo da temporada de futebol uma questão impõe-se: continuará o Sporting de Paulo Bento a ser a "besta negra" do FC Porto de Jesualdo?

Nas duas últimas temporadas, o clube de Alvalade ficou sempre em segundo lugar no campeonato, mas conquistou a Taça de Portugal e a Supertaça aos portuenses, conseguindo salvar épocas à custa do adversário.

Mas não foi apenas em jogos a eliminar que o Sporting foi superior ao FC Porto: em seis jogos disputados, venceu quatro e somou ainda um empate - na Supertaça os "dragões" já conquistaram mais de metade dos troféus disputados, mas nunca venceram os "leões" nesta prova, em sete tentativas.

Porque será, então, que o tricampeão tem sempre tantas dificuldades perante o irregular Sporting?

Comecemos por olhar os números. Um dado destaca-se: o FC Porto, melhor ataque dos dois últimos campeonatos, apenas conseguiu marcar dois golos ao Sporting nos seis encontros referidos. Os portistas até tiveram quase sempre mais controlo do jogo, dominando na posse de bola e nos passes de ruptura; remataram em média mais vezes, mas demonstraram baixa eficácia de remate, a milhas dos seus resultados gerais na Liga (os goleadores Adriano e Lisandro López, melhores marcadores da equipa nas duas últimas épocas), não marcaram ao Sporting, o que apenas Quaresma e Meireles conseguíram.

Para os "leões", as vitórias sobre os campeões nacionais têm assentado numa performance defensiva notável, patente nos poucos golos sofridos (muito abaixo da sua média no campeonato).

Não é por acaso que se acusa Jesualdo Ferreira de "inventar" nos "onzes" iniciais frente ao Sporting. O técnico tem sempre temido a superioridade numérica "leonina" no meio-campo e acaba por descaracterizar o habitual 4x3x3 portista. Neste sentido, outra das interrogações que dominam o jogo de hoje é saber se Jesualdo vai "aproveitar" a ausência de Ricardo Quaresma para apostar num quarto homem no meio-campo, agora que tem dois jogadores aparentemente talhados para a função: Guarin e Tomás Costa.»

João Coelho, Football Ideas
in PUBLICO, 16/08/2008