sábado, 23 de agosto de 2008

Terá Jesualdo atingido o “patamar” de Peter?

Por estes dias muitos portistas se questionam se Jesualdo conseguirá vencer alguma final ao serviço do FC Porto. Oportunidades não lhe têm faltado, diga-se. Nas três últimas, Supertaça, Taça e de novo Supertaça, defrontamos o mesmo adversário e, apesar das más arbitragens das duas primeiras, nunca demonstrámos capacidade para ultrapassar o Sporting de Paulo Bento.

Indo um pouco mais longe, é possível verificar que o FC Porto de Jesualdo, excluindo os jogos de provas regulares (como aqueles disputados no campeonato nacional e na fase de grupos da Liga dos Campeões), é uma equipa “quase vencedora”. Digo isto porque em duas edições consecutivas da Liga dos Campeões “quase” conseguimos ultrapassar o Chelsea e “quase” conseguimos ultrapassar o Schalke04. Para já não dizer que “quase” conseguimos vencer o Sporting nas sucessivas finais em que os defrontamos.


Não sei o que faltará a este FC Porto para passar do quase à vitória. E nem sei se o problema é dos jogadores, do clube, ou do treinador. O que sei é que já serão coincidências a mais desde que Jesualdo é treinador do FC Porto. O treinador parece conseguir explorar ao máximo as potencialidades do plantel ao longo da época no campeonato, com níveis elevados de rendimento físico e anímico. No entanto, quando se trata de um só jogo – uma final – as equipas treinadas pelo Professor demonstram baixos níveis de concentração, motivação e capacidade competitiva, não sendo os capitães (P. Emanuel e Bruno Alves) capazes de compensar no balneário esse défice motivacional do treinador. O problema não está, decididamente, nos esquemas tácticos utilizados ou nas substituições efectuadas, ou até na (falta de) sorte, o problema está na atitude e na garra e empenho dos jogadores em campo.


Assim pergunto-me se terá o Professor atingido o seu nível de Peter, treinando o FC Porto – que tem uma massa associativa extremamente exigente, diga-se – e conseguindo “apenas” gerir de forma competente o plantel para alcançar campeonatos regulares e vencedores mas falhando na vertente emocional na influência sobre os seus jogadores nos jogos decisivos (ou a eliminar). O FC Porto não tem jogado “à Porto” nesses jogos decisivos. São jogos em que é preciso entrar forte a mandar no jogo, pressionando e atacando sem descansar até chegar ao golo.


Não basta chegar à conferência de imprensa no final do jogo da Supertaça e dizer que estivemos “menos bem” do que nos anteriores jogos de pré-época, como se nada fosse ou como se fosse a coisa mais normal do mundo perder consecutivamente contra o mesmo adversário. Para além de que não se deve dizer na conferência de imprensa que antecede uma final que “não a queremos perder” (Rui Barros dixit). O que deveria ter sido dito em público e a mensagem que se deveria ter passado aos jogadores é que se queria (tinha de) ganhar.

Espero estar enganado e que o FC Porto e o professor Jesualdo Ferreira me provem nesta época que estou enganado. Isso seria para mim uma grande satisfação.

4 comentários:

Kostadinov o Flecha disse...

Em muitas situações, para alêm do saber da competência, do treino, das qualidades etc, conta a garra, o querer e a luta para vencer.

Há quêm tenha, mas muitos são os que não a têm.
São competentes mas cinzentos.

Falta-lhes a "chama", para que o grupo se esforçe até à ultima gota de suôr, fazendo aquele esforço, que lhes permite chegar à vitória.

José Correia disse...

Compreendo muito bem este artigo do Nuno e até concordo com uma parte das observações, nomeadamente no que diz respeito ao aspecto motivacional.

Contudo, independentemente dos resultados na Supertaça, Taça da Liga e Taça de Portugal, se me disserem que o FC Porto vai repetir, no Campeonato e na Liga dos Campeões, o desempenho dos dois últimos anos (Campeão e oitavos da LC), eu considero que será uma época muito positiva e recomendo, desde já, a renovação com o Jesualdo por mais um ano.

Mefistófeles disse...

Estou absolutamente de acordo com o dragon4.

Tive a sorte de fazer o serviço militar obrigatório e de ter sido instrutor militar.

E sei bem que o que muitas ( e muitas ) vezes faz a diferença são as "forças ocultas" que todos nós temos.

O querer é poder. Mas é preciso que alguém nos inspire, muitas das vezes, coisa que Jesualdo não parece ser capaz de fazer.

Falta-lhe o lado emocional, sobra-lhe o científico. Só que o futebol é feito das duas coisas. Mourinho, por exemplo, domina as duas vertentes e por isso é "top coach".

Foi assim que ganhámos a final de Viena, segundo consta, porque Artur Jorge "disse umas palavras mágicas" durante o intervalo.

Com Jesualdo, quantas vezes demos a volta ao marcador ? Não me lembro, ajudem-me.

O que não quer dizer que, dadas as circunstâncias, não ache que por ora é o treinador mais adequado ( dentro das parcas possibilidades que o clube tem de ir buscar um treinador de "top" ).

Será mesmo assim ? Quando se vai buscar tanto jogador medíocre, ficamos a pensar.

Apesar de tudo, não sou ingrato a Jesualdo e reconheço que tem lidado bem com situações muito complicadas. E deu-nos 2 títulos.

Mas...

HULK ONZE MILHAS disse...

Eu também tenho muito respeito e admiração pelo Jesualdo Ferreira. Está no FCP numa época dificil e a dar a cara em situações com as quais nada tem a ver.
Apanha por tabela com a antipatia dos sócios e adeptos portistas... em questões que são da inteira responsabilidade do Presidente e dos seus Administradores...
Ainda por cima, a maior parte dos adeptos acha que "PdC & Ca." nunca fazem nada de errado e, claro, sobra a azia toda para o homem que tem que dar a cara, enquanto o Presidente se resguarda....
Acho que ele se tem saído muito bem na defesa da equipa e do Clube.
Mas sem dúvida que lhe falta qualquer coisa e essa "qualquer coisa" bem pode ser a tal falta de capacidade para motivar os jogadores. A motivação é uma ciência e é importantíssima na motivação de equipas, não apenas de futebol mas em todas as actividades. As grandes empresas investem milhoes em programas de motivação para os seus colaboradores. Quem quiser ler a revista que acompanhava o JN de ontem, sábado, que leia a reportagem sobre ps benefícios concedidos pela IKEA aos seus colaboradores.
Quem andou pela "tropa" e , especialmente, pelas ditas tropas especiais ou de élite, sabe bem que nós todos temos cá dentro forças que só são utilizadas quando devidamente estimuladas...
Será mesmo que esta faceta da "motivação" é desprezada pelo "Mestre"? Se sim... então dificilmente conquistará uma final...