quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Vem aí o Campeonato!


Triste por termos perdido a Supertaça. Triste por termos perdido mais uma vez com o SCP. Triste pela má exibição. Triste por não ter percebido a táctica e a constituição da equipa. Triste por me sentir menos confiante. Triste por desconfiar que o treinador não sabe ganhar finais. Triste por considerar que os novos recrutas vão precisar de mais tempo. Triste por pensar que não dispomos de tempo extra.

Apesar disso, esperançado que este desaire sirva de toque a reunir, a caminho do Tetra.

A táctica

O FCP jogou com o SCP com o habitual 4X3X3.


Não foi só o sistema que perdeu, foram os jogadores, também. Lisandro a fazer de Tarik (jogar na ponta e fazer diagonais para servir de 2º ponta de lança), Cebola de Quaresma e Farías de Lisandro não corresponderam ao que lhes foi pedido e estiveram longe de um desempenho razoável.
No meio campo, Lucho, Guarín e Meireles jogaram sempre em desvantagem numérica. Lucho bem melhor na 1ª parte, Meireles bem melhor na 2ª parte, enquanto Guarín andou mais ou menos perdido, quer nas acções defensivas quer ofensivas.
Na defesa os laterais subiram (sobem) pouco e Sapu esteve irreconhecível.
Os centrais não estiveram nada bem, pois nem fecharam o centro, nem dobraram os colegas. Pedro Emanuel: o que lhe sobra em experiência, falta-lhe em velocidade e centímetros. É tempo de lançar Rolando. Bruno Alves tem de jogar mais concentrado e com melhor tempo de entrada na disputa dos lances, principalmente aéreos.

Apesar desta aparente falência individual, considero que o SCP esteve fisicamente muito mais forte que o FCP (o SCP assemelha-se muito ao Boavista que foi campeão: muita força, muita pressão em todo o campo, bastante dureza, velocidade, e alguma qualidade extra relativamente ao tal Boavista) e jogando, como diria Luís Freitas Lobo, com as linhas mais juntas provocou, numa boa parte do jogo, uma superioridade numérica na disputa de quase todos os lances, Ou seja, sem jogarem bem contribuíram para o desgaste físico e mental da nossa equipa e, obviamente, a partir dessa fadiga fica-se muito mais próximo de errar, como veio a acontecer.

O FCP foi tristonho, pouco confiante, fisicamente menos apto e não foi capaz de responder – excepto entre os 10 e os 30 minutos da 1ª. Parte – aos problemas que o SCP lhe colocou. Jogou espartilhado e viveu muito da inspiração individual, deste ou daquele, nas diferentes fases do jogo. Tudo demasiado avulso.

O FCP de JF é forte na fase de transição, mas descansa pouco com a bola, pois a sua circulação não sai fluente porque jogamos, normalmente, muito abertos e demasiado estendidos no terreno. Por outro lado, se o 4x4x2 parecia impossível de implantar com um jogador do tipo do Quaresma, julgo que com o Hulk e Lisandro podemos lá chegar, quando o primeiro estiver mais rotinado, menos individualista e aprender a ser mais pressionante. Tirar Lisandro da zona de fogo, parece-me que não é de repetir.

O presente e o futuro

No FCP não se pode deixar de agir no presente e para o presente. O caminho faz-se caminhando o futuro também. O FCP tem uma dimensão e um prestígio que não dispensa a candidatura à vitória em cada campeonato. Os planos do futuro não podem ser uma obstrução ao FCP do presente. Qualquer apagamento do presente só traria consequências desastrosas no futuro.

Planeamento de médio prazo, pois claro, apostar nos jovens com potencial, obviamente, mas tal não dispensa, arranjos, correcções e boa leitura das oportunidades, para o momento.

Foto: Record

Para já. A novela Quaresma arrasta-se para além do admissível – não tenho memória de no FCP acontecer algo semelhante – e algumas necessidades imediatas para lugares bem identificados há muito tempo, parece não terem merecido escolhas muito felizes, com excepção de Cebola. Ou seja: a taxa de aproveitamento e de tempo de jogo dos novos recrutas têm sido muito baixos, e não vai piorar porque as saídas de Paulo Assunção, ZBo, João Paulo, Cech, Adriano, Kas, Leandro Lima, Helder Barbosa e Quaresma (?) obrigam à entrada de “novos” jogadores.

Na época passada foi possível fintar esse défice, apostando numa equipa base que transitava da época anterior, a cem por cento. Este ano não vai ser possível.

Foto: Record

Vamos lá ver que coelhos é que JF tirarará da cartola. Vai ter de reformar a equipa, criar alicerces porque para o ano haverá mais mudanças e sairão mais alguns jogadores nucleares, e vai ter de ganhar o campeonato, a taça e chegar aos quartos da CL. No FCP somos razoáveis, queremos tudo!

A equipa

Não é só treinador que não é de top. Os jogadores também. Temos um ou outro de nível internacional. Dos novos temos de esperar pela confirmação.

Acresce que jogamos num campeonato fraco em que sobram as equipas “parasitas”. Não jogam, não querem jogar, praticam anti-jogo, caem muito e batem ainda mais. Todos ao ataque fechadinhos cá trás, é a táctica. Este é o futebol que temos. Fraco, e cuja competitividade não se pode aferir através do resultado que obtêm nos jogos com os grandes, pois são as únicas montras que têm ao dispor para um niquinho de fama. É difícil jogar contra equipas cuja táctica é mais ou menos a descrita acima, embora o saldo do FCP na época passada só tenha sido negativo com o SCP e o Nacional, mais este do que aquele ao nível da 1ª Liga.

E o FCP como é expectável que se apresente?
O arranque do campeonato poderá marcar o futuro na prova, porque os jogadores (novos + velhos) ainda não constituem uma equipa. As suas diferenças (ainda) não se compatibilizaram, as suas semelhanças (ainda) não ajudam a criar as rupturas na estrutura dos adversários.

Se passarmos o Rubicão sem grandes perdas, estou certo que nos vamos encaminhar para um bom campeonato e uma boa presença na CL. Se não for assim, espero que não se entre em depressão, pois há quinta jornada não há campeões. Nesta fase, será primordial o trabalho de JF.


Embora não seja um incondicional do técnico, creio que é o homem mais indicado para gerir este tempo de transição. Conhece o clube e a sua estrutura. É um perdedor de finais, mas um ganhador exímio de campeonatos. Até pode ser que este ano se quebre a “maldição” e possamos ganhar todas as finais que nos saírem ao caminho.

7 comentários:

Mefistófeles disse...

"Embora não seja um incondicional do técnico, creio que é o homem mais indicado para gerir este tempo de transição. Conhece o clube e a sua estrutura. É um perdedor de finais, mas um ganhador exímio de campeonatos. Até pode ser que este ano se quebre a “maldição” e possamos ganhar todas as finais que nos saírem ao caminho. "

Concordo, mas começa a ser irritante a falta de garra que JF mostra no banco ( e chega a ser monocórdico nos discursos ) como perder sempre no "mata-mata", sobretudo com o Sporting.

Ás vezes é preciso saber dar uns berros.

Faz-me lembrar o Scolari com os gregos...só que esse bem berrava, não sabia era para mais.

E arrisca pouco nos novos valores.

José Correia disse...

«O FCP tem uma dimensão e um prestígio que não dispensa a candidatura à vitória em cada campeonato. Os planos do futuro não podem ser uma obstrução ao FCP do presente»

Inteiramente de acordo.

Aliás, não faria qualquer sentido que o TRI-Campeão Nacional, que a equipa que ganhou 5 dos últimos 6 campeonatos, que a equipa que tem por trás a SAD com o maior orçamento, não fosse a principal candidata a ganhar o campeonato que se vai iniciar neste fim-de-semana.

José Correia disse...

«Vamos lá ver que coelhos é que JF tirarará da cartola. Vai ter de reformar a equipa, criar alicerces porque para o ano haverá mais mudanças e sairão mais alguns jogadores nucleares, e vai ter de ganhar o campeonato, a taça e chegar aos quartos da CL. No FCP somos razoáveis, queremos tudo!»

Gostei, particularmente, da frase:
No FCP somos razoáveis, queremos tudo!

É isso mesmo e mai nada!

José Correia disse...

«Se passarmos o Rubicão sem grandes perdas, estou certo que nos vamos encaminhar para um bom campeonato e uma boa presença na CL. Se não for assim, espero que não se entre em depressão, pois há quinta jornada não há campeões. Nesta fase, será primordial o trabalho de JF»

Tenho receio que se as coisas não correrem bem nas primeiras cinco jornadas, uma parte significativa dos adeptos portistas comece a pedir a cabeça do Jesualdo.

Na minha opinião, seria a pior coisa que poderiamos fazer - mudar de treinador à 5ª Jornada.

Pedro Reis disse...

Off-topic

Parabéns ao Nélson Évora! Foi grande!

Mário Faria disse...

Nélson Évora já foi do FCP e é portista, segundo creio.
Que pena termos perdido o Évora e a Fernanda, por razões que a razão desconhece.
Muitos parabéns para o Évora, para a Vanessa e para a grande maioria dos atletas. Um cartão vermelho para os dirigentes. Pontapé neles.

The Turk disse...

Subscrevo quase tudo o que foi escrito. A ausência do Quaresma acentuou o problema causado pela entrada forçada de 4 novos jogadores com pouca rotina para o 11 titular. A equipa ainda é excessivamente dependente da produção do Lucho, algo muito mais importante do que o facto de jogarmos em 4-3-3 ou 4-4-2. Tomás Costa parece ser um jogador de características semelhantes a El Comandante. Espero que se consiga impor na equipa.