sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nossa Senhora de Caravaggio nos valha

No dia 26 de Maio de 2004, uma “máquina de jogar futebol” montada por José Mourinho, venceu a competição de clubes mais exigente e difícil do Mundo: a Liga dos Campeões.
Nesse dia, o onze inicial azul-e-branco que entrou no relvado do Arena AufSchalke, incluía nove jogadores com a nacionalidade portuguesa: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Pedro Mendes, Maniche e Deco.

Poucas semanas depois, realizou-se em Portugal o Europeu de futebol e, se assim quisesse, Luis Filipe Scolari poderia basear a Selecção numa equipa de top europeu – o FC Porto –, com provas dadas nos dois anos anteriores. Mais. Para além dos jogadores que se tinham acabado de sagrar campeões europeus de clubes, o seleccionador português tinha ainda à sua disposição Jorge Andrade, Rui Costa, Luís Figo, Simão Sabrosa, Pauleta e um jovem de 19 anos que começava a dar nas vistas em Manchester.

Ora, dispondo da base de luxo formada por Mourinho e com um lote alargado de jogadores de classe extra no auge da forma – Baía, Ricardo Carvalho, Maniche, Deco, Figo –, Scolari conseguiu a proeza de perder esse Europeu, disputado em casa (!), sendo derrotado duas vezes pela Grécia num curto espaço de quatro semanas.

Apesar de ter sido derrotado quando tinha tudo a seu favor, Scolari foi transformado em herói da pátria e até condecorado pelo presidente da república, o sportinguista Jorge Sampaio, o mesmo que se esqueceu da vitória portista em Gelsenkirchen.

Seis anos depois, após uma qualificação atribulada, mas em que deixou pelo caminho uma das selecções europeias com mais presenças em fases finais de mundiais – a Suécia –, Portugal chegou à África do Sul tendo de jogar naquele que, aquando do sorteio, foi designado como o “grupo da morte”. De facto, para além de uma das equipas asiáticas presente na prova, os “navegadores” tinham de defrontar o super Brasil e a Costa do Marfim, a qual possui jogadores do nível de Yaya Touré (Barcelona), Emmanuel Eboué (Arsenal), Kolo Touré (Arsenal), Salomon Kalou (Chelsea) e Drogba (Chelsea).

Seis anos depois, Jorge Andrade, Nuno Valente, Costinha, Rui Costa, Figo e Pauleta já arrumaram as botas, o FC Porto de Mourinho há muito que não existe e o onze base da equipa campeã nacional 2009/10 tinha apenas dois jogadores portugueses: Quim e Fábio Coentrão.

Seis anos depois, a selecção nacional superou a fase de grupos sem sofrer qualquer golo, tendo empatado com o Brasil, e sido eliminada pela Espanha nos oitavos-de-final. É mau?
Claro que é! Ainda por cima, a selecção portuguesa estava cheia de craques em grande forma (a começar pelo CR16 – esteve 16 meses sem marcar um golo na selecção) e perder com a Espanha, mesmo com um golo marcado em fora-de-jogo, é inadmissivel!
Aliás, toda a gente sabe que esta Espanha é uma equipa fraquinha... O facto de ser a actual campeã da Europa e de ter vencido os 10 jogos da fase de apuramento foi sorte...
E pior ainda, desta vez Portugal não cometeu a “proeza” de perder duas vezes com um “colosso” tipo Grécia e o seleccionador nem sequer tentou agredir ninguém...

Havendo quem entenda que tínhamos obrigação de ir mais longe e, inclusivamente, quem afirme que “tínhamos Selecção para ser campeã do Mundo” (Jorge Jesus, capa de A Bola de 01/07/2010), é preciso tomar medidas drásticas.
Tirar a braçadeira ao Ronaldo e meter as primas donnas na ordem?
Nããã! Correr com o Carloz Queiroz!

Não por acaso, os mesmos que andaram com o Scolari ao colo, já fazem manchetes com o salário milionário de Carlos Queiroz (o Scolari devia ser baratinho...) e clamam pelo seu despedimento, quiçá para fazer regressar o sargentão.

Eu tenho uma ideia melhor. Proponho que se contrate a Nossa Senhora de Caravaggio porque, olhando para a “matéria prima” de que Queiroz dispôs para este Mundial, o que Portugal precisava (precisa) para superar equipas como o Brasil, Espanha, Argentina ou Alemanha é de alguns milagres.

29 comentários:

Filipe Sousa disse...

O Queiroz assinou a sua "sentença de morte" quando convocou apenas um dos craques da equipa maravilha do Clube do Regime. E em Portugal, não alinhar com "doutrina dominante", é pior que ter lepra, e os jornais e as televisões asseguram-se disso. Em todo o caso, julgo que poderíamos ter ido mais longe, e a responsabilidade é dele. Mas não espero que saia.

Zero disse...

Como já li em qualquer lado, two wrongs do not make a right. Scolari era um camelo, pois era. Queiroz não, e até é um seleccionador relativamente simpático para os nossos (FCP) interesses. Tudo bem. Isso não invalida que ele seja incompentente para a função, que o é, e demonstrou-o à saciedade durante o apuramento, e o campeonato do mundo. AQUELA substituição é ao nível de, sei lá, Paulo Torres por Capucho a defesa-esquerdo. Nenhum dos poucos grandes jogadores da selecção (Deco, Ronaldo, Nani, R. Carvalho, H. Almeida) acha que está a ser bem orientado e isso pesa. Mas pior do que isso é como é que não marcamos um golo, como nunca jogamos para ganhar, como nos tornámos mais pequeninos, a típica "equipa de oitavos". Eu acho que Portugal tem jogadores para ser mais que um México; com o jesualdiano Queiroz, a tendência é para ficar pior.

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

A cada dia que passa, agravam-se as condições em Portugal para que que alguém consiga levar até ao fim um projecto ou iniciativa.
Carlos Queirós tem qualificações suficientes para liderar um trabalho sério e competente à frente da selecção nacional, que não tenha apenas em vista o aproveitamento circunstancial de condições excepcionais de que, antes, outros puderam beneficiar sem, contudo, terem logrado alcançar os objectivos que prometeram.
Talvez com Luís Aragonês, Moutinho, Carlos Martins, Nuno Gomes, João Pereira, Quim, Djaló, Rui Costa, Figo, Eusébio e o afilhado do empresário Mendes a fazer o "frete" de vestir uma camisola (cada vez menos ajustada ao seu desenvolvimento físico) que rende bem menos de que uma foto sua de cuecas e tronco nú a beijar a loura contratada na piscina de uma vivenda de luxo, a comunicação social isenta e patriótica concedesse à selecção treinada pelo português Queirós o apoio, solidariedade e justiça que, neste momento, lhe nega.

Hugo disse...

Quer-me parecer que estão a confundir as coisas.
Ninguém exigia uma vitória com a Espanha ou com o Brasil mas sim que deixassem uma imagem de bom futebol e de espírito de vitória, o que nunca aconteceu.

Paulo Marques disse...

Segundo o ex-ogre da liga, o treinador fez mal em reagir à crítica e os jogadores brasileiros foram má ideia porque foram inúteis no mundial. Ah, e ainda acha que o puto queria jogar alguma coisa.
Há gente que não tem vergonha e que não a ganha nem por nada.

Unknown disse...

Absolutamente de acordo com o que o José Correia diz no artigo.

Também é verdade e muito relevante o que diz o mente: assinou a sua "sentença de morte" quando convocou apenas um dos craques da equipa maravilha do Clube do Regime.

O Hugo diz que se exigia uma imagem de bom futebol e de espírito de vitória, mas isso só se consegue com... bons jogadores. É isso, ou levar goleadas. Não?

Mas muito mais importante que tudo isto, é o que diz o R.M.Silva da Costa:
Carlos Queirós tem qualificações suficientes para liderar um trabalho sério e competente à frente da selecção nacional, que não tenha apenas em vista o aproveitamento circunstancial de condições excepcionais de que, antes, outros puderam beneficiar sem, contudo, terem logrado alcançar os objectivos que prometeram.
O problema, é que não o vão deixar. Vamos continuar a ter grupos mais ou menos aleatórios de 11 jogadores, sem coordenação táctica (ou outra) com as equipas jovens (para que servem afinal??). Enquanto isso, os fraquinhos e toscos alemães seguem, calmos e convictos, a caminho da final.

Zemis disse...

eu tenho de concordar com o zero! lá porque o carlos queiroz veio a seguir ao scolari isso não faz dele um bom treinador. lá porque o queiroz não é anti-fcporto como era o scolari isso não deve fazer com que nós, portistas, tenhamos de apoiar inequivocamente 'o professor' como criticávamos 'o sargentão'

a equipa com o queiroz teve um início bem positivo mas entre 10 de setembro (aquele derrota, injusta, com a dinamarca) e 6 de junho (vitória, à rasquinha, em tirana) quase que hipotecámos as nossas possibilidades de ir ao mundial e apresentámos um péssimo futebol. ademais teve imensas dificuldades de comunicação, principalmente, a inenarrável lista de 50+1 jogadores. Mas pior, foi o facto de não ter marcado um único golo em três jogos do mundial, nem ter posto portugal a jogar bem!!!

lá pela sua verborreia prometer mundos e fundos e dar tanta importância às selecções mais jovens, verdade é que ainda não se viu nenhum resultado... a não ser resultados curtos!

tal como no porto o futebol do jesualdo (principalmente nesta última época) não era suficiente, não nos podemos resignar à medriocridade do futebol da selecção de queiroz. não temos a equipa que tinhamos em 2004, mas continuamos a ter bons jogadores e a obrigação de fazer mais! pelo menos mais golos! pelo menos...

não é por causa do seu antecessor ter sido o scolari que nós lhe devemos dar loas. devemos, isso sim, exigir mais e melhor futebol!

por outro lado, eu deixaria o queiroz lá ficar pela fase de qualificação do euro (e durante o mesmo, obviamente), por três razões: porque toda a gente merece uma segunda oportunidade, porque o cheque de indemnização será demasiado chorudo para a realidade portuguesa e porque não há ninguém por aí que garanta resultados e exibições melhores. e depois vemos, como diz o cego, pode ser que ele, neste biénio, nos surpreenda e daqui a 2 anos estejemos a festejar uma vitória histórica em kiev! oxalá!!

José Rodrigues disse...

Tenho algumas coisas a apontar a Queiróz mas objectivamente os resultados têm sido razoáveis com ele - cumpriu. Sendo assim e muito sucintamente acho que tem as condições necessárias para continuar no cargo até ao Euro 2012 (e dependendo dos resultados nesta campanha, possivelmente para além disso).

Dito isto, espero que ele retire conclusões sobre os pontos onde deve ele próprio melhorar.

Quanto à matéria-prima, é apesar de tudo boa para a campanha do Euro: Eduardo na baliza; Coentrão, Pepe, B Alves, Bosingwa na defesa (caso Carvalho começe a ficar demasiado velho); trinco é um ponto de interrogação (dava jeito q M Veloso explodisse), Tiago e Meireles ainda estão para as curvas, há ainda Rúben Micael e possivelmente Moutinho; Nani, Varela, Ronaldo nas alas.

Os pontos de interrogação são portanto a trinco, um verdadeiro criativo (um dez) nem q seja para o banco, e ponta-de-lança (H Almeida é razoável, mas não convence). De resto a qualidade é boa - mas há tb q saber extrair o melhor deles...

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Nunca diria que Carlos Queirós é um treinador perfeito e que concordo com todas as suas opções. A comparação que se faz em relação a Scolari tem a ver com o facto de Queirós o ter precedido no lugar e, pessoalmente, me identificar mais com a seriedade do trabalho do português do que com o oportunismo e e vampirismo do brasileiro.
Outro aspecto que me irrita é o proteccionismo que certa imprensa concede a Scolari e a pertinaz antipatia que Queirós merece sem razões objectivas que o justifiquem.
E no que respeita à gratidão dos portistas pelo "sargentão", temos falado...

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Como facilmente se compreende, no texto anterior, quando se pretendia dizer que Queirós sucedeu a Scolari saiu "precedido", erradamente. Acontece.

Pedro disse...

Isto funciona assim.

A meio da qualificação não prestavamos e não iamos ser qualificados. No playoff era melhor ser eliminado para não passar vergonhas.

Quando saiu o sorteio do grupo iamos ficar em 3º.

No fim, quando somos eliminados pela Campeã da Europa somos umas bestas que não fizeram nada de nada.

Ou seja nunca valemos nada, mas quando lá estamos temos de ser campeões do mundo. É a tipica mentalidade bacoca de grande parte da imprensa do regime, e de muitos adeptos.

Certo que Portugal jogou um futebol chato, defensivo, com poucas soluções. A pergunta que realmente deveria ser feita era se sem Nani (pra mim o melhor jogador da selecção), sem Bosingwa, sem Varela, temos equipa para mais?

A era Scolari secou as selecções mais jovens, destruiu uma forma de pensar o futebol que nos valia todos os anos 2 ou 3 putos que davam o salto. Mas essa análise custa muito a fazer, sobretudo por comentadores e jornalistas afectos a clubes do regime, que jamais vão perdoar a Queiroz o facto de se dar bem com o FCP e de não convocar jogadores do SLB só porque sim.

Anónimo disse...

Eu acho que apesar de tudo o Queiroz deve continuar. Não é por causa da indemnização, que a mim me sairia barata, mas pela gritante falta de alternativas. Ele ainda é do menos mau que podemos arranjar.

Mas o facto de termos passado "o grupo da morte" e sido eliminados pelo campeão europeu apenas por 1-0 é enganador. A verdade é que apenas marcámos golos à Coreia do Norte, e nos outros três jogos não abundaram as oportunidades flagrantes. Neste aspecto estou de acordo com o Hugo: temos que mostrar mais qualquer coisa.

Quanto ao Scolari, acho que já enjoa: quanto mais falarmos dele, mais importância lhe estaremos a dar. Mas a verdade é que o tipo tinha uma vaca desgraçada, e o Queiroz, pelo contrário, é um tipo que parece atrair o azar. Tem ar de derrotado.

Finalmente, não teremos os jogadores de 2004, mas como o José Rodrigues bem ilustrou, também não estamos assim tão mal servidos.

RS disse...

Penso que a participação neste Mundial foi tudo menos vergonhosa. Atendendo aos caprichos do sorteio e às lesões, principalmente do Bosingwa (não foi por acaso que a Selecção jogou com 3 jogadores diferentes naquela posição e não foi por acaso que todo o jogo da Espanha foi carrilado para aquele lado), julgo que dificilmente poderiamos aspirar a mais.

Recordo apenas que no último Europeu tivemos uma "brilhante" participação que se saldou em duas vitórias frente à Rep.Checa e Turquia, curiosmante duas selecções que nem se qualificaram para o Mundial, e duas derrotas com a Suiça e a Alemanha, esta última deixando uma imagem tão má ou pior do que aquela que alguns dizem que deixámos frente à Espanha. E quem era o seleccionador nessa altura?

Miguel Lourenço Pereira disse...

Concordo que Queiroz deva terminar o trabalho e coordenar a qualificaçao para o proximo Europeu. Como se disse bem aqui há cobertura positiva para 85% dos lugares disponiveis. Mas também há o risco de o plantel ficar envelhecido se não receber sangue novo já.

E esse problema, por muito que seja verdade o mutismo de Scolari com a formaçao, é totalmente da responsabilidade dos clubes portugueses. Sao eles, e nao a selecçao, os responsaveis pela formaçao. Que nestes ultimos 4 anos nao tenha saído de FCP, Benfica, Sporting, Braga, Guimaraes, Belenenses, Boavista, Nacional, Maritimo ou Setubal jogadores para a necessária mudança de geraçoes nao será o seleccionador, seja quem seja, o responsável. E CQ ainda tentou chamar os Orlandos Sás, Brandoes e companhia, com a esperança de que fossem o oposto que eram nos seus clubes. Nao resultou.

Objectivamente o Fabio Coentrao é o unico jogador jovem a vingar na selecçao em 4 anos. É muito pouco. O Eduardo chega já com uma idade e os outros todos andam por cá desde 2006, com maior ou menor protagonismo. Todas as selecçoes presentes no Mundial têm vários jogadores jovens e basta ver que muitos estavam no último Europeu de sub21 no ano passado. Portugal nao foi mas nao é culpa do seleccionador de turno. É da falta de talento de formaçao dos clubes, concentrados em gastar milhoes com estrangeiros sem valor.

Quando o nosso FCP e os demais mudarem a sua politica, pode ser que Portugal volte a ter uma geraçao de 1 nivel mundial. Porque a "Geraçao de Ouro" só existiu porque havia um bom trabalho de formaçao de norte a sul. Sem isso nao ha milagres.

um abraço

José Rodrigues disse...

De facto a médio prazo há um risco de faltar sangue novo. Mas dito isto, temos vários bons jogadores para as curvas dos próximos 4 anos, q no px Euro terão no máximo dos máximos 30 anos: Eduardo, Pepe, B Alves, Bosingwa, Coentrão, Meireles, Rúben, Ronaldo, Nani, Varela.

Não é verdade q Coentrão seja o único jovem a aparecer nos últimos 4 anos. Nani é outro, Varela tb, e tenho (ainda) esperança em Rúben, M Veloso, Moutinho. E espero q da mesma forma q Coentrão apareceu "de repente", espero q apareça pelo menos um do género uma vez por ano. É pouco? Bem, podia ser melhor, mas a curto prazo acho razoável - no entanto se o ritmo não aumentar, em 2012 vai ser uma enorme razia (quanto muitos dos q mencionei no início vão começar a reformar-se).

miguel.ca disse...

Por mim, Queiroz fica. Não se interrompem projectos a meio só porque nos aconteceu a chatice de não sermos campeões do mundo!!!

Jogamos um futebol meio chato? Concordo.
Não marcamos golos? Pois não!

Quanto ao futebol chato é preciso reparar que Portugal não tem um 10 como o Xavi, como o Messi ou como o Deco de 2004. O nosso meio campo foi feito com jogadores de características sóbrias, de recolha de bola e passe. Faltaram-nos os velocistas como Bosingwa, Varela, Nani e Quaresma, jogadores que punham a bola "lá em cima" muito mais depressa.

Em relação aos golos, meus amigos, com Liedson e Hugo Almeida não se pode pedir muito mais, principalmente não havendo os tais velocistas de que falei a porem-lhes as bolas no sitio certo e com muito mais frequência.

Muito mais barato do que despedir Queiroz é convencê-lo a ser um bocadinho mais audaz.

José Rodrigues disse...

Já agora, se formos a comparar-nos com países de dimensão semelhante (população), não estamos nada mal ao nível de matéria prima... ora vejamos, na Europa, países com 8 a 11 milhões de hab: Bélgica, Rep Checa, Suíça, Suécia, Grécia, Sérbia, Áustria, Hungria. Estamos melhor do que QUALQUER UM destes 8 países.

Depois com (muito) maior população temos países como a Roménia, Polónia, Ucrânia, Rússia e Turquia q estão pior do q nós.

O bchmk por que temos q nos guiar é a Holanda; um país com 16 milhões de habitantes q consegue estar quase sempre na mó de cima.

As escolas deles são famosas (e não é só os grandes clubes - é só acompanhar as condições para putos em qualquer cidadezinha de 10mil habitantes ou menos para se perceber isso)- mas para além disso os clubes lá têm menos hesitações em usar prata da casa do q pelos nossos lados, mesmo q tb contratem estrangeiros (falando dos 3 primeiros classificados: o Ajax na última época tinha 21 jogadores holandeses no plantel, o Twente 13, o PSV 26); e a diferença vê-se principalmente não nos grandes, mas até mais nos clubes mais modestos da 1a Liga (lá não há equipas como Nacional ou Naval, em q só há meia dúzia de jogadores do país).

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

Coloquei a data em 4 anos precisamente porque foi quando apareceram Nani e Moutinho no Sporting. Quanto a Varela, M. Veloso ou Micael, tenho as minhas esperanças també, mas refiro-me essencialmente a jogadores que já deram o salto à selecção de forma consolidada.

É precisamente a esses "30 anos" de média alta a que me refiro para 2012, porque da actual equipa só Coentrao estaria abaixo dos 25. E aí que temos de nos focar.

Concordo totalmente quanto à comparaçao com a Holanda, um pais especialmente reconhecido pelo labor de formaçao, particularmente em captar emigrantes e jogadores das ex-colonias em idade muito jovem, algo que somos incapazes de fazer com os atletas dos Palops.

A Belgica, por exemplo, que teve a sua década de ouro nos anos 80 há muito que está fora da elite, mas tem actualmente uma cantera que pode mudar esse cenário. Há ali muito diamante por lapidar.
A Suiça foi campea da europa de sub17 e havia varios jogadores dessa equipa na pre-convocatoria mundialista.
A Suécia foi finalista do ultimo Euro sub21 e tem uma geraçao de futuro assegurada.
A Sérvia, idem aspas, grande parte desta equipa mundialista aguenta 6 anos de nivel maximo.

Só a R. Checa (com alguns jovens interessantes), Austria e Hungria se encontram piores que nós. De qualquer forma Portugal deve medir-se com os paises da Europa Ocidental, com quem partilha um largo historial de bom trabalho de formaçao que remonta ao titulo europeu nao validado do meste Pedroto em 1961.

No entanto é verdade que até paises como a Inglaterra têm tido problemas em garantir a renovaçao geracional. Isso deve-se a um problema que assola também Portugal e que é parte da genese do problema: O excesso de estrangeiros na liga principal. Se em Portugal é o ponta-de-lança em Inglaterra é o guarda-redes. A origem do dilema é exactamente o mesmo, quando se abriram os mercados desapareceram os guardioes ingleses e os avançados lusos.

Espero que a lei do 6+5 seja o incentivo para que Portugal desperte dessa politica e mantenha a sua historica posiçao de potencia de formaçao para garantir que os largos hiatos que a nossa infancia e juventude nos habituaram sejam só parte do passado.

um abraço

Bernini disse...

Há erros que são facilmente apontáveis a Queiroz tanto a nível da escolha dos 23 como em termos de opções durante os jogos do Mundial. Mas há factos que não poderão ser esquecidos. Em 4 jogos realizados neste mundial, metade deles jogamos com aqueles que eram à partida os dois grandes favoritos. Já em 2006 tínhamos jogado com Holanda, Inglaterra, França e Alemanha... assim não é facil...

Comparem com o trajecto da Argentina, por exemplo, que em 4 jogos apenas jogou contra selecções de terceira linha...

Joaquim Varela disse...

Ao longo deste tempo os adeptos do FCP têm-se caracterizado por:

-Não aceitar desculpas esfarrapadas por derotas.

-Não aceitar alterações tácticas às suas equipas, para defender resultados, especialmente em jogos da CL, descaracterizando assim as rotinas da equipa;

-A equipa tem de estar acima das individualidades e tem de ser ela a resolver a maioria das situações dificeis;

-Respeito pelo adversário e uma fé imensa nas nossas capacidades, não temendo bichos papões.

-Em caso de fracasso, nunca meter a cabeça na areia, mas antes dar a cara, acontaça o que acontecer;

-Uma resposta forte, em campo, a resultados adversos;

-Nunca dar um jogo por perdido, seja onde for e contra quem for e enfrentar sempre o adversário olhos nos olhos;

-Extrema ambição, no que diz respeito a títulos/vitórias, que depois costuma estar em linha com a atitude em campo (mental, fisica e tacticamente).

-A equipa tem de ser sempre muito mais que a soma das qualidades individuais e é a base do sucesso.

-Liderança forte quer do treinador, quer de alguns jogadores em campo.

Foi precisamente o inverso disto tudo que foi a prestação da selecção na África do Sul. E espero que os adeptos do FCP se contentem com isto por muitos e longos anos...

Parafraseando Mourinho:

-"Quando ganho o mérito é todo dos jogadores, quando perco a culpa é toda minha!"

Alguém faz comparações com outros países. A isso só se pode responder:

-Com o mal dos outros posso eu bem...

QUERO MAIS, MUITO MAIS DO QUE O QUE VI!

José Rodrigues disse...

Ainda em termos de matéria prima, as principais lacunas q vejo na formação portuguesa passa ironicamente por uma posição em q temos história (médio criativo) e por PDL; duas posições em q os clubes portugueses apostam sistematicamente em estrangeiros.

Para médio criativo, adorava q um S. Oliveira fosse a tal surpresa; pela selecção, mas acima de tudo pelo FCP. Mas para isso precisa de ganhar lugar no FCP... se for dispensado de empréstimo em empréstimo para os Olhanenses e Académicas deste mundo, o mais certo é q "desapareça".

Anónimo disse...

Pegando ainda nas tuas comparações demográficas, caro José Rodrigues, não admira que o Brasil seja a potência número 1 do futebol mundial porque, dos países onde o futebol é claramente o desporto mais importante, o Brasil é de longe o que tem maior população. Uma vantagem nada negligenciável.

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

Precisamente o problema está nessa politica de rotaçao. Os jogadores de qualidade que existem passam anos em clubes onde nao ha salarios em dia, onde o treinador lhes ensina que empatar é melhor que perder, onde a tactica é o 4-5-1 e pontape para a frente e onde a ambiçao nao existe. Jogadores virtuosos como Bruno Gama, Helder Barbosa e afins sofreram isso na pele.

Esse medo dos nossos clubes reflecte-se no nosso novo guarda-redes. Um 3 guarda-redes nao joga nunca. Em Inglaterra, Alemanha ou Espanha, esse posto é sempre de alguem dos juniores, que treina com a equipa principal e só vai para o banco em casos expecionais. Se a lesao de um titular for longa, vai-se ao mercado no Inverno pontualmente. Este miudo nunca jogará, receberá mais do que qualquer junior e a aportaçao que trará será 0. E assim com dezenas de jovens jogadores portugueses que perderam a oportunidade de se exibir.

No Brasil e na Holanda o producto nacional (mesmo que seja emigrante) tem sempre prioridade. O mesmo na Alemanha, Itália e Espanha. E isso reflecte-se no lote de seleccionáveis. Em Portugal, Inglaterra e França isso nao existe e depois os problemas aumentam quando a selecçao tem de ser competitiva.

Com a diferença de que nao deixamos de ser um pais pequeno, pobre e sem ambiçao.

Um abraço

dragaovenenoso disse...

Eu simpatizo com o Queirós. E admito que seja um grande organizador e gestor de grupos. Mas não serve para seleccionador. Primeiro porque gosta de dar liberdade e mobilidade aos jogadores. Isso é possível numa selecção como a Espanha, que tem na sua base a equipa do Barcelona. Na nossa selecção temos um jogador de cada lado, dar-lhes mobilidade é promover o caos, como se viu. Segundo, é demasiado defensivo. Jogar com quatro centrais?! Para quê? Para ir aos penalties? No meio disto tudo o Ricardo Costa é o Cristo de sempre. Obviamente que em jogadas com diagonais da direita para a esquerda a tendência do defesa central é deslocar-se para a área em que está habituado a jogar. Viu-se no jogo com o Brasil, em que não marcou porque o Eduardo defendeu, e viu-se outra vez contra a Espanha, em que o Ricardo Costa voltou a encostar-se aos centrais. Só quem pensa demais não vê isso.
Terceiro, não constrói jogadas simples para que uma equipa de estranhos consiga jogar simples e de mofo eficaz. Quarto, promoveu o Ronaldo a capitão não sei porque razão. O Ronaldo não é um jogador que conduza a equipa. `Será mais um jogador que se poderá galvanizar e empurrar a equipa. Colocá-lo só, na mama, não serve para nada, é um jogador a menos. Enfim foi um erro de casting brutal que pode ser consertado se colocarem o Queirós como organizador de todo o futebol nacional (selecções) e procurarem um treinador que perceba realmente o que se passa em campo e não seja tão teórico.

Vejam quem o Queirós convidou para os Sub17 ou 19, nem sei bem: o Oceano. Ele tem alguma experiência?! Só têm apanhado no pelo...enfim é o que temos, se calhar é o que merecemos.

MAs o que o José Correia diz também é verdade. O Queirós não tem uma equipa base formada como tinha o Sargentão Chulão. Esse morcão podia ter ganho o Euro2004 e não foi capaz de o fazer. Podia ter ido mais longe no Euro2008 e não foi por burrice. Depois pirou-se deixando a selecção sem continuidade.

Só tenho pena de o site da federação não ter um livro de visitas, para deixarmos lá os nossos comentários.

José Correia disse...

José Rodrigues disse...
«Os pontos de interrogação são portanto a trinco, um verdadeiro criativo (um dez) nem q seja para o banco, e ponta-de-lança (H Almeida é razoável, mas não convence). De resto a qualidade é boa - mas há tb q saber extrair o melhor deles...»

Estou de acordo que para o próximo Europeu (em 2012), nos falta um médio-defensivo, um criativo (um dez) e um ponta-de-lança. Isto, partindo do princípio que para as outras posições não irá haver lesões de última hora (como aconteceu este ano com Bosingwa e Nani).

Convenhamos que o ponto de partida não é famoso, quando nem sequer temos 11 jogadores de qualidade indiscutível para formar o onze titular.

Dragaopentacampeao disse...

Parafraseando o CR9 :«Não se deve ver fantasmas onde não existem».

Não foi a eliminação nos oitavos, frente à Espanha, que provocou a onda de descontentamento.

O que aconteceu é que o "povão", desta vez, não se deixou embalar pela música do seleccionador, que entendeu que Portugal teve um comportamento exemplar.

Quatro jogos: Apenas um para mostrar a classe que efectivamente a maioria daqueles jogadores possuem. Os outros três foram para demonstrar que somos uns «cagões».

Borramos-nos de medo frente à Costa do Marfim, porque o Queiroz assumiu que não tínhamos equipa para os vencer. Jogámos para não perder!

Frente ao Brasil, jogo em que até dava para perder, Queiroz assumiu que era preferível não arriscar, mesmo que a vitória nos desse a hipótese de fugir ao destino (Espanha). Jogou com medo de ser humilhado frente a um Brasil pouco mais que desinteressado em fazer mossa.

Depois, frente a uma equipa vincadamente superior, estou a falar de Espanha claro,num jogo do tudo ou nada, aquela miserável exibição!

Não quero crucificar o Queiroz, que entendo ser bem melhor que o «Xicólari», mas também não percebo como se pode branquear esta triste participação!

Não está em causa ter perdido mas sim como se perdeu.

Um abraço

Daniel Gonçalves disse...

Na minha opinião Queiroz deve continuar, por uma única razão, embora possam existir outras, não encontramos melhor. Não vou voltar a repetir, já aqui largamente debatidos, os prós e os contras da sua permanência,mas penso que a principal razão da derrota face à Espanha foi porque Hugo Almeida foi substituído (até aí temos o jogo na mão), e nisto a culpa não é de Queiroz, algo me leva a deduzir que existem pressões externas (empresas, agentes...) que levam a que determinados jogadores (vacas sagradas) nunca sejam substituídos, daí não ter saído CR7 ou Simão mas sim Hugo Almeida, nesta situação Queiroz é uma mera marioneta face às decisões de outros.

Miguel Magalhães disse...

O Scolari era um camelo, ou melhor, um burro, segundo ele, e está tudo dito.

Gosto bem mais do Queiroz do que do Scolari. E ainda mais desde que ele enfiou duas murraças bem dadas no Jorge Baptista.

Podiamos ter feito mais? talvez sim.
Ele podia ter tido outras opções? se calhar podia.
Mas alguém pode garantir que os resultados seriam diferentes? eu não.

Não temos os melhores jogadores do mundo nem aqueles que têm mais vontade de ganhar jogos com a camisola do seu país.

O grande erro do Queiroz foi não ter arrumado com o Ronaldo para mostrar à malta que só joga quem tem vontade de jogar para a equipa.

No grupo em que estavamos não perdemos um jogo e lembro-me de sermos os maiores quando enfiamos 7 aos pernetas da Coreia. Perdemos com a Espanha campeã da Europa que tem só 6 jogadores do Barcelona, a melhor equipa da Europa. E com um golo em fora de jogo. Chegamos à fase onde estão as 16 melhores do mundo.

Quanto ao salário do Queiroz, só um pasquim destes para uma primeira página destas. Está na moda discutir-se o salário de toda a gente. É Portugal na sua mediocridade.

Quanto ao Jesus, nunca seria capaz de fazer melhor que o Queiroz por um motivo muito simples: não teria o Ricardo Costa nem o Vitor Pereira na FIFA para lhe prepararem o terreno.

eumargotdasilva disse...

ah! desculpem-me, mas é sempre a mesma coisa...se o livre que o cristiano cobrou e respingou das mãos do guarda-redes, tivesse ressaltado para o Pepe, como abola do Villa ressaltou para este, estavam todos os críticos calados! alguém aqui disse e com razão que é sempre a mesma mentalidade: ou somos uma merda ou temos que ganhar a lua!... para um país como o nosso estar duas vezes seguidas lá já é muito bom...pela simples razão que existe essa regra absurda dos cabeças de série... se nos grupos não houvesse essa treta e pudesse calhar argentina e brasil e alemanha no mesmo grupo, conforme deveria poder ser, talvez outras equipes pudessem subir mais degraus, e ter mais chances!... assim fica difícil...
além disso, mesmo na argentina e no brasil todos dizem que qualquer um poderia ter ganho o jogo (portugal-espanha) ...ou seja, pior do que perder 1-0 é a "grande" Espanha ouvir isso...