segunda-feira, 23 de abril de 2012

No país que odeia vencedores

«Jorge Nuno Pinto da Costa completou na última terça-feira trinta anos como presidente da mais bem sucedida instituição portuguesa da nossa história recente: o Futebol Clube do Porto.
Em nenhum sector de actividade uma organização conseguiu sequer aproximar-se do desempenho nacional e internacional do clube nortenho. Até o mais distraído dos cidadãos não ignora as sistemáticas vitórias do Futebol Clube do Porto no plano interno em todos os desportos profissionais ou semiprofissionais e os êxitos retumbantes a nível internacional. Desde 1964, o único clube de futebol português a ganhar provas europeias e mundiais foi o FC Porto. Ganhou sete, batendo-se de igual para igual com clubes representativos de cidades e países com muitíssimas mais capacidades financeiras e com uma capacidade de recrutamento de jogadores e treinadores quase ilimitada – não vale a pena perder tempo referindo os campeonatos e taças dentro de fronteiras, o espaço nesta página é demasiado pequeno.

A pergunta impõe-se: que empresa portuguesa, que instituição, foi a melhor da Europa, no seu ramo de actividade, por duas vezes ou, pelo menos, chegou perto disso nos últimos trinta anos? Pois...

Os sócios e adeptos do FC Porto, o desporto português e a comunidade portuguesa devem todos esses feitos a uma pessoa: Pinto da Costa. Claro que nenhum homem sozinho seria capaz de tão espantosa obra, mas foi, de facto, ele o grande motor, o grande líder duma das mais extraordinárias histórias de sucesso duma organização portuguesa.

Pinto da Costa é, sem sombra de dúvida, o mais brilhante gestor português e, no seu sector, um dos melhores do mundo, senão o melhor (é o presidente dum clube, no mundo inteiro, com mais títulos ganhos). Em qualquer país que não estivesse minado pela inveja, que não vivesse obcecado pela intriga e não odiasse vencedores, o presidente do FC do Porto seria um autêntico herói nacional. O exemplo de alguém que com parcos recursos, liderando uma organização originária duma região pobre da Europa, conseguiu, à custa de trabalho, capacidade de organização e uma dedicação sem limites transformar um clube como muitos outros num dos maiores do mundo seria estudado, promovido, glorificado. Não é em vão que por esse mundo fora o FC Porto e o seu presidente são homenageados e vistos como autênticos fenómenos. Mas, em Portugal, quanto maior for o sucesso, maior será o ódio, maior será o desprezo, e, claro está, Pinto da Costa é o alvo de toda a desconsideração, de toda a infâmia, de toda a calúnia.

Desenganem-se os que acreditam que a razão para tanta falta de respeito pela obra realizada se deve exclusivamente à paixão que rodeia as coisas do futebol, ao facto de um clube com menos adeptos que os seus rivais lhes ganhar sistematicamente, às tomadas de posição muitas vezes duras do presidente ou ao discurso exageradamente regionalista. Terão essas razões algum peso, mas estão longe de ser as fundamentais. Pinto da Costa é invejado e odiado porque ganha. E ganha porque sabe mais do seu ofício, porque trabalha mais, porque sabe organizar melhor a sua empresa. Mas isso no nosso país pouco conta. Toda a gente sabe que se alguém é rico é porque roubou, se alguém tem um bom contrato é porque tem cunhas. Porque seria diferente com Pinto da Costa?

O sucesso em Portugal nunca serve de exemplo, nunca leva as pessoas a quererem fazer melhor, a trabalharem mais, a serem mais empenhadas.

Como dizia um meu bom amigo benfiquista, em Portugal só no futebol se fazem declarações de interesses. Sou sócio do FC Porto. Estarei eternamente agradecido a quem me proporcionou tantas alegrias e me fez quase arrebentar de orgulho por ser portista e português. Mas isso, para o tema, pouco importa. É quase patético ter de anunciar a minha condição de adepto dum clube apenas porque se reconhece a obra de alguém ímpar na nossa comunidade, de alguém que honrou o nome da cidade do Porto e de Portugal.

Muito obrigado, sr. Pinto da Costa.»
Pedro Marques Lopes
DN, 22/04/2012


E não é preciso acrescentar mais nada. Neste texto, está tudo dito acerca da extraordinária competência do melhor dirigente/presidente de sempre do futebol português e, também, sobre o triste país que o odeia.

3 comentários:

Nuno Leal disse...

Grande Pedro marques Lopes! No Eixo do Mal à primeira tentativa para falar dos 30 anos de PC na presidência do Porto levou logo com um "Poupa-nos!" dos colegas, incluindo o execrável sportinguista mais anti-porto-a-seguir-ao-Quintela-dos-fedorentos-que-conheço: o gajo careca do Bloco de Esquerda que escreve no Record. Mas o PML não se cala e guerreia em algumas das piores frentes. Força Pedro, muitos anos de vida Jorge Nuno, no ano em que nasci o FC Porto voltou a ganhar uma taça de Portugal e depois não mais parou de ganhar: 1977 <

Carlos disse...

Excelente texto!

Anónimo disse...

Pedro, concordo com tudo o que disse, só acrescentar que às ideias que referiu direi mais uma, em Portugal basta alguém ter algum sucesso e comprar um carro bom ou uma boa casa pró vizinho invejoso logo rematar: "aquilo é droga que ali anda"...

Não é ao acaso que somos um país com pouco sucesso, onde não se exalta a virtude, a excelência, mas sim tudo o que é mau e vil.
Estamos na situação que estamos em Portugal porque somos este país que não gosta dos seus melhores.
VIVA O FCPORTO!!
Abraço de um Dragão de Lisboa.