quinta-feira, 3 de abril de 2014

Cu(r)tty S(t)ark

Um golo, duas bolas ao poste esquerdo da baliza defendida por Beto e mais cinco boas oportunidades do FC Porto – Mangala aos 36’, Quaresma aos 37’, Jackson aos 67’, Quintero aos 71’, Ghilas aos 81’ –, traduziram-se no final destes primeiros 90 minutos numa vantagem mínima (1-0). É um resultado demasiado curto para aquilo que foi o desempenho das duas equipas neste jogo.

O Sevilha foi uma equipa compacta, que jogou com linhas juntas e tentou, várias vezes, sair rápido em contra-ataques perigosos. Mas os dragões tinham a lição bem estudada, foram competentes e nunca permitiram que isso acontecesse (grande jogo do “Polvo”).

Ocasiões de golo do Sevilha houve apenas duas e ambas na sequência de bolas defendidas para a frente por Fabiano (o “gigante” brasileiro terá de estar mais seguro no jogo da próxima semana no Sánchez Pizjuán).

Golo de Mangala após cruzamento de trivela de Quaresma (fonte: LUSA)

É difícil escolher o MVP deste jogo.
Mangala “voador” impôs a sua capacidade atlética e voltou a marcar na Liga Europa.
Fernando encheu o campo e, para além das muitas bolas recuperadas, deu quase sempre sequência às jogadas com visão e inteligência (está muito melhor neste aspecto).
Quaresma voltou a demonstrar ser o extremo/ala português em melhor forma. Entre outras coisas, fez duas assistências de trivela (para Mangala e Jackson), teve um espectacular remate de primeira (que Beto defendeu) e enviou uma bola ao poste.
Mas a minha escolha é Diego Reyes. No seu 2º jogo para as competições europeias, dobrou várias vezes os seus companheiros da defesa e não me lembro de uma única falha deste campeão olímpico mexicano.

Se é difícil escolher o MVP, é muito fácil escolher o “artista” deste jogo: o árbitro alemão Wolfgang Stark, o qual, para além de alguns erros menores (por exemplo, em dois lances que seriam canto a favor do FC Porto, assinalou pontapé de baliza), teve um critério disciplinar vergonhoso.

Mostrou um cartão amarelo ridículo a Jackson e colocou-o fora do jogo da 2ª mão, num lance em que é o jogador do Sevilha (Iborra) que se encosta a Jackson e simula ter sido violentamente atingido na cara.
Mas, depois, o critério disciplinar do senhor Stark passou do 80 para o 8 e poupou vários cartões amarelos a jogadores da equipa andaluza, a saber:
- José Antonio Reyes (na falta sobre Alex Sandro, que antecedeu o golo do FC Porto);
- Daniel Carriço, duas vezes (na primeira situação o ex-sportinguista até pediu desculpa ao árbitro);
- Marko Marin, seu compatriota, que também escapou duas vezes à cartolina amarela;
- Coke (numa entrada de pés juntos sobre Quintero);
- Nico Pareja (falta sobre Jackson à entrada da área)

Apesar de estar a adoptar este critério largo (com os jogadores do Sevilha...), o senhor Stark não hesitou em mostrar dois cartões amarelos a Fernando na mesma jogada. Fantástico!

Num jogo que podia (e merecia!) ter ganho por 2 ou 3 golos de diferença, o FC Porto vai para Sevilha com apenas um golo de vantagem e sem poder contar com Jackson e Fernando (já nem falo nos lesionados Helton e Maicon). Não vai ser nada fácil. Esperemos não ter de jogar também contra uma arbitragem caseira.

14 comentários:

Madureira disse...

Ganhamos mas foi escasso, na 2ª parte devíamos ter mais ambição... esta equipa do Sevilha não tem nada haver com a equipa que defrontamos á 3 anos, nada! É uma equipa mais fraca em todos os setores e mais fraca que o Nápoles, vamos ver se não pagamos caro este 1-0 que com uma postura mais arrojada devia dar uma vantagem mais confortável para a 2ª mao!

Josef K. disse...

Eu que nem sou otimista por natureza, acho que vamos a Sevilha confirmar a passagem às meias. Dominámos o jogo completamente, vulgarizámos os gajos e não os estou a ver a ganhar-nos por 2 de diferença! Agora só espero apanhar já o SLB nas meias!

Paulo Marques disse...

O Fernando foi bem expulso, mas foi curioso que poucos minutos depois um jogador sevilhano também pontapeia a bola para longe e... nada.

Xatissimo disse...

Nightwish, até concordava se o Fernando tivesse sido expulso por isso. O problema é que, se reparar bem na repetição por trás da baliza quando o árbitro mostra os cartões, ele aponta para o sitio da primeira falta e mostra o primeiro amarelo e depois aponta para o sitio da segunda "falta" (entre aspas pk não sei onde ele viu ali uma falta) e mostra o segundo cartão. Impressionante aquele painel de "entendidos" da sic a chamarem de tudo para baixo ao Fernando pela expulsão. Ah, o cartão ao Jackson é uma coisa indescritivel.

meirelesportuense disse...

Fernando exagerou nos protestos -como tem sido habitual nele- não fora isso e levava apenas amarelo, suponho eu, a não ser que os amarelos tenham sido mesmo cirúrgicos e a pedido Platinesco...O árbitro foi o habitual sempre que apita o Porto, ROUBA-NOS o mais que pode!...
-O que me revoltou mais, foi o facto dos comentadores SIC terem passado o tempo quase todo a elogiar a equipa e os jogadores do Sevilha!...Desliguei o som. -Porra, o Porto é uma equipa Portuguesa ou o que conta é a cor das camisolas?
Outra coisa que soube depois, foi que -a isso ninguém deu relevo- o Benfica perdeu Gaitan e Maxi por acumulação de amarelos e Amorim por lesão -que suponho grave-, no entanto -a confiança é tanta- ninguém dava importância a esse facto, vamos ver se tem ou não tem verdadeiramente nenhuma relevância em Lisboax...

Jorge Vassalo disse...

Confesso que gosto de jogos assim, como o que terá de ser na segunda mão.

Convenhamos: o nosso Porto joga melhor com pressão do que sem ela. E o trio Defour/Herrera/Quintero(Josué) também não me assusta! Nem o Ghilas à frente no sitio dele.

A minha inquietação é: Deixará Castro jogar Kelvin ou Ricardo quando o Varela se cansar? Ou vai pôr o Licá? (medo!)

Quaresma quis mostrar serviço, percebo a excessiva dose de individualismo. Mas fez a assistência para o golo e dois remates com golo escrito na bola.

Carlos Eduardo é que precisa sentar o rabinho no banco. Não lhe faz mal ver o jogo de lá.

Reyes fez um gigantesco jogo! Afinal tínhamos defesa sólida só que não sabíamos! Onde estava esta defesa em Janeiro? *Suspiro*

Quanto à falta de cabeça da segunda parte, o árbitro até a mim me arreliou!

Mas com o anti-jogo e a injustiça vem a nossa garra e luta, e eu acredito na vitória.

Mas digo-vos, caros Portistas, passando eliminatória, e com a sorte que temos, ainda nos calha a Juve pela frente....

P.S.: Estou cansado de certos orgulhosos Portistas estarem sempre a criticar! Querem melhor? Façam vocês!

Castro, estou contigo.

Somos Porto!

José Correia disse...

«O FC Porto parte para Sevilha da mesma forma como viajou para Nápoles: com a vantagem de 1-0 e a certeza de que é melhor equipa do que o adversário. Ontem, talvez mais do que frente aos italianos, os azuis e brancos fizeram exibição muito melhor do que o resultado que obtiveram; tiveram mais jogo e mais bola do que golo, tendo justificado amplamente um resultado melhor.»
Rui Dias
in record.pt

Azulantas disse...

O Fernado é um "cabeça-quente". Sabendo que tinha feito falta que ia levar amarelo, protestar ali naquele momento foi estúpido e desnecessário.

Vários jogadores do Porto este ano tem muito descontrolo emocional e falta de concentração. O que nos vai valendo é que qualidade individual temos às carradas e podiamos perfeitamente ainda estar na Champions se a equipa tivesse sido bem trabalhada desde o início da temporada.

Luís Vieira disse...

Como previsto, regressou o Porto versão "ainda podemos ganhar esta competição", o que demonstra que o campeonato é uma via-sacra para os jogadores e para os adeptos, um intervalo nas provas verdadeiramente em disputa (para nossa infelicidade). Jogámos bem, fomos claramente superiores, sem deslumbrar, mas com autoridade, principalmente na 1ª parte. O Sevilha limitou-se a defender e a tentar explorar o contra-ataque, sem, contudo, criar o perigo que, por exemplo, o Nápoles conseguiu. O único calafrio provocado pelo ataque sevilhano foi a perdida incrível do Gameiro na 2ª parte. O resultado peca por escasso, mas dá-nos algumas garantias para a 2ª mão, em virtude, fundamentalmente, de não termos sofrido golos. Espero que o Luís Castro relembre o jogo com o Málaga da época passada porque as circunstâncias são semelhantes (vitória magra, desperdício caseiro, equipa desfalcada). O facto mais negativo, como foi sobejamente realçado, foi a perda do Fernando e do Jackson. Se este parece ter substituto (Ghilas) à altura, o Fernando é insubstituível, designadamente num jogo em que teremos de ter mais cuidados defensivos, tarefa em que o Fernado é insuperável e incomparável. No entanto, acredito na capacidade do colectivo para colmatar estas ausências e para nos levar até às meias-finais da Liga Europa. Nota final para o Reyes que começa a justificar o avultado investimento feito nele: é rápido, lê bem os lances, é bom no desarme, tem bom poder de impulsão e é evoluído tecnicamente. Falta-lhe maior capacidade física para aguentar embates com um Zlatan ou com um Drogba, por exemplo, mas, ou muito me engano, ou temos central à Porto, com grande futuro.

Moura Bessa disse...

É mais do mesmo... desde que vejo futebol há mais de 20 anos é sempre o mesmo nas competições europeias: os árbitros são uns valentões contra as equipas portuguesas e uns porreiraços com espanhois, inglêses, italianos e alemães...
Bom jogo, magra vitória mas vamos a Sevilha carimbar a vitória!

Mário Faria disse...

O árbitro deixou sinais de autoritarismo e "castigou" prioritariamente o FCP, porque tivemos azar. Ainda que seja o árbitro mais sério e competente, não conseguiu fugir aos seus ímpetos de justiceiro implacável. Se o adversário pudesse encomendar os cartões amarelos, teria sido compensado com uma taxa de realização excepcional. Calhou-nos a fava.
O FCP, ontem, foi mais coeso e controlou bem o jogo, salvo num ou noutro lance por erros individuais. Nesse particular, fomos mais competentes do que temos sido.
Contra uma equipa muito fechada, não é fácil chegar à frente, se o adversário definir bem os pontos fortes e se conseguir controlar os movimentos fraturantes que os jogadores chave podem despoletar. Foi, mais ou menos isso que aconteceu. Nem Varela conseguiu esticar o jogo, nem Quaresma desequilibrar amiudadamente, com o seu nonsense, os atentos sevilhanos. Carlos Eduardo ainda não conseguiu desenvolver o seu potencial e ultrapassar as dúvidas que o jogo lhe vai colocando e que não consegue ultrapassar: não constrói o suficiente, não desequilibra e não é forte na zona de pressão e no equilíbrio defensivo. Todos estes parceiros construtores estiveram quase sempre demasiado distantes de Martinez, e o que ganhamos em segurança, perdemos em fulgor ofensivo. Provavelmente, a equipa não terá condições par manter um nível de intensidade suficientemente alto para abafar ou tirar o adversário da zonaa de conforto de que gozou em demasiados períodos de jogo. E não foi por falta ambição, porque a equipa na minha perspectiva produziu conforme a capacidade actual da máquina, como foi dado ver quando o jogo se partiu e o Sevilha tirou algum efeito disso.
O resultado é positivo, mas não é brilhante tal qual a exibição do FCP. A defesa esteve bem, Fernando e Defour em bom nível. O ataque não foi mortal, embora Quaresma, aqui e acolá, nos tenha brindado com bons momentos. Martinez batalhou incansavelmente, ganhou muitas bolas, mas não teve muitas oportunidades para entrar na área defensiva do Sevilha.
Não sei se Luís Castro é um treinador de excelência, mas é muito gratificante a forma correcta como tem gerido as expectativas dos atletas e dos sócios, como comunica e o bom senso que revela.
Domingo há mais.

Miguel Ribeiro disse...

Gostei do jogo, mas falta-nos mais poder de ataque - eu sei que já devem estar fartos de ler isto. Na 2ª parte foi mais notório a falta de jogadores na zona de finalização. O Quaresma, só com adversários perto dele, arranca com a bola numa das linhas e só o Jackson estava na área, rodeado por uns 4 defesas - não se via mais nenhum jogador do FCP nas imediações. Assim não dá.

É verdade que merecemos vencer por mais golos, mas este ano é assim, ganhar pela margem mínima e ir sofrer massacres... Tanto vai o cântaro à fonte... O que retirei de positivo é que já não acontecem tantos erros defensivos.

Pedro Matias disse...

estou a gostar da atitude do treinador. tem sido justo com o rendimento dos jogadores dando minutos a quem os merece.
não concordo que o C. Eduardo tenha estado mal ontem. Acho que se embandeirou muito as primeiras exibições dele e está a pedir-se demasiado. Não acho que seja jogador para resolver os nossos problemas de criação mas acho que é uma peça importante no processo ofensivo e defensivamente não compromete.
Em relação ao jogo lá, não me preocupa muito a troca do Fernando pelo Defour (só espero que não esteja num dia como o de Málaga) e ainda menos do Jackson pelo Ghilas. São jogadores muito importantes mas os substitutos dão garantias suficientes.

Em relação ao Quintero, acho que o miúdo tem muito potencial mas ainda tem de passar mais algum tempo de maturação de modo a perceber quais as suas responsabilidades quando joga. É muito bonito marcar um golaço de vez em quando e fazer uma ou outra jogada genial todos os jogos mas precisa de consistência e deixar de cometer alguns erros infantis. Ser aplaudido efusivamente sempre que ele se levanta para aquecer ou entra em jogo e depois levar com um coro de assobios quando perde uma bola em transição, não deve ser muito bom para a cabeça de um miudo de 20 anos.

Jorge Vassalo disse...

Exactamente Pedro! Concordo em absoluto! No ultimo golo de Quintero ele apontou para o seu nome nas costas. Marca de quem sabe que os adeptos o acham o salvador.

Mas não esquecer que o mesmo aconteceu com Carlos Eduardo. Não são sempre jogos geniais. Se temos novos talentos nas equipas temos de os deixar florescer. Se o Herrera tem jogos intermitentes é normal, é um miudo. Tem de ter tempo e espaço para crescer e errar.

Eu sei que é ingrato, mas se o treinador souber filtrar o ruído do público, pode fazer com que haja espaço para termos estes três grandes valores, com Ricardo, Tozé, Gonçalo Paciência, Mikel, Ivo Rodrigues, Kelvin... a jogar tão bem como agora está Reyes.

Podemos ter uma equipa jovem bem dotada a custo zero.