sábado, 5 de abril de 2014

Nós somos Porto!


O que mais importa aos sócios e adeptos do FCP não são as falhas da arbitragem que têm sido muitas, nem os azares que têm sido mais do que merecíamos, são as incertezas que lhe causam as intermitências da equipa, quer no plano colectivo quer individual. E a qualidade do grupo e dos jogadores são postos em dúvida, muito justamente. Os resultados não enganam, a não ser os que querem viver na ilusão.
Não sei o que passa na cabeça dos prezados consócios, mas ando confuso porque a equipa continua muito frágil, nomeadamente fora do Dragão, e parece não ter pernas para tanta competição. Não sei, nem tenho que saber, se a pré-época correu nos conformes para preparar a equipa, se o plantel é demasiado curto, se o recrutamento foi caro e não preencheu as necessidades imediatas ou se o treinador que foi escolhido foi demasiado frágil para servir uma equipa de topo. Se calhar, foi de tudo isso um pouco, que é uma outra forma de confirmar que tenho muitas dúvidas e poucas certezas. A SAD do FCP tem sabido merecer a confiança, e os títulos e a obra são prova disso. Mas, esses dirigentes e os sócios sabem que ao FCP, para estar por cima, é exigido um esforço muito maior e os erros custam muito mais caro que aos seus rivais. Se fosse economista, chamava-lhes os custos de contexto. Não é por acaso que três dos clubes da grande Lisboa ficarão nos quatro primeiros ligares da liga principal. Não podemos desbaratar o que tanto custou a construir. A revisão do que tem corrido mal (nos últimos três anos) não pode ser alienada a favor dos êxitos do passado e do dever da gratidão.

Aos sócios compete apoiar a equipa, muito prioritariamente nos momentos difíceis, e devem cumprir a sua parte, sem hesitações. É uma obrigação, nesta fase do campeonato. Mas, o seu compromisso com o FCP vai muito ia além disso. Os sócios não são meros consumidores e batedores de palmas ou de pateadas, conforme o grau de satisfação. Têm o direito (e o dever) de exigir boas contas e escrutinar o trabalho de quem dirige.
A SAD está mais longe de nós porque responde perante os accionistas. Mas, muito se pode fazer ouvir e não apenas no doce recato das redes sociais. Não basta. Os portistas têm de sair da sua zona de conforto e incomodarem-se um pouco, para além do assobio. E isso não significa estar contra: pela minha parte sou sempre e exclusivamente a favor do FCP. Apoiarei a equipa até que a voz me doa, mas farei todo o esforço que me for possível para participar nos locais próprios para esgrimir argumentos e denunciar o que me vai na alma, em nome do futuro. Nós somos Porto.

9 comentários:

meirelesportuense disse...

Este é um problema que a existir só pode ser resolvido dentro das Estruturas do Clube.
Mas convém referir que um erro como o da escolha do Treinador pode lançar por terra todo o trabalho de anos.A prova é que a sua substituição estabilizou a equipa e lançou-a a conseguir resultados que já não esperávamos.É um facto importante.
Depois se foram cometidos erros graves na elaboração do plantel, a culpa será repartida pelos técnicos -os que sairam e os que entraram- e pela Direcção e se isso aconteceu, há sempre a possibilidade de corrigir esses erros, desde que se queira.
Creio que devemos acreditar em quem dirige o Clube ou então teremos que admitir que quem lá está já não tem competência para o fazer, o que eu sinceramente não aceito.
-Creio que estamos a pagar todo o preço de uma conjuntura muito desfavorável, a nível económico -enormes dificuldades na própria massa associativa-, político -mudanças na área do Poder que tendem a favorecer os grupos sociais maioritários por questões de oportunismo- e a pressão enorme dos lobyes desportivos lisboetas que têm a conivência das estruturas Federativas, Arbitrais e dos colossos da Comunicação Social...É muita coisa junta.
A fraca prestação desportiva ampliou o eco dos detratores e os lobos saltaram todos à estrada, pela nossa parte teremos que estar serenos e lúcidos, só assim poderemos lidar em boas condições com a situação e não apenas ajudarmos ao ruído de fundo criado.

Joao Goncalves disse...

Caro Mário,

As tuas crónicas nunca seguem um padrão estável e concreto e esta é apenas mais uma delas.

Dizes no texto que "Somos Porto"... Mas somos Porto porquê?

Eram Porto antes de Pinto da Costa pegar no clube?

Ou será que somos Porto por aquilo que PdC fez do clube?

Portanto temos que perceber que conversa filosófica é essa de "Ser Porto"!

Nós somos aquilo em que PdC nos transformou e como tal somos todos "filhos" dessa ambição desmedida a que PdC nos habitou.

Agora andar a mandar estes bitatites numa época em que tivemos um péssimo treinador (como outras com Octávios e afins) e que não nos está a correr de feição... Mas só não nos está a correr de feição no Campeonato!

Estamos em 2 meias-finais, Quartos finais da Liga Europa e ganhamos a Supertaça.

Dizer que a equipa é fraca, que não jogamos à bola, etc... é apenas piada de mau gosto como é óbvio.

Tivemos maus resultados que nos deram cabo de uma prova de resistência... esses maus resultados apoiados num mau treinador, não nos possibilitam lutar pelo campeonato, mas caro Mario, para o ano à mais.

Anónimo disse...

A questão é muito simples. O plantel foi mal construído e o treinador escolhido não correspondeu às exigências inerentes ao cargo.

Pensou-se que com os jogadores contratados e com uma boa orientação técnica o FC Porto poderia construir uma equipa suficientemente forte para atacar o título e ter uma boa prestação nas provas internacionais. Tal não aconteceu e as causas estão identificadas. Não há motivo para pânico ou descrenças. Más épocas acontecem a todas as equipas de topo!

Ninguém está satisfeito, mas se somos verdadeiramente Porto, então não temos a mínima dúvida que na próxima época vamos impor a nossa ordem. A malta (sócios, adeptos, jogadores, staff técnico e dirigentes) não gosta de perder!

Mário Faria disse...

Caro João:
Confirmo: sou instável, como a equipa; o humor vagueia em função dos resultados; ando preocupado com a proximidade do Estoril, confesso;~
Somos Porto foi a designação que descobri na imagem do texto e que serviu de mote a uma brilhante intervenção da equipa do FCP, após o despique nas catacumbas da Luz e define um estado de revolta e contra e resignação;
Como sou sócio há mais de 60 anos, a minha ligação ao FCP nasceu bem antes de PdC e o nós somos porto reclama essa vivência e a importância decisiva dos sócios na vida do clube, tanto antes como será depois de PdC, assim o espero;
Confirmo que a minha prosa contém bitaites a que cada um de nós tem direito, mas também tive a clarividência de reconhecer ab initio que tenho muitas dúvidas e poucas certezas, que subliminarmente servem para suavizar a crítica, que admito ser muito mais dura no momento da derrota;
Não acho que a equipa seja fraca, mas não me restam dúvidas que a equipa não é suficientemente forte;
Também não acredito que os maus resultados tenham nascido por gestação espontânea, filhas do infortúnio e por exclusiva (ir)responsabilidade do treinador;
No entanto, compreendo que ache de mau gosto o meu comentário e até que o considere pretensioso ou irrelevante no caminho da equipa e do clube. Porém, a minha prosa é modesta de intenções: pretende ser uma forma de chamamento aos sócios e da importância que devem ter no seu destino, exactamente porque há vida para além deste campeonato e depois de PdC;
Ainda assim, depois de uma nova leitura reconheço algum tacticismo no escrito: um meio caminho entre o botabaisxismo em tudo o que mexe no FCP e o portoporreirismo do tudo estaria bem não fora o PF;
Por fim, estou de acordo com o João quando diz que para o ano há mais, falta saber de quê?

Joao Goncalves disse...

Caro Mário,

As nossas visões não são diferentes e ao contrário do Mário, dos meus modestos 36 anos, não vivi a era pré-PdC e nem a seca de títulos que tínhamos nessas alturas.

O que varia na nossa visão é a análise dos factos... nós não somos nenhum Barcelona, nem Real Madrid e não temos poderio financeiro de Man Utd, PSG ou Man City... simplesmente somos o que somos porque houve uma visão de um homem e de uma estrutura que nos colocaram onde estamos.

De vez em quando temos um ano menos conseguido o que é fabuloso, tendo em conta que para isso acontecer, os outros tem muitos anos mal conseguidos.

No pós-2004, também andamos pelas águas da amargura, e recuperamos e até já acrescentamos mais um titulo internacional às nossas fileiras, apesar das desproporçãos dos rendimentos fixos.

Eu entendo que não é fácil para os adeptos entenderem que existem adversários... entendo que não seja fácil perceber a razão de ganharmos ontem e não ganharmos hoje, mas tudo é cíclico e as razões, em equipas como a nossa, são sempre os pormenores.

Esse pormenor chamou-se Paulo Fonseca e que não tirou o rendimento devido do que tinha à sua frente... Estragou o que devia ter maturado e desgastou alguns jogadores sem qualquer necessidade disso e que hoje andam a pagar a factura na parte da época mais importante... muito ao estilo JJ das ultimas duas temporadas.

Esses pormenores que se tornam pormaiores, não descredibilizam a estrutura e aquilo a que muitos chamam "plantel fraco", tem mostrado a todos que nada de fraco tem, mas normalmente só tem é 45m de cada vez, pois a cabeça já não acompanha as pernas a Alex Sandro, Danilo, Jackson, Fernando, Varela, tornando a equipa frágil em muitos momentos e estagnando a nossa circulação e posse.

A nossa equipa tem muitíssima qualidade, ficando apenas a dever um Lateral Esquerda, o qual Quinõ não é opção (e se não jogou hoje isso é clarissimo) e Rafa ainda é muito novo(? em Portugal temos o estigma que jovens portugueses de 18 anos não podem jogar nas equipas grandes... enfim...), de resto estamos muitíssimo bem servidos.

Portanto caro Mário, para o ano à mais e não esquecer que esta época é tudo menos o fracasso que você como tantos outros a querem fazer parecer... apesar do desastroso 3º Lugar (que não é tão mau quanto isso), estamos em duas meias-finais e nos Quartos-Final de uma prova europeia, de onde já eliminamos equipas com orçamentos muito superiores ao nosso e que se quisessem, amanhã compravam-nos o plantel todo.

JOSE LIMA disse...

Caros amigos
Desde que “descobri” o Reflexão Portista pelo qual tenho muito respeito verifiquei que o Mário Faria é uma pessoa bastante equilibrada nas suas opiniões.
Cada um sente à sua maneira esta época. Eu que devo ser da idade do Mário tenho uma visão próxima da dele. A tal história do “antigamente não ganhávamos nada”, etc. você conhecem. Com muita pena de todos nós, prejudicámos as modalidades em favor do Futebol, para não termos os prejuízos catastróficos que outros apresentam.
O meu raciocínio é muito simples. É impossível ganharmos TUDO como quase aconteceu nestes últimos 30 anos. Não temos os 6 milhões de adeptos do clube da treta nem os 3 milhões dos Calimeros. O milhão que sobra para nós é muito curto. Isto tinha que parar um dia, aconteceu agora. A contratação de Paulo Fonseca foi uma opção lógica. Tivemos sorte com quase todos os treinadores, salvo raras exceções. Os jogadores do plantel eram mais do que suficientes para encarar uma época digna. Não se concretizou. Agora os atletas jogam com a cabeça noutros campeonatos, só colocam problemas ao treinador e à SAD.
Não tenho a certeza que o nosso presidente ainda tenha fôlego para muito mais. Por tudo que nos deu gostaria que tivesse uma saída digna. Não vejo é quem o possa substituir, e a obra que deixa não será nunca igualada.
No início desta época numas crónicas que escrevo no Mística Azul e Branca alertei para o que nos esperava. Os Circos da Capital começaram o campeonato desesperados, os pasquins aproveitaram, os árbitros ajudaram e até “alguns da casa” desertaram.
Mas como diz a tarja SOMOS PORTO. Já passei por algumas e custou muito a sair delas. Vamos acreditar que mais uma vez isso seja possível.
Abraço para todos os que intervieram neste artigo. Obrigado Mário por o ter colocado.

meirelesportuense disse...

Vá, vamos lá a alterar esse espírito, Carago!
Eu também sou do tempo em que não ganhavamos nada e estou aqui.
Este ano o Campeonato foi-se, mas temos mais três competições para poder conquistar e para isso é necessário muita força e vontade. E a união de todos os Portistas.
Luis Castro uniu a equipa e deu-lhe alma.
A nós compete dar-lhes confiança a todos eles e fechar o espaço aos que apenas pretendem a nossa destruição.
Não se deixem cair no lamaçal que querem criar para nós.
Rejeitem essa mentalidade de "Andrades" - dos que rasgavam cartões sempre que perdiam, daí os cartões plastificados - e dai asas e voz à força do Dragão!
Viva o PORTO!

rogério almeida disse...

"O milhão que sobra para nós..."? Meu caro, não o tenho como "comedor" da propaganda diária que nos é impingida até á exaustão quanto a esse tema. Hoje em dia há muitas formas de aferição do número de adeptos de cada clube. Evidentemente não como números finais, mas como análise comparativa entre todos. Acredita mesmo nos 6 milhões de uns, 3 de outros, restando apenas 1 para nós? Ora veja lá: o tal clube dos 6 milhões tem, neste exato momento, cerca de 1,05 milhões de seguidores nacionais pelo facebook. O tal dos 3, tem, neste momento 580 mil seguidores nacionais. O do milhão de sobra, tem, neste preciso momento, 660 mil seguidores nacionais. Metade da população portuguesa tem facebook. Juntando estes dados concretos e objectivos a todos os restantes estudos que têm sido apresentados na última década, e que vão no mesmo sentido, que mais é necessário dizer para desmontar o mito do número de adeptos? Mais realidade e menos propaganda enganosa? Os números que apresento são seguidores "nacionais". Se juntarmos os seguidores "internacionais", a tendência torna-se ainda mais positiva para o nosso lado. Nota: durante o próximo mês de Agosto atingiremos, provavelmente, os 2 milhões de seguidores globais. E, muito provavelmente, até final de 2014, atingiremos 1 milhão de seguidores "nacionais". Abraço

JOSE LIMA disse...

Caro amigo
É claro que falei nesses números com ironia.
Abraço