segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sai uma trivela para a mesa 5

                                          Foto: Maisfutebol

O FC Porto quis redimir-se da derrota da jornada anterior na Madeira frente ao Marítimo e fez uma exibição convincente aplicando a chapa 5 ao Paços de Paulo Fonseca.

A equipa jogou com muito mais intensidade, pressionando mais alto o adversário e em consequência ganhando a bola mais próximo da baliza adversária. As oportunidades de golo foram surgindo até que aos 28’ Jackson empurra para a baliza a bola vinda de um cruzamento tenso da esquerda de Alex Sandro, beneficiando ainda do erro do guarda-redes Defendi que falhou a saída ao cruzamento.

Vi no Paços de Paulo Fonseca uma equipa semelhante ao FC Porto da época passada. É uma equipa organizada que, sem a bola, se move em bloco ora para o lado esquerdo ora para o lado direito, dependendo das movimentações do adversário mas que, não raras vezes, deixa os adversários na cara do golo porque falha uma ou outra marcação quando a bola é lançada para as costas da defesa. Era assim a nossa defesa na época passada. E foi assim que Jackson se isolou com um passe longo livrando-se de Hélder Lopes que depois acaba por agarrá-lo dando origem à marcação do penalty que Quaresma executou na perfeição.

O árbitro Marco Ferreira conseguiu inovar e mostrar-nos uma nova interpretação das leis do jogo no que respeita à sanção disciplinar a aplicar ao jogador que impede o adversário de jogar tendo este pela frente apenas o guarda-redes. Assim, estes lances são, segundo Marco Ferreira, puníveis com livre directo e o jogador infractor:
a) É punido com a amostragem de um cartão amarelo se a equipa adversária for o FC Porto ou;
b) É punido com um cartão vermelho e consequente ordem de expulsão se a equipa adversária for outra que não a mencionada em a).

Foi assim aos 37’ quando Hélder Lopes agarrou Jackson dentro da área e foi assim aos 81’ quando Romeu agarra Jackson à entrada da área (i.e, viram apenas um cartão amarelo sendo que no caso de Romeu levou a expulsão por se tratar do segundo amarelo).

Depois, aos 43’, vem o momento de magia no jogo. Deixo aqui a descrição do lance por Pedro Cunha no Maisfutebol que tem mais veia poética que eu:

Era uma vez… Quaresma. 

Todas as histórias de encantar, pedaços da nossa infância, começam assim. E o Mustang merece a deferência. É raro, muito raro, ver o que vimos no Dragão este domingo. O terceiro golo da noite é um prodígio de potência, colocação e efeitos especiais. Sim, efeitos especiais. 

O pontapé de trivela, três dedos na bola e o arco perfeito, é sobre-humano. É um truque saído da manga de um mágico, retocado na mesa de edição de imagem e servido ao público com um halo de perfeição. Que grande golo, caro leitor! 

O movimento de Quaresma é o habitual. A finta a procurar a zona central e a parte de fora do pé direito a fazer das suas. A bola explodiu no ângulo superior direito da baliza do Paços e dissipou, com a firmeza de uma alta patente, as poucas dúvidas que ainda assombravam o score.

Logo no início da segunda parte Herrera fez o 4-0 depois de excelente trabalho individual de Jackson – que grande jogo fez o colombiano, está em toda a parte, defende, ataca, desmarca-se, enfim, é um trabalhador incansável – e a equipa adormeceu um pouco, o que se compreende. Até ao fim há a destacar a desmarcação de Óliver que, na cara do guarda-redes, atirou à figura e o 5-0 por Cristian Tello na marcação de um livre directo por falta cometida sobre Jackson. Um golo de belo efeito.

Não gostei da exibição de Cristian Tello, apesar do livre bem marcado, e creio que a sua substituição seria mesmo a mais acertada em vez da de Quaresma. O espanhol, mais uma vez, teve uma actuação de altos e baixos e nunca mostrou disponibilidade total para disputar a bola. Há uma jogada na primeira parte sobre o lado esquerdo do ataque do FC Porto em que a bola lhe é passada bastante para a frente e Tello pura e simplesmente se desinteressa do lance. Isto não é um jogador "à Porto" e o problema é que ninguém lhe explica isso sendo, aparentemente, um jogador intocável para Lopetegui. O Quaresma é sempre o extremo sacrificado quando toca a substituições e, sinceramente, começo a entender a sua incompreensão apesar de não concordar com gestos públicos de desagrado como tirar as fitas das caneleiras e atirá-las ostensivamente para o chão. 

Em suma, valeu ao FC Porto uma entrada em jogo com determinação e entrega por parte de todos os jogadores que desta vez conseguiram colocar mais intensidade em todas as bolas. A equipa deveria jogar assim em todos os jogos da Liga até à 34ª e última jornada.
   

12 comentários:

João disse...

Já sei que vou ser o desmancha-prazeres de serviço mas foi pato, penalty, um em trinta, chouriçada e livre. Ganhamos 5 zero e eu não vi uma jogada colectiva de jeito. A 2a parte então nem merece comentários, uma coisa é tirar o pé, outra é não conseguir juntar dois passes. Continuo a achar muito se é para dobrar esta distância de 6 pontos, o que implica quase invariavelmente vencer na Luz. Tello então, está na altura de dar o lugar ao Brahimi, ou ao Ricardo, ou ao Ivo ou ao Maciel ou ao Kadú. Não interessa, interessa é alguém que não enterre metade dos lances quando nem sequer está a dar o litro.

José Correia disse...

"Tello então, está na altura de dar o lugar ao Brahimi, ou ao Ricardo, ou ao Ivo ou ao Maciel ou ao Kadú. Não interessa, interessa é alguém que não enterre metade dos lances quando nem sequer está a dar o litro."

Inteiramente de acordo.
O golo de livre (excelente execução!) não limpa tudo aquilo que Tello fez de mau no resto do jogo.
E o problema é que não foi só neste jogo.

Unknown disse...

"Há uma jogada na primeira parte sobre o lado esquerdo do ataque do FC Porto em que a bola lhe é passada bastante para a frente e Tello pura e simplesmente se desinteressa do lance"

Não sou fã dele, mas tenho de admitir que depois de segundos antes ter feito um pique louco, arrancar logo a seguir para outro é de loucos. Há que ter nocão do que é um jogador de futebol: humano!
Talvez nunca tenhas feito desporto profissional mas é muito injusto dizer algo assim.

Filipe Sousa disse...

Patos, penalties, chouriços e afins, tem servido bem a equipa que lidera o campeonato; o problema do Porto nao é viver desses processos, mas sim o facto de só resultarem com equipas mais fracas.

Pedro ramos disse...

Eu nao vi melhorias em relaçao ao jogo com o Maritimo, mas como desta vez ficou 5-0, tudo já está bem e a justificaçao obviamente se resume à intensidade, à atitude dos jogadores, à entrega e determinaçao. Quando surgir novamente outro desaire é porque os jogadores nao deram tudo em campo.

"Não gostei da exibição de Cristian Tello...O espanhol, mais uma vez, teve uma actuação de altos e baixos e nunca mostrou disponibilidade total para disputar a bola. Há uma jogada na primeira parte sobre o lado esquerdo do ataque do FC Porto em que a bola lhe é passada bastante para a frente e Tello pura e simplesmente se desinteressa do lance."
Quando continuamos a avaliar os jogadores por isto e definir que isto é que define um jogador à Porto...

João disse...

Não é verdade, o Naby Sarr, o Maxi Pereira e o Artur que o digam.

O problema do Porto é, sim, viver desses processos e qualquer Marítimo nos Barreiros ou Estoril na Amoreira, em dia bom, consegue ir buscar um ponto. Em dia bravo, até um miserável Boavista pontua no Dragão.

Luís Vieira disse...

Por acaso, acho que a primeira parte, do ponto de vista colectivo, foi pior do que a primeira, principalmente sem bola. O Paços conseguia sair bem de pressão e teve alguns momentos de posse de bola no nosso meio-campo defensivo. O primeiro golo apareceu um bocado caído do céu (o tal pato) e os últimos quinze minutos foram mais tranquilos, com o penálti e o grande golo do Quaresma. Na segunda parte, os ataques do Paços foram quase sempre em transição, o que denuncia o maior domínio do Porto, nesta fase, embora pouco consequente (excepção feita aos golos do Herrera e do Tello e a uma ou outra oportunidade que foi surgindo). Fomos consistentes, eficazes e soubemos aproveitar o desmoronamento defensivo do Paços do Paulo Fonseca (numa reminiscência da época passada). Destaques positivos: Danilo (sempre disponível, com grande pulmão), Óliver (maestro abnegado do meio-campo), Jackson (segura, dribla, assiste, marca, enfim, está num grande momento de forma) e Quaresma (pelos golos, um deles fabuloso, e pelo contraste com o congénere do lado contrário). Destaque negativo: Tello. Alinho na crítica unânime porque é desesperante assistir a tanta bola perdida, oportunidade falhada, desequilíbrio inconsequente. Acho que o que incomoda mais é perceber que o Tello tem características físicas e técnicas invejáveis, mas que não tira o melhor partido delas (salvo o grande golo de livre). A este propósito, lamento o comportamento de alguns adeptos que passaram o jogo todo a insultá-lo e que se recusaram a festejar o golo, por ter sido marcado pelo "patinho feio". Também fiquei insatisfeito com a prestação do Tello e comentei com quem me acompanhava, mas nunca poria o "orgulho pessoal" (?) à frente de um golo do Porto. Enfim, comportamentos já observados para outros jogadores e que, infelizmente, não mudarão. Nota final para a importante vitória do Sporting, a manter a moral em alta para o jogo do próximo fim-de-semana ;)

miguel.ca disse...

Vocês viram o que o Tozé fez no jogo do Estoril?

miguel87 disse...

Alguém me sabe dizer qual é o jogador do Porto que tem mais assistências? Aqui há uns tempos diziam que era o Tello, mas não consigo encontrar essa estatística em lado nenhum... Estou curioso para saber se o jogador com mais assistências da equipa ainda é o extremo mais irregular, que não dá litro nem é jogador "à Porto".

João disse...

Na época passada, pelo menos durante boa parte da época, o jogados do Porto com mais assistências era o Josué.

Saudades? Nem eu.

meirelesportuense disse...

Concordo que o resultado foi excelente, mas também considero que o Porto deveria corrigir pelo menos alguns aspectos, especialmente no critério da objectividade, quer no desenvolvimento das jogadas, quer nas possibilidades de finalização.
Neste aspecto, devo lembrar que na primeira vez que o Paços rematou à baliza, a bola foi à barra!

meirelesportuense disse...

Reparem que os dois amarelos que conduziram à expulsão do jogador Pacense eram "de per si" merecedores de vermelho directo. Nas duas jogadas Jackson ficaria isolado, o jogador que o impede está completamente só, quer na primeira (penaltie e golo), como na segunda situação(livre e golo)!
Em ambas as ocasiões o árbitro decidiu pelo simples amarelo!?!?!?