segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pinhão desmascara Morgado?

«A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou hoje que está "a ler e a analisar" o livro de Carolina Salgado, ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto, e que tomará as medidas que entender necessárias, disse à Lusa.»
in IOL Diário, 11/12/2006


«O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, disse hoje que a equipa de magistrados que irá acompanhar Maria José Morgado na condução do processo “Apito Dourado” ainda não está completa.»
in PÚBLICO, 16/12/2006


«Com pouco (ou nada) mais para investigar no processo "Apito Dourado", o grande desafio de Maria José Morgado consiste na descoberta de novos factos relacionados com a corrupção no futebol e com outros sectores de actividade. (…)
De acordo com o Código do Processo Penal (CPP), após o período em que os despachos de arquivamento podem ser alterados pelo superior hierárquico do procurador que os arquivou ou passado o prazo para a abertura da instrução, os processos só podem ser reabertos mediante "factos novos" que "invalidem os fundamentos invocados no despacho de arquivamento", de acordo com o art.º 279 do CPP. Ora, esta disposição acaba por condicionar a magistrada, que não poderá reabrir inquéritos apenas por não concordar com a decisão. Porém, enquanto procuradora do Ministério Público, Maria José Morgado dispõe de alguma liberdade de acção para considerar que determinada informação que chegou ao seu conhecimento constitui um "novo elemento de prova" e daí partir para a reabertura de um determinado processo.
As expectativas estão muito altas: tendo em conta as várias intervenções públicas que fez e o seu currículo como directora adjunta da Polícia Judiciária para a área do crime económico, a Maria José Morgado exigem-se resultados concretos. Aliás, o facto de ter sido nomeada para coordenar 81 processos que foram espalhados por 27 comarcas torna-a uma "superprocuradora", algo inédito na história da Ministério Público. Por outro lado, Morgado terá uma liberdade pouco habitual no Ministério Público: fazer todas as escolhas para a sua equipa, desde procuradores a inspectores da Polícia Judiciária e até funcionários judiciais.
in DN, 16/12/2009


«Leonor Pinhão foi a "estrela" de mais uma sessão do julgamento que senta Pinto da Costa e Carolina Salgado no mesmo banco dos réus. A ex-jornalista assumiu que ajudou Carolina Salgado e Fernanda Freitas a concluir o polémico livro "Eu, Carolina" durante três dias, numa suite de um hotel de Lisboa, quando o livro já tinha mais de 90 páginas. (…)
A ex-jornalista disse que apenas "dactilografou" e editou o que lhe foi ditado por Carolina e por Fernanda Freitas (versão negada pela mesma, que prestou depoimento antes) "a partir do momento em que é referida a visita ao Papa". Disse também que os advogados da D. Quixote cortaram algumas partes e que em relação ao processo Apito Dourado nada foi escrito que não tivesse, até essa época, saído nos jornais
Eugénio Queirós
in Record, 18/12/2009


Três anos depois da nomeação da “super-procuradora” e da sua equipa especial, Leonor Pinhão foi a Tribunal confirmar aquilo que já se sabia, isto é, o livro ‘Eu, Carolina’ não continha qualquer facto novo e tudo aquilo que foi escrito a propósito do ‘Apito Dourado’ já era do domínio público.
Ora, não havendo qualquer facto novo, ao abrigo de que lei é que a “super-procuradora” reabriu processos que já tinham sido arquivados?
Ou será que Maria José Morgado usou de alguma prerrogativa super-especial para considerar como "novo elemento de prova" factos que já tinham saído nos jornais?

Gostava de ver estas dúvidas esclarecidas, mas é sintomático que nenhum jornalista tenha reparado nas declarações que Leonor Pinhão fez em Tribunal e nas implicações que as mesmas têm nos desarquivamentos ordenados pela “super-procuradora”. Será medo ou incompetência?

19 comentários:

dragao vila pouca disse...

«Ora, não havendo qualquer facto novo, ao abrigo de que lei é que a “super-procuradora” reabriu processos que já tinham sido arquivados?»

Lei da caça a Pinto da Costa...

Um abraço

PMF disse...

Nem é medo, nem incompetência...quer dizer, esta (incompetência), tembém será um pouco (ou muito)!

É sobretudo bajulice, não
conseguir ver o que não se quer ver.

Pedro disse...

Existe um outro facto relevante, que é a versão original do livro. A autora refere em tribunal, na mesma sessão em que Pinhão testemunhou, que a versão original nada tem a ver com a versão publicada.

Portanto das duas uma, ou Pinhão mentiu neste testemunho (e existe uma coisa chamada perjúrio), ou disse a verdade e neste caso trama a sua amiga Morgado.

Seja como for são 2 figuras que não inspiram confiança alguma.

Anónimo disse...

Talvez eu o não tenha entendido bem, caro Pedro, mas quando L. Pinhão diz em tribunal que "editou" o livro está a dmitir que houve alterações ao texto original ("editar", em linguagem do meio editorial significa mesmo isso e não "publicar"). Portanto nesse aspecto não terá mentido, mas de facto, ao dizer que o livro não continha qualquer facto novo, faz levantar a questão de porquê então foi o processo reaberto. Mas eu acho que ela ao dizer que o livro não continha qualquer facto novo está a querer livrar-se de acusações de difamação.

Repare-se só que o tenebroso e gravíssimo Apito Dourado mereceu do PGR a nomeação de uma equipa especial encabeçada pela super-magistrada. Já os pouco importantes casos Freeport e Face Oculta não tiveram direito à mesma atenção da parte dele...

Anónimo disse...

Errata: linha 2 : "está a admitir"

Pedro disse...

David,
"A ex-jornalista disse que apenas "dactilografou" e editou o que lhe foi ditado por Carolina e por Fernanda Freitas (versão negada pela mesma, que prestou depoimento antes)"

Se a Fernanda Freitas negou, então uma das duas está a mentir não? Note-se que a autora original negou que Leonor Pinhão apenas tenha editado o que esta lhe transmitiu, e negou também que a versão original tivesse grande parte dos capitulos que serviram de base ao Apito Dourado.

Não me parece que editar seja criar novos capitulos por sua única responsabilidade. Um editor que eu saiba não coloca 3 novos capitulos numa obra do Saramago...

Anónimo disse...

Sim, eu sei muito bem o que um editor faz e não faz. Os textos é que não são claros. Ou seja: a Carolina ou a Fernanda Freitas dizem que a Pinhão acrescentou texto de sua lavra, é isso?

Anónimo disse...

Eu, Leonor

http://templododragao.blogspot.com/2007/09/eu-leonor.html

Pedro disse...

David,
Por aquilo que li no JN e no OJogo, a Fernanda Freitas negou que o conteudo da sua versão fosse sequer parecido, e que foram acrescentados capitulos.

Claro que não temos forma de saber com certezas quem fala verdade. Mas com o passado da leonor pinhão...

De qualquer das formas todo o processo do livro, mais a acusação baseada no livro estão claramente interligadas. Um deu jeito ao outro quando foi preciso.

E que dizer do marido da MJM... que publicamente chamou PC de corrupto.

Pedro disse...

Adenda: O link do Templo do Dragão tira muitas das dúvidas aqui levantadas.

SecretHell disse...

Alguem sabe se a estrategia do nosso clube passa por colocar em tribunal quem denegriu a imagem do clube como por exemplo fez o Joao Bartolomeu? é que eu nao oiço falar em nada...alias parece me que a "estrategia da estrutura" anda um pouco confusa como o Labaredas ...se calhar estamos tambem á procuras de minas de ouro como as que foram encontradas na 2º circular...

Anónimo disse...

Se alguém pode ou podia processar alguém em relação ao livro é o JNPC e não o clube. Estas audições, aliás, penso dizerem respeito a processos do JNPC contra a Carolina, ou estou enganado?

Pedro disse...

Este é um processo de JNPC contra Carolina Salgado. O clube não está metido em mais nenhum processo.

Existem rumores de que está a ser preparada uma acção da SAD contra o CJ da Liga. Eu pessoalmente já não acredito em tal. Todo este silêncio tem uma razão de ser, mas creio que nenhum de nós chegou lá.

José Correia disse...

Não tenho qualquer dúvida que a Leonor Pinhão "editou", "compôs", "ajeitou" e deu uns "retoques" na versão do livro 'Eu, Carolina' que foi publicada. No meio de toda esta trama era essa a sua missão e ela cumpriu-a.
Contudo, o mais relevante das declarações que prestou em Tribunal não é isso.
O mais relevante foi a Leonor Pinhão, como funcionária da D. Quixote, ter dito em Tribunal que nada foi escrito que não tivesse, até essa época, saído nos jornais.
Isso sim, é que é muito relevante e, num país onde houvesse jornalistas sem medo dos patrões ou do Ministério Público, iria motivar uma investigação jornalística a sério.

Anónimo disse...

Tem toda a razão, José Correia, esse aspecto é, de facto, o mais relevante. Onde estavam então os "novos factos"?

Miguel Magalhães disse...

Acho que é a Leonor Pinhão a sacudir a água do capote.
P.ex. no livro ficamos a saber que a Carolina usava pijamas com ursinhos e o PdC usava e abusava da flatulência. Isso eu nunca tinha lido nos jornais! e talvez a MJM tenha considerado esse um facto relevante.
Quanto ao resto, o processo já cumpriu o objectivo. Denegriu o Porto e o PdC, deu ânimo aos benfiquistas deste país para pensar que não são campeões apenas porque o Bicho Papão não deixa, serviu para a cruzada da Liga contra o Porto, serviu para a Pinhão e o marido fazerem uns trocos com o filme, etc.
O processo foi julgado na Praça Pública e isso basta para quem o "montou".

Pedro disse...

É por tudo isso que o silêncio da SAD me faz confusão. A honra do clube foi afectada, a nossa imagem no estrangeiro, tudo isto serviu de almoço ao cronistas e editores lisboetas.

Gostava de encontrar uma razão racional para este silêncio mas não encontro. Vale que os adeptos não se esquecem.

Anónimo disse...

O silêncio da SAD, nesta e noutras matérias, já se tornou proverbial. É inacreditável.

Carlos Manta Oliveira disse...

"Portantos", não escreveu, apenas dactilografou e editou. Sublinhe-se o apenas. Por outras palavras, não escreveu, mas segurou na caneta...

Já agora, alguém é capaz de explicar o que fez a SUPERprocuradora, antes ou depois do Apito Dourado para merecer esse título?

Que eu saiba esteve destacada para dois processos: a corrupção na Câmara de Lisboa, que pariu um rato, a tal multa de 2000 euros, e graças à cilada do vereador; as fugas de informação no ministério público, este nem um rato pariu. Enfim, para mim de SUPER... rigorosamente nada.