sexta-feira, 7 de março de 2014

O ciclo de Paulo Fonseca

É um ciclo que se fecha. As coisas não correram da melhor forma, mas saio com a consciência de que dei sempre o meu melhor, de forma séria, dedicada e honesta. O futebol é mesmo isto e nem sempre as coisas correm como queremos ou idealizamos. O mais importante é o futuro do FC Porto e as partes chegaram à conclusão, de forma natural, que o melhor seria a minha saída.
Paulo Fonseca, em declarações ao www.fcporto.pt e Porto Canal


Não tenho qualquer dúvida que Paulo Fonseca deu o seu melhor e fez tudo o que estava o seu alcance para ter sucesso no FC Porto. Contudo, é inegável que as coisas correram mal, particularmente nas competições que são (eram) prioritárias: o campeonato nacional e a liga dos campeões.

Há várias formas de analisar os 248 dias de Paulo Fonseca no comando técnico do FC Porto. Uma delas, quiçá a mais relevante, é olhar para os resultados obtidos pela equipa por si orientada. Naturalmente, em todas as épocas há sempre alguns resultados negativos mas, infelizmente para Paulo Fonseca e para os adeptos portistas, a época 2013/2014 já está marcada por diversos números negros, alguns dos quais recordes negativos do historial do FC Porto.

O JOGO, 04-03-2014

00 vitórias em 4 jogos disputados no Estádio do Dragão para as competições europeias (3 jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões e 1 jogo para os 1/16 avos da Liga Europa).

4 – 4 derrotas em apenas 21 jogos disputados para o campeonato nacional.

5 – 5 pontos conquistados em 18 possíveis na fase de grupos da Liga dos Campeões.

7 – 7 jogos consecutivos para as competições europeias (os sete mais recentes) sem uma única vitória (D-D-E-E-D-E-E) e sempre a sofrer golos (2, 1, 1, 1, 2, 2, 3).

7 – 7 situações de vantagens no marcador desperdiçadas pela equipa do FC Porto.

9 – 9 pontos de atraso para a liderança do campeonato à 21ª jornada.

22 – Ao 22º jogo, do histórico de confrontos para o campeonato entre o FC Porto e o Estoril (jogos disputados no Porto), os dragões perderam pela primeira vez na recepção aos canarinhos.

31 – 31 golos sofridos em 37 jogos oficiais disputados (16 em 21 jogos do Campeonato; 1 em 4 jogos da Taça Portugal; 2 em 3 jogos da Taça da Liga; 0 na Supertaça; 7 em 6 jogos da Liga dos Campeões; 5 em 2 jogos da Liga Europa).


54 – 54 jogos após um célebre Gil Vicente x FC Porto (17ª jornada da época 2011/2012), em que os dragões foram derrotados com a “preciosa ajuda” de uma arbitragem escandalosa de Bruno Paixão, o FC Porto voltou a ser derrotado para o campeonato, no dia 30 de Novembro de 2013.

68 – 68% de pontos conquistados em 21 jogos disputados para o campeonato nacional (43 pontos em 63 possíveis).

82 – 82 jogos depois (correspondentes a um período de 5 anos e quatro meses), no dia 23 de Fevereiro de 2014, o FC Porto voltou a perder um desafio para o campeonato no Estádio do Dragão.

O JOGO, 02-03-2014

Se é certo que o ciclo de Paulo Fonseca se fechou, importa agora olhar para o futuro, porque a época 2013/2014 ainda não terminou. De facto, até ao final desta época o FC Porto ainda terá de disputar, pelo menos, 14 jogos (9 para o campeonato, 2 para a Liga Europa, 2 para a Taça de Portugal e 1 para a Taça da Liga). São jogos para ganhar e, se não for possível ganhar, pelo menos que os jogadores honrem a camisola azul-e-branca e sejam uma equipa, uma equipa à Porto!

Ao longo de quase 40 anos a ver futebol, habituei-me a valorizar a qualidade, a competência e o trabalho (sim, no FC Porto a “sorte” deu sempre muito trabalho). Por isso, e embora não espere “milagres” por parte do novo treinador – Luís Castro –, importa salientar que o balanço final da época portista far-se-á em meados de Maio.

16 comentários:

Joao Goncalves disse...

PF fez o que sabe e a culpa não é dele de a corda ter esticado tanto.

Ele mostrou à muito que não tinha dedos para tocar este piano, e foi só a insistência da SAD que acabou, no limite, por desgastar a imagem profissional dele e que até pode vir a ser prejudicial para a carreira dele.

Não acredito que PF venha nunca a ser, um treinador de equipa grande, mas isso só o futuro o dirá mas claramente demonstrou que está muito longe de um patamar técnico/táctico para tal.

Boa sorte para ele e melhor para nós com o Luis Castro

Luís Vieira disse...

O balanço é claramente negativo, principalmente nas duas competições mais importantes nas aspirações do clube: o campeonato e a Champions, como sublinhado. Os vários desaires foram sobejamente destacados, pelo que vou fazer um exercício diferente e referir-me aos aspectos positivos. Em primeiro lugar, a conquista da Supertaça. Mais um título acrescentado ao palmarés do clube e até agora o único atribuído nesta época. Em segundo lugar, o desempenho nas taças: estamos nas meias-finais da Taça da Liga e nas meias-finais da Taça de Portugal, tendo hipótese de conquistar mais 2 títulos. Em terceiro lugar, embora resulte do fracasso na Champions e de uma eliminatória titubeante contra o Frankfurt, o acesso aos oitavos-de-final da Liga Europa, que ainda permite sonhar com a conquista de um título internacional. Por último, o epíteto de melhor marcador do campeonato do Jackson, que apesar de não estar a exibir-se a grande nível, mantém a veia goleadora. São os feitos mais evidentes do treinador, conquanto se apresentem diminuídos face ao insucesso nas provas mais importantes. Nota final para a humanidade demonstrada enquanto desempenhou o cargo. Pode ter falhado enquanto técnico, mas é boa pessoa, deixando boa imagem a esse nível (o mesmo não se pode dizer do Octávio, por exemplo).

DC disse...

O ciclo mais longo e doloroso da minha vida como portista.

Unknown disse...

Que diabo! O verbo HAVER anda pelas ruas da amargura. E ainda dizem desta geração...

Alexandre Burmester disse...

E um meu professor de português juntaria: quem não errar na colocação de vírgulas ganha um chocolate! ;-)

Leandro Santos disse...

Terminou o pesadelo :)

Nuno Leal disse...

Vamos ver se Paulo Fonseca se mantém tão cavalheiro durante os próximos anos e não imite o ingrato do Octávio. Espero que sim. Mas é a par deste último os dois maiores flops de sempre como treinadores que passaram pelo FcPorto. O quinito eu era pequeno mas também foi doloroso ao que parece. O Fernandez na altura não concordei, quiçá terá sido um erro dispensá-lo na altura pelo Couceiro que é compreensível que não tenha feito grande coisa. Que Luis Castro não seja como o Couceiro por favor! Sucesso e bom fim de semana.

Unknown disse...

Não culpe a geração. Porque se formos por aí...

Mário Faria disse...

Os resultados falam por si. Não tinha simpatia por PF quando entrou e fiquei com um enorme respeito quando saiu. Para além da mediocridade dos resultados, ficou ainda um futebol pouco coeso e raramente agradável. Para além da SAD, o FCP tem um director geral e um conjunto de colaboradores que vivem próximo da equipa e que são tidos como profissionais irrepreensíveis. Vivem e respiram futebol todos os dias, ao que consta. O erro é próprio do homem e estou disposto a perceber a escolha de PF.O que não entendo foi esta demora e a tibieza que a estrutura e o nosso presidente demonstraram para decidirem a desvinculação. Porquê? Em princípio, confio na nossa direcção, mas com tão pouca informação credível, como ficar insensível ao que se ouve e escreve e que não são propriamente abonatórias no que respeita à gestão do nosso Porto. PF saiu e tirou um enorme peso dos seus ombros. Ainda há muito a ganhar ou perder, mas a coisa nunca ficará muito bem, em qualquer circunstância. Se os resultados forem positivos, seja lá o que isso signifique nesta altura, Luís Castro vai ser sempre uma pedra no sapato do próximo treinador; se correr mal quem não ficará bem na fotografia é a SAD : vai-lhe ser cobrado o insucesso pelo recrutamento do treinador e pela formação do plantel, e o futuro parecerá mais incerto. Talvez, pela primeira vez na história do seu consulado, o nosso presidente passe a ter um campo de manobra bem mais estreito, dada a “força” do SLB e a “aproximação” do SCP. E isso preocupa-me, insisto,

DC disse...

Tenho menos de 30 anos. Não vivi o jejum de 19 anos.
E não vivi época nenhuma em que perdesse a esperança tão cedo.
Mesmo na época dos 3 treinadores chegamos à última jornada com hipótese de ser campeões.
Na época de Octávio havia Deco. E conseguimos, pelo menos, terminar à frente do 5LB.

Portanto, sim, este foi o treinador que piores sensações me trouxe como adepto.

P.S. o longo aqui (se calhar expliquei-me mal), não é um mensurado temporalmente mas sim no que significou para mim. Nunca estive tanto tempo à espera duma destituição dum treinador, as semanas custavam muito a passar à espera da decisão inevitável.

José Lopes disse...

9 meses nao sao um ciclo. Ja tivemos pior, lembremos os 3 anos sem ganhar o campeonato com futebol fraco em 2000/2001 e 2001/2002 alem do titulo mal perdido em 1999/2000.

Carlos Pincaro disse...

A capa de hoje do jornal a bola bateu o cumulo do ridiculo

Pedro Jesus disse...

Ciclicamente os rivais da capital aparece e desaparecem assim como temos sempre uma época difícil para depois dominar 4 ou 5 anos a seguir.E ultimamente tem dado para ganhar algo lá fora.Pode ser um ano de transição.Não se deve entrar em melodramas por num ano atípico como este ter receio da aproximação do Sporting ou da fuga das galinhas.O Sporting apenas e só tem uma época a correr melhor que esperavam,pois a luta deles seria com o Braga.Os outros não estão melhores,nós é regredimos.

Czarli disse...

Foi um ciclo doloroso, mas nada bate as 2 épocas do "inginhero" e a do Octávio...

Mesmo assim custa-me assumir que o futebol da era PF foi o pior de sempre que vi de azul e branco.

José Correia disse...

"9 meses nao sao um ciclo"

Quem falou em ciclo que se fecha foi o próprio Paulo Fonseca nas suas declarações de despedida.

José Lopes disse...

Pois ele que fale, mas se 9 meses sao um ciclo, entao o Fenandez ou o Couceiro tambem tiveram um ciclo proprio no Porto...