
Das declarações todas a este propósito, apenas entendi pertinente considerar a opinião do Prof. Jorge Araújo, porque me merece toda a confiança e a do responsável pela modalidade no FCP, Fernando Assunção, porque nos diz directamente respeito.
Diz Jorge Araújo que "Em 2000, durante a Taça da Liga, em Portimão, já tinha apontado o dedo a vários sinais que antecipavam este cenário. Mataram o principal fundamento de uma Liga Profissional que é a sua credibilidade", e que não tem grande dúvidas: "Não acredito que o caminho seja revigorar a Liga".
Diz Fernando Assunção que "Defendemos uma competição onde haja clareza e legalidade, pois só na Liga existem contratos com os atletas, seguros de trabalho, segurança social e caixa de providência, o que não acontece nas outras competições e modalidades como é exemplo o voleibol, hóquei em patins e futsal, onde existe um amadorismo encapotado. Os jogadores estrangeiros jogam com vistos de turismo e eles não estão cá a passar férias nem a estudar. Nós apenas participamos em provas onde haja clareza" e que "o FC Porto defenderá com unhas e dentes a competição organizada pela Liga de Clubes de Basquetebol e caso não haja campeonato profissional, então a actual direcção da secção, perante o passado onde foi maltratada pela Federação e pela Associação de Basquetebol do Porto, não participará nessas competições. No limite poderá acontecer o fim do basquetebol no FC Porto"
Parece que a Liga para morrer só lhe falta a extrema-unção. Não há condições para a Liga se manter. É um dado adquirido. Contra factos parece não haver argumentos. Paz à sua alma!
Compreendo algumas questões de princípio aduzidas por Fernando Assunção, por quem nutro o máximo respeito. Apesar disso, parece-me que se excedeu. O que muito estranharia, porque acabar com o basquetebol no FCP é empobrecer o património desportivo do FCP, e por isso, não é uma decisão para ser tomada de ânimo tão leve. Já temos tão poucas modalidades, ditas amadoras, porque acabar sem ir à luta : devemos sentar-nos à mesa das negociações para que um acordo seja possível. Tomada uma posição de força inicial – que até posso entender para firmar a exigência do FCP e alguns dos pressupostos acima transcritos – não se deve afastar nenhuma hipótese ao doente, quando se trata de uma questão de vida : do Basquetebol em geral e da sua continuidade no FCP, em particular.
Esta minha declaração é sobretudo um pedido aos nossos dirigentes para reflectirem bem. Não gostaria de ver o meu clube reduzido ao futebol. Tenho a certeza que a Fernando Assunção, também não, por isso ainda me custa mais a entender esta irredutibilidade. Acima das vaidades federativas e do ego dos dirigentes, estão as instituições. Pela minha parte, oponho-me ao fim do Basquetebol no FCP e confio na capacidade dos dirigentes para firmarem a sua continuidade de forma digna. Devemos dar todos os contributos para que a competição, que vier a sair dessa negociação, sirva melhor a modalidade, seja mais atractiva para os jogadores, os clubes e os entusiastas da modalidade.
Não “perdoarei” ao meu clube o fim do basquetebol, sem esgotar todas as condições para o manter. A sua “morte” só poderia ser entendida se fosse notoriamente preferível a prática da “eutanásia ao doente”, em função da precariedade extrema do seu estado de saúde, totalmente enredado em paliativos que apenas adiariam o seu triste fim. Não creio que a situação seja tão dramática e não quero crer que o FCP se esteja a aproveitar da situação para radicalizar as diferenças, para acabar de vez com o Basquetebol no clube.
Temos uma herança construída por muitos (dirigentes, técnicos e atletas), alguns dos quais são hoje decisores. Não é nenhuma desgraça que num acordo haja cedências mútuas. Não há que fechar portas. Orgulhosamente sós, foi chão que (não) deu uvas. Espero que meditem e que esgotem todos os caminhos e assumam todas as diligências para que a modalidade persista no nosso clube. Ficar-lhes-ia muito grato, a bem do FC Porto.
1 comentário:
Entre as designadas modalidades de alta competição, aquela que sempre gostei mais é o Basquetebol, apesar de o FC Porto ter um melhor palmarés no Andebol e no Hóquei em Patins.
Compreendo o desalento e as declarações de Fernando Assunção, mas nem me passa pela cabeça que, por este motivo, se decrete o fim da modalidade no FC Porto.
Há uma guerra entre a Federação e a Liga de Basquetebol?
Há que combater com as armas que tivermos, mas desistir não é uma opção.
Enviar um comentário