sábado, 12 de abril de 2008

Quo Vadis, Basquetebol?

O basquetebol está em crise. As vitórias, ou melhor, as derrotas das duas equipas mais representativas do campeonato da Liga para uma equipa da Proliga que acabou por se sagrar vencedora da taça de Portugal, vieram demonstrar que o rei o vai nu, e talvez o melhor seja agasalhá-lo numa competição mais equilibrada, que juntaria as melhores equipas que competem nas duas provas.

Das declarações todas a este propósito, apenas entendi pertinente considerar a opinião do Prof. Jorge Araújo, porque me merece toda a confiança e a do responsável pela modalidade no FCP, Fernando Assunção, porque nos diz directamente respeito.

Diz Jorge Araújo que "Em 2000, durante a Taça da Liga, em Portimão, já tinha apontado o dedo a vários sinais que antecipavam este cenário. Mataram o principal fundamento de uma Liga Profissional que é a sua credibilidade", e que não tem grande dúvidas: "Não acredito que o caminho seja revigorar a Liga".

Diz Fernando Assunção que "Defendemos uma competição onde haja clareza e legalidade, pois só na Liga existem contratos com os atletas, seguros de trabalho, segurança social e caixa de providência, o que não acontece nas outras competições e modalidades como é exemplo o voleibol, hóquei em patins e futsal, onde existe um amadorismo encapotado. Os jogadores estrangeiros jogam com vistos de turismo e eles não estão cá a passar férias nem a estudar. Nós apenas participamos em provas onde haja clareza" e que "o FC Porto defenderá com unhas e dentes a competição organizada pela Liga de Clubes de Basquetebol e caso não haja campeonato profissional, então a actual direcção da secção, perante o passado onde foi maltratada pela Federação e pela Associação de Basquetebol do Porto, não participará nessas competições. No limite poderá acontecer o fim do basquetebol no FC Porto"

Parece que a Liga para morrer só lhe falta a extrema-unção. Não há condições para a Liga se manter. É um dado adquirido. Contra factos parece não haver argumentos. Paz à sua alma!
Compreendo algumas questões de princípio aduzidas por Fernando Assunção, por quem nutro o máximo respeito. Apesar disso, parece-me que se excedeu. O que muito estranharia, porque acabar com o basquetebol no FCP é empobrecer o património desportivo do FCP, e por isso, não é uma decisão para ser tomada de ânimo tão leve. Já temos tão poucas modalidades, ditas amadoras, porque acabar sem ir à luta : devemos sentar-nos à mesa das negociações para que um acordo seja possível. Tomada uma posição de força inicial – que até posso entender para firmar a exigência do FCP e alguns dos pressupostos acima transcritos – não se deve afastar nenhuma hipótese ao doente, quando se trata de uma questão de vida : do Basquetebol em geral e da sua continuidade no FCP, em particular.

Esta minha declaração é sobretudo um pedido aos nossos dirigentes para reflectirem bem. Não gostaria de ver o meu clube reduzido ao futebol. Tenho a certeza que a Fernando Assunção, também não, por isso ainda me custa mais a entender esta irredutibilidade. Acima das vaidades federativas e do ego dos dirigentes, estão as instituições. Pela minha parte, oponho-me ao fim do Basquetebol no FCP e confio na capacidade dos dirigentes para firmarem a sua continuidade de forma digna. Devemos dar todos os contributos para que a competição, que vier a sair dessa negociação, sirva melhor a modalidade, seja mais atractiva para os jogadores, os clubes e os entusiastas da modalidade.

Não “perdoarei” ao meu clube o fim do basquetebol, sem esgotar todas as condições para o manter. A sua “morte” só poderia ser entendida se fosse notoriamente preferível a prática da “eutanásia ao doente”, em função da precariedade extrema do seu estado de saúde, totalmente enredado em paliativos que apenas adiariam o seu triste fim. Não creio que a situação seja tão dramática e não quero crer que o FCP se esteja a aproveitar da situação para radicalizar as diferenças, para acabar de vez com o Basquetebol no clube.

Temos uma herança construída por muitos (dirigentes, técnicos e atletas), alguns dos quais são hoje decisores. Não é nenhuma desgraça que num acordo haja cedências mútuas. Não há que fechar portas. Orgulhosamente sós, foi chão que (não) deu uvas. Espero que meditem e que esgotem todos os caminhos e assumam todas as diligências para que a modalidade persista no nosso clube. Ficar-lhes-ia muito grato, a bem do FC Porto.

1 comentário:

José Correia disse...

Entre as designadas modalidades de alta competição, aquela que sempre gostei mais é o Basquetebol, apesar de o FC Porto ter um melhor palmarés no Andebol e no Hóquei em Patins.

Compreendo o desalento e as declarações de Fernando Assunção, mas nem me passa pela cabeça que, por este motivo, se decrete o fim da modalidade no FC Porto.

Há uma guerra entre a Federação e a Liga de Basquetebol?
Há que combater com as armas que tivermos, mas desistir não é uma opção.