quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ainda a prata da casa

Lá como cá, o clube da pós-ditadura deu uma "ensaboadela" ao clube do Regime. Até o resultado foi idêntico: 5-0.

Este Barça joga de facto muito bem, quando querem são um hino ao futebol. Mas há um factor que me parece imprescindível para que assim seja.

O plantel oficial do Barça tem 19 jogadores (7 menos do que o FCP; o Barça socorre-se de jogadores da equipa B para "tapar buracos" no plantel A, aproveitando também para os ir ambientando à equipa principal a pouco e pouco).

Desses 19 jogadores, 10 são "prata da casa" tendo mesmo passado vários anos na formação do clube - nenhum deles chegou ao Barça com mais de 15 anos (ao contrário de por exemplo um Rabiola ou Vieirinha no FCP, que chegaram com 18 ou 19 anos). Isto contra dois no FCP (Ukra e Castro).

Messi, Valdés, Puyol, Xavi, Iniesta, Pérez, Jeffren, Busquets, Pedro e Piqué

Em resumo e dito de outra forma ainda mais relevante, o Barça tem no plantel 9 jogadores que contratou para o plantel A; o FCP tem 24. Quase 3 vezes mais.

Esta é para mim uma enorme vantagem competitiva do Barça. E não o é porque alguns destes 10 jogadores são excelentes (que o são), mas sim porque se não os tivesse teria obrigatoriamente que gastar dezenas de milhões nos passes (e em menor medida, salários) de alternativas vindas de fora.

Por outras palavras: se não tivessem tantos jogadores da casa o Barça já teria sido obrigado há muito a vender Puyois ou Iniestas e não teria tido dinheiro para contratar Villas ou Mascheranos. E duvido imenso que se tivesse sido o caso, teriam equipa para dar 5-0 a este Real Madrid.

Agora eu pergunto: será a matéria-prima catalã várias vezes melhor do que a nossa? Melhor é bem possível, mas assim tão melhor também não que justifique que eles só tenham que ir buscar fora 9 jogadores contra 24 no nosso caso. Para mais, a "barreira" para se entrar no plantel de um Barcelona também deve ser mais alta do que para entrar no nosso.

Haverá, para começar, uma mentalidade diferente. Um jogador da casa no Barça pode passar umas poucas épocas (no início) jogando pouco, vindo uma grande parte dos jogos do banco, que isso é tolerado - e até mesmo visto como normal - naquela casa, afirmando-se mais tarde. No nosso caso o instinto leva antes de tudo a emprestar ex-juniores "by default", e também a ter pouca paciência com um jogador da casa que passe uma ou duas épocas no banco; e melhor apetência por potenciais compras de seniores a outros clubes, muitas vezes especulativas.

Para além disso a prospecção no Barça faz-se acima de tudo em miúdos muito jovens (vidé o CV desses 10 jogadores - mesmo o Messi, sendo o único estrangeiro formado na casa, chegou a Barcelona aos 13 anos), sendo depois "trabalhados" durante vários anos. Já num FCP é mais normal ver-se bastantes jogadores contratados com 17, 18 ou 19 anos. Sem conhecer detalhes, estes dados levam-me a crer que a qualidade do trabalho de formação nos escalões jovens é francamente superior à nossa no caso do Barça. Não sei se será a prospecção e selecção dos putos, ou os métodos de trabalho, melhores treinadores ou outra coisa qualquer (ou uma mistura disto tudo), mas é um caso a analizar nos detalhes por quem de direito. Há que aprender com os melhores.

Finalmente, a questão da equipa B: no Barça os jogadores recém-seniores têm a oportunidade de trabalhar com o plantel A de perto (e mesmo fazendo um jogo aqui e ali), sendo essa a etapa final de formação, tal como dar a oportunidade ao treinador de os conhecer bem pessoalmente. No FCP decidiu-se acabar com a equipa B porque não podia subir à Divisão de Honra, o que considero uma pena: é que assim perde-se aquilo que para mim é a maior razão de ser da equipa B, que consiste nessas oportunidades recíprocas a que agora me referi (muito mais do que ter jogos competitivos, que é o que estava em questão no ponto da subida à divisão de Honra - subida que eu acho que devia ser aceite, diga-se de passagem).

É possível imitar o Barça? Não, não me parece - "imitar", não, as circumstâncias são diferentes. Mas penso que será claramente possível aproximarmo-nos muito mais do modelo deles; digamos, diminuir a diferença de 15 jogadores a mais contratados fora (24 - 9) para menos de 10.

E a desculpa de que temos que apostar na especulação para gerar mais-valias não "cola": também o Barça tem que se bater com clubes com maiores receitas, começando pelo rival interno que acabou de bater por 5-0. Escolheram apenas uma via diferente para o fazer; podiam ter escolhido dispersar o dinheiro disponível para contratações em mais de meia dúzia de jogadores por ano (como nós), em vez de um ou dois, tendo portanto menos jogadores da casa no plantel; e eventualmente vender mais um ou outro jogador em cada defeso.

20 comentários:

Pitágoras disse...

Excelente post.

Francisco Andrade disse...

Convém não esquercer que os putos de qualidade não têm qualquer problema em manter-se no Barcelona, que é dos melhores clubes do mundo e num dos melhores campeonatos.

Já cá, assim que um puto dá nas vistas é rapidamente vendido por valores irrecusáveis (veja-se o caso do Sporting). É dificil manter uma equipa estável, como acontece no Barcelona, porque os jogadores querem sempre dar o "salto" para campeonatos onde se pague mais.

Mas concordo, é possível fazer mais, muito mais, e contratar jogadores como Moutinho e Souza ao invés de apostar no Castro ou no Paulo Machado não ajudam...

Fernando B. disse...

É otimo que se fale deste assunto. Este blog (e mais alguns outros) já nos habituou a abordagens sérias, que nos dizem respeito. Bem hajam...
Gostaria de uma pequena achega, que nos leve a tentar juntar ideias de todos, para que o José Rodrigues possa continuar este trabalho, que o leve a outros post's.
Quero eu então abordar o seguinte:
Todos os anos, dezenas e dezenas de miudos, vão para o Campo da Constituição, de sapatilhas ao ombro, mostrar o que sabem, aprender e jogar, jogar...
Ouvi dizer, que são uma média de 2 centenas os miudos que ano a ano lá vão...
Ou seja, nos ultimos 25/30 anos foram milhares os miudos trabalhados nas Escolinhas, certo?
Que me lembre, destes, só o Jaime Magalhaes foi um jogador de verdadeira dimensão, identico aos jogadores do Barça, acima referidos...
Alguém quer acrescentar algo sobre isto?

Miguel Lourenço Pereira disse...

Excelente post José,

A grande diferença está no nome de um e outro. O Barça consegue manter um Messi, um Thiago, um Iniesta em banho maria porque sabem que já estao no topo. No FCP o que os jogadores querem, legitimamente, é acelarar a evoluçao para ir para um clube de top (e o clube também, para fazer uns trocos).

Assim que um jogador dá sinal de nao dar esse salto imediato é dispensado em empréstimos ridiculos e nao ha espaço para criar essa cultura, unica no mundo pos-Bosman (exceptuando o Bilbao e o D. Kiev). Se naturalmente tivessemos olheiros talentosos capazes de captar miudos tao cedo (como o Moutinho que esteve na nossa agenda em miudo) e mantê-los aí, ou arranjar miudos como o James e deixa-los crescer (como o Pedro Rodriguez, que chegou com 17 anos ao Barça B) entao iriamos no bom caminho.

Mas para onde iam as comissoes dos empresários, os passes alienados, os lucros da SAD, os caprichos dos treinadores e tudo o mais? O problema é mais esse que outra coisa, e é um problema transversal ao futebol portugues. Por isso a cantera do Barça domina as selecçoes jovens do campeao europeu e mundial e a do Porto não se vêm em nenhum lado.

um abraço

Amphy disse...

Caros,

Concordo absolutamente que o plantel do FCP deverá assentar em pilares chave oriundos da sua formação. Obviamente que existe uma grande diferença no "sentir da camisola" entre um jogador da casa e um "estrangeiro" e muitas vezes a força do FCP, o seu factor diferenciador, tem sido a mística.

Em termos económicos e sociais, dado os elevados salários que os futebolistas auferem, julgo que seria preferível apostar em jogadores portugueses, que para além de gastarem, pouparem e investirem em Portugal, ainda promovem o clube junto dos seus meios familiares e sociais. É sabido que o profissional emigrante coloca grande parte dos seus rendimentos no seu país de origem, o que aplicado ao futebol português se traduz maioritariamente na região da América do Sul. (Obviamente que esta é uma questão paralela e de somenos importância para os objectivos do FCP)

Deixo ainda a nota que não considero que caso o FCP nos últimos 20 anos tivesse mais jogadores da casa na equipa de futebol profissional teria mais títulos amealhados. Neste capítulo, a gestão dos êxitos tem sido bem feita.

p.s. - Coincidência ou não, as vitoriosas épocas de Mourinho tiveram uma grande percentagem de jogadores portugueses ou "pré-naturalizados" portugueses no plantel.


Bem hajam.

rogério paulo almeida disse...

É claro que é sempre possível fazer melhor... mas nós não temos capacidade financeira para segurar os nossos melhores jogadores durante muito tempo, nem os formados por nós, enquanto o Barça (ou outro qualquer tubarão) sim... sendo que o próprio Barcelona também já perdeu ou desperdiçou vários... Fabregas e o próprio Piqué que foi para o Man. Utd e foi comprado de volta por Milhões.

Se assim fosse possível, sem dúvida que teríamos em média 3/4 jogadores da casa no nosso "onze" habitual...

Nem o Barça, nem nenhum outro clube com o mesmo poder económico, vai perder jogadores para nós... enquanto nós, por falta de capacidade financeira, estaremos sujeitos à lei do mercado...

Já agora, porquê o exemplo Barcelona? Existem mais de uma vintena de clubes com grande poder financeiro, muito mais do que o nosso, e por que motivo então não comparar esses outros clubes ao nosso F. C. Porto?

O Barça não necessita de gerar mais-valias com a venda de jogadores para competir com os seus adversários. Nós sim, necessitamos de o fazer para podermos estar no patamar em que estamos há já vários anos, com os resultados que se conhecem. Se não fosse esse o nosso tipo de gestão não competiríamos da forma como o fazemos na LC com os resulados habituais que temos. Estaríamos na mediania tal como uns certos "calimeros", e também como uns "encornados" que só "falaciosamente" e de "fachada" não estão, pois se escondem por detrás da mais de uma centena de Milhões de Euros de empréstimos que têm aqui e ali. O patamar "real" do nosso Clube e do nosso País é bem abaixo. A nossa máquina de gestão é que nos faz permitir estar nesse patamar acima das nossas verdadeiras possibilidades.

Fazer melhor é possível. Sempre é possível fazer melhor. Mas é difícil.

Um abraço

José Rodrigues disse...

"não considero que caso o FCP nos últimos 20 anos tivesse mais jogadores da casa na equipa de futebol profissional teria mais títulos amealhados. Neste capítulo, a gestão dos êxitos tem sido bem feita."

Eu diria que no cômputo geral a gestão dos êxitos tem sido bem positiva, mas com uma estratégia mais assente na formação poderia porventura sido ainda mais.

Se vendêssemos ao mesmo ritmo (2 a 3 por ano) e apostássemos um bocado mais na formação (nem que fosse para o banco), teríamos poupado dezenas de milhões em contratações.

Pode-se argumentar q nesse caso alguns dos jogadores que foram muito valorizados não teriam sequer sido comprados. Eu digo que acredito que um ou outro "trigo" possivelmente não teria vindo, certo; mas a grande maioria do "joio" também não - e com o dinheiro poupado podíamos até ter apostado mais forte nas contratações (que seriam em menor número). Ou seja, até haveria mais dinheiro para mais Luchos ou Hulks.

José Rodrigues disse...

"A grande diferença está no nome de um e outro. O Barça consegue manter um Messi, um Thiago, um Iniesta em banho maria porque sabem que já estao no topo. No FCP o que os jogadores querem, legitimamente, é acelerar a evoluçao para ir para um clube de top (e o clube também, para fazer uns trocos)."

Essa é uma diferença entre um FCP e um Barça, mas explica apenas que o FCP vá vendendo na mesma uns 2 (ou 3) titulares por ano: não explica que se prefira comprar quase 10 jogadores por ano, em vez de comprar "apenas" uma mão cheia (e gastando mais em cada jogador) completando o resto com prata da casa.

Aliás, os jogadores vindos de fora em média até estão mais em "pulgas" para dar o salto do que jogadores da casa (em q tb há alguns q o querem).

Além disso tb não explica que não se trabalhe de forma mais eficiente na formação em si: raríssimo (para não dizer inexistente, lembro-me apenas de Tinaia e Zeferino há uns bons anos) é o jogador promissor que dá o "salto" directo da formação do FCP para o estrangeiro, logo não há grande perigo de nos "roubarem" os putos promissores de 15, 16, 17 ou 18 anos.

José Rodrigues disse...

Um pequeno PS...

Um argumento que alguns utilizam para não se apostar um bocadinho mais na prata da casa é a "pressão". Que no FCP os resultados têm de ser imediatos e quer-se jogadores de provas dadas.

Bem, como estou farto de dizer estamos fartos de contratar jogadores sem provas dadas (até suplentes de clubes secundários contratamos, como Guarin ou Benitez).

Mas caso fosse preciso, o Barça demonstra q é perfeitamente possível reconciliar as duas coisas perfeitamente - não só têm ainda mais pressão do q nós, como tb vários dos jogadores da casa q passaram/passam ao princípio pelo banco estão/estavam muito longe de serem predestinados. A maior parte desses jogadores da formação do Barça estavam (aos 20 anos) muito longe de serem Messis...

José Rodrigues disse...

Um pequeno PS...

Um argumento que alguns utilizam para não se apostar um bocadinho mais na prata da casa é a "pressão". Que no FCP os resultados têm de ser imediatos e quer-se jogadores de provas dadas.

Bem, como estou farto de dizer estamos fartos de contratar jogadores sem provas dadas (até suplentes de clubes secundários contratamos, como Guarin ou Benitez).

Mas caso fosse preciso, o Barça demonstra q é perfeitamente possível reconciliar as duas coisas perfeitamente - não só têm ainda mais pressão do q nós, como tb vários dos jogadores da casa q passaram/passam ao princípio pelo banco estão/estavam muito longe de serem predestinados. A maior parte desses jogadores da formação do Barça estavam (aos 20 anos) muito longe de serem Messis...

Zé Luís disse...

José Rodrigues, sem deixar de louvar a pertinência do tema, além de correcta a abordagem e o próprio conteúdo do post, há que realçar a dimensão e a capacidade intrínseca de cada um dos clubes discutidos - e uma tamanha desproporção retira, por fim, o brilho que se pretende impor com argumentação muito razoável.

Percebo que, na base, a preocupação seja a defesa e a promoção do FC Porto. Mas nunca se pode comparar o FC Porto ou qualquer outro clube português com o Barcelona.

Sendo certo e bastante que nenhum Messi, Xavi ou Iniesta e outros tantos não querem, por amor ao clube onde nasceram, e nem vèem melhor para onde ir, como vários comentários bem lembram por aqui, a verdade é que não só o Barça tem poder económico para os manter, além do appeal de estarem num dos dois ou três maiores clubes do mundo, como não necessita de vender quem quer que seja.

O Barça vai receber por ano mais de 100ME só de direitos tv em Espanha, no novo contrato negociado para a Liga espanhola. Fora tudo o resto que implica com o brasão que representa o emblema para a Catalunha, uma das mais prósperas regiões europeias, as receitas da UEFA, o merchandising e tutti quanti, não é por acaso que o orçamento supera os 400ME.

Comparar esta realidade com a portuguesa não é, portanto, válido.

Seria sim comparável a do Barça com a do Real Madrid, de resto os únicos que hoje podem disputar o título espanhol. Por dimensão, por receitas, por marca, por mundialização por tudo social, cultural e politicamente que representam. E, aí, comparar o que é a cantera do Madrid e que produtos de lá saem. Ah, não saem, então porquê?

Fazia sentido essa abordagem, aquela face ao FC Porto peca por exagero ou defeito, consoante o ponto de vista. Mas desproporcionada é seguro.

Sem prejuízo, obviamente, de desejarmos mais produtos da casa na equipa, mas não é fácil chegar a produzi-los, é muito de geração espontânea. E, até chegar a índice de aproveitamento razoável, há que saber viver como se pode e o FC Porto não tem andado mal, como todos reconhecemos. Já tivemos épocas com gente da cantera e é isso que nos faz sonhar, certo. Se poderíamos ter feito mais? Talvez, mas desconheço o alfobre.

Dizem-me que anda lá na Constituição um sobrinho meu, e homónimo, a dar nas vistas aos 9 anos. Dizem-me que é muito bom, porque eu sei que anda lá e as opiniões devem ser dadas por outros. Vamos a ver.
Abraço

eumargotdasilva disse...

Falta só acrescentar ao comentário do Zé Luis - que acho que disse tudo o que eu queria dizer - que as contas do Barcelona, apesar de todas as achegas e do estádio estar sempre cheio, não são nada saudáveis!... Haja mais crise e vamos ver se eles não reformulam a política deles...
E, por último só acrescentar que trabalhar com as camadas jovens não é fácil, e às vezes os miúdos não gostam de se "sacrificar" - se calhar fazem bem - e são mais os que desistem do que aqueles que não são notados...

André disse...

Esqueceste-te do Bojan

André disse...

O Barcelona não é uma Sad, é um clube à-moda-antiga, não tem a necessidade de "apostar na especulação para gerar mais-valias", tem apenas que manter o saldo positivo

Alexandre Burmester disse...

Também a FCP-SAD só tem de se preocupar em "manter o saldo positivo", caro André. Que me lembre nunca distribuiu dividendos pelos seus accionistas.

José Rodrigues disse...

"as contas do Barcelona, apesar de todas as achegas e do estádio estar sempre cheio, não são nada saudáveis!... Haja mais crise e vamos ver se eles não reformulam a política deles..."

Vamos lá a ver se percebi: o aperto financeiro poderá o Barça a... comprar mais jogadores, prescindindo de prata da casa (que é o que está em causa na discussão)??

Expliquem-me lá a lógica disso.

José Rodrigues disse...

"Seria sim comparável a do Barça com a do Real Madrid, de resto os únicos que hoje podem disputar o título espanhol. [...] Ah, não saem, então porquê?"

Exactamente o meu ponto: o Barça tem uma mentalidade diferente de alguns dos seus "peers" (e de um FCP). No Real Madrid há uma tendência por instinto para ir logo ao "mercado" para preencher vagas no plantel (parecida com a nossa); já o Barça aposta na formação, sendo muitíssimo mais criterioso nas contratações, q faz a dedo e em muito pouco número.

Como seria fácil ao Barça cair na tentação de ir muito mais ao mercado, olhando para o Real Madrid... a pressão para resultados imediatos (para mais com um rival como o Real) é igual ou mais alta do que a nossa.

Nada impedia o Barça de seguir uma estratégia mais parecida com a nossa; da mesma forma que nós fazemos em média quase 10 contratações por ano algo especulativas a uma média de 5M€ cada (ou quase), o Barça podia contratar anualmente uma meia-dúzia de jogadores de forma especulativa (mas a uns 15M€ cada, já que tem mais dinheiro). Mas não cai nessa tentação.

Assinale-se já agora que as receitas estruturais do Barça estão para o Real como as nossas estão para o Recreativo: o Real tem uma vantagem anual de dezenas de milhões neste ponto, o que em % de orçamento é parecida com a vantagem q o Recreativo tem em relação a nós (para aí uns 20% de receitas estruturais mais elevadas).

Azulantas disse...

O artigo é bastante pertinente e interessante, mas a comparação entre Porto e Barcelona só acontece em certas nuances ideológicas, já que os contextos sócio-económicos são completamente diferentes.

Só para dar um exemplo, em Messi o Barcelona tem o jogador mais bem pago do mundo, enquanto que o Porto se vai ver à rasca, literalmente, para manter o Hulk, o Moutinho ou o Falcão no plantel .

André disse...

caro Alexandre, parece-me diferente um Clube ter saldo positivo ou negativo no banco, e uma Sad equilibrar as contas através de activos como o passe de jogadores, trespasse de património do clube para a sad, ter um equilibrio de passivo e activo para evitar falências técnicas, ter a obrigatoriedade de ter performances financeiras sucessivas para evitar falência, etc...

São situações de gestão diferentes, não é o pagar ou não dividendos.

ben-u-ron79 disse...

de facto isso é tudo muito bonito, mas só um clube com o nome( €€€) do barça é que consegue segurar jogadores como todos os que atrás foram referidos!além de que ainda à outro detalhe que é necessário ter em conta: vocês acham que o porto tem nome no mundo para combater todos as grandes trutas que andam na prospecção? nem o sporting que é reconhecidamente uma das maiores academias do mundo consegue quanto mais nós! por exemplo o Hulk: o porto consegui sobrepor-se aos adversários por 2 motivos muito simples
- tomou a iniciativa de formar tacticamente um jogador de 22anos que não tinha a mais pequena noção tática;
- achou que 5.5milhoes por metade do passe de um jogador tacticamente inoperante era um bom valor para se arriscar;
felizmente para nós o hulk teve a vantagem de ter trabalhado com um grande formador - jesualdo ferreira - que claramente o fez perceber que sem a cultura táctica associada à técnica, não passaria de um jogador banalissimo.