quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os "porta-vozes"


A propósito do encontro da bluegosfera, um leitor comentou o seguinte (sobre os participantes do encontro, se bem entendi):

«[...]Não cometam o erro de considerar que são detentores da opinião dos adeptos em exclusivo. Existem alguns milhares que seguem o Clube e não se revê em “blogs”»

Bem, penso que o leitor tem toda a razão: basta assinalar que o FCP terá perto de 3 milhões de adeptos (e uns 100mil sócios), e nenhum dos blogues ou fóruns portistas na Internet tem uma audiência superior a poucos milhares, no melhor dos casos. Mesmo presumindo que alguns ecos do que é escrito chega indiretamente a mais uns quantos milhares, estamos a falar de uma pequena minoria do universo portista (ainda que melhor informada e mais militante do que a média).

No que diz respeito ao Reflexão Portista penso que nunca nenhum autor escreveu com a presunção de falar pelo universo portista: aliás, como já foi muitas vezes mencionado nem sequer falam pelo RP, apenas por si próprios ( e acontece frequentemente ver aqui autores a discordar de opiniões de colegas, já agora).

O busílis da questão está em que a participação do universo portista na vida do clube (e não incluo nisto a participação como espectador nas bancadas) é pequeníssima; repare-se por exemplo que as AGs não costumam ter mais do que uns 200 participantes. Ora... penso que a direção do clube tem a sua quota-parte de responsabilidade nisto.

Para pegar num exemplo «quente»:  que fique claro que ninguém tem razão ou deixa de a ter na questão futebol vs modalidades, é uma questão de preferências pessoais (no que me diz respeito preferia que as modalidades recebecem mais um par de milhões/ano em detrimento do futebol, mas respeito como perfeitamente legítima a opinião de quem achar por exemplo que o FCP só se devia dedicar ao futebol e fechar tudo o resto) . Mas sendo uma matéria subjectiva, a preferência da maioria dos sócios seria um dado bem objectivo.

E o meu problema precisamente é que nao se conhecem (ainda que se adivinhem em boa medida) as preferências da maioria dos sócios, que não são consultados nestas matérias (nem informalmente, quanto mais formalmente), muito menos atempadamente, e e' isso que mais critico na direção do clube no que diz respeito a esta questão. É que nem sequer a própria direção está numa posição de poder falar pela maioria dos portistas neste tema!

A direção parece agir amiúde de forma algo autista, passe o exagero; não costuma fomentar o debate, não faz sondagens ou inquéritos entre os sócios (e que fácil e barato que seria fazê-lo hoje em dia com as novas tecnologias), etc - bem pelo contrário, por vezes até desencoraja mesmo esse debate na forma por exemplo como marca e gere as AGs (como excepção positiva à regra geral assinalo terem disponibilizado o auditório JM. Pedroto para o encontro da Bluegosfera , o que é de aplaudir).

Dito isto, um colega aqui do RP acha aceitável que eles tomem as decisões todas que bem entenderem porque... foram eleitos. É uma opinião perfeitamente legítima mas permito-me discordar: as melhores e mais eficientes democracias no mundo sempre foram e sempre serão aquelas em que a democracia é participativa e algo contínua, e em que existem contra-pesos ao poder executivo (o que praticamente não existe no universo FCP), e não onde quem é eleito tem carta branca para fazer tudo o que lhes «der na telha» sem prestar quaisquer contas a ninguém até às próximas eleições, que seriam meros referendos pessoais (o que seria bastante perigoso para o FCP, a meu ver, a partir do momento futuro em que não tivermos ao leme uma figura consensual como Pinto da Costa). Quero um FCP mais parecido com uma Suíça e menos com uma Venezuela ou Rússia, se quiserem fazer um paralelo político.

É do interesse do clube fomentar esse diálogo e participação cívica de forma a não se perder o nível de exigência e sentido auto-crítico, tal como minimizar a probabilidade de que eleições futuras sejam decididas numa base demagógica (como por exemplo eleger o candidato que prometer a contratação mais sonante).

Independentemente disso acho que é de aplaudir o movimento bloguista & forista, e iniciativas como a do passado sábado. O «universo civil» portista não deve ficar sentado à espera de iniciativas do clube e deve-se mobilizar de forma a fomentar esse debate e reflexão, contribuindo (ainda que modestamente) para que os portistas em geral cada vez mais estejam familiarizados o melhor possível com dados e temas importantes do universo FCP (bem para além do «circo» imediato das contratações, etc).

Para terminar: que fique claro que todo e qualquer sócio do FCP tem toda a legitimidade do mundo para opinar e por exemplo votar em AG que mais dinheiro das quotas vá para as modalidades, mesmo que nem sequer goste delas. Para dar um exemplo extremo, um sócio até pode detestar o futebol mas ao mesmo tempo opinar legitimamente que a sua existência (e competividade) é importante para o FCP clube; consequentemente, o mesmo também terá que ser verdade no que diz respeito a quaisquer outras modalidades.

16 comentários:

The Blue Factory of Dreams disse...

Um clube que tem uma pessoa ao leme à décadas, com guerras frias ou quentes em modo permanente, está cheio de bons e maus vícios difíceis de alterar.

A longevidade da liderança e as vitórias no futebol permitem tudo.
Permitem todos os erros, todos os defeitos, até fazem tudo isso parecer virtudes para alguns.

Massa crítica num universo como o FC Porto é um tema complicado, talvez vá sendo menos, é compreensível que quem tanto ganhou e tanto se acomodou ao poder absoluto tenha dificuldade em lidar com críticas mais ou menos simpáticas.

É sabido que a liderança gosta de yes-men´s à volta.
Yes-men´s só por si, por norma, são figuras pouco benignas.
O clima é favorável à criação de extensos rebanhos, onde até os mais rebeldes parecem completamente ao alcance, a história foi dando razão...

É natural que em grande parte dos blogues e fóruns, que representam mesmo uma pequeníssima minoria de Portistas, não deixe de se reflectir o que se passa lá fora...

Mas são meios que estão à disposição de qualquer um, que pode usar como entender, de forma mais ou menos honesta. E cada um é livre de os ler, subscrever ou boicotar.

Aqui, como lá fora, há quem queira dizer o que pensa e quem queira fazer alpinismo.
Há quem queira ser politicamente correcto, há quem se esteja a marimbar para ganhos e populismos, há de tudo.

Mas infelizmente, estamos mais perto da Russia ou Venezuela do que qualquer outro exemplo oposto, até um cego vê isso e não é aconselhável entrar em ilusões quanto a isso...

Não seria bom conjugar o bom desta liderança com o óptimo da pluralidade? Seria.
Mas no entender de quem manda, não seria a mesma coisa, o pior mesmo virá depois.
Mas isso todos sabemos.

Abraço

http://thebluefactoryofdreams.blogspot.pt/

Anónimo disse...

isto de fomentar debates, discursos, sondagens etc.... é tudo muito bonito mas é nos outros clubes com os resultados que todos vemos! toda a gente fala, da opinioes enfim, toda a gente que pertence a um desses clubes julga ter a sua quintinha dentro do clube!
no nosso não é assim... no nosso ha uma pessoa que manda e tudo o resto obedece...e os resultados estao a vista!!! por isso deixem se de tangas e unam se em volta do clube e das pessoas que fazem parte dele para conseguirmos cada vez mais!!!
so mais um comentario... ha que correr do clube com jogadores que tem comentarios que eu como socio nao admito (rolando, alvaro).. se nao conseguirmos vender, equipa B com eles. sem piedade!!! bem sei que somos sad, cotados em bolsa e temos que valorizar ativos mas tenho para mim que a breve trecho isto das sads tambem vao acabar voltando tudo ao inicio, ou seja, clubes!
abraços portistas!!!

José Rodrigues disse...

"isto de fomentar debates, discursos, sondagens etc.... é tudo muito bonito mas é nos outros clubes com os resultados que todos vemos!"

A serio?? Nao vejo em que medida um slb seja diferente do FCP neste aspecto, sinceramente. La' como ca' o auscultar dos socios e adeptos e' minimo a nao existente, pelo q vejo, e o LFV tb tem uma atitude "quero, posso e mando" (alias, suspeito q ainda mais q PdC).

De resto e em geral e' uma falacia querer estabelecer uma relacao causa-efeito entre as duas coisas, como se nao houvesse muitas outras coisas (e mais importantes) q distinguem a gestao de um clube de outro dado clube.

"no nosso ha uma pessoa que manda e tudo o resto obedece..."

Nao se misturem as coisas...fomentar o debate e a auto-critica nao invalida q decisoes finais sejam tomadas por quem de direito, e 99.9% das decisoes no FCP podem e devem continuar a ser tomadas pela direcao.

No Reino Unido o q nao falta e' "focus groups", "whitepapers", lobbies e sondagens mas no fim do dia quem toma as decisoes e' o governo, e em particular o 1o ministro, com a diferenca em relacao ao FCP q o faz com melhor informacao e maior "pulso" do q os seus eleitores querem. Mas quem sabe, se calhar o leitor anonimo considera q o modelo russo e' mais benefico e eficaz...

De resto se eu compreendo ate' certa medida a aceitacao pelos adeptos de um funcionamento algo autista da direcao tendo em conta o grande CV de PdC, gostava de saber se o leitor anonimo defende a sua continuacao quando PdC deixar o FCP... e, caso nao defenda, se acha q se vai conseguir fazer uma mudanca brusca de um dia para o outro.

Nuno Nunes disse...

O FC Porto, desde Pinto da Costa, é um clube gerido de dentro para fora, não o inverso, para o bem e para o mal. E tem corrido muito bem.
Dito isto, o debate, nomeadamente em AG's poderia ser mais fomentado. E a divulgação do agendamento das AG's deveria ser mais transparente.

José Rodrigues disse...

Eu acho muito bem q o clube seja gerido de "dentro para fora" - seja alias com PdC, seja com outro no futuro.

Por exemplo, ha' questoes em q a voz dos adeptos (mesmo sendo um dado interessante de saber) deve ter muito pouco peso - como por exemplo o despedimento ou nao do treinador, ou a venda (ou nao) deste ou daquele jogador. Os dirigentes nao devem andar obcecados com as sondagens.

Mas dentro do conceito de "gerir de dentro para fora" ha' um intervalo ENORME na questao de "grau"; tanto um Hitler como um Churchill geriam de dentro para fora, por exemplo, mas a diferenca entre como o faziam e' enorme.

Nao se perde absolutamente nada e so' se ganha em consultar os socios e convida-los a participar com sugestoes para melhorar (ainda q de forma nao vinculativa) e fomentar as discussoes, principalmente - mas nao so' - em questoes cruciais e de medio e longo prazo (por contraponto 'as questoes do momento no q diz respeito a treinador ou jogador x ou y, q alias ja' sao sobejamente discutidas e nao precisam de ser fomentadas).

A questao do encerramento do basquete parece-me claramente um exemplo de como isso poderia ter sido feito, e nao foi; e e' mesmo uma daquelas decisoes excepcionais e raras em q acho q ha' limites para o "gerir de dentro para fora", e q devem ser decididas em sede propria com os socios (i.e. AG).

Para alem disso ha' ainda as questoes (nao muitas) em q nao interessa por motivos egoistas aos membros da direcao consultar os socios e adeptos (como por ex, a sua remuneracao). Sobre isso nao ha' q ter ilusoes de esperar discussoes fomentadas pela direcao, e devemos tomar a iniciativa nos proprios de o discutir e tentar assegurar q os contrapontos desinteressados existem dentro da "maquina" FCP/SAD (como a existencia de uma comissao de vencimentos verdadeiramente idonea e independente).

Mário Faria disse...

Dizia um deputado europeu, tornado político após a sua participação liderante no levantamento popular, conhecido como “Maio de 68”, que “a democracia acaba onde começa a propriedade privada”. Esse era um tema que daria muito que falar, mas não é disso que vou tratar.

Vou falar da democracia do país comparando com outros países, vou compara a do clube com outros clubes e comparar a da SAD com outras SAD´s e/ou outros modelos de gestão empresarial. Não “vale” misturar as coisas.

Não acho que a democracia portuguesa seja próxima da Venezuela ou da Rússia. Nem creio que o modelo suíço seja tão original, salvo na maior utilização do referendo ao nível autárquico. Temos liberdade, o direito à opinião, manifestação, uma imprensa livre, o escrutínio regular do Governo, a garantia de alternância se essa for a vontade da maioria, o respeito pelos direitos humanos e um “estado social” que alguns dizem esgotado, mas que representa um progresso civilizacional inestimável. Há muito para fazer e melhorar ? Obviamente e, em particular, no excesso de partidocracia que favorece o tráfico de influências ao nível do aparelho do Estado, mais a participação cívica que não raramente se fica pela crítica impiedosa em relação à classe política.

Mário Faria disse...

Quanto ao clube FCP não vejo que se diferencie muito do que acontece nos outros clubes portugueses. Poderia a direcção estar mais próxima do sócio e ser capaz de abrir linhas de comunicação para sentir o seu pulsar ? Talvez? Talvez, através da representação ou da audição dos sócios ? De forma regulamentada ou de modo casual e intemporal ao sabor da sensibilidade da direcção ou da extensão do problema ? No passado, conforme, se pode extrair dos estatutos, competia ao Conselho Desportivo (saído do conjunto de directores do FCP) dar parecer, nomeadamente, sobre a criação ou extinção de secções amadoras. Digamos que foi nesse quadro que sempre se pautou o funcionamento das modalidades amadoras do FCP. Muito mudou, e que saiba este órgão não funciona, pelo menos de forma estruturada. Entretanto, o nosso presidente, desde que tomou o poder, deixou claro que o caminho passava 1) pela total autonomia da gestão do futebol 2) a tendência para a auto /sustentação das modalidades de alta competição. Foi por essa incapacidade que deixamos de ter voleibol, hóquei campo, ciclismo e outras. Nada faria prever, porque nada foi anunciado, que fosse previsível a suspensão da equipa profissional de basquetebol, tal como no passado não o tinha sido para o andebol que esteve em vias de “fechar” não fosse um grupo de ex-praticantes garantir a sua viabilidade. Faltará um programa a que se obrigue a direcção, mas falta sobretudo concorrência.

Mário Faria disse...

Apesar disso, o basquetebol mereceu do FCP um tratamento especial, conforme se pode ler neste texto de autoria do clube : “Após todos estes grandes êxitos, a grande aspiração do Clube foi finalmente concretizada a 30 de Julho de 1997 com a criação da Sociedade Anónima Desportiva (SAD). Foi fundada pelo Presidente do FC Porto, Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa, e pelos Srs. Ilídio Borges Pinto, Dr. Fernando Gomes da Silva, ambos dirigentes do clube de longa data, o Sr. Rui Morais da Silva Duarte e o Dr. António Manuel Lopes Tavares. O grande objectivo da formação desta sociedade é a exclusividade da gestão técnica e financeira da modalidade assim como a participação em competições desportivas de carácter profissional.”
Concluo : o FCP estava “autorizado” a suspender o basquete profissional porque a SAD se extinguiu, porque o presidente e a direcção entenderam que não havia condições para continuar, porque a FPB o mereceu, porque a competição está ferida de morte. A integração do CAB na competição é prova disso. Como é possível ?

Se tudo o que disse atrás justifica o murro na mesa, é para mim claro que os sócios e os amantes da modalidade, treinadores, jogadores e outros colaboradores não mereciam decisão tão radical. Acresce que, pela minha parte, não estou convencido que o FCP esgotou tas as possibilidades de viabilizar a continuidade do basquete profissional.

Mário Faria disse...

Estou, por isso, muito dividido. O que não me parece é que o assunto deva ser dirimido em AG e que por essa via se chegasse a uma decisão mais justa e que dividisse menos os sócios do FCP. Uma AG extraordinária de iniciativa da direcção só se perceberia para receber o apoio expresso da massa associativa, apoio esse que a direcção não duvida e só serviria para caucionar uma matéria em que a decisão lhe compete exclusivamente porque é a direcção que teria de se responsabilizar e assegurar os meios (que sabe serem escassos) para tornar possível uma decisão contrária e que não é sua. Se fosse iniciativa dos sócios poderia ocorrer uma situação limite: a AG decidir pela continuidade de forma relativamente pouco representativa, a direcção não aceitar, demitir-se e provocar eleições. Uma calamidade.

O FCP não é uma empresa, mas nas modalidades de alto rendimento entende-se que tenda para uma gestão empresarial. A continuidade de défices estruturais não tem futuro, como o comprova o estado deplorável do país e o empobrecimento acelerado de muitas camadas populacionais.

O que fazer : não sou capaz de apontar o rumo;
O que espero :

1.Que o nosso Presidente explique e enquadre a suspensão da equipa profissional de basquetebol de forma pública, como pronunciou o director de comunicação no último encontro de bluegosfera;

2.Que os jovens que constituíram o 3º painel desse encontro, tomem a iniciativa de engrossar o número de Amigos do Basquete, uma associação sem estatutos, disposta a ser a locomotiva de um movimento que se bata pelo regresso da modalidade aos palcos principais, no mais curto espaço de tempo.

A SAD é uma entidade privada que se gere de acordo com as práticas do sacrossanto mercado. Assisti a várias AG’s, participei activamente numa ou noutra e foi-me sempre garantido esse direito, bem como o de votar. Se estou entusiasmado com a experiência da SAD, respondo não estou. Porém, estou de acordo com alguns “benefícios” que o Zé Correia apontou.

A FCP SAD não foi um impedimento ao sucesso das modalidades de alta competição, como os resultados desportivos comprovam. A partilha das cotizações que deveria ser alocada por inteiro ao FCP, segundo alguns comentários que li, não corresponde , de facto, à motivação porque um adepto se tornou sócio. O futebol é o produto principal do universo FCP e que 1) mais reforça a fidelidade da continuidade da condição de ser sócio 2) e mais atrai o adepto a adquirir esse vínculo.

Anónimo disse...

3 milhões de adeptos??? Ahahahahahahahahahahahaha

Paulo Marques disse...

"o direito à opinião, manifestação, uma imprensa livre"
Um caso que contraria cada um desses ponos: Sá Fernandes, 2 pessoas detidas por pintarem cartazes, Relvas.

José Rodrigues disse...

Mario Faria disse: "Vou falar da democracia do país comparando com outros países, vou comparar a do clube com outros clubes e comparar a da SAD com outras SAD´s e/ou outros modelos de gestão empresarial. Não “vale” misturar as coisas."

CLARO que vale, principalmente clubes e SADs. Ate' porque nas competicoes europeias (e nacionais) as equipas jogam umas contra as outras independentemente de umas serem SADs, outras clubes (a maioria) e ainda outras propriedades privadas de um individuo.

Em particular, nao faz sentido que haja grandes diferencas na estrategia de comunicacao com os adeptos (e socios) de um clube q nao tem SAD por um lado, e de uma SAD em q o clube manda indiretamente pelo outro. Isso sao "cantigas" de quem quer fazer como bem lhes dar na telha sem ter a "chatice" de ter q aturar os socios, como no exemplo de se recusarem terminantemente a falar da SAD nas AGs do FCP clube.

O futebol e' o principal "activo" do clube e o principal interesse dos socios, q mandam no clube q por sua vez manda na SAD (ainda q sem poder absoluto), e e' portanto ridiculo argumentar a "separacao total das aguas". Para pegar num exemplo empresarial: experimentem dizer aos accionistas de uma empresa-mae de um grupo cujo maior investimento esta' numa sub-empresa q para falar dessa sub-empresa tem q ir as reunioes de accionistas da tal sub-empresa, experimentem... e digam-me q resposta e' q vao ter.

Quanto aos paises, o paralelo no contexto em q o mencionei faz tambem sentido, sim senhor. Tanto os paises como os clubes tem eleitores com quem podem e dever interagir (em certa medida) para alem das mesas de voto.

José Rodrigues disse...

"Não acho que a democracia portuguesa seja próxima da Venezuela ou da Rússia."

Nem ninguem disse o contrario. Alias, pessoalmente acho q esta' muitissimo mais proxima da Suica do q desses paises. Mas qual a relevancia disso para a discussao?

"Nem creio que o modelo suíço seja tão original"

Nem ninguem disso o contrario. Foi dado apenas a tipo de exemplo de uma democracia participativa e com "checks & balances" (ao contrario dos outros 2 exemplos, no campo oposto). Disse Suica como podia ter dito Reino Unido, Franca, Holanda ou Alemanha (ou ate' mesmo Portugal, em menor medida).

José Rodrigues disse...

"A SAD é uma entidade privada que se gere de acordo com as práticas do sacrossanto mercado."

???!

Qual "sacrossanto mercado", ao certo? Nao vejo qual.

Nao e' por acaso q temos uma SAD e nao uma SA. A SAD e' um animal especial q em algumas coisas se rege pelas praticas de mercado (da lei da oferta e da procura) e outras em q isso nao se aplica de todo (por ex a renda a pagar ao clube pelo estadio ou a % de quotas a receber do clube).

José Rodrigues disse...

...alias, se a SAD se regesse pelas praticas de uma SA os administradores ha' ja' muito tempo q tinham sido despedidos, ja' q o shareholder return e' totalmente miseravel (zero dividendos e acoes a perder mais de 90% vs o valor inicial).

O facto de q isso nao so' nao aconteceu como nem sequer faz sentido demonstra so' por si q as praticas normais de mercado nao se aplicam numa SAD.

José Rodrigues disse...

"A partilha das cotizações que deveria ser alocada por inteiro ao FCP, segundo alguns comentários que li, não corresponde , de facto, à motivação porque um adepto se tornou sócio."

Isso da distribuicao das quotas e' uma materia totalmente subjectiva em q o q interessa e' nao so' a fonte de motivacao para se inscrever como socio como o *custo de oportunidade*.

Eu explico a segunda parte: o ponto e' q um euro no futebol nao tem o mesmo peso ou eficacia q nas modalidades.

Se tivesse eu ate' seria o primeiro a defender a parte de leao para a SAD (onde, convem nao esquecer, so' temos 40%, estando portanto em certa medida a "dar" a outrem 60% do valor transferido do clube para a SAD), mas o facto e' q nao tem: centenas de milhares de euros a mais ou a menos fazem TODA a diferenca do mundo entre ganhar titulos ou andar pela 2a divisao num basquete, mas nao faz qualquer diferenca no futebol.

E' por isso demagogico a meu ver acenar com o fantasma de uma direcao poder se demitir se os socios decidissem em AG enviar 1 ou 2 milhoes a menos de quotas por ano para a SAD. Iria a direcao argumentar q nesse caso nao teria as minimas condicoes para lutar pelos objectivos no futebol? Please...