segunda-feira, 4 de outubro de 2010

“Cruzadas” mediático-justiceiras anti-Porto (V)

«Há uma semana, O Independente noticiou a possível acusação de Pinto da Costa no caso da viagem ao Brasil do árbitro Carlos Calheiros. Rádios, jornais e televisões deram o devido destaque à notícia e o presidente do FC Porto esteve mais de meia hora no Telejornal da RTP 1. A Polícia Judiciária ficou muda e queda.
Uns dias depois, o procurador-geral da República vinha a público anunciar um inquérito a eventuais violações do segredo de justiça.
Ontem, depois de vários dias de investigação, o DN fez a seguinte manchete: «Pinto da Costa ilibado no caso Carlos Calheiros». E isto porque o DN acompanhou o desenvolvimento das investigações e o resultado da análise aos documentos entregues por Pinto da Costa no momento em que foi interrogado nas instalações da PJ no Porto.
Muito zelosa, e provavelmente com medo do inquérito de Cunha Rodrigues, a Judiciária tornou público um comunicado em que acaba por não desmentir - nem confirmar - a manchete do DN.
O pior foi depois. Com base nesse comunicado, assistiu-se a um autêntico festival de analfabetismo militante de jornais, rádios e televisões, com a honrosa excepção da RTP 1. Para esses órgãos de comunicação social, do comunicado da PJ poderia concluir-se que a notícia do DN não era verdadeira ou, numa versão mais inocente, que a Judiciária desmentia a nossa manchete. Uma televisão chegou mesmo a cometer o seguinte disparate: enquanto o pivô afirmava, com ar sério e convencido, que a PJ desmentia a manchete do DN, a peça dizia o contrário. A outra TV da nossa praça, que normalmente sabe de tudo à custa do trabalho dos outros e nunca se preocupa em os citar, atirou com um «desmente o DN» cheio de satisfação e orgulho.
Quando polícias e analfabetos povoam este país, o mundo está mesmo perigoso.»
António Ribeiro Ferreira (director adjunto do DN)
in DN, 31/01/1997

1 comentário:

K disse...

E esta, hein?
O VB já é reconhecido internacionalmente. Nunca o cavalo branco do Kadafi dos Pneus alguma vez mereceu tal referência, nem merecerá de certeza.