quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Síndroma "quero sair"?


A exibição de Fucile no Vitória Guimarães x FC Porto teve vários momentos que foram marcantes pela negativa:

23': Permite o cruzamento à vontade de Bruno Teles e Toscano falha à boca da baliza o que poderia ter sido o primeiro golo do jogo.

55': Possível grande penalidade por marcar (em abono do árbitro diga-se que só com recurso à câmara contrária é visível que Fucile agarra Edgar pela camisola).

63': Mal posicionado, Fucile procurou chegar com o pé a uma bola que vinha alta (inclusivamente correndo o risco de cometer penalty), mas falhou e Faouzi marcou o golo do empate.

72': Bola perdida, na área, por Fucile para Bruno Teles. Do cruzamento subsequente não sai o desvio por milagre.

79': "Esquecendo-se" que já tinha um cartão amarelo, teve uma entrada por trás sobre Faouzi pisando-o nos gémeos. Inevitável segundo cartão amarelo e consequente expulsão.

Na realidade, o início de época deste internacional uruguaio tem sido tudo menos brilhante e o desempenho em Guimarães fez-me lembrar a sua desastrosa exibição no Emirates Stadium, em 9 de Março, quando esteve envolvido em 4 dos 5 golos marcados pelo Arsenal.

É caso para perguntar: por onde anda o jogador que, em Julho passado, foi eleito pela Gazzetta dello Sport para o onze ideal do Mundial 2010?

O Fucile não é um portento de técnica e muito menos um predestinado para o futebol, mas por onde anda o jogador que "parece que nasceu entre a Sé e a Ribeira"?

Sou um admirador de Fucile e já aqui defendi que deveria ser ele a ostentar a braçadeira de capitão, mas este início de época e, particularmente, este último jogo fazem-me pensar se, depois de um Mundial em grande e do apregoado interesse de outros clubes, ele não estará a sofrer do síndroma "quero sair"?

O síndroma "quero sair" traduz-se em jogadores com o corpo no Dragão mas a cabeça noutros sítios e, na maior parte dos casos, tem reflexos no nível exibicional desses jogadores. Foi o caso de Bruno Alves e Raul Meireles na época passada, como já tinha sido de Maniche e Derlei na época 2004/05 e de McCarthy na época 2005/06. Normalmente, este problema resolve-se com uma renovação do contrato e consequente aumento do salário mas, por vezes, isso não é suficiente (veja-se o caso do Bruno Alves).

Não há problema, dirão alguns, o Sapunaru está na sua melhor forma desde que chegou ao FC Porto e tem dado conta do recado. Pois, mas o Fucile é um jogador de outra dimensão que, estando em boa forma, é uma mais-valia para a equipa. E é isso que é preciso, um Fucile de volta ao seu melhor, 100% concentrado no jogo e com garra para dar e vender.

10 comentários:

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

Fui dos que achou que a prestação do Fucile no Mundial (e na época em geral) foi altamente sobrevalorizada. Não me esqueço do jogo em Londres nem de muitos outros disparates perdidos por aqui e por ali. Desde o Bosingwa que não temos um lateral direito seguro a defender e a atacar e o Sapunaru, por muito certinho que seja, tem imensas limitaçoes para uma equipa do nivel do FCP. É, claramente, o ponto mais débil da nossa defesa e a tentativa de fazer do Miguel Lopez o novo F. Coentrao nao funcionou. É uma zona onde urge reforçar-se bem nas proximas aberturas de mercado.

Quanto ao sindrome, é normal, há jogadores com pouca cabeça que se entusiasmam por pouco. Acreditar que algum clube ia pagar milhoes pelo Fucile é acreditar que é Natal todos os dias. Casos como o do Cissokho são pérolas num longo oceano. Esperemos que acente a cabeça, pelo menos até sair.

um abraço

fiona bacana disse...

Eu sou, como é conhecido, franca adepta de Jorge Fucile. Não me custa, no entanto, reconhecer q nesta fase (em q o jogo de Guimarães foi a materialização) não está na melhor forma. E sim, é possível q o síndrome "não saí" esteja a afectá-lo, como afectou tantos outros antes dele: Alves e Meireles mais recentemente.

Não confundo, no entanto, momentos de forma com valor absoluto. Aliás, sou a primeira a admitir que Fucile não é um portento; simplesmente a concorrência não é melhor. E se Sapu até fecha melhor junto aos centrais, a sua debilidade (até pela sua morfologia)são as movimentações ofensivas. Do ponto de vista das "paradinhas cerebrais", Fucile tem as suas e Sapu também.

Bottom line: os laterais direitos do FCP são, nesta altura, a maior debilidade do plantel (isso e o 3º PL).

Do que conhecemos de Fucile, acho, no entanto, q o mais provável é q o sentimento de q o FCP perdeu pontos em Guimarães por causa dele (e sim, na minha opinião, foi) funcione como catalizador de motivação e vamos voltar a ter o Jorge Fucile que "nasceu entre a Sé e a Ribeira" .

cumps

Fernando B. disse...

Fucile é sem duvida um jogador especial... Isto no sentido de precisar de acompanhamento individual, para estar bem, com a cabeça no sitio, acarinhado, etc... Há jogadores assim... querem outro exemplo? Postiga. No dia em que tiver um treinador, para não falar em portugueses, tipo Guardiola ou Arsene Wenger, estes jogadores sobem 50%... Pode não chegar para serem Messis claro, mas que crescem... Assim como Ibson e outros...

Rui Pedro disse...

A minha opinião sobre o Fucile foi sempre a mesma: É demasiado confiante e depois só faz asneira a lateral direito. Quando joga na esquerda, concentra-se mais e faz muito melhor exibições (tal como no Mundial).
Abraços a todos

Nuno de Campos disse...

Um lateral que sobe precisa de um médio ou de um extremo que compense. Essas compensações estão asseguradas para o lado esquerdo, com João Moutinho e Varela a precaver as constantes subidas de Álvaro Pereira. Mas nem sempre acontece o mesmo com Hulk e Beluschi quando juntos na direita, visto que são jogadores intermitentes nas tarefas defensivas. Com Jesualdo Ferreira era Fernando o incumbido de compensar a subida do lateral. Este ano Fernando tem funções diferentes. A selecção do Uruguai jogou sempre com duplo pivot defensivo.

Em situações de inferioridade o Sapunaro perde agressividade, tende a encostar ao central e a deixar de apoiar o meio campo, retraindo-se a equipa. O Fucile tende a tomar riscos e jogar no limite, e por vezes não fica bem na fotografia.

Criticar um só jogador é esquecer que o futebol é um jogo colectivo. Nenhum lateral sobrevive em inferioridade numérica. Cabe ao treinador fazer com que cada jogador tenha a possibilidade de brilhar no colectivo, e não dar a nenhum tarefas que não pode desempenhar.

José Correia disse...

Nuno de Campos disse...
"Um lateral que sobe precisa de um médio ou de um extremo que compense"

Sem dúvida, mas a má forma actual do Fucile e, particularmente, a exibição que fez em Guimarães não é explicada por um menor apoio que ele tenha recebido de outros jogadores.

Di disse...

Fucile por mim acabaram os teus erros...

"Não me esqueço do jogo em Londres(NÃO ME ESQUEÇO MESMO) nem de muitos outros disparates perdidos por aqui e por ali." concordo em pleno com o ZÉ Miguel

Nuno de Campos disse...

José Correia, reveja o primeiro lance descrito no artigo e descubra onde se encontram Hulk e Beluschi, e veja que Fucile tem que se haver com 2 adversários.

José Correia disse...

@Nuno de Campos
É verdade que no primeiro lance que refiro no artigo o Fucile está desamparado. Mas não foi por falta de apoio que ele cometeu os erros que estiveram na origem do golo do Guimarães, da sua expulsão e de um possível penalty por assinalar.

Nuno de Campos disse...

E o desgaste de jogar sem apoio durante uma hora não leva a erros?
A intermitência defensiva do nosso lado direito ofensivo (quando Hulk e Beluschi lá estão em simultâneo) tem sido um problema por resolver. Fala-se dos laterais, sem se perceber qual a verdadeira causa dos desequilíbrios. Tem-se até criticado o Álvaro em lances em que os centrais basculam para suprir inferioridade numérica na direita e se sai o cruzamento o Álvaro fica com um latifúndio de responsabilidade ao segundo poste.

O Fucile pode não estar tão bem como no ano passado, a maioria dos jogadores que fazem um Mundial como o que ele fez, não recuperam a tempo do início da época seguinte. Agora culpar um defesa por uma derrota parece-me simplista.