sábado, 19 de março de 2011

JVP e o sorteio da Liga Europa


«Ao jogar com o Spartak no Estádio Luznikhi, os jogadores portistas vão reencontrar um problema extra: a relva artificial. O FC Porto revelou grandes dificuldades a adaptar-se à relva sintética no jogo com o CSKA em Moscovo, sobretudo na primeira parte. Alguns jogadores, de resto, assumiram isso mesmo e pode ser um problema grande. Em Moscovo, o FC Porto não conseguiu dinamizar o seu futebol nem desequilibrar nos duelos individuais porque a bola prendia. O terreno de jogo é um factor que pode desequilibrar uma eliminatória, uma vez que não há igualdade pois alguns jogadores passam anos sem pisar relva sintética. Nela, a bola prende mais e salta mais, tornando o futebol mais lento e de menor qualidade. Além disso, o FC Porto estará perante um adversário que provou estar forte nesta altura ao ganhar os dois jogos com o Ajax, pelo que terá dificuldades a dobrar: a relva sintética e o valor da equipa russa.

O Benfica é, das três equipas portuguesas, aquela que tem melhores hipóteses de seguir em frente. Ter o PSV como adversário deve ser encarado como positivo, sobretudo se o Benfica conseguir explorar tão bem como habitualmente as transições rápidas. As equipas holandesas, tradicionalmente, arriscam bastante e não são muito rigorosas em termos defensivos. Tornam-se adversários complicados quando se encaixam e têm a posse de bola mas desorganizam-se muito e costumam dar espaços no seu meio-campo. Ora este é o tipo de característica do adversário que melhor serve o futebol do Benfica. A maior prova de que o PSV não é uma equipa temível é ter ganho somente pela margem mínima ao Rangers, que não é um conjunto forte e teve muita sorte na eliminatória com o Sporting.»


Sem facciosismos despropositados e revelando um conhecimento muito grande acerca do que fala, João Vieira Pinto tem demonstrado ser um dos melhores comentadores do futebol português, isto sem precisar de recorrer a linguagem à la Freitas Lobo.
A sua análise completa ao sorteio da Liga Europa pode ser lida aqui.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

7 comentários:

Pedro disse...

Acrescento, o melhor comentador. Uma enorme surpresa, no discurso, na imparcialidade e no conhecimento do futebol.

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

NUNCA morri de amores por João Pinto enquanto jogador, não porque o não considerasse um fora-de-série, mas pelas suas simulações de faltas, sobretudo dentro da área, falseando com essas burlas os resultados de muitos jogos e a expulsão injusta de muitos colegas de profissão, para além da sua antipatia para com o FCPorto e Paulinho Santos.

Como comentador, João Pinto, é sensacional. Lúcido nas análises, conhecedor, ponderado e sublimamente IMPARCIAL. Uma revelação surpreendente.
Em relação aos relvados sintéticos, dizia J. Pinto no jornal "O Jogo", em 11.3.:
"A bola prende, salta mais, no drible não anda, tropeça-se nela, a sensibilidade do toque é completamente diferente e a precisão do passe não existe. Há mais contacto físico".
Fala quem sabe. E João Pinto sabe do que fala.

Daniel Gonçalves disse...

R.M. Siva da Costa disse:"para além da sua antipatia para com o FCPorto"
Há uns anos atrás - penso que logo após abandonar a carreira de jogador - João V Pinto afirmou que na infância e na adolescência era um admirador do FC Porto. Não fosse o caso de ter ido jogar para o SLB e teria demonstrado o seu portismo.

Jorge disse...

Eu discordo parcialmente da analise sobre relvados sinteticos ja que jogo frequentemente em relvados sinteticos.
O piso nao e mais duro, ja que normalmente ha camadas de material que absorbem o choque. O maior problema e que e bastante diferente do relvado natural, e tambem ha bastante diferenca entre um sintetico molhado e um seco, o que significa que a forma de jogar, tanto em termos de passe como de drible, tem de ser diferente.
Para quem esteja habituado aos dois nao ha grandes problemas, para quem esteja habituado a jogar so num dos tipos a transicao nem sempre e facil.
Quem tera mais problemas num sintetico seco sao jogadores, como o Hulk, que gostam de fazer rotacoes e mudancas de direccao acentuadas ja que isso poe grande pressao sobre as articulacoes que nao estando preparadas se ressentirao.

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Daniel Gonçalves:
Não duvido. João Pinto nasceu no Porto, não terá cumprido o seu sonho de jogar no FC Porto e, quando saiu do benfica, teria estado próximo de preferir o Porto ao Sporting.
Mas os actos prevalecem sobre as intenções e não se apagam com facilidade.
Mas continuarei a ser seu fã dos seus excelentes comentários.

Fernando B. disse...

Sem qualquer duvida, JVP era digamos, simpatizante portista em miudo... mesmo o facto de não ter sido aceite nas Escolinhas do FCP (segundo me dizem pessoas crediveis), o que o virou foi o facto de nessa altura haver já grande rivalidade entre nós e BFC...isso sim ! Nos Mouros a coisa refinou, mas é muito bom tipo, e realmente respeito muito os comentários dele. Ah ! e a mulher dele é linda !!!

José Rodrigues disse...

"As equipas holandesas, tradicionalmente, arriscam bastante e não são muito rigorosas em termos defensivos. Tornam-se adversários complicados quando se encaixam e têm a posse de bola mas desorganizam-se muito e costumam dar espaços no seu meio-campo."

Quantos jogos do PSV é q o JVP viu esta época?

Isto de fazer generalizações a partir de experiências pessoais no passado parece-me bastante abusivo. Cada equipa é uma equipa, e deve ser analizada 1) individualmente e 2) no presente.

O q diríamos se na Holanda tivéssemos um Koeman a aplicar comentários tb generalizados ao slb, do género "as equipas portuguesas tradicionalmente são isto e aquilo [...]"?

Provavelmente ríamo-nos, porque sabemos q o slb é diferente do FCP q é diferente do SCP, e o FCP deste ano é diferente do FCP do ano passado e de há 5 anos.

Nisto o JVP esteve bastante mal.

PS - diga-se de passagem q o PSV tem uma média de golos sofridos por jogo semelhante à do slb.