sexta-feira, 15 de maio de 2015

Tirar a gravata e arregaçar as mangas

«Vítor Pereira nomeou um árbitro internacional para o Guimarães-Benfica, no caso Artur Soares Dias, mantendo o critério que já tinha utilizado aquando do Guimarães-Sporting, arbitrado por Hugo Miguel. Curiosamente, ou talvez não, no jogo Guimarães-FC Porto, logo nas primeiras jornadas, o mesmo Vítor Pereira nomeou Paulo Baptista, um árbitro que tinha sido despromovido e por uma questão administrativa reintegrado no quadro principal.

E o que acontece a um árbitro despromovido que é reintegrado por uma questão administrativa? É nomeado para um jogo entre os dois primeiros da classificação de então, comete erros atrás de erros, em prejuízo de uma equipa, no caso o FC Porto, com clara influência no resultado, e o senhor Vítor Pereira finge que não é nada com ele. Mas é.

Vitória Guimarães x FC Porto, golo anulado a Brahimi

Vitória x FC Porto, Tribunal de O JOGO

Para completar a incoerência – se calhar até é coerência – de Vítor Pereira, para o Belenenses-FC Porto foi nomeado Rui Costa, o mesmo árbitro que apitou malzinho o Belenenses-Benfica e que anteontem teve nota máxima na carreira de tiro, ao acertar na mouche nos amarelos aos jogadores do Guimarães. O seguro morreu de velho e manto maior do que este não há
Dragões Diário, 13-05-2015


A Dragões Diário é uma boa iniciativa do Departamento de Comunicação do FC Porto e acho muito bem que, nos últimos dias/semanas, através desta newsletter diária, seja posto o “dedo na ferida” da arbitragem, das nomeações, das “amizades”, etc.

O impacto mediático destas denúncias tem sido notório, sendo várias as referências nos jornais, rádios e televisões. E, inclusivamente, algumas motivaram respostas de incómodo/irritação (ver reacções de João Gabriel e Carlos Pereira).

Capas de jornais com referências à Dragões Diário

Infelizmente, para efeitos práticos neste campeonato fraudulento, é tarde demais.

A propósito da nomeação de Paulo Baptista (e do auxiliar Valter Rufo!) para o Vitória Guimarães x FC Porto recordo que, no próprio dia desse jogo fraudulento, eu escrevi o seguinte:

«Há 40 anos atrás, o grande José Maria Pedroto, que nunca teve medo nem papas na língua, denunciava, e muitíssimo bem, os roubos de igreja de que o FC Porto era alvo.
Hoje, no final de uma autêntica roubalheira em Guimarães..., perdão, de um "jogo muito bem disputado" em Guimarães, os jogadores do FC Porto foram, amistosamente, cumprimentar os senhores de vermelho e, quer na flash interview, quer na conferência de imprensa que se seguiu, o treinador do FC Porto, muito compreensivo, disse que os árbitros se equivocaram, mas que ele também se equivoca todos os dias.
Eu não sei o que a estrutura do FC Porto disse ao senhor Lopetegui, mas se vamos fazer o papel de bons rapazes, se vamos levar e dar a outra face, digo já que podem esquecer o campeonato porque, assim, não vamos lá

O artigo completo (‘Os homens de vermelho’, publicado a 14-09-2014) e os respectivos comentários (alguns muito interessantes…), pode ser (re)lido aqui.

E porque pressentia que a arbitragem iria ser (como foi) decisiva na atribuição do título de campeão desta época, no dia seguinte voltei ao tema e escrevi:

«Vejo com muita preocupação este silêncio de Pinto da Costa, de Antero Henrique e da estrutura do FC Porto.
O que ganhamos em ser bem comportados e compreensivos com os sucessivos “erros” das arbitragens?»

Quem quiser, poderá (re)ler esse artigo (‘Em memória de Pedroto’, publicado a 15-09-2014) aqui.


Paulatinamente, desde o tempo em que Cunha Leal foi colocado na Liga até às mudanças estruturais que culminaram com o regresso da Arbitragem e da Disciplina à FPF (leia-se, a Lisboa), os encarnados passaram a ter um controlo total sobre o Sistema e, particularmente, sobre o sector da arbitragem – árbitros, elementos que nomeiam os árbitros, observadores dos árbitros, avaliação, classificação e (des)promoção de árbitros.

Perante esta situação, que tão cedo não irá sofrer alterações, se o FC Porto quiser ter hipóteses reais de disputar o título de campeão nacional da próxima época, os seus dirigentes terão de mudar de postura, terão de tirar a gravata e arregaçar as mangas e, particularmente, terão de ser ativos nas denúncias, falando alto e bom som desde o primeiro dia.

Porque, se há coisa que esta época provou de forma inequívoca, é que, para ganhar campeonatos em Portugal, deixou de ser suficiente ter melhores jogadores e melhor equipa.

13 comentários:

jnporto disse...

A verdade pura e simples dos factos, face à armação que por aí vai e que subverte o mundo da bola português. Muito bem, Sr. José Correia. Subscrevo inteiramente. Abr

J.P. Gonçalves disse...

Digam-me só uma coisa, sff : sendo esta jogada um erro de arbitragem, é compreensível o erro do fiscal de linha ou não? Neste lance e em muitos outros lances semelhantes que acontecem às dúzias durante um campeonato? Ver a imagem parada na televisão é uma coisa, lá no copo é outra. Erros vão sempre existir. Quando o fiscal de linha no célebre SLB-FCP do golo do Maicon, não viu que ele estava fora de jogo numa bola parada, foi o quê? Propositado? Não propositado? Até era mais fácil de ver que este é muitos outros que estão sempre a acontecer... Querem tirar o erro do futebol? Acabem com os árbitros e inventem máquinas que analisem todos os pormenores dentro do relvado. O carro sem condutor da Google já fez milhares de kms sem acidentes. Encomendem-lhes árbitros virtuais, eles serão capazes de os produzir. Ou então acabem com o futebol...

José Correia disse...

Será que os benfiquistas sabem, que em lances deste género e "em muitos outros lances semelhantes que acontecem às dúzias durante um campeonato", os árbitros têm instruções expressas da FIFA para dar o benefício da dúvida a quem ataca e não interromper a jogada?

Claro que sabem.

José Correia disse...

«Quando o fiscal de linha no célebre SLB-FCP do golo do Maicon, não viu que ele estava fora de jogo numa bola parada, foi o quê?»

Será que os benfiquistas sabem, que em lances deste género e "em muitos outros lances semelhantes que acontecem às dúzias durante um campeonato", os árbitros têm instruções expressas da FIFA para, em caso de dúvida, dar o benefício da dúvida a quem ataca e não interromper a jogada?

Claro que sabem.

José Correia disse...

Será que os benfiquistas sabem, que os árbitros auxiliares que anularam golos (interromperam jogadas que terminaram em golo), nos jogos Boavista x SLB, Nacional x SLB e SLB x Rio Ave, fizeram o contrário do que a FIFA recomenda para jogadas deste género?

Claro que sabem.

José Correia disse...

No Vitória Guimarães x FC Porto, para além do golo anulado a Brahimi, ficaram dois penáltis por assinalar a favor do FC Porto.
E quem o diz não sou eu. É o painel de ex-árbitros que constitui o 'Tribunal de O JOGO'.

J.P. Gonçalves disse...

Sabe qual é o problema José Correia? Dar o benefício da dúvida a quem ataca é sempre muito bem aceite quando as vítimas não somos nós mas sim os outros...

José Correia disse...

Em situações limite, em caso de dúvida, dar o benefício da dúvida a quem ataca e não interromper a jogada, não é uma questão da "cor dos óculos", é uma regra que deve (deveria!) ter sido seguida pelos árbitros auxiliares nos seguintes jogos:
- Boavista x SLB
- Vitória Guimarães x FCP
- Nacional x SLB
- SLB x Rio Ave

Foi isso que aconteceu nestes jogos?
Não.
E quem beneficiou (e muito!) por os árbitros auxiliares não terem seguido as instruções da FIFA para lances deste género?
Toda a gente sabe, incluindo os benfiquistas...

jnporto disse...

O golo de Maicon, o golo de Maicon. E o escandaloso "andebol" de Cardozo na área do Benfica no mesmo jogo não conta?. Não dá para perder tempo com isto Sr. José Correia. Abr

jnporto disse...

No Guimarães- Porto, o Porto foi escandalosamente enganado e roubado. Além das faltas não assinaladas a que muito bem se refere e documenta, não existe penalty sobre André. Entre outras, tivemos o inacreditável escândalo de Braga para a Taça. E vêem para aqui benfiquistas, sempre bem falantes e embalados pela sua propaganda referir-se a comparáveis benefícios do Porto?... A nação benfiquista esquece-se que não é como antigamente quando, por exemplo, Angola também era nossa mas afinal não era. Abraço

jnporto disse...

Quando hoje, no twiter, João Gabriel chama calimeros aos portistas, vem-nos à memória a sua imagem na capa de um conhecido jornal, no fim de um campeonato que o Porto ganhou, em que sentenciou: "O título do Porto é um tributo aos árbitros". Outro "guerreiro" de nome Rui Gomes da Silva, não pára de dizer barbaridades na SIC, num programa semanal. Gabriel que foi assessor de um Presidente da Republica e RG Silva que foi ministro aparentemente não se incomodam com as suas infelizes prestações em prol do andor benfiquista. E nós perguntamos: Como foi possível essa gente ter-nos governado?...

José Correia disse...

«Ser juiz em causa própria não é aconselhável, mas o Dragões Diário não disfarça a satisfação por em apenas um mês ter uma ampla audiência, mesmo entre os mais inesperados. Mr. Burns perdeu a voz mas continua activo no Twitter, com esta criatividade toda. Ó Gabriel quando te quiseres meter connosco esforça-te um bocadito mais, nós acreditamos que consegues melhor do que isso – se fosse Calimero Diário seria na mesma fraquinho, mas ao menos fazia pandã. Se não consegues, não faz sentido acumulares empregos no Benfica, na federação e na candidatura do Luís Figo. É só um conselho. Ah, temos todo o prazer em que continues a ler o nosso Diário, talvez acabes por o entender. É fácil, não é em basco, que infelizmente não aprecias.»
Dragões Diário, 16-05-2015

Henrique disse...

Para os que como tu "emprenham” pelos ouvidos e estão constantemente a falar no golo (efetivamente ilegal) do Maicon, vou-vos relembrar de um jogo nesse mesmo recinto que opunha a equipa da casa ao Braga, à altura treinado pelo agora vosso treinador.
Para ironia do destino, foi no mesmo campo e curiosamente do mesmo lado.
https://www.youtube.com/watch?v=YDuxIDW8VuA - O famoso jogo da Playstation.
Atenta aos 9 seg. e a partir dos 2,11 min. o que diz o “mestre da tática”. Na altura, o facto de ser uma bola parada não vos incomodou (foi a vosso favor).
Nessa altura, para todos os mouros, ele JJ, era um grunho, que tinha mau perder, e teve o “desplante” de afirmar que o s. l. andor era nitidamente beneficiado!!