domingo, 29 de março de 2009

Regresso ao Passado

(Os Magriços)

Com excepção da carreira dos Magriços no mundial de 1966, sempre estivemos habituado às vitórias morais da nossa selecção... e continuamos. Aquele mundial que foi glorificado até à exaustão para servir a Pátria, não animou os jogadores e nem sequer aqueceu um pingo de esperança nos desanimados portugueses, pois nas competições internacionais que se seguiram tudo voltou ao normal. Nem as selecções formadas basicamente com os jogadores do SLB, no tempo em que dominava no campeonato e obtinha bons resultados na Taça dos Campeões, foram bem sucedidas nas campanhas para o europeu ou mundial.

A selecção nacional passou por sucessivas convulsões. Má organização, clubismo exacerbado e muito amadorismo. Não obstante tais vicissitudes, tirámos um 3º lugar no Campeonato Europeu, em França – apesar da mediocridade e das desavenças entre os três treinadores em exercício, Cabrita, Toni e Morais - e da grande divisão no seio da equipa entre jogadores do FCP e do SLB.

Pouco tempo depois, conseguimos uma presença no mundial, tirada a ferros (na Alemanha) para depois na fase final borrarmos a pintura, com uma série de acontecimentos que ficaram conhecidos pelo escândalo de Saltillo: uma desoladora imagem, que inscreveu dirigentes, equipa técnica e jogadores. Um comportamento execrável, um futebol medíocre, que se ficou por uma simpática vitória com a Inglaterra. O resto foi uma tristeza: não houve inocentes.

(A equipa que venceu o mundial da categoria em Riade)


Vieram, depois, os meninos de Carlos Queiroz e a geração de oiro que prometeu muito, com as vitórias nos mundiais sub-19. Porém, tirando esses êxitos e alguns lugares de honra que obtiveram no escalão sénior, não restaram muitos mais motivos para especial regozijo, bem pelo contrário: esse ciclo que deixou o amargo da desilusão por não termos concretizado o potencial anunciado que sempre se revelou ser muito superior às nossas forças, terminou no mundial na Coreia que foi mais ou menos um Saltillo revisitado.

Controvérsia à parte, a FPF rompeu com o passado, despediu António Oliveira e recrutou Scolari. Um novo ciclo e um novo paradigma. Criados os inimigos e feitos ao amigos o brasileiro fez história: foi populista, blindou o balneário, arregimentou parte da CS, e reinou que nem um déspota iluminado. Não saiu vitorioso, mas teve sucesso. Acabou no Chelsea, onde de resto já não mora. Portugal teve bastantes vitórias mas nenhum triunfo. Scolari triunfou, foi promovido e despromovido em muito pouco tempo e con$olidou o futuro.

A sua saída, que foi acompanhada por alguns dos mais notáveis jogadores daquele período, fazia prever dificuldades que a corrida para o Mundial da Alemanha tinha posto a descoberto, apesar de não nos termos batido com equipas de primeira linha.


Para o substituir um nome consensual: Carlos Queirós, um excelente organizador. Tomou conta da selecção num momento de viragem. Saíram Figo, Petit, Jorge Andrade, Pauleta e alguns outros jogadores deixaram de ser alternativa: Postiga, Nuno Gomes, Ricardo, Quim, Meira e Miguel.

Com o impedimento de Paulo Ferreira, passámos a não contar com jogadores suficientemente credíveis para ocupar as posições de: guarda-redes, defesa-esquerdo, trinco e ponta de lança. Aliada a essa fragilidade, um CR7 claramente em sub-rendimento explicam em grande parte esta terrível falência da nossa selecção, até ao momento.

Praticamente afastados, desde sábado passado, do mundial de África do Sul, resta a Carlos Queirós lançar os fundamentos de uma selecção competitiva, com um modelo de jogo, uma equipa base e um grupo de trabalho coerente.

Tenho muitas dúvidas que alguma vez tenhamos uma equipa capaz de ganhar um campeonato da Europa ou do Mundo. E mais tenho sobre o nosso seleccionador que me parece tão perdido quanto os nossos jogadores a caminho do golo.


Aquele ar de sofrimento, que a câmara indiscreta mostrou, é contagioso. A selecção está em crise, para não destoar do ambiente geral. Não há só ineficácia. A equipa não tem auto-estima suficiente e não se sente capaz de ganhar. Não há confiança e os suecos tiveram muito tempo de bola e nunca foram encostados às cordas. Agora nem a alegria das varandas engalanadas e dos cordões humanos apoteóticos, que anteciparam a vitória que mesmo tão perto não fomos capazes de agarrar, dá para disfarçar o nosso pessimismo. Porém nada de dramatismos: afinal, não se mudou tanto, apenas desta vez perdemos mais cedo.

5 comentários:

Nuno Nunes disse...

Muito bem vista esta retrospectiva da prestação portuguesa ao nível das selecções.

O trabalho do Queiroz é um trabalho que leva o seu tempo. É preciso renovar a selecção (coisa que está a ser feita). Quando ao processo de renovação se junta um grupo de qualificação com equipas mais difíceis o resultado está à vista. Os jogadores que têm integrado os trabalhos da selecção são mesmo os melhores, não há birras nem proscritos, por isso deve ser dado benefício da dúvida ao seleccionador.

v.a.s.c.o. disse...

Acredito sinceramente no trabalho de Queiroz.

Relembro vos que mesmo Scolari para criar a sua "equipa", não teve de fazer qualificação para o Euro 2004.
E os jogos de preparação que teve não foram propriamente brilhantes, com uma derrota em casa por 3-0, derrota com a Finlândia por 4-1, e uma sofrida vitoria á Albânia por 5-3 a virem á memória.

Ao contrario de Scolari, Queiroz não herdou uma base. Scolari rejeitou essa base durante ano e meio, e apenas quando estava encostado á parede fez aquilo que meio Portugal lhe pedia. Pôr aquele Porto Europeu a jogar. Scolari chumbou Baía, e jogadores como Ricardo Carvalho, Deco, Maniche, Nuno Valente não entravam nas suas primeiras opções.

Queiroz está a tentar criar uma base em andamento. Observando jogos (algo que Scolari nunca fez) e descobrindo jogadores em sítios impossíveis.

Começando pela baliza. Ricardo há muito que era questionado. Queiroz foi “obrigado” a mexer. Daniel Fernandes e Eduardo não me parecem ser opções muita seguras, têm as mesmas falhas que Ricardo tem. Fantásticos sobre a linha de golo, nas saídas é um arrepio constante. Apenas Beto me parece um Guarda Redes completo para ocupar o lugar na baliza.

Na defesa, a velha questão do lateral esquerdo. Experimentou Antunes, Paulo Ferreira será sempre adaptação. Observou Gonçalo Brandao e decidiu recuar Duda em campo. Parece que por agora a questão está “arrumada”. Duda a nível de passe é muito bom, e a defender tem demonstrado progressos. Sendo ele um Portista confesso, porque não pensar nele para alternativa a Cissokho?

Os centrais foram renovados. Ricardo Carvalho esteve muito tempo lesionado. Meira não parece ser uma opção, e Rolando nasce, naturalmente, para a pole-position atrás de Carvalho, Bruno Alves ou até Pepe.

Na direita há abundância. Bosingwa naturalmente com o lugar ganho por mérito, mas há ainda João Pereira, Miguel, Miguel Lopes...

A posição de Médio Defensivo desde Costinha que não conhecia qualidade. Petit pode entregar muito ao jogo, mas não tem a qualidade necessária para a posição. Meira foi experimentado, Manuel Fernandes também, e foram chumbados. Pepe (como Mourinho viu quando saiu do FCP) é uma opção para o lugar de Costinha. Transpira classe, a nível de passe é soberbo, é alto, e reúne para já todas as condições necessárias para ser o pêndulo da selecção, talvez a posição mais importante onde defesa e ataque se equilibram.

Nos Médios Centros, Tiago renasce nas opçoes, um médio sempre esquecido por Scolari, um médio que é muito bom na condução de jogo, a determinar ritmos, e a criar desequilíbrios. Raul Meireles é por esta altura dos melhores médios de transição por essa europa, e Deco … é Deco. Maniche é para já uma alternativa.

Nas alas, Ronaldo, Simão, Nani e um joker chamado Danny que ainda precisa de descobrir melhor os caminhos nesta Selecção. É um grande jogador, e com mais tempo de adaptação pode vir a ser muito importante para nós.

A Ponta-de-Lança outra velha questão. Pauleta deixou um legado que já era questionado no seu tempo. Queiroz tenta criar alternativas credíveis. Hugo Almeida não apresenta qualidades para ser a alternativa. Edinho foi descoberto pela Grécia, Orlando Sá ainda esta verde, e Nuno Gomes nem no Benfica joga... No ultimo jogo tentou criar se desequilíbrios com uma frente de ataque muito móvel, com constantes trocas de posição com Simão, Ronaldo e Danny.

Queiroz pode ter ser questionado agora, mas para mim é um treinador com horizontes. Renasceu uma Selecção B, com a necessidade de ter uma lista de jogadores prontos a serem chamados caso existam lesões, castigos... Scolari não se preocupou com o futuro de Portugal, relembro vos que num campeonato sub-19 organizado em Fátima, Portugal perdeu com Espanha por um expressivos 7-0, que não tiveram qualquer valor na comunicação social, foi apenas um “acontecimento normal”...

Para terminar, Queiroz não está a ser bom para ele, num país como o nosso, usar a dupla de centrais "daquele clube do norte", assim como o "médio das tatuagens" a titular, assim como não chamar qualquer jogador do Benfica e do Sporting apenas um João Moutinho, que na comunicação social é enfatizado, enquanto um Raul Meireles é apenas falado pelas tatuagens, leva a que existiam já jornais com paginas, editoriais e cronicas a “bater” no seleccionador nacional...

Por mim, no Mundial ou não gostava que ficasse cá muitos anos...

bLuE bOy disse...

Bom, bom, era quando havia a maminha do FC Porto versão 2003 e 2004... por isso, o palerma do brasileiro se pôes ao fresco quando já lhe estava a faltar o chão para se segurar... de seguida, vem um Queiroz que vive tb da opolência d'um passado nas camadas jovens brilhante, mas que no que toca aos meninos já grandes, depois de tantas idas e voltas, passagens aqui e acolá, com os méritos que tem obtidos, vou ali e já venho.

Quanto ao jogo, fui lá só mesmo para matar o bichinho da selecção... ainda que vi o jogo totalmente relaxado e despreocupado, porque se ganhasse, ficaria contente... se empatasse, tasse bem... se perdesse, não me tiraria o sono. Como empatou, tasse bem... aliás, daquela selecçôm, só parte deles me dizia respeito: Bruno Alves, Rolando, Raul Meireles... e alguns dos nossos ex's: Bosingwa, Pepe, Deco e Hugo Almeida.

Como nota final, para a exibição de MERDA do palerma (habitual) que se gosta de fazer passar por «o melhor do mundo»... um tal de CR7 que eu, e atendendo ao dito no dia anterior, iria fazer maravilhas, acrobacias e saltos na atmosfera, mas, não passa mesmo é d'um MERDEIRO e ARROGANTE com tiques de vedetismo... aliás, mais uma exibição de MERDA como tantas e tantas outras pela selecção, onde de líder daquela equipa, só se for mesmo pelos orgasmos doentios e deficiente que provoca nas meninas teenagers que vegetavam pela bancada onde me encontrava (mas não só, parece que tb por muito e muitos meninos crescidos a quem o acne, já era), onde a cada toque na bola, até incomodavam os meus tímpanos com os seus gritos de elevador teor histérico agudo...

Sugestiva e muito conclusiva a forma como esse se movimentava em campo, isto para quem tinha um ângulo de visão enorme, ou seja, para quem lá estava, porque não tv, nem d'um milésimo se apercebia do mesmo... aquilo era devagar, devagarinho, parado, um caminhar todo cheio de não me toques e correr? para quê? defender? para quê? dassseee, eu cá sou o melhor do mundo e arredores e não preciso de correr nem defender, era o que mais me faltava.

Óh rapazinho, o Messi ao teu lado, aquele sim, com um pé esquerdo que até mete nojo, dá-te 10 a zero, carago!!!

Quanto ao tal CR7, não passa mesmo d'um produto McDonald's... da CS!!!

Luís Carvalho disse...

CR7?
Começa logo por aqui.
Agora temos marcas em vez de jogadores...

José Correia disse...

O Scolari beneficiou de três factores irrepetíveis (ou quase):

1º) Não teve de fazer a fase de apuramento para a primeira competição que disputou (Portugal estava automaticamente apurado para o EURO 2004) e, por isso, pôde aproveitar um ano e meio para ensaiar jogadores, tácticas, etc.

2º) Disputou em casa a fase final de um Europeu, tendo um apoio fantástico da parte do público.

3º) Em 2002/03 e 2003/04 José Mourinho montou no FC Porto uma das melhores equipas da Europa, cuja base era formada por 7-8 jogadores portugueses: Baia, Paulo Ferreira, Ricardo Costa, Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Deco, Postiga.

Além disso, Scolari teve à sua disposição jogadores como Figo e Pauleta, bem como, o trio do meio-campo do FC Porto na sua melhor forma (Costinha, Maniche e Deco).
O Scolari até se deu ao "luxo" de não aproveitar um guarda-redes como Vítor Baía!

Ao Queiroz não falta só um defesa-esquerdo e um ponta-de-lança. Falta, por exemplo, alguém que seja um líder dentro de campo.

O Queiroz iria sempre sofrer com a inevitável comparação com o Scolari, porque dificilmente conseguiria fazer melhor.