domingo, 20 de junho de 2010

FC Porto nos Mundiais (VI)

Paulo Futre chegou ao FC Porto no Verão de 1984, como resposta de Pinto da Costa ao ataque de João Rocha (presidente do Sporting) que, após a final de Basileia, levou Jaime Pacheco e Sousa para Alvalade e ameaçou levar a equipa toda.
Futre tinha apenas 18 anos, mas logo se tornou titularíssimo e, durante as épocas 1984/85 e 1985/86, formou com Gomes (bi-bota de ouro) uma das duplas mais produtivas de sempre do futebol português.

Com Chalana (titular no Euro 84, disputado dois anos antes) impedido de dar o seu contributo à Selecção, devido a uma série infindável de lesões, o seu sucessor natural era Futre e, também por isso, seria de esperar a manutenção da dupla atacante portista na fase final do Mundial de 1986. Contudo, o seleccionador nacional, o ex-jogador do Benfica José Torres, numa das suas várias decisões inexplicáveis, entendeu remeter o fantástico extremo esquerdo portista para o banco de suplentes.

Assim, no 1º jogo - Portugal x Inglaterra - Futre entraria apenas aos 73 minutos, para substituir... Gomes!
E no 2º jogo - Portugal x Polónia - a situação repetiu-se, mas mais cedo, porque a substituição de Gomes por Futre foi feita ao intervalo.

"Só entras na segunda parte porque és a nossa arma secreta", terá dito José Torres a Futre, ao qual este respondeu após a derrota com os polacos (0-1): "Mas qual arma secreta, qual quê, o que eu quero é jogar de início e ainda não tive essa oportunidade."

Teria, no jogo seguinte, frente a Marrocos, quando finalmente foi titular ao lado de Gomes. Mas isso não chegou para salvar uma Selecção animicamente destroçada, profundamente dividida em grupos, e cujos jogadores tinham entrado em ruptura com a Direcção da FPF, ameaçando fazer greve se os prémios de jogo não fossem aumentados.

Mais tarde, viria a saber-se que Futre não jogava para se preservar os lugares de alguns "pesos pesados" da Selecção e para se obter um equilíbrio entre os jogadores das diferentes equipas, de modo a evitar conflitos.

1 comentário:

Daniel Gonçalves disse...

O único senão na gloriosa carreira futebolista de Futre foi o facto de não ter brilhado num Mundial, foi várias vezes "escolhido" como um dos melhores para numa selecção mundial (ao lado de outros como Maradona, Matheus, Gullit etc.), esteve quase a ganhar a bola de ouro em 1987, perdeu para o Gullit ou Van Basten se não me engano. Como não nos qualificamos para o Mundial de 1990, em 1986 era a sua oportunidade mas a política das "vacas sagradas" e dos "lugares intocáveis" na selecção nacional arruinou essa possibilidade.