domingo, 27 de junho de 2010

F.C. Porto nos Mundiais (VIII)


Josef Mlynarczyk, "o Papa"

Proveniente do Bastia, chegou em Janeiro de 1986 ao F.C. Porto um guarda-redes polaco que viria a tornar-se famoso na história do clube, pois foi ele que defendeu a baliza azul-branca na histórica Final de Viena, nos dois jogos da Supertaça Europeia, e também na famosa Taça Intercontinental em Tóquio, tudo em 1987.

Josef Mlynarczyk - era esse o seu nome - nasceu em Nowa Sól em 1953 e foi internacional 42 vezes pela Polónia, e é essa parte que aqui hoje nos interessa especialmente. Antes de cá chegar, Mlynarczyk, a quem alguns adeptos do FCP chamavam "o Papa" por ser compatriota do Papa João Paulo II, já participara, sempre a titular, no Campeonato do Mundo de 1982 em Espanha, no qual a Polónia conseguira um brilhante terceiro lugar.

Já ao serviço do F.C. Porto Mlynarczyk participou no Mundial do México em 1986, onde foi também sempre titular, e logo no mesmo grupo que Portugal. A Polónia seguiria em frente como um dos quatro melhores terceiros (o Mundial era disputado nessa altura por 24 equipas), e seria derrotada nos 1/8 de Final pelo Brasil.

Tendo empatado a zero com Marrocos (o 1º classificado do grupo e primeira equipa africana a passar à segunda fase na história da prova), os polacos defrontaram a seguir Portugal, que vinha de uma surpreendente estreia positiva (vitória de 1-0 sobre a Inglaterra) atendendo ao caos gerado pelo "caso Saltillo". E com um golo do famoso Wlodzimierz Smolarek, os polacos levariam Portugal de vencida. Na terceira partida "o Papa" encontrou pela frente o temível Gary Lineker, ponta-de-lança do Everton e recente melhor marcador do campeonato inglês, com 30 golos em 41 jogos. Pois aos 34' da primeira parte já Lineker (que viria a ser o melhor marcador da competição) completava um hat-trick, tendo o resultado final ficado em 3-0. Ao comando da selecção inglesa estava o nosso futuro treinador Bobby Robson, e a Inglaterra seria eliminada nos 1/4 de final pela Argentina. Os outros três desafios dessa fase foram todos resolvidos por penalties, mas esse encontrou a sua chave na "mão de Deus", como é de todos consabido. Essa mesma mão tem sido recentemente avistada em alguns estádios da África do Sul (tenho aqui uma, mas não de Deus, para lhe acenar, quando chegar a hora de eles irem para casa;-)).

O destino da Polónia nesse Mundial ficaria então decidido nos 1/8 de Final, em que a aparentemente imparável selecção brasileira (seria eliminada pela França nos 1/4 de Final) a derrotou por 4-0, com golos de Sócrates (o médico, não o engenheiro), Josimar, Edinho e Careca, sendo o primeiro e o último de penalty. Mas no ano seguinte Mlynarczyk atingiria o que foi sem dúvida o ponto alto da sua carreira, no Prater de Viena.

Foto: pfutebol.com

10 comentários:

paulop disse...

Mlynarczyk a par de Vitor Baía e Américo foram enormes,qualquer um deles superiores de longe aos outros que passaram ou estão no PORTO. Precisamos urgentemente dum grande guarda-redes, constrói-se uma grande equipa a partir do redes.
VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO

Nuno Nunes disse...

Alexandre Burmester disse...
mas esse (e.g desafio) encontrou a sua chave na "mão de Deus", como é de todos consabido.

Não é bem verdade meu caro! A Argentina já estava a vencer 2-0 quando o Lineker reduziu para 2-1 já perto do fim. Por isso concluir que esse golo foi "a chave do jogo" é abusivo. E a Inglaterra não mostrou argumentos para essa poderosa Argentina.

Azulantas disse...

Mly foi o "meu" segundo GR logo a seguir do malogrado Zé Beto. Não tivesse o Zé Beto tido o acidente que teve, talvez nunca tivessemos visto o Mly a defender as redes do FC Porto.

Foi grande, o Mly, como tinha sido o Zé Beto antes dele e como foi o Baía depois.

Penso que o Helton, apesar de não estar no patamar dos supra-citados também é um excelente GR, mas se quisermos um novo Baía ou um novo Mly teremos de o "fabricar" ou encontrar como um garimpeiro encontra uma pepita.

Qual é mais provavel, fabricar ou garimpar um GR de classe mundial?

Anónimo disse...

Eu sei bem, caro Nuno, que o golo da "mão de Deus" foi o 2-0, mas isso não altera o facto de a Argentina ter ganho apenas por um golo. E depois do 2-0 a Inglaterra até mostrou bastantes argumentos, tendo inclusivamente tido oportunidades para ter ido além do golo solitário. Lembro-me de o John Barnes ter feito uma grande exibição. Mas, como atrás disse, o facto incontestável é que a Argentina ganhou apenas por um golo e que um dos seus golos foi ilegal.

Abraço

Anónimo disse...

O Zé Beto, caro Hugo, morreu em 1990, já o Mlynarczyk cá não estava.

Daniel Gonçalves disse...

Penso que a contratação de Mly se deveu ao facto de o Porto querer um guarda-redes de top nas provas europeias.Zé Beto foi castigado após os incidentes de Basileia, o Porto foi buscar o Borota que nos custou uma eliminação na Taça das Taças logo no ano seguinte, 84/85 frente a uma equipa galesa qualquer, portanto no ano seguinte, apesar de Zé Beto já jogar na Europa, precisavamos de outro tipo de segurança na baliza, Zé Beto comprometia muito nas saídas se me lembro, daí o Mly.

Azulantas disse...

É pá, ia mesmo jurar que o Mly tinha vindo substituir o Zé Beto. My bad.

A minha memória nunca foi muito boa mas pelos vistos está a ficar pior.

Acho que devemos ainda acrescentar que não foi apenas nos jogos que Mly foi importante. Ele foi "o" Role-model para o Baía.

Barba azul disse...

Caro Alexandre, tenho ideia que sem a semelhança daquele aceno pausado, braço ao alto e a mão aberta, com que antes de repor a bola em jogo indicava à equipa para subir no terreno, com o gesto com que o Papa João Paulo II acenava às multidões, não lhe teriam chamado "o Papa", apesar da nacionalidade.

Anónimo disse...

É possível, caro Barba azul, é possível. Não tenho a certeza da origem do epíteto.

meirelesportuense disse...

O Mly veio em meados da época de 1985/86 para o FCPorto.
A partir daí ganhou o lugar a Zé Beto -penso que na Luz- e apenas o perdeu quando se lesionou...
-Na época anterior 1984/85 Borota substituíra Zé Beto a nível Internacional, dado que este GR fora castigado de forma pesada pela UEFA devido ao acontecido na Final da Taça das Taças contra a Juventus, internamente, Zé Beto era o titular...Depois, foi Vítor Baía ainda júnior, quem conquistou provisoriamente o lugar a Zé Beto e Mlynarczyk , quando os dois titulares estavam lesionados...