quinta-feira, 7 de junho de 2012

Euro 2012


E aí está o Euro, assunto que, está bom de ver, nunca verdadeiramente aquece o nosso ânimo de portistas.
Servirá apenas para nos entretermos um pouco, enquanto aquilo que verdadeiramente nos interessa não retorna.

Mas pronto, após uns longos dias de espera, que nada mais trazem do que um acréscimo de cansaço ao muito já existente, ei-lo que começa.

E, é claro que, estando uma grande parte dos jogadores (os bons…) completamente estoirados de uma época longa e, a deste ano, particularmente cheia de imprevistos e reviravoltas um pouco por toda a Europa, há a real possibilidade de acontecerem grandes surpresas. Desta vez, pode muito bem suceder que os melhores não vençam no final das contas.
Se na temporada que finalizou assistimos a coisas nunca vistas (Man City e Chelsea, por exemplo, a irem do inferno ao céu e Man Utd, Barcelona e Bayern a percorrerem o caminho inverso), a probabilidade de tais "fenómenos" se repetirem, agora no Europeu, serão ainda superiores. Isto pelas suas características específicas (curta duração) e o tal factor que poderá ser mesmo o elemento-chave: a condição física e mental a que estas equipas chegam numa altura destas.
E, todos o sabemos, a capacidade anímica cada vez tem um papel mais preponderante no desfecho destes acontecimentos.

Falando da "selecção de todos eles", para além dos já mais que (de)batidos factores distractivos (passeios, penteados, jóias e tatuagens) que acabam sempre por pesar um pouco por aquilo que, verdadeiramente, representam (a tal pobreza de espírito), existe ainda o facto concreto de Portugal apresentar um meio-campo muito pobre.
Daqueles três jogadores, nunca se poderá esperar muito em termos de desequilíbrios ofensivos. São essencialmente jogadores de cobertura e passe. E M.Veloso nem sequer isso.
É algo curto para se chegar longe. E se pensarmos que nem com Deco em campo se ganhou coisa alguma…

O ataque é bom em 2/3 dos seus elementos. Se bem que Nani e Ronaldo nunca verdadeiramente alcancem, em termos de selecção, o brilhantismo que atingem nos seus respectivos clubes. 
Mas, claro está, é no ponta-de-lança (ou na falta dele) que estará o (único) problema neste sector.

Deixo para o fim a defesa.
Coentrão-Pepe-Alves parecem melhor no papel do que ao vivo. Existem ali falhas (repetidas) que raramente os vemos fazer a nível de clube. Fenómeno típico.
Claro que, para se ter uma grande defesa, todos têm que ajudar, não só os que têm tal nome.
Principalmente os "médios" têm que dar uma boa ajuda. Ora, em termos de "trincos", por exemplo, há muito que estamos conversados em termos de selecção.

Guarda-redes? Vai jogar um daqueles que "está na média". Nada do outro mundo mas o mesmo se poderia dizer das outras eventuais opções para o posto.
Será pois um conjunto que, na globalidade, não passará de um "6" numa hipotética escala de 1 a 10.
Mas, neste momento concreto, não esperem muitas equipas acima desta fasquia. Logo, Portugal não andará muito abaixo dos grandes favoritos: Espanha e Alemanha.
Um "6" poderá nem ser mau...

Tudo pode mesmo acontecer neste Euro 2012.
É um lugar-comum, certo, mas neste caso específico, assenta mesmo com uma luva. Metade das equipas presentes tem reais chances de levantar o caneco.

Também é sabido que Europeus e Mundiais, hoje em dia, são mais "folclore" do que propriamente futebol.
É aquela altura do ano em que nós, amantes de futebol de todos os dias, somos obrigados a ouvir palpites da boca de qualquer um.
Cada vez há mais gente a concluir que, dos tempos dourados de um Espanha 82, de um França 84 ou de um México 86, já praticamente nada resta.
O verdadeiro futebol, aquele onde se atinge um nível mais alto e que vale a pena seguir é aquele jogado a nível de clube.
Só volta em Agosto, portanto.

4 comentários:

rbn disse...

Muitos portugueses como MST minimizam as competições entre seleções, afirmando como a mais absoluta das verdades que as competições entre clubes são as que interessam.

Ainda bem que o resto do mundo pensa diferente e gosta dos torneios entre seleções.

Mas existe uma explicação para isso: é que Portugal como nunca ganhou nada nos AA, desdenha euros e mundiais de seleções.Quando ganhar, a coisa muda de figura.

David Duarte disse...

Não penso que a sua analise esteja correcta rbn. A falta de entusiasmo pela selecção e o privilégio dado aos clubes é algo que se passa um pouco por todo o lado e mesmo nos paises que jà ganharam muita coisa. Isto porque, pura e simplesmente, um mês a apoiar um grupo, mesmo que esse grupo represente o Pais, dificilmente se impõe face a um ano inteiro a apoiar um clube.

Este estado de espirito é mais evidente nos paises latinos. Vejamos o exemplo de Portugal : quando é que esta selecção teve um verdadeiro apoio dos portugueses (e quando digo apoio, digo-o enquanto paixão e não teatralização). No EURO 2000. Ai sim houve paixão porque nos reviamos nessa equipa (a nossa melhor selecção de sempre provavelmente, equilibrada em todos os pontos : aqueles que eram menos dotados tecnicamente compensavam com uma entrega excepcional... até o Vidigal fez um grande europeu!).

Outros paises : Espanha. O apoio aos clubes é sempre mais intenso e as rivalidades não desaparecem nas competições internacionais (falo do publico, mesmo se nos jogadores muitas vezes essa unidade parece ser simples fachada).

Se formos à América Latina vemos que no Brasil, por exemplo, ser adepto do Flamengo, Palmeiras, Corinthians ou Vasco aparece sempre em primeiro lugar. E na Argentina nem se fala! Um adepto do Boca tem dificuldades em se rever numa Argentina constituida sobretudo por jogadores do River e vice-versa. Os jogadores são antes de mais jogadores do clube apoiado ou rival e apenas depois da selecção argentina. Bom exemplo disso é a discussão que existe entre aqueles que consideram o Maradona como mehor jogador argentino de sempre (essencialmente adeptos do Boca) e aqueles que falam de Messi (sobretudo adeptos do River que querem antes de mais tirar esse "titulo" a um simbolo do rival).

David Duarte disse...

Sobre a selecção em si mesma.

Guarda-Redes : de acordo com a opinião do Luis Carvalho. O Rui Patricio é um bom guarda-redes, mais nada. Tem possibilidades de evoluir, mas hoje em dia é não é nada de excepcional.

Defesa : Sector onde, desde 2000, Portugal sempre este relativamente seguro. Até ao jogo com a Turquia pensava que era ainda o caso, mais os erros de posicionamento, a falta de equilibrio assustou-me bastante. Ricardo Carvalho faz muita falta (e o João Pereira...);

Meio-Campo : o sector em que Portugal sofreu mais modificações nos ultimos anos. O estilo de jogo de Portugal girava à volta do numero 10 (Rui Costa, Deco) e foi com um organizador de jogo que Portugal obteve os seus melhores resultados. Com a ausência de 10, Portugal deixou de ser uma selecção de posse de bola como era (em 2000 o golo do João Pinto contra a Inglaterra mostra bem como Portugal era excelente nesse dominio) e passou a ser uma equipa de transições com um meio-campo que deve pressionar e relançar o jogo de maneira eficaz, normalmente para as alas. Nisso, Meireles e Moutinho são essenciais e enquanto o C. Martins esteve bem fisicamente tinhamos um trio de qualidade. O problema agora é que nos falta o terceiro homem e estamos constantemente desequilibrados.

Ataque : Excelentes alas, mas sem um finalizador (o problema de sempre). E quando o nosso melhor jogador nessa posição é alguém que nem era titular no seu clube nem marcou golos na Liga, é porque estamos mesmo mal. Penso que Oliveira pode vir a ser um bom atacante, pode evoluir bastante. Mas ainda não està ao nivel.

Dou uma nota suprior a Portugal, mas introduzo as décimas. Dou 6.5. Com um Ronaldo ao nivel do que é nos clubes aumento para 7.5, mas jà perdi a esperança nisso hà alguns anos.

David Duarte disse...

"Ricardo Carvalho faz muita falta (e o João Pereira...)"

Não quero com isto dizer que o João Pereira està ao nivel exibicional de um Ricardo Carvalho. O João Pereira entre parentesis e seguido de reticências é porque nem sei o que dizer sobre ele.