quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Elogio do Anti-Futebol


Decorria a 1ª parte do jogo de hoje entre a França e o México quando esta equipa faz um perigoso contra-ataque. A jogada é abortada por uma falta de um jogador francês, que vê o cartão amarelo. O comentador da Sport TV, de cujo nome não me apercebi, longe de lamentar que uma falta tenha posto cobro a tal jogada, elogiou o jogador francês, rematando com esta: "É para isso que existem os cartões amarelos".

Senhor Ministro da Administração Interna: não vejo por que motivo se preocupa com a criminalidade. É para isso que existem as prisões.

23 comentários:

alemanha22 disse...

se o jogador que sofreu a falta estivesse equipado de camisola vermelha calções brancos o jogador que fez a falta era crucificado e o amarelo passava a vermelho .Comentadores e comunicação social portuguesa é muito má ,mas eles também não são escolhidos por competência mas sim por ...todos nós sabemos ..faz parte da propaganda..um abraço

Mundial:
http://gazettadosdesportos.blogspot.com/

Desconhecido disse...

Foi o Freitas Lobo.
Conforme já li algures os comentadores deste Mundial deixam muito a desejar, com a honrosa excepção do João Vieira Pinto.

Nuno Silva disse...

Meu caro colega portista

interpretaste mal as palavras do comentador. ele disse que levou amarelo e fica de fora no próximo jogo... é para isso que existem os amarelos.

Deu um sentido completamente diferente à frase.

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Também me surpreendi com tão parvo comentário. Seja qual for a intenção do faltoso (falta mais ou menos táctica e compreensível na situação que aponta), nunca deveria ser motivo para se classificarem tais infracções como "faltas inteligentes", como vulgarmente são classificadas. Sendo consideradas faltas pelo árbitro, são faltas e mais nada. Se os jogadores fossem escolhidos por serem especialistas em "faltas inteligentes", então seriam recrutados nas universidades.

Indefectível disse...

E se fosse o Fernando a fazer uma falta igual a parar um contra-ataque perigoso do slb no Dragão, e a ser elogiado pelo comentador (Ok, finja que tal não é impossível!) ? Será que diria o mesmo?

A falta não é anti-futebol. É parte integrante do mesmo, para ser utilizada de forma sábia. Coisa que fez o Toulalan. Lembro-me Mourinho, no FC Porto, elogiar o Deco pelas suas muitas faltas inteligentes.

Gosto bastante dos seus posts, mas tenho que lhe transmitir a minha opinião acerca deste: analogia completamente despropositada.

Sócio 17994
Tribunal

Anónimo disse...

Caro Diogo,

Que um treinador no remanso do balneário ou do campo de treinos incentive e aplauda as "faltas inteligentes" eu até percebo. Que um comentador de tv o faça, não entendo nem posso aceitar. Deveria era lamentar o facto de uma boa e perigosa jogada ser assim cortada.

A essas faltas chamam os ingleses - cujos comentadores sempre as condenam - faltas cínicas. E eu estou de acordo.

Quanto à hipótese-Fernando que coloca, eu podia invertê-la: e se fosse o Javi Garcia a fazê-la num jogo contra o FCP? Estamos a discutir princípios e não casos específicos. Mas já que pergunta, a minha opinião sobre tal hipotético comentário seria a mesma. No íntimo ficaria decerto aliviado por a jogada ser travada, mas nunca elogiaria o modo como o tinha sido.

Quanto aos elogios do Mourinho, não me aquecem nem me arrefecem. Posso citar-lhe vários disparates saídos daquela boca.

Anónimo disse...

Caro Nuno Silva,

Mesmo que a parte do comentário acerca do amarelo fosse como diz - e eu acho que não foi - isso não altera que antes o comentador tenha elogiado a falta.

Unknown disse...

Não vi o lance mas pela descrição dá para o imaginar.

Mas no essencial concordo com o comentário do comentador (passe o pleonasmo). É verdade que não é uma jogada bonita, de fair-play, mas o futebol é formado por um conjunto de leis e cabe aos treinadores e jogadores tirarem partido delas.

Um lance que retenho e que ilustra isto, aconteceu num Porto - Panathinaikos para a LC nas Antas entre o Secretário o Olisadebe. Ganhávamos por 2-1, faltavam menos de 5 minutos para acabar o jogo, o Olisabebe ganha uma bola a meio campo e vai isolar-se perigosamente para a áea do Porto, o Secretário sem pernas para o acompanhar dá-lhe uma valente trancada por trás. Vermelho directo, castigo especial da UEFA (3 jogos).

Foi uma atitude de fair-play? Certamente que não, mas seguramente ajudou e muito a segurar aquela vitória.

As leis do jogo existem e aproveitá-las para benefício da equipa faz parte do jogo.

Anónimo disse...

João,

Repito o que atrás disse. Que os treinadores pensem assim, estou como o outro. Mas que os comentadores concordem e aplaudam, já é ir longe demais.

A este propósito conto uma história: durante muitos anos o Queen's Park Rangers, clube da parte ocidental de Londres, jogava com a camisola fora dos calções, sem qualquer problema. Mas com a chegada das "faltas inteligentes", não tiveram outro remédio senão meter a fralda para dentro!: -)

Finalmente, o essencial do meu comentário era dirigido aos louvores - para mim deslocados - do comentador, e não à falta em si, que até entendo mas sem aplaudir.

condor disse...

A maior parte dos comentários que li acerca deste post fogem ao âmago da questão!
O que se discute aqui não é o facto do jogador cometer a chamada falta util para evitar uma jogada que se afigura perigosa para a sua equipa,penso eu de que!O que se discute é a forma tão pouco coerente como os casos são analisados pelos queridos comentadeiros!
Nuns casos censuram a falta de fayr play,a falta de desportivismo a chico espertice,sem esquecer o prejuizo para o futebol espectáculo!Noutros casos acham que sim senhor está tudo bem!
Pois se já ouvi um comentadeiro elogiar certo artista por este se atirar para a piscina arrancando assim alguns penaltys que deram vitórias,está tudo dito!
Ah,o referido artista agora tambem é comentadeiro!Vai ser cómico ouvi-lo pronunciar-se sobre um mergulho que deu penalty e vitória!

Anónimo disse...

"Pois se já ouvi um comentadeiro elogiar certo artista por este se atirar para a piscina arrancando assim alguns penaltys que deram vitórias,está tudo dito!"

Bem observado, caro condor. A levar às últimas consequências a lógica desculpabilizadora das "faltas inteligentes", também os mergulhos, as fitas e as perdas de tempo têm de passar a ser elogiados.

Daniel Gonçalves disse...

Relativamente à falta cometida pelo jogador francês considero que qualquer equipa numa situações daquelas está previamente preparada para as cometer, desde que o jogador ainda não tenha amarelo. Agora o duplo critério com que os comentadores analisam essas jogadas é que irrita, se for a equipa que eles apoiam a cometer a falta dizem que "é inteligente", se for falta cometida por equipa rival, injuriam de má conduta o jogador adversário.

Anónimo disse...

O problema não é o duplo critério Daniel. Se elogiassem sempre, eu criticava na mesma. O problema é passar-lhes pela cabeça que um comentador pode elogiar uma situação dessas.

Daniel Gonçalves disse...

Vem visto Alexandre, o comentador não tem de elogiar uma situação destas. Se é para apreciar e fomentar o futebol espectáculo, não faz sentido e é contraditório um comentador elogiar faltas "cínicas" como estas.

Daniel Gonçalves disse...

Queria escrever "bem visto" e não "vem visto". Erro ortográfico meu.

André Oliveira disse...

Ele só disse que aquilo foi uma "boa falta", porque parou um contra-ataque perigosíssimo para a sua equipa.

E disse também que aquela era uma falta e um amarelo dos quais os treinadores não se importam minimamente, até agradecem.

Não me parece que seja nada do outro mundo. Fazer faltas faz parte do jogo.

Se o Freitas Lobo não serve..então não sei quem mais irá servir. Rui Santos? Carlos Manuel? Tadeia?

...

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

O que está em questão no lance em análise é a apologia feita pelo comentador à "inteligência" do faltoso, como (muito bem) repisa Alexandre Burmester nos seus comentários.
Como muito bem lembra Condor, a falta "inteligente" que cortou a possibilidade de um contra golpe ou um penalti que resultou de uma simulação que ludribiou o árbitro, bem sabemos nós o que dizem delas os analistas comprometidos. Então quando elas tinham a autoria de uma "araponga" como foi João Pinto, tais aldrabices eram geniais e mereciam generosos encómios. (pudera...)

Anónimo disse...

André Oliveira:

eu não me parece que tenha sido o Luís Freitas Lobo, pelo menos na Sport TV não era, nem creio que ele costume comentar nessa estação (confesso que na maior parte das vezes nem me dou ao trabalho, quando vejo futebol na televisão, de tentar perceber quem relata ou comenta). Por isso, o que o Freitas Lobo disse eu não ouvi nem está aqui em causa.

Anónimo disse...

O comentário que deu origem a este meu pequeno apontamento reflecte no fundo a típica mentalidade portuguesa, a famigerada "filosofia" do "nacional-chico-espertismo". Não admira que o país esteja como está e seja como é.

Paulo Marques disse...

Ora fodasse, não tem nada a ver com ser nacional ou não, faz parte do jogo e tem o seu custo medido na penalização dada. Se fosse negativo para o futebol, a FIFA tornava-as em vermelho.
Se calhar os jogadores também não deviam fazer fintas, coitadinhos dos adversários que ficam confusos.

André Oliveira disse...

Alexandre,

peço desculpa, escapou-me esse pormenor, pensei que estava a falar do Freitas Lobo, porque ele também "elogiou" a falta.

Estava a ver o jogo na RTP1, portanto nem ouvi nem sei quem foi que deu o tema a este post, portanto abstenho-me. :)

Anónimo disse...

Nightwish,

Está a ser difícil de fazer-me entender, mas decerto o defeito é meu, "ora f...se!".

Mais uma vez, eu não discuto a falta, apenas digo que não compete a um comentador elogiar esse tipo de intervenção de um jogador, ok? E era a essa mentalidade revelada pelo comentador que eu me referia quando falei em "nacional-chico-espertismo".

David X disse...

O Luis Freitas Lobo e outros que vão surgindo no panorama do futebol nacional para comentar os jogos são bastante diferentes daqueles a que muito estávamos habituados. Eles já não relatam os jogos nem comentam. Fazem análises técnico-tácticas durante o jogo. Aquilo que nós fazíamos pela nossa própria cabecinha ou lendo os jornais no dia seguinte ou esperando pelos programas de tv de análise dos jogos, eles fazem durante o jogo. Pessoalmente não gosto desse tipo de relato e só não o ouço na rádio porque não passam jogos do mundial. Mas os comentários dos jogos de futebol estão a mudar e se gostámos, ouvimos, se não, queixámo-nos. São pseudo intelectuais com complexo de superioridade. Se são felizes assim, eu deixo-os.