sexta-feira, 6 de março de 2015

A síndrome “pós-colinho do Benfica” ataca outra vez!

"Às vezes levo amarelo por causa do contato, outras vezes porque corto jogadas em contra-ataque. Mas às vezes passo-me, porque vivo o jogo de uma forma muito especial, falo com o árbitro, fervo muito e isso é algo de menos bom. Mas sou assim desde criança e não é agora que vou mudar. É difícil controlar isto dentro do campo."
Enzo Perez, Mais Futebol

Não é a primeira. Não é segunda. E seguramente não será a última vez.
Nos últimos anos a imprensa afim ao Benfica – uma forma diferente de dizer “toda a imprensa portuguesa” – tem alardeado da grande capacidade vendedora do clube. Muitos desses jogadores, ao que parece, saem por milhões que depois ninguém vê e, supostamente, fazem-se estrelas lá fora apesar de que, na imensa esmagadora maioria dos casos, ninguém lhes presta demasiada atenção. Uma das principais razões para que esses futebolistas sofram tanto é o chamado síndrome “pós-colinho do Benfica” que afecta a defesas, médios, extremos e avançados por igual. É uma doença difícil de tratar, quase sem cura, e cujo o principal sintoma é o de continuar a comportar-se nos campos de futebol como se ainda fossem impunes, pagando as devidas consequências. Muitos dos jogadores que a sofrem nem sequer se apercebem que jogar em Inglaterra, França, Espanha, Itália ou até no Burkina Faso não é o mesmo que jogar em Portugal com o Benfica. Os árbitros são muito mais imparciais e isso complica, e muito, as coisas. É nesse momento que os sintomas se começam a fazer notar e o paciente se dá conta que algo não está bem!



Entre os exemplos mais recentes dessas vitimas do síndrome “pós-colinho do Benfica” podemos encontrar extremos que gostam de se atirar para o chão a simular penalties como Angel Di Maria ou Lazar Markovic, tão habituados a que estavam que alguém fosse imediatamente a correr, de apito na mão, para marcar o que o seu visionário treinador chamaria de “penalte”. Também há os avançados como Oscar Cardozo, habituados a mover-se na área com os cotovelos bem altos, empurrando defesas á vontade, que depois na Turquia descobrem que afinal isso é falta e ás vezes até dá direito a cartão vejam lá bem. Mas claramente é no sector defensivo que a doença se manifesta com maior força. Todos sabemos que uma falta no mundo do futebol não é igual a uma falta com a camisola do Benfica. Nem sequer um amarelo ou um vermelho é aplicado na mesma situação. 

É por isso que a Enzo Perez – o tal melhor jogador da liga e arredores – encontrou em Valência os primeiros sintomas da doença. E ainda só saiu há dois meses. Diz o argentino que sofre de impetuosidade e que não está habituado a que lhe marquem tantas faltas ou que os árbitros não o deixem falar. Já leva seis amarelos, um recorde para um jogador incorporado no mercado de Inverno. Há médios que não têm tantos cartões a jogar desde Agosto. Claro que Enzo não entende. Não entende porque lhe marcam uma falta quando ele só está a cortar uma jogada inocentemente como fazia na Luz debaixo dos aplausos do seu treinador visionário que dele diria, seguramente, que é um jogador limpo e honrado. E muito menos entende os cartões – dois deles por protestos – porque quando falava com os árbitros com a camisola vermelha ao peito eles até lhe diziam algo do estilo, “Não se preocupe Sr. Enzo que isto está tudo tratado, não fique nervoso”. Imagine-se, agora exigem-lhe que fale baixinho, com respeito e devagar. Que mundo! Agora já ninguém o trata por senhor, já ninguém acha que as suas entradas são inocentes e já ninguém se surpreende porque leva tantos cartões. 


A sua história não é muito diferente da de um David Luiz – que quando chegou à Premier League tornou-se alvo de chacota pelas entradas sem sentido que fazia semana sim, semana também e os amarelos que lhe davam os “dialogantes” árbitros ingleses por palavras – ou de um Matic, que embora tenha um treinador que também o acha “limpo e honrado”, já foi expulso vezes suficientes na Premier para sentir brotar na pele os sintomas mais agudos do síndrome “pós-colinho”. Em Madrid estão cansados - bastar ler os jornais, os sites e as redes sociais - das entradas fora de tempo dos laterais esquerdos dos dois clubes grandes da cidade, um tal de Coentrão e um tal de Siqueira, habitualmente castigados com cartões quando em Lisboa e arredores se teria aplaudido de pé a sua destreza em realizar uma falta táctica inocente.



Á medida que mais jogadores do Benfica chegam a países onde o futebol é respeitado, os árbitros se fazem respeitar e a imprensa não tem porque esconder as misérias dos seus jogadores, mais claro fica que o “colinho” é algo muito sério. É uma pena que a maioria dos jornalistas desportivos internacionais não se preocupe em investigar os sintomas dessa doença para encontrar a fonte da epidemia e se limitem a pensar que Enzo é duro porque é argentino, David Luiz faz faltas porque é idiota ou Di Maria se atira ao chão a pedir penalti em cada jogada porque lhe está na genética sem entender que todos eles levaram anos e anos onde tudo lhes era permitido.

A síndrome “pós-colinho do Benfica” é uma doença grave que não pode ser tratada pelo médico de família nem sequer pelas urgências. Neste momento há vitimas da doença em potência como Luisão ou Maxi Pereira que nunca poderão ser curados tal é o alcance do vírus. Houve outros pacientes no passado como Katsouranis, Binya, Karagounis, Javi Garcia, Witsel que foram ostracizados precisamente porque não se conseguiam livrar do “síndrome” que outros jogadores vindos de Portugal não pareciam manifestar. Dizem que a norte se respira melhor, deve ser isso! 
É preciso assumir "partantos" que é uma epidemia e que só se pode estripar desde as suas origens. Mas como com tantas doenças no mundo parece haver interesses superiores em que o brote se mantenha vivo. E lá continuaremos a ver, com o passar dos anos, mais pobres vítimas da síndrome do "pós-colinho".

PS: Estou há espera do dia em que a síndrome “pós-colinho do Benfica” salte do terreno de jogo para o banco de suplentes. No dia em que Jorge Jesus atravessar a fronteira a pensar que é a reencarnação divina de Rinus Michels e Helenio Herrera, teremos a oportunidade de ver como os seus insultos, agressões a agentes da autoridade, empurrões a árbitros e rivais e, sobretudo, o seu total desconhecimento táctico e das leis do jogo funciona em clubes e países um pouco mais exigentes do que aqueles onde se vive o “colinho”. 

30 comentários:

José Correia disse...

Chapeau!

João Machado disse...

Miguel, que digas que o JJ é um bronco e que faz o que quer de árbitros e afins em PT, estou de acordo. Que digas que tem "desconhecimento táctico"... Aguardo ansiosamente o dia em que ele saia do Benfica, mas não é por querer vê-lo falhar lá fora. É mesmo porque o Benfica vai ficar mais fraco, bem mais fraco...

Penta disse...


@ Miguel

se num Passado recente fui lesto a criticar algumas posturas tuas, hoje reconheço que este artigo está, no mínimo, sublime - ao ponto de ter inicialmente considerado que tinha sido redigido pelo caríssimo José Correia...
o meu espanto quando cheguei ao seu final impeliu-me imediatamente a parabenizar-te. assim sendo, aqui estou a dar-te os meus sinceros "parabéns!"

Miguel | Tomo III

iur disse...

Excelente crónica! É óbvio que reina a impunidade para as bandas da Luz; e quem de lá sai passa a ser severamente punido, habituados que estavam a que tudo lhes fosse permitido. Recordo a primeira expulsão no Mundial – Maxi Pereira! Porque será?

Abraço

pedro disse...

Era enviar este video para o jornalista da Marca que esta semana falou sobre o cominho do SLB. E com o título " É isto que vocês compram, gato por lebre"!

Unknown disse...

Só uma correcção, chamar a isto colinho é ser muito simpático. Colão é mais adequado.

Miguel Magalhães disse...

Muito Bom! Em cheio!

Miguel Lourenço Pereira disse...

JJ,

O modelo do Jesus tem sido exposto no futebol europeu onde reina a competitividade. Não é por acaso que ano sim, ano também, o Benfica ora cai na Liga Europa ora sai da Europa cedo. Onde prima a organização, a decisão por detalhes, o Benfica é uma equipa amorfa e sem alma. Em Portugal pode perfeitamente desdobrar-se numa especie de 4-2-4 - onde o meio-campo tem o trabalho facilitado pela forma como o rival se entrega - e onde o enorme leque de opções ofensivas (e os amigos de negro) fazem a diferença. Não é por acaso que em cinco anos onde o Benfica realmente se reforça (em qualidade e quantiade) é no ataque.

Mas no futebol europeu, onde há menos espaços, a temporização é diferente e exige-se um trabalho muito maior de construção de jogo no meio-campo, fica claro que o Benfica pertence á terceira divisão - que actualmente é a que disputa a Europa League - e mesmo aí, tendo visto os rivais que o Benfica teve nos 3 anos em que chegou, como minimo as meias-finais, não seria injusto falar numa quarta divisão europeia. Está muito longe de estar ao nivel de um treinador com elevado know how táctico.

Quando o JJ sair do Benfica vai ficar claro que ou se transforma num novo Nuno ou Mourinho, enfiado cá atrás e a jogar no contra-ataque, sem jogo de meio-campo, ou vai ser engolido e cuspido por todo e aquele que se cruze no seu caminho!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Miguel,

Se tivesse sido o José Correia a escrever este artigo tinha saido mil vezes melhor!

Miguel Lourenço Pereira disse...

É o habitual. Quando se cruzam com outra realidade, sofrem na pele a urticária de ter de jogar futebol sem ajudas. Mas como as ambições deles são outras e mais corriqueiras, ficam-se pelo "colinho"

Miguel Lourenço Pereira disse...

O video está aí, só não vê quem não quer. E há muita gente que não quer!

João Machado disse...

Miguel,

Concordo que o modelo de Jesus é ideal para jogar em Portugal e lá fora tem problemas. Mas o nosso futebol - português - é mesmo de quarta dimensão europeia. Nós, adeptos, é que achamos que não... Quem joga ainda são os jogadores e quando as nossas equipas defrontam adversários europeus de igual ou superior custo, é normal que percamos. É o caso de Jesus e o Champions League deste ano. Com adversários com mais dinheiro tem perdido várias vezes e ganhado algumas (Juve, por exemplo).
Em que é que o treinador da Juventus (o actual e o anterior), que tem muito mais dinheiro que Porto e Benfica, é melhor que Jesus, por exemplo? Nada ou quase nada...
Continuo a dizer: estou borrifando para o que acontece a JJ pós-Benfica. Mas quero muito que esse dia chegue depressa e regressem os Quiques e os Camachos, ou mesmo os Fernandos Santos desta vida...

Roberto H Santos disse...

Eu, que de si discordo inúmeras vezes, desta, só me resta agradecer o excelente texto que escreveu.

O meu filho de quatro meses adora colinho mas quando chegar a altura tenho que o colocar no chão para ele se aperceber da realidade.

Outra coisa que me irrita é a conotação ganha por certos "bebés" do slb de serem boas pessoas e não maldosos... Se partiu a perna não merece ser expulso porque o Luisão não é malicioso como o Bruno Alves a jogar a bola..

Os jogadores do slb são mesmo bebés, nao se lhes pode tirar a mama, o palrar e gesticular, os miminhos, os carrinhos e o colinho...

J.P. Gonçalves disse...

A sério? Grande ressabianço...
Assim de repente lembrei-me do Pepe em Espanha, depois de sair do F.C. Porto e em relação ao Jesus, vem-me logo à cabeça as atitudes no banco do sr. Lopetegui... Todas as semanas.
Quando leio aqui artigos nos últimos tempos, tenho que olhar para o cabeçalho do blogue porque muitas vezes parece mais que estou a ler blogues afectos ao Sporting... O nível Calimero tem vindo a subir todos os dias...

José Correia disse...

JON, com os planteis que o JJ teve à sua disposição, acha que seria difícil encontrar treinadores que fizessem o mesmo ou melhor?

Por exemplo, com os mesmos planteis, acha que Vítor Pereira, Leonardo Jardim ou Nuno Espírito Santo (só para falar em três treinadores que, entretanto, emigraram), fariam pior?

João Machado disse...

José,

Falou em 3 treinadores que não são fracos, mas é justo porque eu primeiro falei de 3 fraquinhos - Quique, Camacho, Santos.
Jardim tem futebol de equipa pequena. Não gosto e acho que nós portistas, por exemplo, não íamos gostar de ver uma equipa a jogar lá atrás e a sair em contra-ataque. NES é parecido... Quando têm de atacar de início a fim, como têm Porto e Benfica em 95% dos jogos da época, têm dificuldades. Eu prefiro outras ideias para o nosso clube, por isso, mesmo considerando o modelo de Jesus "problemático", acho preferível o modelo dele para equipas que têm de fazer o que Porto e Benfica têm.
Vitor Pereira é um treinador fantástico e por mim teria ficado muitos anos. Teve sempre adeptos contra ele, plantéis curtos e, por fim, nem a direcção o segurou... Enfim, outro debate, que não este.

Sinceramente acho JJ muito competente. Por exemplo: os golos que o Porto marcou ao SCP este último jogo, dificilmente o Benfica sofria...

Continuo a achar que o Benfica vai ficar pior quando JJ sair. Então se lá for parar um Rui Vitória ou um outro parecido... até esfrego as mãos!

Filipe Sousa disse...

"Enviar um dvd ao Ministro do Desporto com imagens de supostos erros de arbitragem" - nível máximo de calimerice, nunca, jamais e em tempo algum ultrapassado ou sequer igualado.

J.P. Gonçalves disse...

Todos nós usamos óculos com lentes da cor do nosso clube. E vemos conspirações por traz de cada esquina. Depois há quem raciocine mais friamente:
... "Mérito do Benfica, aparentemente, não há nenhum. Ou ganha porque os adversários se recusam a correr ou ganha porque os árbitros se recusam a invalidar todos os golos apontados pelos seus jogadores da defesa, da linha média ou da linha avançada.
Deste ponto de vista, estritamente faccioso, o futebol e o balanço dos campeonatos ficam claríssimos como água aos olhos esbugalhados do estimado público.
Por exemplo, para o Sporting nos últimos 32 anos só houve duas temporadas em que os árbitros e os adversários foram verdadeiramente isentos. É pouco.
Para o Porto, no mesmo período de tempo, 32 anos os árbitros e os adversários foram impecáveis muito mais de uma vintena de temporadas. É muito.
Para o Benfica, no mesmo período tempo, as contas saldam-se em meia-dúzia de temporadas em que adversários e árbitros estiveram ao nível desejado pelas instâncias internacionais. O que não é nem pouco, nem muito. Nem, longe disso, razoável.
Veremos como termina o campeonato em curso para um acertar destas contas sempre tão tristes de se fazer "...

Miguel Lourenço Pereira disse...

JON,

Claro que somos, salvo raras excepções, de terceira, quarta e quinta divisão e que para consumo interno o plano JJ serve. Mas um grande treinador pensa sempre mais longe (por isso nós tivemos treinador do nivel do Mourinho, AVB, VP, Artur Jorge, Robson, Ivic) e sempre que pensamos pequeno notou-se. Os nossos treinadores sabem que têm de ter um modelo de jogo que funcione aqui e lá fora - por prestigio, por necessidade de vender - e é isso que oferecemos. O JJ funciona no Benfica porque só oferece o lado populista da moeda e quando o nivel de exigência sobre, descobrem-se as vergonhas.

Isso não significa que haja treinadores muito piores que o JJ - que os há - mas o investimento das ultimas epocas, com JJ, é muito superior ao que esses citados treinadores receberam!

Daniel Gonçalves disse...

JP Gonçalves às 16:35 disse "Assim de repente lembrei-me do Pepe em Espanha, depois de sair do F.C. Porto..."

São situações incomparáveis, a atitude do Pepe ao pontapear um adversário foi uma excepção, e não uma constante ou um comportante habitual. Foi algo pessoal, um atrito no decurso do jogo, entre ele e o outro jogador, e que levou a uma explosão de nervos, como o caso do Zidane no Mundial de 2006. Não havia antecedentes do Pepe em agressões nem ele teve atitudes semelhantes posteriores a esse caso.

O caso que o Miguel Lourenço Pereira foca neste artigo é que este tipo de atitudes dos jogadores benfiquistas são, não uma excepção, mas a regra, uma constante.

Filipe Sousa disse...

Nos últimos 32 anos, o Porto ganhou 2 Taças dos Campeões europeus, 2 Taças UEFA, 1 Supertaça Europeia... Os outros clubes, no mesmo período, andaram a levar na boca do Bastia, Getafe, Celta de Vigo, Halmstads, Gençlerbirligi, Olympiakos, Espanyol... Tudo por causa das arbitragens, certamente.

Paulo Marques disse...

Ó Filipe, cuidado com o disurso, que o FCP também levou de Art Médias e coisas parecidas...
Mas esta de comparar o comportamento de Lopetegui com Jesus, que chegou a cometer um crime, não lembra ao diabo.

Paulo Marques disse...

O Pepe perdeu-se por influência do Mourinho e do colinho ao RM... É que o jogo dele não nada a ver com o que quando estava cá.

João Machado disse...

Miguel, AVB? A sério que viste jogar Tottenham e Zenit?
E o que diferencia JJ e AVB? Um ter ganho a final e o outro ter perdido?

Não percebo essa lógica. AVB fala bem, mas não me engana... É limitado.

João disse...

Na quarta, quinta ou décima divisão, JJ este ano estava em 3° ou 4° sem colinhos. E este Benfica é uma equipe que se arrisca a perder pontos em qualquer deslocação, é miserável.

João disse...

Mas "mérito do Benfica" não há, evidentemente, nenhum este ano. Qual é a dúvida? Se vocês próprios reconhecem, na maioria, que estão com 12-14 pontos a mais do que deviam, qual é a dúvida que não têm mérito?

Miguel Lourenço Pereira disse...

É limitado e nota-se que o trabalho táctico era, essencialmente, do VP, mas ainda continua a ser melhor treinador que o JJ!

miguel.ca disse...

Fantástico texto, Miguel. Simplesmente fantástico. Muitos parabéns.

José Correia disse...

O Enzo Pérez levou mais um cartão amarelo no Atlético de Madrid x Valência...

José Correia disse...

No Manchester United x Arsenal (1-2) de hoje, para os quartos-de-final da Taça de Inglaterra, Ángel Di María foi expulso aos 77 minutos, por simulação e posteriores protestos.

Os maus hábitos adquiridos no SLB, continuam a custar caro...