quinta-feira, 26 de março de 2015

O ponto de situação do "caso Oliver"

A notícia da semana em Madrid foi a renovação – até 2020 – de Diego Pablo Simeone.
É uma renovação com matizes (todos os anos, até 2020, ambas partes podem chegar a um acordo amigável que basicamente quer dizer que quando Simeone quiser aceitar uma das muitas ofertas que tem, pode sair sem prejuízo financeiro) mas que consolida definitivamente a sua presença como máxima figura no Calderón. Tudo gravita à sua volta e a sua obsessão – ganhar a Champions League com os “colchoneros” – vai ser o motor dos próximos anos. O clube assume que a 38 jogos é difícil ombrear com Real Madrid ou Barcelona para repetir o titulo da liga do ano passado mas sabe que na Europa, com jogos a eliminar, a conversa é outra. E essa é também uma noticia importante para o FC Porto.

O clube está desde Janeiro a falar com os principais responsáveis desportivos do campeão espanhol, Gil Marin (filho do mítico presidente Gil y Gil) e Caminero, director desportivo e a voz de Simeone nas reuniões. O que tínhamos adiantado na altura parece confirmar-se cada vez mais e a renovação de Simeone reforça-o. Muito dificilmente Oliver Torres voltará a jogar no Atlético de Madrid enquanto o argentino for treinador. Em equação – e fundamental para a renovação – entrou outra variável. O investimento de um milionário chinês Wang Jianlin, que adquiriu um pack importante de acções da SAD colchonera, cerca de 20%, sob a promessa de sustentar financeiramente o clube na sua corrida à Champions, correspondia às exigências do treinador que quer que o Atlético deixe de ser uma equipa vendedora e possa atrair ao Manzanares jogadores de topo. Na lista de exigências do argentino há três nomes escritos em letras maiúsculas: o avançado uruguaio Edison Cavani, o médio argentino Javier Pastore e o extremo Marco Reus. São os principais objectivos do novo Atlético e é altamente provável que, pelo menos dois deles, sejam contratados para o próximo ano.
O clube de Madrid vai estar muito activo no próximo defeso. Com ordem de saída no plantel estão Siqueira, Mandzukic, Miranda e Oblak. Arda Turan tem ofertas importantes e poderá sair. Tiago ficará apenas mais uma temporada e o capitão Gabi – debaixo de um processo de corrupção desportiva – vai ter cada vez menos protagonismo. Simeone quer montar uma estrutura de meio-campo e ataque onde Reus, Koke e Griezzman sejam o apoio a Cavani, com Saul e Tiago ou Gabi no apoio medular. Seria um onze muito mais forte do que o actual e, sobretudo, um onze sem espaço para Oliver Torres.


Simeone já deixou claro que não conta com o jovem criativo no seu esquema de jogo. O clube  não se quer desprender de uma das suas maiores pérolas nem o jogador que quebrar o vinculo com o Atlético mas se essas movimentações taparem qualquer possibilidade de jogar de Oliver, a saída parece inevitável .O Atlético vai comprar muito mas também vai ter de vender para respeitar o Financial Fair Play e é importante cortar o máximo de pontas soltas no plantel. Um novo empréstimo só é opção se for o FC Porto. Nem o jogador quer ir para outro lugar emprestado nem o clube está disposto a ter Oliver noutro clube sem sacar algum tipo de rendimento ou emprestá-lo a um rival directo em Espanha (Sevilla e Villareal são os interessados) não é opção para o clube. Oliver tem mercado – e muito especialmente depois deste ano – e a sua recuperação para posterior venda é neste momento o cenário mais provável. O Atlético guardaria uma opção de recompra sobre o jogador no período de dois anos para onde quer que vá por um valor nunca superior aos 20 milhões de euros. O médio tem mercado em toda a Europa mas as necessidades de Simeone são prioridade. E aí entra o eventual duelo que pode ditar o seu destino. Um FC Porto vs Borussia Dortmund.

Simeone quer Reus. Já tentou de tudo neste último defeso – o jogador esteve mesmo a ponto de assinar mas as exigências do Dortmund (pagamento a pronto da cláusula) impediram o negócio – e vai voltar à carga. O jogador também está interessado em jogar em Espanha. Klopp já assumiu que vai perder Reus – o último pilar da sua grande equipa com Gotze e Lewandowski no ataque – mas em troca quer Oliver. É um admirador confesso do médio, acredita que pode ser importante para impor ordem no meio-campo do Dortmund e sabe que incluir o jogador pode baixar o preço a pagar por Reus. Por dez milhões de euros teria um jogador de uma enorme projecção que taparia uma vaga na equipa e ainda deixava dinheiro para reforçar outras áreas. O Atlético está disposto a ir por esse caminho – o jogador não acha tanta piada – e a operação já teve luz verde de Simeone mas o FC Porto voltou à carga explorando a grande debilidade dos colchoneros este ano: o lateral esquerdo.
Depois da venda de Filipe Luis, jogador fundamental nos anos anteriores, o Atlético foi ao mercado buscar Siqueira (num negócio mediado por Mendes com Quique Pina) e conseguiu, por empréstimo, o argentino Ansaldi. Simeone está insatisfeito com ambos. Ao primeiro considera pouco profissional e aplicado e ao segundo, a situação de empréstimo, o elevado salário que recebe e a falta de rendimento por contínuas lesões parecem descartar a sua contratação. Tanto que é Jesus Gamez, lateral direito, quem tem ocupado a posição. Assinar com um lateral é a prioridade máxima da equipa e o Atlético tem tentado convencer Mendes a persuadir o Chelsea a emprestar de novo um Filipe Luis que não tem tido minutos em Londres. Tudo depende desse negócio. Se Mourinho se mantiver inflexível, o Atlético vai ter de ir ao mercado. E aí aparece Alex Sandro. O lateral acaba contrato no próximo ano (como Danilo), tem mercado e o rendimento desportivo, ainda que bom, tem baixado esta época em relação à anterior. No Dragão a opinião geral – que partilho – é que é a melhor altura para vender o brasileiro e se essa venda incluir Oliver no negócio (com um empréstimo com opção de compra ou, cenário mais improvável, compra definitiva imediata), todos saíam a ganhar. O jogador, claramente, prefere esta segunda opção. Está com o seu “pai” futebolístico, perto de casa e num clube que já conhece e que o valoriza.


Neste cenário o destino de Oliver está nas mãos de muita gente. Uma equação complicada que envolve Jorge Mendes, José Mourinho, Jurgen Klopp, Marco Reus e Alex Sandro. Um cenário assim é sempre imprevisível e tudo pode suceder até Julho. O que é certo é que Simeone não quer Oliver, o jogador prefere o FC Porto a qualquer outro cenário longe de Madrid e o clube tem feito de tudo para garantir o seu concurso para o próximo ano. As cartas estão na mesa mas o jogo ainda está longe de acabar.

5 comentários:

Luís Vieira disse...

São muitos pressupostos e probabilidades cruzados para se poder ter uma noção exacta do que poderá acontecer. Todavia, centrando-me no que nos é mais próximo, não me importaria com a saída do Alex Sandro (a versão mais recente, não o jogador fulgurante dos tempos do Vítor Pereira), desde que incluísse o Óliver na equação. Seria até um negócio muito vantajoso, tendo em conta que temos substituto na forja para a posição de defesa esquerdo (José Ángel - que precisa de evoluir, naturalmente). No caso da mais do que provável saída do Danilo (tudo aponta nesse sentido), a situação já será mais preocupante: não me parece que o Ricardo possa assegurar com tranquilidade a sucessão, pelo que o Porto deverá ir ao mercado (tem-se falado em Mayke e Marcos Rocha). Acho é que o Porto não pode dormir na forma e deve preparar a constituição do plantel da próxima época com antecipação, à semelhança do que aconteceu este ano, se quiser ter uma equipa competitiva.

manelmadeira disse...

O porto ja fez investimentos fortes no passado e a maioria rendeu, este Oliver decerto que iria render, é um jogador fenomenal

DC disse...

O Atlético não quer antes um médio super intenso, que se farta de correr, como o Herrera? :)

Hugo disse...

Oblak de saída? Custa-me a crer. Seria bom conseguirmos um empréstimo do Oliver por mais dois anos.

ega disse...

Muito importante manter Óliver no plantel.