domingo, 18 de novembro de 2012

Em defesa de André Villas-Boas

Ponto prévio: Considero André Villas-Boas um grande treinador, não esqueço a fantástica época em que comandou a equipa técnica do FC Porto e faço parte dos portistas que aplaudiram a entrega do Dragão de Ouro de Treinador do ano em 25 de Outubro de 2011.

Contudo, sei que a maior parte dos adeptos portugueses não partilham deste sentimento. E as razões são várias.
Os sportinguistas não perdoam a forma como, após ter sido anunciado em Alvalade (pela comunicação social), André recuou e preferiu esperar que lhe fossem abertas as portas do seu clube de sempre.
Os benfiquistas não se esquecem das humilhantes derrotas (e foram três!) que, em poucos meses, o FC Porto de André Villas-Boas lhes impôs na época 2010/11.
E há muitos portistas (talvez a maioria) que não aceitaram a forma como o André trocou a sua "cadeira de sonho" pelos milhões de Roman Arkadyevich Abramovich.

Este misto de azia e ressentimento de grande parte do Portugal futebolístico, faz com que as derrotas das equipas treinadas por AVB sejam destacadas como derrotas pessoais, quase da mesma forma como são efusivamente festejadas as vitórias de um outro treinador português, um tal de special one, que também teve um enorme sucesso na cidade Invicta, mas que em devido tempo soube romper os laços afectivos com o FC Porto.

Vem isto a propósito da forma como vi comentada, em jornais portugueses, e não só, a derrota pesada que o Tottenham averbou ontem na deslocação ao Emirates Stadium. É verdade que os Spurs perderam por 5-2 com o seu grande rival de Londres, mas só quem não viu o jogo, ou por má fé, pode culpar o ex-treinador do FC Porto.
Eu vi um Tottenham que entrou no jogo de uma forma personalizada, a controlar completamente os Gunners e que antes de completar os primeiros 10 minutos já tinha marcado um golo por Gallas, que foi anulado e bem (o defesa francês estava em fora-de-jogo). Uns minutos depois do golo anulado marcou outro golo, por Adebayor, e pode dizer-se que era inteiramente justa a vantagem no marcador. E mais uns minutos após estar a ganhar por 1-0, os Spurs podiam perfeitamente ter chegado ao 2-0, num remate cruzado de Lennon que passou a rasar o poste e com o guarda-redes do Arsenal completamente batido.
Até o Adebayor se ter feito expulsar, aos 18 minutos, só dava Tottenham e as estatísticas do jogo eram claras: quatro tentativas de golo para o Tottenham e 0 (zero!) para a equipa da casa.

"O Tottenham começou bem, estávamos um pouco nervosos e eles marcaram cedo (...) mas depois houve o ponto de viragem com a expulsão de Adebayor. Mudou o jogo"
Arsène Wenger, treinador do Arsenal


AVB não tem a frieza, nem sabe gerir a sua carreira de treinador da forma inteligente e quase cientifica como José Mourinho tem sabido gerir a sua e, nesta segunda experiência na Premier League, não me parece que tenha criado as condições necessárias para ter sucesso no Tottenham (olhando para a concorrência e para o plantel que tem à sua disposição, melhor que o 4º ou 5º lugar será quase impossível).
Mas, para mim, continua a ser o "cenourinha", continua a ser o portuense da Foz, sócio do FC Porto desde criança, continua a ser dos nossos e, por isso (e por aquilo que já referi atrás), desejo-lhe o maior sucesso nas equipas que tem treinado no pós-FC Porto (excepto, obviamente, em jogos contra o FC Porto).

59 comentários:

Tezcatlipoca disse...

Eu sou um daqueles portistas que aprecia as derrotas do Libras-Boas, perdeu uma oportunidade única para se tornar num ícone, mas preferiu o dinheiro, na mesma altura em que professava amor eterno pelo clube e com os adeptos a acreditar que ele nunca sairia em vésperas de começar uma nova época... agora continua com o dinheiro (e quanto!), mas com a sua carreira em declínio. Não se pode ter tudo Libras.

Vasco disse...

Foram 4 derrotas que o Slb sofreu nessa época. Supertaça, duas no campeonato e uma para a Taça.

The Blue Factory of Dreams disse...

Que o Judas arda na cruz, juntamente com as suas libras.

José Correia disse...

Tem razão, mas as vitórias do FC Porto na Supertaça já se tornaram tão normais, que até me esqueci dessa.

Sim, foram quatro vitórias concludentes sobre o slb, mas as que ficaram para a História do futebol português foram as duas para o campeonato e a fantástica viragem na Taça de Portugal, em que partindo de uma desvantagem de 0-2, o FC Porto eliminou o slb na sua própria casa.

.:GM:. disse...

Eu gostaria de saber quantos de vós, por muito que gostassem do vosso emprego actual, desperdiçariam a hipótese de ir ganhar três ou quatro vezes mais e ficar com o futuro praticamente garantido mesmo que as coisas corressem mal - que foi o que efectivamente aconteceu. São uma cambada de hipócritas.

Alexandre Burmester disse...

Belo artigo, José Correia, que reflecte o que me vai na alma sempre que vejo os infames ataques ao André Villas-Boas.

Que os mouros detestem Villas-Boas, estou como o outro, mas que portistas que desculparam a Mourinho todas as suas atitudes de acção e omissão para com o FCP continuem a cair am cima do AVB, inclusivamente com o abusivo termo de "Libras Boas", acho inaceitável. Ao fim e ao cabo, acabou, nesse preciso ano que nos deixou, por ser galardoado - e efusivamente festejado - pelo próprio Jorge Nuno Pinto da Cost, homem que de hipócrita nada tem.

O AVB foi para o Chelsea pelas mesmas razões fundamentais que o Mourinho: é um dos principais clubes da principal Liga do Mundo. Aqueles que vêm nessas decisões de carreira apenas e essencialmente o dinheiro estão, se calhar, a verem-se, ao espelho.

DC disse...

Contra o City começou a ganhar e perdeu, contra o Chelsea esteve a ganhar 2-1 e foi goleado, no ano passado ao serviço do Chelsea esteve a ganhar ao Arsenal e foi goleado.
Neste jogo, com expulsão ou sem expulsão não acredito que não perdesse, o Tottenham não joga nada, não sabe controlar um jogo e sempre que se apanha em vantagem recua imediatamente no terreno e é massacrado pelos adversários. Só contra o Utd acabou por correr bem, mas nem o AVB sabe como tal foi a quantidade de ocasiões flagrantes do Utd.

Está mais que provado que o AVB saiu cedo demais e agora está a pagar por isso, resta saber em que jornada será despedido.
Por esta altura AVB podia ser um homem moderadamente rico mas bem sucedido, em vez disso vai ser um treinador falhado mas milionário. São escolhas...

Jorge disse...

O que e discutido no artigo nao e se as pessoas o consideram ou nao um grande treinador mas se gostam dele.
Eu gosto dele ja que acho que fez um grande trabalho no Porto e saiu sem atritos, se bem que o timing nao fosse o melhor.
Quanto a ser um grande treinador, ainda o tem que o provar...

Penta disse...

não, não somos «hipócritas»; antes somos adeptos de futebol.
curiosamente (ou talvez não) há quem nos apelide de irracionalmente racionais - pois o Futebol é um jogo que envolve, de todos os outros sentimentos, a paixão (muitas vezes exacerbada, daí ser irracional).

e, como adepto de futebol - e indefectível do FC Porto - e por muito que André Villas-Boas tenha dado a ganhar 15M€, não esqueço a forma e sobretudo o 'timming' que resolveu deixar aquela que, meses antes, apelidara de «cadeira de sonho».

se sou «hipócrita» por (ainda) não o perdoar?
talvez seja. mas só aos seus olhos.
aos de um adepto, como muitos há no Estádio do Dragão, (e independentemente de considerar o André Villas-Boas um bom treinador, sobretudo no plano emocional dos jogadores - tal como Mourinho), sou um alguém que não perdoa a traição. e a Traição está longe de se coadunar com a Hipocrisia.

ps:
é pura demagogia comparar o que não é comparável, como sejam os salários dos profissionais de futebol com os de muitos de nós, adeptos da dita modalidade. deveria ter mais cuidado com esse tipo de argumentos, próprios de outras «cambadas»...

Duarte disse...

Entrou no FC Porto numa altura muitíssimo difícil. Hoje, por uma falta enorme de memória, há muito boa gente que acha o contrário. Há quem pense que AVB entrou na altura ideal, que era fácil pegar numa equipa desacreditada, desmotivada, que vinha de um terceiro lugar, com perspectivas de fim de ciclo na hierarquia do futebol português. Tudo isto quando, em oposição, víamos o clube do regime pujante, a controlar totalmente os bastidores do futebol português e, diga-se em abono da verdade, com um treinador que os pôs a jogar um futebol de qualidade (coisa que há décadas não acontecia por aquelas bandas) e a potenciar os bons jogadores de que dispunha. Para fazer frente a isto estava AVB, um miúdo de 32 anos, com seis meses de Académica e, depois, com uma pré-época em que exibições e resultados deixaram tantos adeptos à beira de um ataque de pânico antes daquele (memorável) jogo da Supertaça em Aveiro. É difícil encontrarmos na nossa história recente um treinador que tenha entrado no FCP com uma conjuntura tão adversa, mas o resultado foi o que conhecemos: sem subterfúgios logo à partida que desculpabilizassem um eventual deslize e com muita, muita classe, elevação, garra e entusiasmo ganhamos tudo. Ganhamos jogando o futebol mais bonito de que me lembro numa equipa portuguesa (talvez, com boa vontade, se encontre um paralelo com o FCP de 2002/2003).

Pois bem, feita esta contextualização (dirigida àqueles que falam do pré-2010/2011 como se de um mar de rosas se tratasse para qualquer treinador), AVB recebe uma proposta tentadora do Chelsea. Aceitou-a, fez mal, fez muitíssimo mal. No seu íntimo, quanto mais não seja, estou certo de que já não o reconheceu. Fê-lo a pensar que Abramovich lhe iria disponibilizar um saco sem fundo para reestruturar o plantel (como aconteceu com Mourinho) e o russo não o fez, pelo contrário. Começam aí os problemas de AVB até ao que conhecemos hoje. A sua saída magoou-me e chocou-me. Pelo timing e por ter dito o que disse antes. Hoje está perdoado para mim. Gostava que um dia voltasse ao FC Porto e acho que estará a isso destinado mais tarde ou mais cedo (talvez mais tarde do que mais cedo).

Por culpa própria está a atravessar um calvário do qual não será fácil sair. Mas ainda é muito novo (e há tanta gente que se esquece disso) e mesmo no Tottenham poderá dar a volta por cima. A ver vamos.

Penta disse...

caríssimo,

permita-me discordar da sua opinião, socorrendo-me das minhas seguintes palavras, utilizadas em comentário anterior:
«
como adepto de futebol - e indefectível do FC Porto - e por muito que André Villas-Boas tenha dado a ganhar 15M€, não esqueço a forma e sobretudo o 'timming' que resolveu deixar aquela que, meses antes, apelidara de «cadeira de sonho».
»

e, sim!, eu sou um dos que apelida o André de "£ibras-Boas", no sentido em que resolveu debandar para terras de Sua Majestade deixando-nos agarrados aos ditos cujos, mesmo que por breves momentos, e por muitos abraços que tenha recebido do nosso querido líder na gala dos 'Dragões de Ouro' de 2011.
mas sobretudo - e convém não o esquecer -, apelido-o de tal porque, pela procura das ditas £ibras, "minou" pela base um projecto na qual todo o grupo de trabalho de então estava concentrado, ao ponto de parte daquele grupo deixar de acreditar que um "treinador adjunto" «jamais» seria (daria?) um bom treinador principal. é que não foram coincidência todos aqueles casos de indisciplina...

ps:
eu ainda não desculpei a José Mourinho...

abr@ço
Miguel | Tomo II

Anónimo disse...

Onde eu gostava de o ver era no Benfica!

Anónimo disse...

O villas-boas é um bom treinador no tratamento que tem com os jogadores. "Enfeitiça-os" no bom sentido. é um scolari que percebe um pouco mais do futebol. Mas enfeitiça também alguns adeptos como o caro José Correia, pela sua maneira de estar no futebol, por ser bom comunicador, pela sua classe. Mas não se confundam as coisas: na época de villas-boas no dragão o porto fez alguns miseráveis. As grandes vitórias dessa época devem-se também aos jogadores e à restante equipa técnica. Penso que o sucesso dessa época se deveu À junção perfeita de todas as partes e não teve mérito exclusivo de AVB.
Quanto à sua carreira no Totenham tenho a dizer que eu na época passada acompanhei bastantes jogos do Totenham. Era uma equipa que jogava à bola que se fartava. grande grande futebol. dava mesmo gosto ver aqueles jogos. nesta época nem por isso, para além de maus resultados, más exibições, má gestão da equipa como o caso gritante entre friedel e lloris.
nota final para o portismo desse senhor:quando esse senhor for despedido do Totenham, espero que não saiam noticias que ele vai voltar ao porto porque não será (da minha parte) nada bem vindo.

Juca

Miguel Lourenço Pereira disse...

Continuo, honestamente, a surpreender-me com a atitude de adeptos do FC Porto face a AVB.

Eu também gostaria que o FCP fosse o Auxerre, o Arsenal ou o Man Utd, que tivesse um treinador identificado plenamente com o clube durante largas décadas. Que fosse alguém da casa, alguém que cresceu nas bancadas, nas peladinhas de rua a sonhar de miúdo com o sucesso do seu clube. Gostaria muito e talvez se o Zé do Boné não tivesse morrido tão cedo ou se Artur Jorge tivesse tido mais fortaleza mental, isso podia ter sido possível. Mas o FCP tornou-se um clube de presidente mais do que de treinador e os técnicos que chegam e vão sabem que estão limitados no exercer do seu trabalho e que chegará um momento em que se fartem de ter de contrabalançar todos os anos as contas, de perder jogadores que se matam horas a potenciar para recomeçar o processo ao mesmo tempo que se lhes exige mundos e fundos. A poucos pessoas se lhe exige tanto e se dá tão pouco como a um treinador de um clube assim.

Villas-Boas é um grande treinador, com potencial para ser maior ainda, e viu no FC Porto um projecto que por dentro seguramente dava sinais de problemas. E viu uma oferta irresistivel de um clube que acabaria por ser - também consigo - campeão europeu. E fez a escolha que fez, saiu-lhe mal - é o que dá meter-se com Terry, Lampard, Drogba e companhia, ainda a trocar sms com Mourinho diariamente - e agora espero que se levante. Se não for em White Hart Lane, que seja noutro lado. Mas que se levante.

Além de achar completamente ridiculos aqueles que criticam a opção de AVB apenas pelo dinheiro envolvido - como se eles alguma vez o fossem recusar, sem dúvida nenhuma - também não entendo como um verdadeiro adepto quer prender, contra a sua vontade, um treinador que deu tudo o que tinha quando esteve ao serviço do clube e lhe deu a ele, adepto, as maiores alegrias possiveis. Faz-me lembrar o casamento em que a mulher, que quer procurar algo novo na sua vida, pede o divórcio, e o homem não só não o quer dar como passa o resto da sua vida a insultá-la. Acordem!

Villas-Boas será um dos treinadores da história deste clube, como foram Yustrich, Guttman, Pedroto, Artur Jorge, Ivic, Robson e Mourinho, porque logrou algo diferente e especial. Mesmo que não volte a pisar os pés no Dragão, de mim terá sempre um agradecimento eterno e um apoio indefectível vá onde vá como técnico!

.:GM:. disse...

Demagogia? Demagogia é não saber colocar as coisas em perspectiva, ou acredita mesmo que quem ganha 1.5 milhões não quer ganhar 5 ou ou 6??

Demagogia é esquecer que nós somos adeptos de um clube, eles são profissionais, é para isso que trabalham, e como qualquer profissional querem subir na carreira nem que seja somente na folha salarial.

Ok, enganei-me, não são hipócritas. São líricos.

Costa disse...

Não se deve confundir ser um grande treinador com treinar uma grande equipa.

Não são pormenores, são 'pormaiores'.

DC disse...

"E viu uma oferta irresistivel de um clube que acabaria por ser - também consigo - campeão europeu."

Eu diria, que acabaria por ser, APESAR DELE, campeão europeu. (acho que não há ninguém mentalmente são que pense que o Chelsea faria alguma coisa na Champions se o AVB não fosse despedido).


Quanto ao resto, com todo o respeito Miguel, mas parece-me que quem precisa de acordar é você.
A questão do dinheiro envolvido é subjectiva, eu se receber 1000€ por mês e me oferecerem 5000€ certamente aceitaria essa proposta. Agora um treinador que recebe 150000€, pode perfeitamente recusar uma proposta de 400000€.
Pela sua lógica, Mourinho, Ronaldo e Messi por esta hora andavam todos na Rússia a viver dos petrodólares. Não estão lá por uma razão, preferem outros projectos mais aliciantes em vez do dinheiro.

Depois pode argumentar que o projecto do Chelsea era interessante. Eu digo-lhe que o do Porto também era muito, desde logo começando pelo confronto na Supertaça Europeia com aquele que AVB afirmou ser a sua inspiração.
Mais, provou-se claramente que AVB não tinha um projecto no Chelsea já que as coisas foram andando claramente aos solavancos, com ele a encostar jogadores fundamentais e a incompatibilizar-se com metade do plantel, porque não lhe foi permitido renová-lo.
Ou seja, se a sua teoria é a de que AVB tinha um projecto mais aliciante, eu digo-lhe que um projecto tem que ter pés e cabeça. Ninguém tem um projecto e só passado um mês de o começar é que se lembra que vai dispensar o Anelka e o Alex e encostar o Drogba e o Lampard.
AVB não tinha projecto nenhum, saiu a correr, saiu por dinheiro, e com essa precipitação pode ter perdido muito na sua carreira. Por exemplo, era um dos nomes falados para o Barça e Guardiola acabou por sair...

Além disso, se o dinheiro significava tanto para ele, não tinha necessidade nenhuma de fazer falsas promessa e falar em cadeiras de sonho. VP é no mínimo tão portista como ele e nunca o vi a ser tão demagógico como AVB, nunca o vi a confessar-se tão apaixonado pelo Porto como AVB, a contar histórias bonitas da infância, a falar do avôzinho portista... E quem diz VP diz António Oliveira ou outro qualquer.
AVB quis cair no gôto dos adeptos, não só à custa do seu futebol, mas também à custa do seu portismo. Nunca vi um treinador a enunciar tantas vezes o seu amor por um clube, o seu historial de portismo(Guardiola por exemplo nunca precisou disso)como o AVB.
E como tal, depois de tantas falsas promessas, só temos que as cobrar.

É que ir por dinheiro aceita-se (Mourinho também o fez), ir pelo projecto até se podia aceitar (caso esse projecto existisse, coisa que se provou não ser verdade), agora tantas juras de amor para uma facada nas costas não se aceitam.

Usando a sua metáfora da mulher, o que AVB fez não foi pedir o divórcio. AVB foi uma mulher que passou 1 ano a confessar-se perdidamente apaixonada pelo marido para de repente fugir de iate com o primeiro milionário que lhe apareceu. Essa sim é a metáfora correcta!

Silva Pereira disse...

Boa tarde,

100% de acordo.

è uma das equipas que gosto de ver jogar.

Parabéns pela coragem de registar a opnião contra o "politicamente correto".

Cumprimentos

Silva Pereira disse...

continuação

...esqueci-me de dizer que por vezes fico a pensar se o AVB não tiver sucesso talvez aja uma hipótese de voltar ao FCP. Sei que isso é sonhar pois eu acrtedito que ele vai continuar por longos anos na Inglaterra.

Anónimo disse...

Para os mais esquecidos relembro as razões que pinto da costa revelou para a saida do ABV: basicamente tinha receio de apanhar uma goleada do barcelona e tinha receio de ser colado ao Mourinho na sua trajectória e lhe exigirem a Champions.
Conclusão: ou é mentiroso ou é fraco.

Juca

Penta disse...

@ GM

mesmo sendo «lírico», percebo perfeitamente que actualmente só no FC Porto é que atingem o grau máximo da sua carreira futebolística profissional: a conquista de títulos.
e não há folha salarial que pague "isso" (o que já não é pouco).

ps:
seria interessante comentar sem insultar: não lhe fica bem, nem é elegante chamar de «hipócritas» e de «líricos» quem desconhece e só para fazer prevalecer os seus argumentos - que, como em tudo na Vida, estão sujeitos ao contraditório.

Penta disse...

@ DC

"tirou-me as palavras da boca" para responder ao outro Miguel.
da minha parte - um «ridículo que critica a opção de AVB [abandonar a sua «cadeira de sonho»] apenas pelo dinheiro envolvido» - bravo!

abr@ço
Miguel | Tomo II

.:GM:. disse...

lírico
adjetivo
1. LITERATURA, MÚSICA diz-se do género literário ou musical em que o autor exprime a sua subjetividade
2. dizia-se, na Antiguidade, da poesia que se podia cantar ao som da lira
3. diz-se da composição poética que pode ser cantada
4. relativo à ópera
5. que exprime sentimentalismo
nome masculino
1. poeta que cultiva o género lírico
2. figurado indivíduo muito sentimental, pouco prático, sonhador

Não me parece que lírico seja ofensa em parte alguma.

Quanto à hipocrisia, é impossível de atestar a mesma até à altura em que fossemos confrontados com a proposta que o Villas Boas foi confrontado. Eu optaria por gerir a minha vida e garantir o meu futuro assim como o da minha família sem olhar a sentimentalistmos. Aparentemente, há quem prefira continuar a vestir a mesma camisola independentemente da incerteza do futuro. Eu sou mais prático e mais pragmático que isso.

José Correia disse...

Duarte disse...
Fê-lo a pensar que Abramovich lhe iria disponibilizar um saco sem fundo para reestruturar o plantel (como aconteceu com Mourinho) e o russo não o fez, pelo contrário. Começam aí os problemas de AVB até ao que conhecemos hoje.

É isso mesmo.
A esse propósito, escrevi o seguinte em 26 de Dezembro de 2011:
«A proposta de Roman Arkadyevich Abramovich foi irrecusável, mas André Villas-Boas cometeu um grave erro de avaliação, ao ter aceite ir treinar o Chelsea Football Club sem exigir levar consigo três ou quatro jogadores de top, sedentos de vitórias e dispostos a “morrer” por ele dentro de campo.
O que encontrou André Villas-Boas quando chegou a Stamford Bridge há meio ano atrás?
Um plantel de grandes nomes (e egos descomunais!), mas também cheio de vícios e importantes jogadores-chave envelhecidos – Didier Drogba (11/03/1978), Frank Lampard (20/06/1978), Paulo Ferreira (18/01/1979), Anelka (14/03/1979), Malouda (13/06/1980), John Terry (7/12/1980), Ashley Cole (20/12/1980).»

José Correia disse...

Anónimo disse...
Penso que o sucesso dessa época se deveu À junção perfeita de todas as partes e não teve mérito exclusivo de AVB.

O sucesso tem sempre muitos pais; o insucesso (no futebol) é sempre culpa do treinador.

José Correia disse...

Anónimo disse...
tenho a dizer que eu na época passada acompanhei bastantes jogos do Totenham. Era uma equipa que jogava à bola que se fartava. grande grande futebol. dava mesmo gosto ver aqueles jogos. nesta época nem por isso

Entre outras coisas, o Tottenham da época passada tinha dois médios de classe extra: Rafael van der Vaart e, principalmente, Luka Modrić.
Onde é que está Luka Modrić esta época?
Como é que se chamam os "médios fabulosos" que AVB tem à sua disposição?

Por alguma razão, escrevi neste artigo que "nesta segunda experiência na Premier League, não me parece que tenha criado as condições necessárias para ter sucesso no Tottenham".

José Correia disse...

Ao contrário do que possa parecer pela leitura da esmagadora maioria dos comentários, o foco do meu artigo não é se os adeptos portistas ainda têm razão, ou não, para desejar o insucesso de André Villas-Boas noutros clubes.
E, sinceramente, interessa-me muito pouco discutir as razões de cada um, quer seja adepto do FC Porto, slb ou scp, para desejar o pior ou o melhor a este ex-treinador do FC Porto.

O que já me causa alguma urticária, é ver a forma como uma parte significativa dos jornalistas e comunicação social portuguesa se regozija com os desaires das equipas treinadas por AVB, destacando-os como se derrotas pessoais do próprio se tratassem.
E isto em absoluto contraste com o que esses mesmos jornalistas fazem e dizem relativamente a José Mourinho.

Por exemplo, voltando ao Arsenal x Tottenham, se o treinador fosse o Mourinho, tenho a certeza que não faltariam jornalistas portugueses a dizer que o árbitro tinha exagerado ao mostrar o cartão vermelho direto ao Adebayor e/ou que O treinador português (para alguns Mourinho é o único treinador português a trabalhar no estrangeiro...) tinha sido vitima da imprudência do seu jogador e de um excesso de arbitragem.

Claro que tudo seria diferente, se uns meses após ter saído do FC Porto, o André Villas-Boas dissesse (ou mandasse dizer por "fontes próximas"), que ele e a sua família tinham recebido ameaças (nem era preciso dizer de quem) e que voltar ao Porto era como ir a Palermo. E, se acrescentasse que Luís Filipe Vieira era um grande presidente e que a equipa treinada por Jorge Jesus praticava o melhor futebol de Portugal, então o tom e os títulos da comunicação social portuguesa seriam completamente diferentes.

Anónimo disse...

então mas esses egos descomunais e envelhecidos foram campeões europeus

Duarte disse...

"e viu no FC Porto um projecto que por dentro seguramente dava sinais de problemas"

Miguel, poupa-me. Não sei se o que tens contra a SAD é algo de pessoal, mas se não é, parece.


Duarte disse...

A grande equipa (que o era, de facto) no ano seguinte não rendeu metade. Fica mais um "pormaior".

Duarte disse...

Da mesma maneira que com Mourinho, os mesmos egos descomunais (e não tão envelhecidos) chegaram à final da Champions depois dele ser despedido, quando estava a fazer uma época miserável. Sob a batuta de Avram Grant, esse "enorme" treinador de quem hoje poucos se recordam (naturalmente, digo eu),o Chelsea chega à final da Champions em Moscovo e, tal como no ano passado, também vai a penaltys. Diferenças: nos penaltys de Moscovo, Terry escorrega e manda ao poste na altura da cobrança decisiva e, em Munique no ano passado, Drogba não vacila e marca o penalty dando o título aos blues. Qual é a quota parte de mérito ou demérito de AVB/ Mourinho e Di Matteo/Avram Grant em ambas as situações? Nenhuma.

Duarte disse...

Aqui tenho de concordar com o DC.

AVB trocou o certo pelo incerto. E depois Miguel, tu és indiscutivelmente uma mais valia na blogoesfera portista, mas dizeres que AVB viu que o projecto dava sinais de problemas, quando claramente tudo corria sobre rodas é uma demonstração de má-fé tremenda.

Duarte disse...

Teve jogos maus? Como qualquer treinador de qualquer equipa. Teve bons jogadores e a eles lhe deve também o sucesso? Claro que sim, como em qualquer equipa do mundo acontece também.

Penta disse...

@ GM

eu sei bem o que significa «lírico». e o sentido que quis empregar na frase do seu comentário anterior. mas obrigado por me elucidar.

sejamos práticos - e com este comentário termino este "diálogo de surdos":
faça um esforço, coloque-se na pele de um administrador da SAD portista, abandone por momentos a pele do trabalhador, e veja a situação pelo prisma do empresário, i.e., de confiar num activo, muito bem pago, a quem lhe confia um projecto, o qual assume por diversas vezes (junto da Comunicação Social) que está na sua «cadeira de sonho», que constrói um modelo de jogo tendo um plantel por si idealizado e que com ele está totalmente focado e que, a duas semanas de começar o campeonato, lhe diz "adeus!".
ia gostar que lhe fizessem esta desforra/afronta? se fosse dono de uma empresa, gostaria de saber que o seu braço direito lhe abandonava o barco, deixando-o agarrado aos ditos, para «subir na carreira nem que seja somente na folha salarial»?

é muito fácil teclar e mandar bitatites em blogues e fóruns, não é? se calhar até é bem mais prático. e lírico, também.

passe bem e cuidado com os pragmatismos. é que "eles andem aí" e a Vida é tramada com F maiúsculo...

Penta disse...

@ GM

eu sei bem o que significa «lírico». e o sentido que quis empregar na frase do seu comentário anterior. mas obrigado por me elucidar.

sejamos práticos - e com este comentário termino este "diálogo de surdos":
faça um esforço, coloque-se na pele de um administrador da SAD portista, abandone por momentos a pele do trabalhador, e veja a situação pelo prisma do empresário, i.e., de confiar num activo, muito bem pago, a quem lhe confia um projecto, o qual assume por diversas vezes (junto da Comunicação Social) que está na sua «cadeira de sonho», que constrói um modelo de jogo tendo um plantel por si idealizado e que com ele está totalmente focado e que, a duas semanas de começar o campeonato, lhe diz "adeus!".
ia gostar que lhe fizessem esta desforra/afronta? se fosse dono de uma empresa, gostaria de saber que o seu braço direito lhe abandonava o barco, deixando-o agarrado aos ditos, para «subir na carreira nem que seja somente na folha salarial»?

é muito fácil teclar e mandar bitatites em blogues e fóruns, não é? se calhar até é bem mais prático. e lírico, também.

passe bem e cuidado com os pragmatismos. é que "eles andem aí" e a Vida é tramada com F maiúsculo...

Miguel Lourenço Pereira disse...

@Duarte,

O que tem a SAD a ver com isto? Falo do balneário, que eu saiba o problema que tivemos na época passada gerou-se no balneário. Como em 2005.

O AVB trocou o FC Porto - um clube dominador de uma liga periférica - pelo Chelsea, um dos clubes mais ricos do Mundo e candidato anual a vencer Premier e Champions. Quem precisa de acordar não sou eu!

@DC,

Disse também, não disso graça a.
Ele passou a fase de grupos, fez o trabalho que lhe competia, não disse que o Chelsea tivesse ganho a Champions por sua culpa, são coisas diferentes. Mas, que eu saiba, o Chelsea luta pela Champions todos os anos. Nós não!

Acho que aqui, voltando à metáfora matrimonial, o que há é uma brutal dor de corno por um amante despeitado. Não entendo que existam pessoas que critiquem um homem por aceitar um emprego num clube que tem umas ambições muito superiores ao clube onde está. Não entendo o argumento de que, só porque ganha muito dinheiro não pode querer ganhar mais.
Sobre esse pressuposto, a partir de que massa salarial se pode considerar podre de rico para rejeitar outros projectos?

O Chelsea é a Rússia? A sério, não sabia.
Eu pensava que era uma equipa que em dez anos venceu 4 Premier Leagues, apenas superado pelo Man Utd e à frente de Arsenal, Liverpool, City, Newcastle, Everton, Tottenham... Por favor, comparar a Premier à liga russa é alucinante. Tenham cuidado com isso.

Se ele tinha projecto ou não isso é lá com ele. O que eu sei é que ele queria e tinha a promessa de um plantel renovado - quem diz isso é a imprensa britânica, não invento nada - como está a acontecer este ano com os Hazard, Oscar, Marin, Moses e companhia - mas que Abramovich acabou por não ter tido os colhões de se enfrentar a um balneário que ameaçava com partir-se e impedir a presença na próxima Champions. Muitos jogadores acabavam contrato, AVB chegou um ano antes. Porque quis, mas chegou.

Continuo a não entender quem não vê a diferença entre o FCP e o Chelsea. Porque eu sou muito portista mas não sou hipócrita a ponto de pensar que um treinador sente a mesma ilusão em Olhão do que em Villa Park, que lhe pedem que vá à final da Champions em vez de sonhar com os Oitavos. É a mesma coisa com os jogadores, todos estão nisto pelo amor ao jogo e pela carreira. E quando o amor ao jogo (futebol inglês) e a carreira (clube rico e candidato a tudo) se juntam, não vejo como é possível recusar.

AVB pode não ter mentido em nada do que disse, mas é um ser humano e tem direito a enganar-se. Enganou-se em sair, viu-se, mas não acredito que o tenha feito de má fé. E sim, pediu o divórcio para viver uma vida melhor, e quem nunca fez nada na vida a pensar primeiro em si mesmo e depois nos outros que atire a primeira pedra. Eu não vou ser um deles!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Bem verdade!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Exactamente Zé, a falta de Modric nota-se muito, nem Dempsey nem Dembelé estão na mesma liga que ele e o futebol organizativo dos Spurs desapareceu por completo. Sobra Bale e a sua acutilância e pouco mais!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Como disse Fernando Torres numa entrevista ao El Pais, quando estava no banco, aprendeu de Paulo Ferreira a esperar mas viu ao lado jogadores de muitos anos do clube que torciam para que a equipa perdesse para que o técnico fosse embora e eles voltassem ao campo.

Assim era o balneário do Chelsea, sobreviver num ninho de vespas é coisas para sobredotados, seguramente que todos os anónimos do futebol eram capazes de lograr isso mesmo!

Silva Pereira disse...

Boa noite.

nem mais JC, ponto finsl.

cumprimentos

DC disse...

Ninguém disse que o Chelsea era a Rússia nem que o Porto é maior ou menor que o Chelsea.
Disse sim que ele tinha um projecto super-aliciante no Porto e o trocou por um projecto de nada.

Tem alguma dúvida que Mourinho quando assinou pelo Chelsea já sabia exactamente quem ia sair e quem ia entrar? Tem alguma dúvida que Abramovich lhe garantiu isso? Tem alguma dúvida que Mourinho bateria com a porta caso tal não acontecesse?

AVB ia esperar pelo fim dos contratos? Então porque só passado uns meses de lá estar é que se lembrou que o Anelka e o Alex estavam dispensados? E porque tanto deixava de contar com um jogador como passado uns meses o experimentava a titular para ver se dava?
AVB esteve perdido, não teve projecto, não teve coerência. Até porque, dizer que AVB não teve direito a contratações quando contratou escolhas totalmente pessoais como Sturridge, Romeu, Lukaku, Mata, Meireles e mais tarde Cahill. Se juntarmos a estes Ramires e David Luiz, eu vejo praticamente uma equipa nova e jovem.
Agora a mim parece-me evidente que o André não sabia o que fazer com eles, que se precipitou em várias contratações feitas à pressa (Romeu mal jogou, Lukaku não só jogou como se incompatibilizou com o treinador).
Viu alguma coisa de pensado, de estruturado na época do Chelsea?

Por isso mesmo, não precisava de ter trocado um projecto estável por um capricho. Os grandes treinadores também são aqueles que sabem gerir a sua carreira. Nunca vi Mourinho a aceitar um projecto que não tivesse uma enorme probabilidade de vencer e nunca o vi a ceder um milímetro no que quer que fossem as suas ideias (Valdano, por exemplo).


Quanto ao dinheiro, repito, um homem que ganhe 1000€ não pode esperar para ganhar 5000€ simplesmente porque com esse dinheiro não se tem uma vida estável. Com 150000€ dá para esperar um ano para abraçar projectos (Guardiola tirou um ano sabático, Mourinho quase 1 ano antes de ir para o Inter).

E mais uma vez digo, que ele vá por dinheiro, ok. Agora que não espere ser recordado como um apaixonado pelo clube porque não o é. Já vi muito treinador e muito jogador a rejeitar propostas loucas pela lealdade ao clube(o Xavi diz-se hoje, rejeitou 21milhões por mês (!!!!!) do Anzhi). Vi o Deco a aceitar ficar mais uma época no clube pela palavra que tinha dado ao presidente, vi o Paulinho a rejeitar seguir o Robson para Barcelona, etc, etc...

Resumindo, AVB fez uma excelente época no Porto, promissora e auspiciosa. Depois fez uma época miserável e desorganizada e parece ir a caminho de outra. Portanto ao nível da sua competência o que posso concluir é que com as condições que o Porto lhe deu é um bom treinador, sem um plantel fabuloso, sem os adeptos do lado dele, sem uma direcção que garante disciplina e dedicação no plantel até agora é um treinador banal. Veremos no futuro qual a sua real competência.
Quanto à questão da relação com os adeptos do Porto, para mim foi falso, foi hipócrita (ninguém lhe teria levado a mal que fosse apenas mais um treinador profissional como foi Jesualdo ou Fernando Santos, sempre por nós respeitados), quis ser o menino bonito dos adeptos e depois esqueceu-os completamente (não me esqueço também da forma como abandonou o barco sem uma única palavra aos portistas). O Miguel diz que ele não mentiu, meias verdades para mim são mentiras. Uma cadeira de sonho não é UMA DAS cadeiras de sonho; dizer que nada o tirará do Porto não é o mesmo que nada a não ser um tubarão com muito dinheiro me tirará do Porto. Como referi, não tinha necessidade de mentir, não tinha necessidade de ser um falso-santo.
E portanto se profissionalmente ainda merece a minha dúvida, pessoalmente merece o meu desprezo!

DC disse...

A arte de ser treinador também é a arte de segurar um balneário.
Mourinho no Inter soube desde logo que tinha que ser o melhor amigo do Materazzi e foi isso que fez, no Real rodeou-se de gente de confiança mesmo que não valessem o investimento, dispensou espanhóis e foi buscar portugueses...
AVB soube motivar o balneário do Porto essencialmente com base no facto de termos perdido o título para o 5LB (fala-se que no 1º treino da época o balneário estava cheio de capas de jornais com o título dos lampiões). Já no Chelsea foi meter-se com quem não devia e no caso pelo menos do Drogba não merecia. Foi inexperiente e imprudente meter-se com os pesos pesados do balneário e pagou por isso.
No Tottenham já parece ter entrado de forma mais "meiga", talvez já tenha aprendido uma lição.

Duarte disse...

Então percebo ainda menos, Miguel. O balneário adorava o treinador. AVB tinha adquirido um poder no FCP, um carinho junto de adeptos e dirigentes que praticamente lhe legitimava tudo. Mesmo que passassem a existir problemas, não tenho a menor dúvida de que ele os saberia resolver internamente da melhor maneira. Aliás, houve um ou outro desaguisado em 2010/2011. Guarín também exprimiu o seu descontentamento por não jogar a certa altura, Fucile também mandou umas postas de pescada no Facebook, C. Rodriguez mandou umas bocas ao Antero em pleno relvado e Belluschi também chegou a fazer cara feia quando era substituído. Nada que não tenha sido resolvido logo e de um modo eficaz para todas as partes. Nada que tenha atrapalhado o desfecho daquela maravilhosa temporada.

.:GM:. disse...

A partir do momento em que se introduzem cláusulas de rescisão nos contratos, é sinal que estamos dispostos a perder esses mesmo activos pelo valor da cláusula de rescisão a qualquer altura e sem aviso prévio.

Sendo dono de uma empresa, um activo meu teria prazos legais e obrigações para com a entidade empregadora para se desvincular do seu contrato de trabalho. Não existem cláusulas de rescisão.

Se eu não tenho capacidade financeira não sou capaz de oferecer as condições necessárias para manter esse activo, o problema é única e exclusivamente meu. O mercado de trabalho não padece de sentimentalismos ou emoções.

Há que aceitar estas contrariedades e estar minimamente preparado para as mesmas. Houve alguém que comentou aqui que entre ganhar 1,5 milhões e 5 milhões não faria diferença. Isto deixa-me somente a pensar que há muita gente que não tem noção do que se faz com uma quantia e do que se faz com outra. É efectivamente muito dinheiro para o comum dos mortais, mas faz uma diferença brutal na vida de uma pessoa e sobretudo nos planos futuros dessa mesma pessoa.

Ele saiu do Chelsea com uma indemnização de 13.1 milhões de Euros, para além do que já tinha ganho nos meses que lá trabalhou. Ou seja, em poucos meses, com as coisas correndo mal, arrecadou aquilo que lhe teria demorado 10 anos a ganhar no Porto.

É simplesmente uma questão de colocar a situação em perspectiva e perceber a razão de ser da sua decisão. Se lhe tivesse corrido tudo pelo melhor, dificilmente teria ganho mais financeiramente do que ganhou o ano passado e do que ganhará estes dois anos a treinar outras equipas.

Houve vários pintores que morreram na miséria depois de terem passado a vida a produzir obras de arte que agora valem milhões. Ficaram com o nome, ficaram com a fama e o sucesso, mas morreram sós e na penúria. Valeu-lhes de muito toda a gente apreciar o trabalho deles hoje em dia se eles próprios não puderam usufruir dele.

E sim, tem toda a razão, é muito fácil teclar e mandar bitaites em blogues. Principalmente quando se tem noção da realidade ao contrário daquilo que presumiu.

Anónimo disse...

Sara

Caro Penta1975 faço minhas as suas palavras em relação ao Villa dá de Boas. Isto para dizer que ainda hoje estou indignada depois do choque que tive, quando vi esse mercenário receber das mãos do nosso presidente Pinto da Costa, com risinhos e abraços (a partir desse dia deixei de o considerar como o sempre o considerei; insubstituível) o DRAGÃO DE OURO, símbolo máximo da família portista.

Lá está, não tenho nada apontar ao seu nível como treinador; mas já em relação ao seu suposto portismo; a sua atitude de desprezo na forma como saiu e deixou a “sua cadeira de sonho”, todos nós portistas e clube, foi reveladora que ele é pode ser tudo mas não é portista, ou no minimo não partilha os valores de um portista, pelo menos os valores do Porto que eu me revejo, ou quero rever.
Um beijinho para si.

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

O AVB foi meter-se com os jogadores que entendia, por parte da directiva, que não eram o futuro e ele era o técnico para o futuro. Lampard, Drogba, Malouda, Bosingwa, Cech, todos eles terminavam o contrato nesse ano e o clube não fazia muita intenção de os renovar (só renovou o de Cech em Março e o de Lampard por essa altura). Eram jogadores descartáveis que acabaram por impor a sua vontade porque Abramovich não é dos presidentes que defenda um treinador quando as coisas vão mal.

E o balneário de um Porto convenhamos que não é o de um Chelsea.

E chamar forma meiga a como se encarou com um dos melhores guarda-redes do mundo, contratado por ele, parece-me um eufemismo ;-)

Anónimo disse...

Sara

Alexandre; Já aqui deixei a minha opinião sobre o Villas dá de Boas e a minha indignação por ele ter recebido o Dragão de Ouro 2011 e como disse muito bem efusivamente e pelas mãos do nosso presidente (por isso começei a ver Pinto da Costa com outros olhos e começei a pensar que se calhar ele é mesmo hipócrita, depois de tudo que afirmou após a saida de Villas dá de Boas)
Não está nem nunca esteve aqui em questão do Villas dá de Boas abraçar uma oportunidade rara na vida (por este andar na sua carreira vai ser mesmo única), mas sim a forma muito pouco correcta no minimo como se desvinculou do FCP;um clube que lhe deu tudo e o apoiou sempre a começar por todos nós sócios e direcção.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Duarte,

O balneário adorava o treinador mas queria capitalizar o sucesso - e aí os empresários jogam um papel importante, infelizmente - e mesmo com AVB deveriam sentir-se tensão indesejadas, aliadas à Copa America e à eventual venda de Falcao, já intuida, pelo que AVB saberia seguramente que o plantel dele não seria o mesmo. Isso sou eu a supor, baseado na lógica dos eventos.

O facto de o adorar também não implica a necessidade de ficar. O balneário do Inter também adorava Mourinho, o do Chelsea também e o do FC Porto não era menos, e ele lá foi, de um lado para o outro, construir um curriculum único com o qual AVB também sonha, e com todo o direito!

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Não vejo um pingo de falsidade em Vilas-Boas, digam o que disserem. Foi honesto, em tudo o que disse, até porque desconfio que não sonhava que em Abril viesse o Chelsea como veio. Na sua cabeça, provavelmente, o FC Porto era presente e futuro e a forma de o exprimir é sua e pessoal. Era o que faltava agora os adeptos também quererem comandar a forma de um treinador da casa se exprimir sobre a sua relação com o clube.

Quanto à sua carreira no Chelsea, vi o inicio de uma mutação para um clube que promete ter uma equipa para uma geração, pago pelo preço do poder no balneário de muitas figuras ligadas a Mourinho. E vi o poder dos jogadores prevalecer sobre o treinador. Acontece!

Eu se fosse treinador, a cadeira de sonho seria a do FCP, que ninguém duvide. Mas depois de vencer quase tudo o que havia para ganhar, se um grande clube europeu viesse ter comigo e aliciar-me para um projecto ganhador de média duração num país que me apaixona e com um contrato milionário e carta branca - que acabou por ser o único que falhou - em também iria. Nunca diria que o Chelsea é a minha cadeira de sonho, mas também não cortaria as minhas asas por sentir que a do FC Porto era. E não há ninguém no mundo mais portista do que eu. Tanto como eu seremos muitos, mais não.

Alexandre Burmester disse...

Lá por Pinto da Costa ter essa opinião, não quer dizer que fosse essa a realidade. Estava chateado com a saída do AVB (que disse não o ter surpreendido - note-se) e mandou essa alfinetada. Mas na história do Dragão de Ouro mostrou que nada o movia contra o AVB.

Note-se que não digo que o AVB tenha agido bem ao deixar o FCP daquele modo - longe disso! - mas daí a demonizar o rapaz vai uma grande distância.

DC disse...

Miguel, a manutenção da titularidade do Friedel face a uma contratação pedida por ele só demonstra a "meiguice" como entrou. Desta vez teve claramente medo de tocar nos esteios do balneário, daí preferir "chatear-se" com Lloris do que com um histórico do Tottenham.

DC disse...

Miguel, a manutenção da titularidade do Friedel face a uma contratação pedida por ele só demonstra a "meiguice" como entrou. Desta vez teve claramente medo de tocar nos esteios do balneário, daí preferir "chatear-se" com Lloris do que com um histórico do Tottenham.

DC disse...

Miguel, não vamos chegar a acordo.
Eu, com base em todos os actos e declarações do AVB, nunca mudarei a opinião de que ele foi completamente hipócrita nas suas declarações e precipitado na sua decisão. Ele até pode ser tão portista como eu e você, mas não agiu como se o fosse.
E sinceramente, não tenho problemas em dizer que continuarei a deliciar-me ao observar os resultados do famoso ditado "quem tudo quer, tudo perde".

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Certo, da mesma forma que não entendo o tratamento que se dá a Mourinho entre os adeptos do FCP, também nunca entenderei o tratamento dado a AVB, que além de ganhador, é dos nossos a 100%. Mas pronto, são opiniões pessoais!

um abraço

Anónimo disse...

"E, sinceramente, interessa-me muito pouco discutir as razões de cada um, quer seja adepto do FC Porto, slb ou scp, para desejar o pior ou o melhor a este ex-treinador do FC Porto."

Estamos de acordo.

"O que já me causa alguma urticária, é ver a forma como uma parte significativa dos jornalistas e comunicação social portuguesa se regozija com os desaires das equipas treinadas por AVB, destacando-os como se derrotas pessoais do próprio se tratassem."

Caro José Correia pode colocar aqui provas de facto que confirmem o que aqui escreveu. E não falo nos órgãos de comunicação social, falo em nomes concretos de jornalistas; é que no mesmo OCS até pode haver opiniões divergentes e/ou convergentes, mas de diferentes jornalistas; agora é bom colocar os nomes aos "bois" neste caso os jornalistas que em concreto destacam tal facto; Quem são?

"E isto em absoluto contraste com o que esses mesmos jornalistas fazem e dizem relativamente a José Mourinho."

O desafio ao anterior paragrafo é válido também para este; Mas tendo em atenção que a carreira e as provas dadas e mais que uma vez comprovadas em relação a MOU são completamente díspares em relação ao anterior observador de adversários de MOU... VB.

" (para alguns Mourinho é o único treinador português a trabalhar no estrangeiro...) "

Não é o único; mas é incomparável em termos de carreira e curriculum em termos nacionais e é comparável com uns poucos ao nível mundial. É que Mourinho é uma referencia mundial e Villas Boas nem referência é em Inglaterra. E esta realidade é uma evidencia e não uma mera opinião minha ou de outro; São factos!

"Claro que tudo seria diferente, se uns meses após ter saído do FC Porto, o André Villas-Boas dissesse (ou mandasse dizer por "fontes próximas"), que ele e a sua família tinham recebido ameaças (nem era preciso dizer de quem) e que voltar ao Porto era como ir a Palermo. E, se acrescentasse que Luís Filipe Vieira era um grande presidente e que a equipa treinada por Jorge Jesus praticava o melhor futebol de Portugal, então o tom e os títulos da comunicação social portuguesa seriam completamente diferentes."

E sinceramente este último parágrafo é completamente redutor em relação ao MÉRITO da CARREIRA, PERSONALIDADE e FEITOS de JOSÉ MOURINHO e a forma que os OCS NACIONAIS tratam tudo o que é "TEMA MOU", já para não falar da IMPRENSA INTERNACIONAL, ou será, que o tratamento de visibilidade dado pelos OCS INTERNACIONAIS a tudo que é “TEMA MOU” e NÃO visibilidade de VB por parte dos mesmos OCS, também se devem a tudo que escreve no seu último paragrafo?

Na verdade MOU é MOU e VB é VB com diferentes capacidades, valores e importância para o mundo do futebol e coisa diferentes são tratadas de forma diferente como é obvio.

Um abraço cordial de alguém que vê o mesmo assunto por prisma diferente.

P.S: as frases em maiúsculas são um sublinhar em bolt e não gritos.




José Correia disse...

pode colocar aqui provas de facto que confirmem o que aqui escreveu. E não falo nos órgãos de comunicação social, falo em nomes concretos de jornalistas

Conforme você sabe muito bem (é uma pena que não tenha a coragem de enviar comentários assinados com o seu próprio nome e apelido), os destaques e títulos dos jornais, quer nas versões em papel, quer nas edições online, não são assinados por nenhum jornalista.
Mas lembro-me de ter visto dois jornais portugueses (se não estou em erro foram o PÚBLICO e Record) que, logo após o jogo, escolheram para título das suas notícias nas edições online algo do género: "André Villas-Boas foi goleado pelo Arsenal".

José Correia disse...

É que Mourinho é uma referencia mundial e Villas Boas nem referência é em Inglaterra. E esta realidade é uma evidencia e não uma mera opinião minha ou de outro; São factos!

E alguém nega estes factos? Você deve ter lido mal o meu artigo.
O que eu chamei à atenção é a forma díspar como uma parte da comunicação social portuguesa reage aos desaires de dois ex-treinadores do FC Porto, estando ambos a treinar equipas estrangeiras.

Por exemplo, vá lá rever os títulos e destaques que a generalidade da comunicação social portuguesa utilizou após os vários desaires do Real Madrid neste inicio de época (quer no campeonato espanhol, quer na Liga dos Campeões) e compare esses títulos com os que foram usados para os desaires do Tottenham (equipa cujos objetivos e responsabilidades são muito diferentes do Real Madrid).

Você não nota diferença? Paciência.

José Correia disse...

é bom colocar os nomes aos "bois" neste caso os jornalistas que em concreto destacam tal facto; Quem são?

E você, quem é?
Tem nome?
Tem apelido?
Tem e-mail que o identifique?
É sócio do FC Porto?

Se quer continuar este dialogo, primeiro envie-me a sua identificação.

Unknown disse...

Boas,

Antes de mais saudações portistas e parabéns pelo blog que visito regularmente.

Este tópico já gerou várias discussões com amigos e conhecidos e simpatizantes portistas, precisamente porque mexe com os sentimentos.

Concordo em absoluto com o DC, não havia necessidade de A£B andar com juras de amor, dizer que se existiam "olheiros" italianos e ingleses aos quais respondia que só se fosse para ver o seu fato, dado que estaria na cadeira de sonho. Manifestou que lhe atraia principamente a liga Alemâ e Japonesa. Que treinaria 10 no máximo durante 10 anos. Viesse falar em inteligência na gestão de carreiras quando confrontado com a hipotética saída do Falcao. Um jogador ainda entendo que em 12 anos tem de "amealhar" o máximo. Mas um treinador com a sua idade pode amealhar durante mais 40 anos. Não gostei da atitude, já lhe perdoei, mas jamais aceitarei que regresse para um projecto que não acabou. O dinheiro, a carreira e a ambição a cada um diz respeito. Mas iludir os adeptos com falso (ou imponderado)discurso não lhe ficou nada bem. Dizer-se que a mesma equipa foi deixada a VP, é completamento falso, ou não tivesse sido vendido o activo mais cobiçado a nível mundial...FALCAO.

É engraçado que me enganei redondamente em relação ao sucesso que projectei para ambos:
Pois se em relação ao A£B ia para um grande clube com muito dinheiro e grandes jogadores,e acreditando no trabalho realizado na época brutal que teve no Dragão, seria expectável que iria ter êxito...mas de facto não foi assim...

Em sentido inverso o Falcao ia para um clube de espanha sem grandes ambições e com um plantel sem grandes perspectivas de conquista de titulos. Pensei que teria dado um passo atrás na carreira. No entanto e neste momento creio que não existem dúvidas´que é o melhor 9 da actualidade.... e não foi jogador do VP...

Ps: Admiro muito o trabalho que o A£B realizou no nosso FCP, mas carácter é a característica que mais admiro nas pessoas, e aí ele falha redondamente... dinheiro & ambição faz parte da condição humana, é uma pessoa "normal"...

Abraço
Vitor Silva