terça-feira, 2 de julho de 2013

Os naming rights do Dragão

A propósito de um artigo recente do José Rodrigues sobre os naming rights do novo museu do FCP, abriu-se um interessante debate sobre o passo a seguir. Inevitavelmente, a discussão sobre a venda dos direitos do nome do Estádio do Dragão.

Eu pertenço a um grupo que se auto-intitula Against Modern Football e que não concebe sequer que isso possa vir a suceder.
Sou um romântico confesso, um adepto que sente uma identificação especial com um emblema, umas cores, um espaço físico uma história. Se me mudam o emblema, se me alteram as cores, se rompem com o espaço físico e a aura que me rodeiam, só me fica a história. Só fica o passado. Muitos clubes recentemente têm sofrido metamorfoses tremendas, a maioria por culpa da venda a milionários de várias proveniências. É estranho que um emblema controlado pelos próprios adeptos permita que o clube mude de emblema, mude as cores do equipamento ou que venda o nome do seu estádio. Muito estranho.
Essencialmente isso sucede porque o adepto gosta de sentir-se parte de algo. Quando os nomes do quotidiano desaparecem para dar lugar a marcas, algo se perde. A muitos custou-lhe a chegada dos patrocinios nas camisolas. Quando eu nasci essa realidade já lá estava, não pude lutar contra ele. Mas confesso que parte do meu apoio ao Barcelona e ao Athletic Bilbao, com quem sempre me identifiquei, desapareceu no dia em que a Unicef/Qatar Fundation e Petronor ocuparam o espaço central das suas camisolas. O FC Porto teve o mérito comercial de se antecipar em Portugal a todos os outros. Mais do que isso, criou uma cultura de adepto com o seu próprio patrocínio, perpetuando o nome Revigres durante quase duas décadas. Para os dragões, a associação fez da empresa portuguesa parte da família. A chegada da PT (e as suas variantes) foi para muitos um golpe. Respeito todas as posturas mas custa-me entender - como adepto - como alguém pode estar disposto a vender partes dessa identidade. E o estádio é uma delas!

Agora vem o debate do Dragão!
O espaço das modalidades - antigamente conhecido pelo nome do presidente Américo de Sá - foi criado com uma parceria com a Caixa Geral de Depósitos e chama-se Dragão Caixa. A natureza arquitectónica do edifício permite que o nome do patrocinador se enquadre com o que o espaço é. Não existe uma invasão sonora do "Mini-Dragão" como se fosse chamado Dragão Sonae ou algo do estilo. O novo museu, criado também numa parceria com uma entidade bancária, terá o by BMG como alusão aos anglicanismos que parecem sempre ficar bem. Rompe totalmente com a ideia por detrás do Dragão Caixa, ainda para mais num espaço que devia reflectir a herança moral do clube. Não conheço outro clube no mundo (se conhecerem, apontem na caixa de comentários) que tenha vendido o nome do seu museu assim, tão impunemente. Sinal dos tempos desta nova gestão mercantilista, onde nada está a salvo e tudo é permitido. Não me lembro dos sócios terem sido consultados. Não me lembro do assunto ter sido levantado em AG. É uma espécie de quero, posso e mando habitual de quem está há tantos anos no poder que com o seu impacto social e moral conseguiu transformar um clube de sócios individuais numa dinastia inquestionável. O preço do sucesso dirão alguns.



Mas o estádio é algo diferente.
O estádio é onde nos reunimos. O estádio é onde sofremos. O estádio é onde os visitantes chegam e testemunham a nossa natureza, a nossa fome de vitórias. É onde celebramos, onde choramos e onde nos abraçamos a desconhecidos. É tão nosso como o azul e branco, o dragão do emblema com o escudo da cidade. O estádio nunca deveria estar à venda e no entanto há gente, entre sócios, adeptos e dirigentes, que parecem estar só à espera do momento ideal para dar a estocada final num dos símbolos de qualquer clube: o seu lar.
Quando construído, pensou-se em vários nomes para o novo lar dos portistas. Houve quem pensasse em José Maria Pedroto, como homenagem à máxima figura história do clube. Os mais pintocostistas evocaram o nome de Jorge Nuno como opção, não conhecendo a sua figura, incapaz de permitir algo bernabeuiano. Ficou Dragão. Uma escolha perfeita, com um timing exacto. Antes tinha existido o estádio das Antas (oficialmente estádio Futebol Clube do Porto) e o estádio da Constituição, hoje vendido também à marca Vitalis, que a história para alguns tem sempre um preço e não é tão caro quanto isso.
A moda da venda dos naming rights dos estádios começou nos Estados Unidos, onde tudo está à venda. Na Europa existia um respeito com a tradição que vai desaparecendo. Há pessoas que acham que a alma se vende por uns trocos. Imagino que os mesmos que defendem a venda do nome do estádio não tenham problemas em vender o nome do clube (como sucede com o Red Bull Leipzig, Salzburg, New York ou o Pão de Açúcar Goiaba do Brasil) porque o seu argumento é só um: continuamos a chamar pelo nome que queremos e já está. Assim se resolve o problema.
Talvez chegaremos ao dia em que as pessoas vão ao registo civil e vendam o seu nome por uns tostões (podem passar a chamar-se Sony João Almeida) sob o mesmo pressuposto. Pode parecer ridículo mas para os nossos pais também era ridículo vender o nome do estádio do seu clube e aí estão eles, a fazer contas à vida. O ridículo de hoje parece ser a inevitabilidade do amanhã.

No panorama internacional europeu, a venda de naming rights ainda não é uma realidade aceite pela maioria dos adeptos. Com todo o sentido. Aliás, só clubes com grandes problemas financeiros ou onde os adeptos não têm voto na matéria se têm atrevido a dar esse passo.
Foi o caso dos clubes alemães, quando estalou a bolha financeira do império Kirch. As dividas do Dortmund levaram o Wellfastadion a ser o Signal Iduna, as do Hamburgo a transformar o Vondalkspark em Imtech e os negócios do Schalke 04 transformaram o Gelsenkirchen Arena em Veltins Arena. Quase todos estádio construidos desde o zero para o Mundial 2006 (o que é importante porque, segundo vários estudos sobre o tema, o valor do naming de um estádio com história é inferior a um recinto novinho em folha).
Só o Bayern Munchen, sempre um passo à frente nestas questões, o fez por vontade própria. Mas o Bayern é gerido como uma multinacional desde os anos 70 e também por isso é um clube que gera tanto desprezo no mundo do futebol. Não surpreende ninguém o passo. Em Inglaterra, o outro país onde se começam a verificar a venda de nomes de estádios este sucederam, habitualmente, quando o clube parte para a construção do novo recinto e utiliza os naming rights para pagar o estádio, com um contrato de duração determinada até ao ponto em que pensam que o recinto está pago. Foi assim com o Ashburton Grove do Arsenal (hoje Emirates), do City of Manchester (hoje Ethiad Stadium) ou do Burnden Way (hoje Reebok Stadium). Aí a venda dos direitos é utilizada como crédito bancário para evitar um maior prejuízo na construção do estádio. Não é o nosso caso.


Para que pode querer o FC Porto vender os naming rights do estádio?
É difícil imaginar uma empresa internacional a querer pagar dinheiro para dar o nome ao estádio de um clube português. Não vejo nas empresas portuguesas alguém com poder suficiente para arcar com esses gastos. O FC Porto não precisa do dinheiro para pagar o estádio. Não precisa desse dinheiro para investir no plantel. O orçamento actual para as ambições do clube é mais do que suficiente. Já temos o orçamento mais elevado (ou o 2º, em alguns anos, muito perto do primeiro) para manter a hegemonia nacional. Para as provas europeias o discurso habitual dos Oitavos de Final também se adequa com o nosso orçamento pelo que a venda dos naming rights não alteraria muito o cenário.
Os jogadores vão olhar sempre para um clube da periferia europeia como sitio de passo para outro nível, por isso vender o nome do estádio não implicaria criar uma super-equipa da noite para o dia. Então, para quê?
O Arsenal recebeu 100 milhões da Emirates num contrato de 15 anos. Estamos a falar de 6,6 milhões de libras ao ano (cerca de 10 milhões de euros). O negócio do City envolve valores muito mais elevados (400 milhões por 10 anos) mas a empresa que os paga está associada aos donos do clube, pelo que no fundo é um circuito fechado para contornar a regra do Financial Fair Play. O Dortmund recebe 5 milhões ao ano pelo nome Signal Iduna Park no seu estádio.
Estamos a falar de clubes das ligas de topo com valores acordes à sua realidade (da mesma forma que o patrocínio dos equipamentos parte de outros valores de mercado que os nossos). E no entanto, são números quase insignificantes. No caso do FC Porto, seria difícil conseguir um negócio melhor que o Dortmund (que é só o estádio que mais assistências tem na Europa), pelo que estaríamos a falar de 5 milhões ao ano. O que é isso para as contas do clube?

Permite acabar ou diminuir fortemente o passivo? Não.
Permite contratar um grande jogador internacional ao ano e pagar-lhe o salário? Não
Permite reforçar o plante com dois ou três jogadores de qualidade média alta e pagar-lhe o salário? Não.
Permite contratar duas ou três promessas a mais das que já contratamos? Não.
Permite aumentar realmente a massa salarial do plantel para evitar saídas precipitadas? Não.

Honestamente, 5-10 milhões ano, que é o máximo que qualquer clube que não seja do top 10 europeu pode ambicionar pelo seu estádio, justifica abdicar da herança história, da alma do clube? Está realmente tudo à venda? Somos adeptos de um clube de futebol (uma instituição de interesse público) ou de uma multinacional? Tanto faz se amanhã aparece a Coca-Cola com 50 milhões de euros para nos equipar de vermelho? É igual que o estádio se chame Dragão ou Optimus ou Coronita? Somos um clube em quebra financeira (como o Sporting), que precisa de uma injecção urgente de capital para ser competitivos? Temos princípios ou somos um entreposto comercial?

A minha resposta a todas essas perguntas é clara. O Futebol Clube do Porto não precisa de vender os naming rights do Dragão da mesma forma que não precisava de o fazer com o museu. O FCP não precisa de vender o nome do clube ao melhor postor (porque o estádio também é o nome do clube, em cimento) nem preciso de enganar os seus sócios e adeptos de tantos anos de devoção com um negócio cujo o seu valor real de mercado para a nossa realidade é insignificante. O que o FCP pode e dever fazer é optimizar ao máximo os seus recursos, procurar novas formas de négocio dentro da sua estrutura, reduzir perdas desnecessárias e controlar o seu passivo sem abdicar de ter uma equipa competitiva. E isso não é incompatível com que o estádio continue a ser apenas e só, nosso. Do Dragão!

71 comentários:

Anónimo disse...

O Hamburgo vendeu os direitos aquando da construção do novo estádio, de forma a conseguir um financiamento adicional, neste caso através da AOL.

E com exceção do Dortmund, que lutaram não só pela aquisição do estádio mas também pela manutenção do nome, os outros... querem é o dinheiro na conta e continuar com as benesses da venda do naming e publicidade.

E considerar o Arsenal, por exemplo, como um clube onde os adeptos não tem voto na matéria é falar sem conhecimento de causa, os custos da construção do novo estádio tem que ser amortizados de alguma forma, certo? Ao invés do Newcastle (um pouco como aconteceu em Dortmund) cujos adeptos repudiaram a associação da Sports Direct ao nome do estádio.

Além disso, o naming em Inglaterra praticamente só é aplicado em estádios novos, dado que devido ao simbolismo dos nomes no imaginário dos adeptos, é muito complicado convencer as administrações e os adeptos a aceitar uma designação diferente. Ou alguém imagina algo como NatWest @ Goodison Park ou DHL Arena @ Old Trafford?

João disse...

FC Porto, Barça e Athletic! Oh Miguel, se não fosse Pereirinho militante, não tínhamos por onde divergir! Em relação ao naming do estádio, em princípio, também não.

Em princípio porque acima de (quase) tudo, está a competitividade, que permite que tenhamos sequer um estádio to begin with. Portanto, só na eventualidade de algum dos rivais de repente reforçar o orçamento de forma significativa desta forma e não tendo alternativa. De outra forma, também prefiro manter o nome original.

Nuno Leal disse...

Caro Miguel, não percebo como pode um portista ser contra o futebol moderno, aquele que nos fez grandes em palmarés e vitórias - porque no tempo do futebol do antigamente, eram só vitórias morais... ;)
Mais a sério, agora.
Em relação ao nome do estádio, se fosse um bom contrato e por um longo período de tempo, não veria inconvenientes de maior em chamar ao Dragão "qualquer-coisa" antes, como o pavilhão é o Caixa Dragão. O Arsenal não deixou de ser quem é por ter um estádio chamado Emirates.
Por um valor de 10 a 20 milhões de euros anuais, num contrato a 20 anos, por exemplo, com prémios adicionais por finais europeias e coisas do género, que permitiria contratar um excelente jogador por época, eu aceitava bem termos um Emirates Dragão, por exemplo!

Anónimo disse...

Tenho pena de não ter tempo para dizer o que gostava sobre esta matéria. Em geral concordo com as ideias do Miguel. Mas tudo se resume a esta frase:

"Temos princípios ou somos um entreposto comercial?"

Pelo o que é dado a ver e pela reacção da grande maioria dos sócios a muitas coisas que se têm passado nos últimos anos na história do FCP. O que eles querem é ganhar os principios que se lixem. Para eles as vitórias não têm preço, logo não têm custos.

Abraço Miguel e prepara-te que vão cair-te em cima tal e qual como fosses tu o alienado da realidade do que é ter principios de vida.

Agora vou ter que trabalhar. Agora que paulo portas acaba de se demitir e pelos vistos mais umas tormentas se aproximam para todos nós portugueses.

Mas porque é que não fazemos como o FC Porto e vendemos o nome de Portugal a Espanha e assim poderiamos pagar as nossa dividas ou parte deles.

Imaginem abrir o Mapa Mundi e no lugar do nome de Portugal vinha PRAIA GRANDE DE ESPANHA.

Pedro Góis

Olé olé olé

Anónimo disse...

Já foi a alguma AG do clube? Porque se foi, eu confesso só fui a uma, já deveria saber que aquilo não passa de um espaço de bajulação à direcção e pouco mais. Mas mais do que o Museu ter lá "By BMG", o que mais me espantou foi ficar a saber que o banco brasileiro já foi premiado com um dragão de ouro.

Quanto às contas apresentadas, realmente por esses valores, não serve de nada abdicar da nossa identidade.

DC disse...

"Aí a venda dos direitos é utilizada como crédito bancário para evitar um maior prejuízo na construção do estádio"

"O Futebol Clube do Porto não precisa de vender os naming rights do Dragão da mesma forma que não precisava de o fazer com o museu"

Convém decidir-se, ou vale a pena vender os namings para construção do edifício ou não vale.
E esses imorais clubes ingleses que se puseram a fazer estádios sem ter dinheiro para os pagar a pronto? Indecente!


"Permite acabar ou diminuir fortemente o passivo? Não.
Permite contratar um grande jogador internacional ao ano e pagar-lhe o salário? Não
Permite reforçar o plante com dois ou três jogadores de qualidade média alta e pagar-lhe o salário? Não.
Permite contratar duas ou três promessas a mais das que já contratamos? Não.
Permite aumentar realmente a massa salarial do plantel para evitar saídas precipitadas? Não."

As receitas de bilheteira por si só, permitem alguma destas coisas? NÃO! Passe-se a oferecer bilhetes então.
As receitas televisivas por si só, permitem alguma destas coisas? NÃO! Passe-se a oferecer transmissões.
As receitas de merchandising por si só, permitem alguma destas coisas? NÂO! Passe-se a oferecer camisolas e cachecóis.



Não estou a tomar partido a favor ou contra a venda do naming, até porque não gosto de fazer futurologia e adivinhação, mas se é para discutir isto gostava de ver menos moralismos e mais coerência.


P.S. O Bayern é um clube desprezado?

Anónimo disse...

Eu também gostava muito de ter "sol na eira e chuva no nabal".

José Rodrigues disse...

Como já disse no tal SMS, estou disposto a considerar o naming do estádio - mas só mesmo por MUITO dinheiro.

Pelo q leio parece q mais q 5M/ano será muitíssimo difícil. Ora por esse valor acho q mais vale estar quieto.

Agora, se porventura alguém oferecer 10M ou perto disso, acho q já será uma coisa a considerar porque já se trata de valores muito significativos.

Paulo Marques disse...

"Temos princípios ou somos um entreposto comercial?"

O Miguel é muito ingénuo...
De início, indignei-me com a ideia, mas depois comecei a pensar. Já não é uma empresa como outra qualquer, com negócios obscuros e tortuosos, onde o que interessa é ter lucro e os títulos servem só para vender mais e ter mais lucro?
Não estou a falar exclusivamente do FCP, o futebol tem muito pouco de desporto, como se pode ver na estrutura das competições europeias, da taça da liga, nos lóbis para ter regras especiais.

É também por isso que já nem sinto grande tristeza ou alegria com o clube, também não tenho tendendência em aplaudir outras empresas cotadas em bolsa. É algo em que se perde 2h ao fim de semana e siga para bingo que também pouco lhes importa os adeptos e o que eles querem.

Joao Goncalves disse...

Ó Muguel,

Continuas alienado e a querer que o Porto lute com o Sporting pelo 7º Lugar da Liga.

Tudo é dinheiro tudo é negócio e o 1º ceguinho que não vir isso faz o Porto voltar aos anos 60 e a lutar por 4ºs/5ºs lugares do campeonato e a ficar feliz se passar a 1ª eliminatória da Europa.

É claro que se aparecer uma boa proposta a rondar os 10M€ vende-se o nome do Estádio.

Tu Miguel falas como se tivesses o rei na barriga; que fizéssemos 100M€ em bilheteira anualmente e tivéssemos 200/250M€ em receitas de publicidade e transmissões televisivas.

Acorda para a vida meu... esses que fazem receitas dessas magnitude... vendem o nome do estádio...

Nós podemos NÃO vender o nome do estádio, do museu, do pavilhão e até da prima e da tia da avó, mas para isso temos que nos reduzir a nossa insignificância de pais de 10M de habitantes e com receitas a rondar os 40M€-50M€ e com isso pagar ordenados, água, luz, e pequenos investimentos.

Se queremos andar na elite europeia, jogar taco a taco com o petróleo de Lisboa, todos os argumentos financeiros são execuiveis, tirando mexer nas cores, no nome e no logo, que isso é aplicado essencialmente a franchisings e só quem não conhece a realidade Norte americana pode tentar comparar a Europa com ela


Miguel Lourenço Pereira disse...

Nightwish,

Tens toda a razão. A pergunta é meramente retórica.
Sei perfeitamente - e parece que há pessoas aqui em diversos quadrantes que partilham essa ideia - que o FCP já não é o FCP se não uma empresa e que tem de sujar as mãos, como fazem tantas, que tem de mover-se por tunéis escuros, encontrar parceiros duvidosos e hipotecar a alma para no final cumprir os seus objectivos. Numas empresas isso são lucros, noutras são títulos mas o modus operandi é cada vez mais parecido.

Esse não é o meu FCP, será o de muita gente, muitos dos quais estão mortinhos por vender o nome do Dragão ao melhor postor. Como o clube, no fundo, ainda é de todos os sócios, não tenho dúvidas que se a ideia fosse levada a votação, acabaria por triunfar. Como sucedeu com muitos adeptos do Dortmund, do Arsenal, do Newcastle ou do Hamburgo, apenas para dar exemplos, os poucos que virariam as costas a essa empresa serão esquecidos e a máquina continuará a facturar!

Miguel Lourenço Pereira disse...

João,

Dei os meus argumentos como adepto. Também dei argumentos financeiros.
Um mercado como o português não pode supor um negócio igual ao que o mercado alemão ou inglês gera. Se os valores aí estão nos 10 milhões de média, que valor achas que vão oferecer ao FCP? Esses 5 milhões vão fazer a diferença? Porque é muito curioso descobrir que, de repente, 5 milhões são um mundo e ninguém se importa quando se gastam 5 milhões com o jogador x que não faz falta ou o relatório de contas apresenta departamentos que dão prejuizos jeitosos.

Muitos dos clubes que venderam o naming right fizeram-no porque precisavam de pagar o estádio (não é o nosso caso), tiveram problemas bancários e acabaram perto da falência (ainda não é o nosso caso) ou associaram-se a uma empresa/conglomerado que o exigiu como parte do acordo (não é o nosso caso). Que o tenham feito de motus próprio quantos casos tens para me dar?

O FCP, actualmente, com um modelo de negócio parecido a este (mais racional) continua a mandar em Portugal sem problemas. Se o Benfica vende o naming da Luz por 5 milhões ao ano achas que isso vai fazer a diferença real entre as duas equipas? Esquece o Sporting, parece que tens um trauma com os gajos. Tanto é que, tal como o FCP, muitos clubes lutam por estar na 2º divisão europeia sem vender o naming right e "milagre", conseguem-no.

Mas claro, o fácil é sempre abdicar dos principios base de um projecto desportivo e pedir que venham mais uns cêntimos. That´s so easy!

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

O Bayern é o clube mais desprezado na Alemanha, desde os anos 70. Jocosamente, para muitos alemães, é o Hollywood FC!

Não percebi o teu raciocinio.
Em que ponto é que as receitas de tv, bilheteira e merchansiding mexem com a identidade do clube? Estamos a falar sobre a mesma questão ou só estás a desconversar?

Miguel Lourenço Pereira disse...

Nuno,

O modelo de negócio de 2002-04 era bastante similar a essa filosofia. Consta-me que depois disso, com tantos BMGS, GOALs, fundos e afins se voltou a ser campeão europeu muito mais vezes, sem dúvida. Haverá aqui escribas e comentadores que seguramente me poderão enviar os videos dessas conquistas que eu na minha colecção não os tenho.

É a velha questão de quanto vale a tua honra. Para uns não está à venda, para outros negoceia-se a partir do momento em que a oferta é interessante. Para outros vende-se já.

Como disse antes, cada um pode pensar como quiser, era o que mais faltava.

Miguel Lourenço Pereira disse...

João,

Mesmo que o orçamento do Benfica fosse 5 ou 10 milhões maiores que o nosso, mesmo assim os principios não se vendem. E a diferença em campo seria minima. O dinheiro não compra tudo. Se assim fosse, o City já era bicampeão europeu!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Anónimo,

Foi algo que referi no artigo. Os naming rights em qualquer desporto perdem valor se o estádio não é novo porque existe uma marca ficticia, que é o nome histórico. Logo o Dragão, apesar de só ter 10 anos, não valeria tanto como um novo recinto como sucedeu com o Dragão Caixa ou o Museu by BMG, parcerias desde o primeiro instante (contra as quais estou, igualmente, contra).

O Arsenal é uma empresa privada como são quase todos os clubes ingleses e posso garantir-lhe que muitos adeptos deixaram de ir ao Emirates quando foi anunciada a mudança de nome, originalmente Ashburton Grove. O mesmo sucedeu com o St James Park e o Westfallenstadion. Serão adeptos suficientes para mudar a política das directivas? Nunca o são verdadeiramente, mas é algo que ainda pensa o futebol na mesma linha que eu.

Pedro Ramos disse...

Era e sou a favor da venda do naming do estádio, nem que seja para o pagar o estádio e nao tenho nenhuma informaçao de que já esteja pago.

Nao tenho nada contra aqueles que sao frontalmente contra isso, mas nao posso concordar minimamente com os argumentos o caro apresenta para isso, sobretudo porque se baseiam nas duas premissas habituais: devemos ser pobres mas honrados, e já somos os maiores do bairo e isso basta.
Mais, nao consigo perceber a sua constante bajulaçao aos métodos de gestao nos outros clubes, que fazem exactamente o oposto que o caro defende paro o Porto e depois arranja constantes desculpas para que esses métodos sejam morais lá fora mais imorais se utilizados pelo Porto.

De facto 5/10M de euros por ano deve ser insignificante num orçamente que todos os anos é claramente deficitário e ao qual nao faltam criticas pelo facto dos dirigentes nao conseguirem diversificar as receitas do clube.

Entao a Revigres já faz parte da familia? Podemos já junta-la ao simbolo do clube?

O argumento de que tudo está à venda é a outra face do que o caro inconscientemente ou nao defende: nada pode ser utilizado para realizar receitas porque isso é um atentado aos valores e tradiçoes do clube.
Temos de defender entao a retirada da publicidade nas camisolas, do estádio e de qualquer associaçao do clube a qualquer marca porque no fundo é apenas uma forma mais ou menos discreta de vendermos a alma do clube.

PS. Nao confundir nada disto com aquilo que sou completamente contra na gestao mais recente do clube que sao os maneirismos de um novo rico.

Nuno Nunes disse...

Bom, para começar, convém fazer aqui uma justa correcção: José Maria Pedroto é uma das máximas figuras da história do FC Porto mas não é a máxima. Esse lugar será ocupado, seguramente por muitos anos, por Jorge Nuno Pinto da Costa.

A questão da venda dos naming rights foi abordada, para variar, de forma a demonizar a gestão da SAD mas apelidando aqueles que encaram a venda como uma possibilidade de "os que vendem a alma por uns trocos", o que não deixa de ser novidade. A forma, Miguel, é puramente demagógica.

- Nos anos 70 os portistas eram Andrades. Quando Pinto da Costa foi eleito Presidente, no início dos 80, decidiu mudar o nome para Dragões, apoiou a criação de 2 claques, a já extinta Dragões Azuis e os Superdragões, criou uma Revista mensal que ainda hoje existe e o animal mitológico passou a fazer parte de todas as bandeiras e cachecóis do clube. Se nessa altura já soubesses escrever terias afirmado que o clube adoptou um novo símbolo por puro mercantilismo? Que com o fim dos Andrades também teria morrido uma parte do FC Porto?

- O FC Porto foi o primeiro clube em Portugal a adoptar publicidade nas camisolas em 1984. Também vendeu a alma por uns trocos? Deixaste de ser portista?

- O FC Porto já utilizou vários estádios: o campo dos ingleses, o Campo da Rainha, o Campo da Constituição, o Estádio das Antas e o Estádio do Dragão. Perdeu a sua identidade em alguma destas mudanças?

O clube tem evoluido na mesma medida da evolução da sociedade que o suporta.

Acho que não conheces a fundo a história do FC Porto, dos portuenses e da Cidade do Porto. No FC Porto os sócios terão sempre a última palavra e nunca venderão a alma por uns trocos.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Nuno,

"José Maria Pedroto é uma das máximas figuras da história do FC Porto mas não é a máxima. Esse lugar será ocupado, seguramente por muitos anos, por Jorge Nuno Pinto da Costa."

1) Uma opinião pessoal tua, que respeito. Para mim, com todo o respeito pelo trabalho do PdC, parece-me claro que sem o JMP ele não teria sequer chegado a presidente.

"A questão da venda dos naming rights foi abordada, para variar, de forma a demonizar a gestão da SAD"

2) Não me parece que em nenhum apartado do artigo apareça a demonização de quem quer que seja porque, entre outras coisas, que eu saiba a SAD nem sequer mencionou o assunto, foi a continuação de um debate lançado pelo post do Zé Rodrigues. Se sacar isso agora não é demagogia...

"Nos anos 70 os portistas eram Andrades."

3) Curioso. O dragão é um simbolo do emblema do FC Porto há muito mais tempo do que os anos 70 e sou capaz de jurar de ter publicações, recortes de jornais, revistas, anteriores a esse tempo que utilizam a expressão "dragões". Se a direcção da década de 80 teve um excelente trabalho de dinamizar um elemento que fazia parte da imagética visual do clube, só teria tido a possibilidade de aplaudir. Mas tens razão, era um puto!

" O FC Porto foi o primeiro clube em Portugal a adoptar publicidade nas camisolas em 1984."

3) Se por mim fosse o FCP não teria adoptado publicidade nas camisolas. Não disse que deixaria de ser portista por vender o nome do estádio, não o deixaria de o ser por isso. Não se deixa de se ser "portista", simplesmente muda-se a perspectiva de quem gere o destino do clube. Cuidado com a demagogia ;-)!

"O FC Porto já utilizou vários estádios"

4) Pois já, e em todos os casos mudou de estádio por uma necessidade de crescimento lógico, por muito que me tenha custado separar-me das Antas, que foi o que mais tempo vivi. Não me lembra que nenhum desses nomes tenha sido vendido ao melhor postor. Tu sim?

"O clube tem evoluido na mesma medida da evolução da sociedade que o suporta."

5) Sim e não. Felizmente nem toda a gente que faz parte desse conceito lato que é a "sociedade" alinha pela mesma moralidade do clube. De uma parte seguramente que sim, basta ver comentários neste mesmo artigo.

"Acho que não conheces a fundo a história do FC Porto, dos portuenses e da Cidade do Porto."

6) Uma opinião muito pessoal, sem dúvida, não vale a pena rebatê-la.

"No FC Porto os sócios terão sempre a última palavra e nunca venderão a alma por uns trocos."

7) Nem todos, seguramente, porque eu ainda sou sócio do clube e não faço tenção de o fazer, mas pelo visto aqui, não posso dizer o mesmo de todos. E quanto à última palavra, há aí, seguramente, muita ingenuidade!

Bluesky disse...

E há outro GRANDE pormenor... o nosso emblema foi modificado porque o primeiro emblema do clube, consistia numa bola de metal azul com as iniciais "FCP". Em 1922, o futebolista "Simplício", que fora também artista gráfico, conjugou o antigo símbolo do FC Porto com as armas da cidade do Porto, dando origem ao atual emblema do clube...
Enfim, nestes tempos de capitalismo selvagem, quem é romântico arrisca-se a ser um patético D.Quixote!

José Correia disse...

os principios não se vendem (...) O dinheiro não compra tudo

Mas quais princípios, Miguel?
Pára com essa argumentação moralista.

José Correia disse...

É a velha questão de quanto vale a tua honra. Para uns não está à venda, para outros negoceia-se a partir do momento em que a oferta é interessante.

Ó Miguel, mas desde quando é que vender os naming rights do Estádio / Pavilhão / Museu é vender a honra?

E pára com este tipo de argumentação, em que de um lado estás tu, o honrado, o puro, e do outro lado estão aqueles que estão dispostos a tudo, incluindo em vender a honra.

José Correia disse...

parece que há pessoas aqui em diversos quadrantes que partilham essa ideia - que o FCP já não é o FCP se não uma empresa e que tem de sujar as mãos, como fazem tantas, que tem de mover-se por tunéis escuros, encontrar parceiros duvidosos e hipotecar a alma para no final cumprir os seus objectivos. (...) Esse não é o meu FCP, será o de muita gente...

Miguel, o futebol tem muito de emoção e é normalíssimo discordarmos de outras pessoas, incluindo de adeptos do mesmo clube. Mas pode, deve-se, expressar essa discordância sem recorrer a argumentos destes, rasteiros, moralistas e que têm como alvo o carácter das outras pessoas.
Lamentável!

DC disse...

Desconversar?
A pergunta do Miguel foi esta: "O que é isso para as contas do clube?"

Simplesmente demonstrei, que isoladamente, nenhuma das verbas correspondentes a receitas pode ser diminuir o passivo, pagar um jogador, etc, etc, etc...
Basicamente, demonstrei que o seu argumento não tinha lógica.
Caso recebêssemos 5 milhões pelo naming, seria sempre uma das verbas de receitas mais significativa que teríamos, excluíndo proveitos com jogadores, portanto meu caro, não é por aí...

DC disse...

Basicamente continuamos na senda do Miguel "o moralista" contra "os vendidos", "os infiéis", "os pecadores".

Faz-me lembrar a história do Barcelona em que os românticos pensavam ser possível competir contra um clube como o Real, com receitas absurdas, sem limite de endividamento junto dos bancos, sem usar publicidade. Que pura e simplesmente o Barça se podia dar ao luxo de tentar ser competitivo com um orçamento de 50% do do Real.

Se amanhã o 5LB assinar um contrato de naming e subir as suas receitas mais uns milhões, o Miguel acha que o Porto pode continuar a ser um clube cheio de "moralismo", sem empréstimos, sem naming, e continuar a ganhar.

Pois eu assumo já, sou um infiel, um pecador, prefiro ver o Porto vender o naming do estádio e continuar a ser bi, tri, tetra campeão, do que ser um adepto cheio de moral e sem títulos. Para isso já existem os sportinguistas que são os maiores porque têm uma academia e formaram 2 ou 3 grandes jogadores e nem precisam de campeonatos para nada, basta-lhes a moral.

Anónimo disse...

O Wesfallenstadion apresenta lotações esgotadas ou perto disso, o nome nunca foi impedimento para tal, nem tão pouco reduziu o fervor em volta do BVB.

Tirando o saudosismo pelo simbolismo de Highbury Park, poucos foram os adeptos que lamentaram a saída, o estádio tinha condições aquém do desejado para a liga Inglesa, tanto mais que a lotação do Emirates Stadium é bem superior e o estádio apresenta taxas de ocupação bem acima dos 90%.

E o mesmo sucedeu em Newcastle, não gostaram do nome (horrível, diga-se de passagem), protestaram mas não deixaram de ir ao estádio.

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Gosto desse comentário.
Espelha bem a diferença do que pensamos. Eu sinto-me adepto do FCP, como clube. Esse raciocinio diz que o DC é adepto do FCP clube que ganha. Eu não deixaria de ser adepto do FCP se estivesse 20 anos sem ganhar se fosse gerido de uma forma que eu me identificasse!

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

É, porque a conversa tem a ver com a venda de um elemento simbólico da natureza emocional do clube, não de receitas que não estão associadas a essa realidade.

Anónimo disse...

O orçamento do Benfica já é superior em mais do que os 10M€ que o Miguel referiu. Refiro-me ao orçamento consolidado dos proveitos, naturalmente.


Miguel Lourenço Pereira disse...

Anónimo,

Não?
Eu conheço uma boa dezenas de pessoas em cada exemplo que sim. Como disse antes, são números insignificantes para as directivas, mas existem, foram adeptos de muitos anos e sentiram-se defraudados!

Daniel Gonçalves disse...

Discordo absolutamente com a argumentação do Miguel Lourenço Pereira, e uma parte da minha crítica já foi feita pelo Nuno Nunes.

Por vendermos os direitos de nome do Estádio não deixamos de ser FC Porto, não perdermos a nossa honra nem sujamos a nossa dignidade.

Temos de nos adaptar ao Mundo actual, existem coisas que aceitamos mudar para acompanhar a evolução económica/social e existem outras coisas que se mantêm, e que faremos tudo por que se mantenham como estão.
Se seguissemos a filosofia do Miguel ainda hoje usavamos o carvão para mover e impulsionar as máquinas, sempre era mais económico do que o pétroleo, ou porque não usar velas ou fogo natural em vez electricidade para vermos à noite. Desculpa a ironia, mas temos de ver que são condicionantes poderosas - a necessidade de acompanhar a evolução do futebol contemporrâneo - que nos "obrigam" a parcerias como esta com o BMG, eu não quero que o FC Porto fique parado e imobilizado no tempo, e se tivermos de alterar «ligeiramente» a gestão quotidiana do clube e a visão do que é necessário para triunfar então que seja assim, não se trata de vender a honra por tostões nem vender a alma ao diabo embora - como Churchill reconheceu um dia - às vezes torna-se necessário pactuar, mesmo contra natura, com o diabo, sem que tal signifique a perda da nossa identidade nem que deixemos de ser o que sempre fomos até então.

Os idealistas foram derrotados, por exemplo quem venceu a batalha do Accio foi Octávio Augusto e não Marco António, e ainda bem para o Mundo de então,e talvez até para o de hoje. Não digo que um homem não deva ter príncipios nem ideais, mas na dose perfeita 25& de idealismo e 75% de realismo. Adaptarmo-nos às circunstâncias exteriores permite a sobrevivência e a evolução.

PS: O Bayern Munique não é desprezado no resto da Alemanha por ser o Bayern (ou seja por ser aquilo que é, pela sua identidade), nem por ser uma espécie de multinacional desportiva, mas sim por ser da Baviera, tradicionalmente católica e resistente à filosofia luterana, portanto são razões históricas - e em muito anteriores aos anos 70, época onde o Bayern cresceu - e não futebolísticas a explicar essa "desconsideração" que clubes, e adeptos, de outros estados (lander) deitam ao Bayern, sobretudo do Hamburgo, do Eintracht Frankfurt, do Werder Bremen.

Anónimo disse...

Bem, dado que passo grande parte do meu tempo em Londres, tenho algum conhecimento de causa. O que não invalida que centenas de adeptos, pensem da mesma forma e sejam contra o dito futebol moderno, afinal de contas também não gosto de algumas facetas do futebol do século XXI (petrodólares, bilhetes inflacionados, entreposto de jogadores, o desnível cada mais acentuado em alguns campeonatos ex. Espanha ou Itália) mas infelizmente, pouco ou nada se pode fazer para mudar o rumo dos acontecimentos.

Vamos deixar de gostar de ver jogos, seja em casa, no pub ou no estádio? Não creio e acima de tudo, a paixão continua sempre presente.

DC disse...

Errado, não diz nada disso.

Eu sou adepto do Porto e por ser adepto do Porto quero o melhor para o meu clube.
E o melhor para o meu clube é ganhar. Porque ganhar traz títulos, dinheiro, mística, história e tudo mais.
Não há um único clube no mundo conhecido por perder nem há um único clube no mundo que consiga resistir anos e anos sem no mínimo lutar por titulos.

Portanto, o Porto ou se actualiza como tem actualizado, percebe que está a competir numa economia de mercado com concorrência feroz e num mundo totalmente capitalista, ou torna-se um clube romântico e vive dos livros de história como o Sporting, o Leeds, o Parma, etc...

O Miguel está preso no passado e, pior do que isso, acha que tem superioridade moral por causa disso.
Faz-me lembrar aquelas histórias das pessoas que recusavam os métodos de saúde modernos e que recorriam à medicina tradicional e depois morriam com uma simples gripe. Mas cheios de moral!

Pedro Albuquerque disse...

Como eu disse anteriormente, não me importaria de mudar o nome do Estádio por $$$.

Pessoalmente quando vou ao Estádio do Dragão como os meus amigos, pergunto-lhes "A que horas no Dragão?".

E se mudarem o nome vou continuar a dizer o mesmo.


PS: O Bayern é desprezado no mundo do futebol? Em Inglaterra, Espanha, Itália e o resto do mundo, na minha opinião, é respeitado e não desprezado!

DC disse...

O naming do estádio é simbólico actualmente tal como o Baía era simbólico e foi vendido.
Há 30 anos atrás os jogadores cresciam e "morriam" no clube, depois começaram a aparecer as grandes transferências. Hoje em dia, é impensável termos um jogador formado no clube (que tenha grande qualidade) a fazer toda a carreira no clube. Hoje em dia quando se vê um puto com classe já se diz "este vai sair por 30 milhões".
Antes, eram estes jogadores os grandes símbolso do nosso clube, deixaram de ser.
Antes tínhamos treinadores como Pedroto que não saíam por nada deste mundo, hoje temos treinadores em cadeiras de sonho a ser transferidos por 15 milhões.

Se era esse futebol que o Miguel queria manter, cheio de simbologia, vem com muitas décadas de atraso. Se era este o seu problema não era agora o naming que o devia incomodar era tudo o que se vem passando há décadas e décadas e que nunca voltará atrás.
Ainda eu e o Miguel temos a sorte de ser adeptos de um clube que conseguiu manter-se competitivo mesmo num país pobre contra tantos tubarões da europa. E que para se manter competitivo teve que usar financiamento de bancos, fundos, etc e tudo o que você condena.

Eu adorava, tal como você, que o Porto tivesse 25 jogadores formados no Porto, que tivesse o estádio cheio de adeptos todos os fins de semana, que os jogos fossem aos domingos ao início da tarde, que as camisolas tivessem apenas o símbolo do clube, que os jogadores não falassem em transferências para o estrangeiro, e que mesmo assim ganhássemos tudo cá dentro e lá fora.
Mas eu tenho noção que o futebol mudou e romantismos não pagam dívidas. O futebol mudou, há muito, e quem não se adapta morre e definha, ponto!

Pedro Albuquerque disse...

O Dortmund deve ter chorado por essas dezenas de pessoas que não viram os 4-1 ao Real Madrid. Fizeram-se sentir entre os 65 mil.

Se não vão ao Estádio porque este mudou de nome, são adeptos do Clube ou do Estádio?

Pedro Albuquerque disse...

Antes 5 milhões no banco do que nenhum!

Penta disse...


o Miguel Lourenço Pereira faz-me lembrar o primeiro-ministro deste nosso (des)Governo: colhe "inimigos" como quem semeia ventos cá com uma rapidez!

ao (des)Governo bastaram dois dias; ao Miguel bastaram dois posts

ps:
lastimo que considere as Assembleias Gerais «um circo» pois que estatutariamente ainda são o único ponto de discussão entre os associados do clube e a sua direcção.

Joao Goncalves disse...

Vou pegar só na tua 1ª parte... "Um mercado como o português não pode supor um negócio igual ao que o mercado alemão ou inglês gera"

Só aqui já te enterras-te todo neste post todo...

Tens duas hipoteses... ou assumes que não tens o mercado como o Inglês, Espanhol,. Italiano, Francês e/ou Alemão e resumes-te à tua(nossa) insignificancia ou vais a todas as fontes de receitas possiveis e "Adeptamente" aceitáveis para combateres com esses senhores.

O Porto finca pé a essa gente mas para tal precisa de receitas que o pais não tem capacidade de lhas dar, portanto temos que ir a tudo o que nos dê dinheiro e a todos os acordos que podermos ter Fundos, Naming Rights, BMG's, etc...

Sem isso não podemos ser grandes... sem isso não somos ninguem e quanto mais rápidamente tiveres consciencia disso melhor

Joao Goncalves disse...

"Muitos dos clubes que venderam o naming right fizeram-no porque precisavam de pagar o estádio(não é o nosso caso)"

E tens a certeza absuluta daquilo que estás a dizer?

De onde vem os 100M€ de passivo? do Ar?

O estádio está pago contabilisticamente falando, não quer dizer que daqueles 100M€ muitos ainda adevenham de juros e valores associados a esse investimento.

Paulo Marques disse...

MLP,

O que te digo é que esse já não é o FCP, tal como aconteceu em todos os outros clubes. A solução é deixar de perder tanto tempo e emoção com isso e ter uma relação mais distante com o futebol.
Isso e esperar pelo crash inevitável a ver as coisas mudam.

Anónimo disse...

Para pensar:
Prefiro o Dragão com outra coisa ao lado (Ex.: Dragão Caixa) e isso servir para abater fortemente no preço dos bilhetes.

Nuno Nunes disse...

Miguel Lourenço Pereira:
3) Curioso. O dragão é um simbolo do emblema do FC Porto há muito mais tempo do que os anos 70 e sou capaz de jurar de ter publicações, recortes de jornais, revistas, anteriores a esse tempo que utilizam a expressão "dragões".


Então nesse caso apresenta-me um (1) desses recortes que eu imediatamente retiro o que disse.

4) Pois já, e em todos os casos mudou de estádio por uma necessidade de crescimento lógico, por muito que me tenha custado separar-me das Antas, que foi o que mais tempo vivi. Não me lembra que nenhum desses nomes tenha sido vendido ao melhor postor. Tu sim?

Pois... mudar de estádio é "uma necessidade de crescimento lógico" mas comercializar o naming já é, não só imoral, como também "vender a alma". O nome da Revigrés nas camisolas é aceitável, o da PT não. É uma linha de raciocínio muito coerente.

A moda da venda dos naming rights dos estádios começou nos Estados Unidos, onde tudo está à venda.

Pois, também me parece que toda esta discussão tem mais que ver com ideologias socio-políticas do que com futebol...

Paulo Marques disse...

"Não digo que um homem não deva ter príncipios nem ideais, mas na dose perfeita 25& de idealismo e 75% de 'realismo'."

Por causa disso é que a UE, e o mundo, está como está, vale tudo para manter tudo na mesma, mesmo quando já não é possível.

Anónimo disse...

Alguém sabe quanto custou o museu? Gostava de saber qual o custo direto do "by BMG".

(Sei que não se pode fazer assim o cálculo pois têm de se considerar outros apoios que se recebam entretanto e o custo das novas parcerias com o mesmo banco.)


Amphy

Anónimo disse...

o que lhe interessa a si (como adepto) o dinheiro? Já por várias vezes o vi usar esse argumento. "estou disposto.... desde que... muito dinheiro". Não percebo como pode um adepto preocupar-se com isto. o que um adepto quer é golos. vitórias.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Pedro,

São adeptos de uma ideia de clube que sentem que desapareceu. Não creio que exista uma ideia de clube colectiva imposta a todos da mesma maneira que nem todos sentem da mesma forma o conceito de nação. Seguramente que continuam a ser adeptos do clube mas querem deixar de sufragar, financeiramente, com o rumo que o clube tomou.

Este é o melhor exemplo:
http://www.futebolmagazine.com/fc-united-of-manchester-um-clube-para-idealistas

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Está tudo muito bem no que dizes, mas confundes o simbolismo de um clube com as pessoas que por lá passam. Pinto da Costa é um simbolo do FCP. Pedroto também. Artur Jorge, Baía, Gomes, etc. Mas são pessoas, vivem e morrem, tomam as suas opções. O estádio é cimento. É a pedra base onde se desenvolve a vida competitiva do clube. O seu padrão de simbolismo está muito por cima de qualquer individualidade.

O Cardiff subiu agora de divisão à Premier League.
Muitos adeptos estão eufóricos. Outros procuram boicotar a direcção. Porquê? Porque o novo dono mudou as cores do clube, mudou o emblema e pretende mudar o nome do estádio. Desportivamente estão melhor do que nunca mas simbolicamente cortou-se com o passado. Há adeptos que não se importam, que focam tudo no sucesso em campo. Estão satisfeitos. Há outros que não. No futebol há espaço para todos!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Nightwish,

Não tenho dúvidas disso!

Anónimo disse...

Alguém sabe o custo do Museu? Para ver quanto vale o "by BMG"?

Miguel Lourenço Pereira disse...

João,

Não sinto que me enterre ou deixe de enterrar.
Eu assumo perfeitamente que não posso competir financeiramente com essas ligas e defendo a procura de um modelo que seja competitivo em campo ainda que inferior financeiramente. Assim se foi campeão europeu, duas vezes. Quando alguém me conseguir demonstrar factualmente que esta política traz melhores resultados do que a que eu defendo, então conversamos sobre isso. Até agora está por provar.

Quanto ao segundo ponto, o FCP pagou o estádio. Como outros clubes teve de gerir as suas contas para o fazer porque não temos governos e autonomias que paguem os estádios por nós. Naturalmente quando eu quero comprar muito uma coisa, deixo de ter dinheiro para compras outras e faço uma eleição. Aqui passa o mesmo.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Eu não acho que tenha superioridade moral sobre ninguém. Tenho a minha moral, é minha e não tem por que ser partilhada pelo DC nem por ninguém. Nem me estou a candidatar a presidente, nem peço que me sigam. Simplesmente coloco em público a minha opinião sobre o assunto. Cada um é livre de pensar o que quiser, pura e simplesmente deixo de manifesto que a minha visão do futebol e da vida do clube é radicalmente diferente da tua e de outros portistas. Não sei onde vem mal ao mundo com isso!

Anónimo disse...

Não percebo porque as pessoas se hão-de revoltar desta forma com a opinião do Miguel. Parece que se espumam só de ler algo que vai contra o que acreditam.

Miguel Lourenço Pereira disse...

" necessidade de acompanhar a evolução do futebol contemporrâneo"

Esse acompanhamento em que se traduz?
De repente, com os fundos, a BMG e os grupos que citas o FCP fez algo diferente do que fazia antes? De repente passamos a ganhar mais do que faziamos há 10 anos atrás? Fizemos melhor figura contra rivais europeus? Desenvolvemos com esse investimento uma política de formação local superlativa? Conseguimos persuadir jogadores importantes a ficar mais anos?

É que a mudança de política é evidente e entendo que para alguns seja uma ideia atractiva. Mas gostaria de saber, salvo o passivo que cresce e algumas coisas por explicar, onde foi que o FCP saiu beneficiado com essa mudança? Quando o conseguirem, podemos avançar na conversa.

PS: "Bayern Dusel". Estamos a falar de uma relação social que remonta aos anos sessenta e à forma como o Bayern - e a forma como era gerido - entrava em choque com a Bundesliga, até meados dos sessenta semi-profissional. O Bayern fez-se forte fazendo os outros fracos por ter uma política financeira mais agressiva. Foi isso que o tornou um clube detestado, não a conjuntura social da Baviera com os outros lander.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Penta,

Não disse que viesse aqui a fazer amigos. Vim debater ideias. Se "colho" inimigos será porque a) as minhas ideias vão em contra a de outras pessoas que não as sabem assumir como algo alternativo b) esses "inimigos" não têm mais do que fazer do que inimistar-se com alguém tão insignificante quanto eu.

PS: Também eu lastimo, mas é a crua realidade na minha perspectiva de sócio que esteve em algumas.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Nuno,

Vou procurar o recorte e no próximo almoço levo-te com prazer.
Mudar uma infra-estrutura que cumpriu com a sua vida útil é uma opção. Há clubes que preferem fazer obras dentro da mesma estrutura. Esse debate no caso do Liverpool é muito interessante, vale a pena ver o que pensam os adeptos desse clube sobre isso. Eu não disse que a Revigrés é aceitável e a PT não, aliás, respondi-te claramente a dizer que sou contra o uso de patrocinios nas camisolas. A única coisa que disse foi que se criou uma relação emocional com alguns adeptos que não posso negar, é real, e que não senti que se tenha criado com a PT mas não que a aprovo de maneira diferente.

Não é um debate ideológico socio-político a não ser que partas do principio, como eu, que o futebol é o espelho perfeito da sociedade e isso inclui matriz cultural, social, economica, política, moral, filosofica e existencial. Então, a partir do futebol, podes debater um pouco de tudo.

DC disse...

O estádio como padrão de simbolismo está acima de Pinto da Costa, Pedroto, Deco, Baía?
Para mim não está! As minhas recordações mais valiosas do clube são os golos do Deco, as defesas do Baía, etc, não são as cores das cadeiras do Dragão ou das Antas.

Quanto a cores do clube é algo muito maior que cimento. Eu aprendi a ser adepto do Porto e do azul-e-branco, até ir a 1ª vez às Antas já muito amor tinha eu ao Porto e nenhuma ligação ao estádio.

Portista Sec XXI disse...

"José Maria Pedroto é uma das máximas figuras da história do FC Porto mas não é a máxima. Esse lugar será ocupado, seguramente por muitos anos, por Jorge Nuno Pinto da Costa"

Sem o grande SENHOR José Maria Pedroto, MENTOR de toda estratégia entretanto seguida pelo presidente do FC Porto durante anos, Pinto da Costa não era quem hoje é, e o que ele hoje significa para o universo portista. Pinto da Costa, durante anos não foi mais que o homem em que Pedroto viu capacidades para implementar as suas ideias no FCP; Já Pinto da Costa, viu em Pedroto e nas suas ideias o que ele sempre desejou para o clube. O que aconteceu é com o passar dos anos Pinto da Costa e só depois da morte prematura do “Mestre”, de forma consciente ou não, deixou que os portistas, principalmente todos aqueles que nunca conheceram um outro presidente que não ele próprio e não tiveram a felicidade de ouvir as ideias do “Mestre” de viva voz; ficassem com a percepção errada que o que foi idealizado e pensado por JM Pedroto e executado superiormente por Pinto da Costa, era na realidade da sua autoria.
Infelizmente o grande senhor e "Mestre" José Maria Pedroto, e o grande MENTOR do FC Porto emancipado e poderoso; nunca foi devidamente homenageado pelo o FCP e pelo seu "aprendiz" Jorge Nuno Pinto da Costa.

Pedro Albuquerque disse...

E esses adeptos deixaram de festejar os títulos do Man Utd?
Se sim, era realmente adeptos?

Não sei se tens lugar anual no Dragão, mas se sim e se o Estádio mudar de nome para uma empresa tipo GALP, deixas de apoiar o clube e deixas de ir ao Dragão?

José Rodrigues disse...

«Se "colho" inimigos será porque a) as minhas ideias vão em contra a de outras pessoas que não as sabem assumir como algo alternativo b) esses "inimigos" não têm mais do que fazer do que inimistar-se com alguém tão insignificante quanto eu.»

...ou se calhar colhes inimigos (ou inimizades) porque c) em vez de simplesmente te limitares a dar a tua opiniao sobre o naming do Dragao, nao resistes a tecer consideracoes (muito pouco simpaticas, para usar um eufemismo) sobre quem nao pensa da mesma forma. Faltou esta hipotese, digo eu...

José Rodrigues disse...

«O que lhe interessa a si (como adepto) o dinheiro? Não percebo como pode um adepto preocupar-se com isto. o que um adepto quer é golos. vitórias.»

Pensei q fosse extremamente óbvio, mas pelos vistos não... por isso explico usando uma expressão bem portuguesa:

«Sem dinheiro não há palhaços.»

Miguel Lourenço Pereira disse...

Subscrevo por completo cada linha.

Pinto da Costa é imenso, um dos maiores personagens da história de Portugal. Mas chegou onde chegou por ter tido a inteligência de se associar a JMP, de ter aprendido com ele, de se ter empapado da sua filosofia e de ter seguido durante bastante anos a ideia que este tinha para o clube.

Por certo, para os que pensam que as AG´s são elementos inquestionáveis e que os sócios do FCP não se deixam levar por dirigentes, nem se vendem emocionalmente por campanhas orquestradas desde cima, gostaria de lembrar que José Maria Pedroto foi expulso de sócio e vetado de entrar nas instalações do clube, precisamente por defender uma ideia diferente de gestão da que era praticada então. O tempo deu-lhe razão, o "Mestre" voltou e o FC Porto deu um salto de gigante.

Muitos dos sócios que o expulsaram, que o insultaram, que o criticaram depois celebraram os seus títulos, os seus bitaites e os sucessos do seu sucessor. A vida é assim!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Zé,

Possui incluir essa na B. Afinal se as minhas considerações pouco simpáticas e tão insignificantes servem para criar inimigos, uma palavra muito forte, é sinceramente algo que nem me aquece nem me arrefe e podem partir de muito tempo livre alheio!

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Temos visões distintas. Não há muito mais a dizer!

Portista Sec XXI disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Gonçalves disse...

Miguel,

foi aquilo que apelidas de "política financeira mais agressiva" que permitiu ao Bayern alcançar a hegemonia do futebol alemão e sagrar-se tricampeão europeu nos anos 70. Obviamente que para crescermos tornamos os outros clubes mais "pequenos" ou mais fracos comparativamente com o nosso sucesso, não existe outra possibilidade, não podem estar todos simultâneamente no mesmo patamar. O Bayern foi visionário e viu onde estava o futuro e qual o modelo mais adequado para triunfar, obviamente que vai chocar com imobilismos e com um modelo que era, como tu apelidas, de semi-profissional. Foi a atitude e a nova postura do Bayern que permitiu a evolução do futebol alemão e da Bundesliga, os outros clubes germânicos acabaram por adaptar o modelo dos bávaros. Não me parece que os outros clubes encarem com desprezo - palavra inadequada para traduzir a realidade - do clube bávaro, aliás o Borrusia de Dortmund para sair da profunda crise em que encontrava teve a ajuda do Bayern Munique. Ressentimento talvez seja mais correcto que desprezo, pois os alemães do Norte nunca pensaram que fosse o clube da Baviera a mostrar o futuro do futebol alemão e a alcançar a hegemonia.

Anónimo disse...

Acho verdadeiramente piada aos vossos exemplos hiperbolizados. Portugal a chamar-se Praia Grande de Espanha!? Então mas aqui fala-se de mudar o nome do estádio ou mudar o nome do clube?

"Abraço Miguel e prepara-te que vão cair-te em cima tal e qual como fosses tu o alienado da realidade do que é ter princípios de vida."

lol, aqui ninguém cai em cima de ninguém! Agora, ser radical da maneira como o Miguel o é, torna-se algo complicado. Concordo claramente com o aqui já dito, se isso for bom para o clube e se nos elevar a um novo patamar é grave? O Liverpool tem muita honra, muita historia e no entanto não ganha nada, vive de memorias. Enfim Miguel, honrado mas perdedor!? não concordo, mas são opiniões.

A vida é para os espertos e o resto é conversa.

Portista Sec XXI disse...

A vida é assim e por vezes muito injusta para quem tanto deu e fez pelo FC Porto e igualmente por Pinto da Costa. Infelizmente e nos últimos meses e já deitado no seu leito, mas consciente; José Maria Pedroto acabou por sentir como a vaidade e a inveja, podem dar lugar á ingratidão daqueles a quem ele tanto deu e que muito pouco têm feito para colocar o ponto no “i” na real importância do “MESTRE” na mais recente história do FC Porto. Eu não me esqueço de tudo o que ele fez e semeou e como portista fico-lhe eternamente grato por tudo. Assim nunca poderia deixar passar que alguém possa subalternizar o MESTRE em relação ao seu inteligente aprendiz.

P.S: Já agora e por falta de tempo não coloquei e não vou por agora colocar nenhum comentário tendo em conta a sua opinião em relação ao “naming rights” do Dragão. Sem concordar com tudo, partilho igualmente com alguns dos seus sentimentos em relação a este assunto e a outros. Eu, na verdade fico muito feliz por saber que há no universo Portista; pessoas como o Miguel que pensam pela sua própria cabeça, que tem valores de honra e honestidade para consigo próprios (igualmente para com outros) e que não trocam esses valores, por um qualquer êxito e/ou vitória alcançada sabe deus como. De si já sei o que esperar; com vitórias ou não, será sempre portista; já de outros, vamos ver como será quando a começar a mudar a maré, onde eles tanto gostam de se banhar. É que para muitos não interessa se as águas estão ou não com focos de poluição, o que interessa mesmo é que a maré esteja a seu gosto.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Pedro,

Tive lugar anual nas Antas e no Dragão durante 14 anos consecutivos. Ao viver em Madrid agora não faz qualquer sentido tê-lo. Se o FC Porto mudasse o nome do estádio e o vender a uma empresa e estivesse a viver no Porto, podes ter a certeza de que deixava de ter lugar anual no Dragão.

Não significa que seja mais ou menos portista por isso, simplesmente que não quero pactuar com algo que para mim é errado!

Miguel Lourenço Pereira disse...

Daniel,

Tudo o que dizes é verdade. Agora, em relação ao desprezo que muitos adeptos sentem pelo Bayern, e que até é vísivel por parte da imprensa alemã, a minha visão vem de falar directamente com pessoas de muitos quadrantes distintos da Alemanha. Se tens outra perspectiva sobre o assunto, óptimo!

Daniel Gonçalves disse...

Portista do Século XXI disse

"Infelizmente e nos últimos meses e já deitado no seu leito, mas consciente; José Maria Pedroto acabou por sentir como a vaidade e a inveja, podem dar lugar á ingratidão daqueles a quem ele tanto deu..."

Seja mais concreto nas suas afirmações - ou insinuações - quem, do FC Porto, é que foi ingrato, para com José Maria Pedroto nos seus últimos momentos de vida e depois do seu falecimento?
A vida institucional do FC Porto e a sua Administração sempre valorizou publicamente a obra, o mérito e o trabalho desempenhado por Pedroto, portanto a realidade desmente as suas afirmações.

"ficassem com a percepção errada que o que foi idealizado e pensado por JM Pedroto e executado superiormente por Pinto da Costa, era na realidade da sua autoria." Não me parece que o Portista do Século XXI escreve seja a realidade dos factos.