terça-feira, 17 de novembro de 2009

A propósito da finalização


Provavelmente muitos dos nossos leitores já assistiram aos exercícios de aquecimento da actual equipa do FC Porto. Este processo consiste normalmente num curto período inicial em que os jogadores descontraidamente fazem passes e trocam a bola em grupos de dois (sendo que quem trabalha com o Bruno Alves lhe manda as bolas para a cabeça), depois há corrida, sprints e saltos aos pares num período mais alargado e mais tarde há uma sessão de "meinho" num curto espaço de terreno com duas equipas de quatro elementos cada e os restantes dois jogadores a envergarem coletes diferentes para fazerem parte da equipa que tem a posse de bola (nunca indo, portanto, ao "meio"). Por fim, nos 5 a 10 minutos que restam, os jogadores de campo reúnem-se a aproximadamente 40 metros da baliza, cada um com uma bola, para depois, um a um, fazerem uma triangulação com um dos treinadores adjuntos e de seguida rematarem à baliza um pouco antes da entrada da grande área.

Ora, é precisamente desta última fase do aquecimento que venho abordar. Não sou da equipa técnica e ainda por cima sou um leigo no que à teoria futebolística diz respeito e, por isso, desconheço o objectivo de tal exercício no âmbito dos minutos finais que precedem um jogo de futebol, mas uma coisa me intriga: será normal que 8 em cada 10 remates (mais coisa menos coisa) tenham como destino a bancada e os placards publicitários ou saiam frouxos às mãos do guarda-redes? Será normal que a quase totalidade dos remates falhem o alvo poucos minutos antes do início da partida? É possível que a explicação para isto seja muito simples e esteja relacionada com o facto de todo o trabalho específico importante ser feito nos treinos e à porta fechada e que estes sejam apenas momentos para descontracção dos atletas antes dos jogos. Mas nesse caso volto a perguntar: não será muito pior pôr um jogador a fazer 2 ou 3 remates de longa distância à baliza antes de começar o jogo e ele não acertar um único? Não ficará desmotivado a tentar a sua sorte de longe?

Dito isto, não me espanta nada que o FC Porto tenha uma prestação paupérrima em bolas paradas e remates de longa distância. Não me espanta nada que o Hulk (que tem um remate portentoso) remate e saia (quase) sempre uma "rosca" muito ao lado ou que o Meireles já não marque golos fora da área há muitos meses. No futebol, como nas outras profissões, quando não há trabalho não há resultados.

No passado estive atento às sessões de aquecimento de alguns dos melhores clubes da Europa que já defrontámos: Manchester United, Chelsea, Liverpool, Real Madrid ou Barcelona. Em todos eles identifiquei um factor comum no que respeita a remates à baliza, há 2 ou 3 jogadores que ficam alguns minutos do aquecimento a trabalhar o remate à baliza e esses remates são precisamente o contrário dos dos nossos jogadores: muito poucos falham o alvo.

12 comentários:

Luís Carvalho disse...

Não, não é mesmo nada normal.

Há mesmo muita falta de treino específico na área do remate.
Em Portugal, a maioria acha perfeitamente normal que um profissional de futebol (mesmo os que jogam na frente) falhe a maior parte dos remates que afectua, mesmo em treinos.
Ora, isto é tudo menos normal.

Seria aconselhável passar menos tempo ocupado com "transições" e coisas que tais e dedicar parte significativa do tempo a treinar remates de qualquer local do campo.

Sim, apesar de jogarem no FCP muitos precisam de ser ensinados neste aspcto fundamental do futebol.

José Rodrigues disse...
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Pedro disse...
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pedro disse...
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Anónimo disse...

A falta de pontaria do jogador médio português reflecte, penso eu, deficiências de trabalho desde a formação. Se o remate nunca foi o nosso forte é preciso ir buscar a explicação bem mais longe que aos treinos, sem menosprezo pela importância destes, claro.

dragao vila pouca disse...

No tempo do Robson - que para mim foi o melhor treinador de campo que passou pelo F.C.Porto -, para além do famoso pass precise e de se treinar muito a finalização, no fim do treino, às vezes, e não tão poucas como isso, Robson obrigava os jogadores, de fora da área, a tentarem acertar na barra e só quando acertavam iam tomar banho. Sempre levei aquilo para uma brincadeira, mas se calhar não era e o facto é que no tempo do falecido Robson, para além de jogarmos bem, marcavamos muitos golos.

Um abraço

pedro disse...

havia algum problema com o meu comenario para ser eliminado?

Anónimo disse...

Caro Pedro,

Houve um comentário de um Pedro - que não sei se era você - que se referia ao artigo como "a coisa mais parva" já aqui publicada, ou palavras semelhantes. Esse comentário, por impróprio, foi eliminado. Por lapso, outro comentário também assinado "Pedro" - e ignoro se era o mesmo Pedro - foi eliminado também na mesma altura. Se este último era seu, peço desculpa do lapso. Se o primeiro era também seu, deveria saber que nós agradecemos os comentários mas não aceitamos a utiização de linguagem ofensiva.

pedro disse...

Eram dois comentários, nenhum deles era ofensivo, intermediados por outro que de facto retratava dessa forma este post mas era de alguem com o mesmo nome. Desculpas aceites.

Anónimo disse...

Se é verdade que se censurou uma resposta por usar a expressão coisa mais parva.... Então a partir de hoje não visitarei mais este blog.

Que coisa mais atrasada.

miguel87 disse...

Li os referidos comentários antes de serem eliminados, e se não concordei totalmente com eles nem achei muito justa a classificação ao artigo de "coisa mais parva", muito menos acho correcta esta "censura".

Nuno Nunes disse...

@laranjamecanica:

BON VOYAGE