segunda-feira, 26 de maio de 2008

As estatísticas de Scolari

Scolari é uma figura que desperta os sentimentos mais extremos. No entanto, este artigo não é para divagar sobre as razões válidas que os portugueses em geral (e os portuenses e portistas em particular) têm para não gostar dele, mas sim para abordar um aspecto que se tornou lugar comum sem que seja questionado.

Tornou-se lugar comum dizer que "critique-se ou não, o facto é que Scolari conseguiu uma performance que mais ninguém conseguiu". Mas... será mesmo?

Dei-me ao trabalho de compilar a % de pontos conquistados contra as restantes 5 melhores equipas do grupo (que são aquelas que conseguem tirar-nos pontos, apesar de Scolari até ter conseguido a "proeza" de empatar com o Liechstenstein) na fase de apuramento nos últimos 12 anos:
Euro 1996: 77% (Oliveira)
Euro 2000: 77% (H Coelho)
Euro 2008: 57% (Scolari)
Mundial 98: 63% (A Jorge)
Mundial 02: 80% (Oliveira)
Mundial 06: 80% (Scolari)

Média dos últimos 12 anos nos apuramentos: 72%
Média de Scolari nos apuramentos: 68%

Assinalo que Scolari conseguiu pior que a média apesar de ter herdado do estatuto de cabeça-de-série, ao contrário dos seus antecessores - o que evitou que tivesse que enfrentar um "tubarão" como era antes costume (Alemanha, Itália, Holanda,...).

Depois há a questão das fases finais, que é mais complicada de comparar, mas se formos a ver a % de pontos conquistados desde 96:

Euro 96: 58% (Oliveira)
Euro 00: 87% (H Coelho)
Euro 04: 55% (Scolari)
Mundial 02: 33% (Oliveira)
Mundial 06: 62% (Scolari)

Média de pts conquistados nas fases finais: 59,2%
Média de Scolari nas fases finais: 58,7%

Conclusão: em relação aos outros, ao Scolari valeu-lhe os penaltis para ir mais longe. De resto e objectivamente... fez igual.

Reparem que já nem falo em três aspectos subjectivos:

1) Agora temos um grupo de 15 excelentes jogadores, quando há 10 anos tínhamos meia-dúzia. Compare-se os CVs dos 15 jogadores mais utilizados em cada uma das campanhas.

2) Em 2004 jogámos pela primeira vez uma fase final em casa.

3) Em 2004 o Scolari herdou toda uma espinha-dorsal entrosada e campeã europeia, graças a Mourinho, que a pouco e pouco se foi desfazendo (com a consequência nas exibições e resultados, q também se foram "desfazendo"). Os antecessores nunca tiveram um luxo do género (pelo menos nos últimos 20 anos).

Numa coisa tiro o chapéu a Scolari: é um óptimo gestor de imagem própria...

5 comentários:

Mário Faria disse...

O Felipão veio demonstrar à saciedade a “estupidez” nacional e a inteligência do nosso seleccionador brasileiro : bastou-lhe afrontar o FCP para ter sucesso, quer desportivamente quer comercialmente. O resto são minudências pouco significativas. Tem a Federação na mão e os jogadores parecem felizes. A maioria dos adeptos e da imprensa dão-lhe o benefício da dúvida e continuam a acreditar na suas capacidades.
O ambiente à volta da selecção é pimba. Só falta convidar o Tony Carreira para cantor oficial da selecção deles.

Unknown disse...

E é a gente desta que entregamos a nossa selecção:

"Pinochet fez muita coisa boa também".
"Ajeitou muitas coisas lá (no Chile). O pessoal estava meio desajeitado. Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez"

Leceiro disse...

Música, bola e religião, os 3 F's modificados para AP + C + P, ou seja no futebol temos o anti-Porto, na religião temos o caravaggio, e na música o pimba luso-brazuka do Roberto Leal; a fórmula que tanto agrada aos saudosistas, voltou através de outro senhor cujo nome até começa por S....

José Correia disse...

Selecção Nacional??
O que é isso?

Mefistófeles disse...

Subscrevo inteiramente. Scolari vende-se bem e como estamos num país de papalvos, o "produto" tem sucesso. Penso que ele fez uma boa análise do povo português e, em particular, do povo do futebol. Serviu-lhes os pratos favoritos, começando por hostilizar o FCP e afastar o Vitor Baía. Perdeu o Euro em casa e nunca conseguiu ganhar à Grécia. Não conseguiu montar uma equipa decente
desde 2004, vivendo de rasgos individuais. E insiste nos mesmos erros, continuando a convocar jogadores que, manifestamente, não têm lugar na selecção.