terça-feira, 13 de maio de 2008

FC Porto e Boavista são bodes expiatórios


«O que está a ser julgado aconteceu época após época. O que interessa é acabar com o sistema. Se fôssemos ver cada clube que esteve em determinada momento no poder, desde o tempo da ditadura – e nem excluo o Sporting –, tentou exercer a sua influência. Porquê pegar agora no major Valentim Loureiro, no presidente do Leiria, no Boavista e o FC Porto? (…) Estão a ser transformados em bodes expiatórios e recuso isso»
Dias da Cunha, ex-presidente do Sporting
Programa ‘Prós e Contras’, RTP1, 12/05/2008

Ora cá está uma afirmação politicamente incorrecta, que não será objecto de manchetes e, seguramente, não ficará para a história.

2 comentários:

Zé Luís disse...

José Correia, o homem está xéxé de vez? Mas dizem-me que ele já alinhavou duas frases seguidas...
É giro.
O tipo que identificou Pinto da Costa e Valentim Loureiro como os "rostos do sistema", agora iliba-os.
Será que a Carolina um dia também deixará de fazer o 69?...
Seria giro. E higiénico...

José Correia disse...

«No "Prós e Contras" da passada segunda-feira, fui surpreendido por António Dias da Cunha. O antigo presidente do Sporting pareceu-me invulgarmente lúcido em muito do que disse - menos em afirmar que devia tudo o que sabe sobre o "sistema" a Marinho Neves, alguém que confunde jornalismo com coisas que o jornalismo impede.

Dias da Cunha disse que o futebol português padece do vício histórico de domínio de um clube - coisa que por acaso eu tinha escrito aqui alguns dias antes. E reconheceu mesmo que o seu clube, o Sporting, em décadas passadas, como o Benfica ou o FC Porto ou o Boavista, tinha abusado do seu poder. Recusou assim as virgens ofendidas de que anda cheio o nosso futebol, que de virgens nada têm e de ofendidas ainda menos.

É exactamente daqui que eu acho que o futebol português deve recomeçar. O futebol não é um mundo de anjos, como não é de demónios como alguns querem fazer crer. É como a vida humana, tem bons e maus momentos, dias melhores e dias piores, carne fraca ou forte. Mas faz algum sentido que um árbitro não possa sentar-se à mesa de um restaurante com um observador depois de um jogo, com os respectivos relatórios já enviados, como alguém gritou na sala e outro alguém (o presidente da Associação dos Árbitros...) corroborou? Acham que vão ter polícias para cada árbitro, assistente e observador? Ou o árbitro de futebol vai passar a ser um juiz de direito ou um delegado do Ministério Público e o jogo vai passar a disputar-se num relvado de um tribunal com um escrivão a anotar o resultado? Isto é uma insensatez - e uma impossibilidade.

Dias da Cunha parte da necessidade de equilíbrio de poder para não haver tentações - que, francamente, em Portugal passam quase por sandes e café com leite (quando alguns fazem paralelismos com o "Calciocaos", de Itália, estão mesmo a falar do que não sabem, nem querem saber...). Há um equilíbrio necessário que nunca - nunca - se conseguiu e que era importante ter como objectivo. A Federação não o conseguiu, as associações não o conseguiram, a Liga não o conseguiu. Jesus Cristo, se descesse à Terra, era capaz de também não o conseguir porque provavelmente havia alguns ateus. Mas os clubes estão condenados a entenderem-se, ou a desaparecerem no meio de 'apitos' que podiam escutados em muitos lados.»
Manuel Queiroz, 15/05/2008
http://ww1.rtp.pt/icmblogs/rtp/detrivela/