quarta-feira, 28 de maio de 2008

O sistema deles

O jogo da Taça ainda está vivo na memória dos portistas. Uma má exibição, uma arbitragem péssima. Um fecho de época com algum sabor amargo. Os nossos desagravos têm ocorrido no terreno do jogo. É lá que nos temos vingado, e desta vez não fomos capazes. Daí a desilusão ter sido grande. Não fora, isso, e que se lixe a taça.

A SAD anda calada. Espero que não seja de medo ou vergonha. Percebo se for uma questão de prudência.

Regresso um pouco ao passado, para justificar e aceitar o modus operandi da direcção, relembrando o que escrevi a propósito de um SCP-FCP, da época de 2004/5:

“Com a judiciária e o ministério público a tratarem do apito, na retaguarda os vampiros vão formatando as instituições que gerem o futebol para que seja cumprida a sua (exclusiva) vontade. Obviamente, tudo planeado com a maior transparência e no estrito respeito pela legalidade democrática. A esse propósito, a rigorosa e competente imprensa da especialidade tem anunciado que uma nova ordem está em marcha e que tal movimento é irreversível.

O SCP/FCP serviu de teste para que todos tomem nota como o sistema deles vai funcionar. É assim o esquema:
A Imprensa anuncia que o CA da Liga escolherá para apitar o SCP v FCP o Lucílio ou o João Ferreira; Couceiro explica porque não deve ser o primeiro; o Presidente da CA ameaça o treinador, mas escolhe o segundo; num raide de surpresa, jogadores do FCP são submetidos ao controlo anti-doping em pleno treino; os jogadores do SCP são poupados, pois de há muito que estão habituados a lidar com seringas; no jogo o árbitro expulsa dois jogadores do FCP e sente-se ufano com o seu “trabalho”, como indicia o ligeiro movimento do braço com o punho fechado em sinal de vitória, que quase envergonhadamente executa no final do jogo; o 4º árbitro está abraçado ao treinador adjunto do SCP, igualmente a festejar o bom trabalho feito; os jogadores do FCP apanham 5 jogos de castigo; a imprensa denuncia que a arbitragem foi muito benévola para o FCP; Pinto da Costa é zurzido por se queixar da arbitragem, admoestado, censurado e castigado pecuniariamente; Couceiro tem um processo: para que fique claro que não pode falar ainda que tenha razão; o FCP castigado por mau comportamento dos seus adeptos. O país pode ficar finalmente descansado: as instituições funcionam com total transparência e equidade. O FCP perde e a imprensa ainda quer mais. Cumpre exemplarmente as funções que lhe destinam. Não pode haver falhas. Que não sobrem dúvidas a ninguém: os donos da bola hão-de ser os da 2ª circular e mais nenhuns."

O momento é difícil, mas precisamos de uma direcção que, embora em silêncio, olhe e não vire as costas aos sócios. Nós somos o alicerce do clube: não somos (só) uma turba ou meros consumidores, ávidos de vitórias. Não procuramos a falsa simpatia dos “inimigos”, já nos habituamos ao seu “ódio”. Mais difícil é ouvir o silêncio da Direcção, que só é interrompido pelas excelentes intervenções de Jesualdo Ferreira. Queremos mais: compreendemos o passo atrás, mas esperamos ter gente que seja capaz de dar, no tempo certo, os passos em frente. Não pode durar muito mais a táctica da prudência, pois não podemos concorrer num mercado em que o bem é tão escasso e a luta tão dura, quedos e mudos. Reclamamos um confronto sério com o sistema “deles”, e que seja já a seguir.

3 comentários:

José Correia disse...

O afastamento do FC Porto relativamente à Liga de Clubes, abriu caminho a que Benfica e Sporting ocupassem todos os lugares-chave dos diversos órgãos da Liga com homens da sua confiança e que, em alguns casos, demonstram um anti-portismo primário.

Ora, este facto, já teve diversas consequências nefastas para o FC Porto (veja-se a forma como o actual CD da Liga conduziu o 'Apito Final' ou como o anterior procedia relativamente aos sumaríssimos).

José Correia disse...

Em relação à politica de comunicação do FC Porto, o quase silêncio dos dirigentes do clube e da SAD, relativamente à forma como, desde Dezembro de 2004, fomos "cozinhados" na opinião pública, tem sido altamente lesivo para a nossa imagem e contribuído para que, dentro do campo, os árbitros estejam condicionados contra nós e se sintam à vontade para nos prejudicar (veja-se, como exemplos, a última final da Taça ou a diferença abissal no número de penalties assinalados).

Mefistófeles disse...

Costuma dizer-se que "quem não se sente não é filho de boa gente". Ora, o silêncio, o que tem de mais embaraçoso é isso mesmo. Se alguma coisa está a ser preparada pela SAD, que o digam. Se o silêncio é estratégico, expliquem-no.Não nos deixem com a sensação de sermos um clube de tótós que só sabem comer e calar. Começa a irritar profundamente.