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Não é preciso analisar à lupa a actuação de Jorge Sousa no último Sporting x FC Porto, para se constatar que estivemos perante uma arbitragem de campo inclinado, com vários erros graves, prejudicando sempre a mesma equipa – o FC Porto – e que, por isso, teve uma enorme influência no resultado final. As imagens são claríssimas e as opiniões de ex-árbitros vão todas no mesmo sentido. Contudo, parece que não se passou nada de especial. Não houve capas de jornais inflamadas, o futebol português não está de luto e ninguém clamou para que o árbitro fosse remetido para a “jarra”.
O que diria a comunicação social do regime e os “calimeros de Alvalade”, se o golo do FC Porto tivesse sido precedido de um fora-de-jogo indiscutível do marcador do mesmo, se um jogador azul-e-branco tivesse entrado por trás e cravado os pitões na perna de um sportinguista (como Maniche fez a Moutinho aos 60’) ou se, devido a um erro/precipitação do árbitro, a equipa leonina tivesse sido obrigada a jogar com menos um durante os últimos 25 minutos? Não é preciso ser bruxo, porque todos sabemos a resposta.
Em contraponto, muitos portistas acham quase normal ser prejudicados em jogos contra os “viscondes”, principalmente quando esses jogos são disputados em Alvalade ou em campo neutro. E, de facto, analisando a história destes confrontos têm razão para isso.
Para não ficar por generalidades, ou insinuações vagas, para além deste último jogo, recordo mais nove (!) Sporting x FC Porto deste século, marcados por arbitragens vergonhosas e campos inclinados.
Época 2001/02, Agosto de 2001, (Campeonato, Alvalade)Árbitro: Lucílio Baptista
1ª jornada de um campeonato que viria a ser ganho pelo Sporting. Logo aos 35 minutos, o senhor Lucílio Baptista expulsou o Costinha, mostrando-lhe o 2º cartão amarelo, após uma simulação grosseira de João Vieira Pinto. A televisão mostrou, de forma clara, que o Costinha nem sequer tocou no “grande artista”. O FC Porto jogou quase uma hora com menos um jogador e já perto do fim, sofreu um golo e perdeu o jogo por 0-1.
Época 2002/03, 12 de Janeiro de 2003, (Campeonato, Alvalade)Árbitro: Lucílio Baptista
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«Não foi mas podia ter sido complicado o resultado da arbitragem de Lucílio Baptista (...). Só que a vitória portista foi tão incontestável que ninguém vai dar o relevo que teriam noutras situações três lances de grande penalidade não assinalados, todos a favor do FC Porto. Dois deles foram flagrantes (puxão de Kutuzov a Derlei na área do Sporting, aos 33', e mão de Contreras na área para travar um cruzamento de Clayton, aos 81'), mas o terceiro dificilmente o árbitro poderia ter visto, pois estava a colocar-se no terreno quando Tiago, ao pontapear a bola na área, atingiu primeiro Jorge Costa.»
O JOGO, 13/01/2003
Para além destes três lances, houve um quarto penalty não assinalado, na jogada que precedeu o golo do FC Porto. Quatro penalties, a favor do FC Porto, que ficaram por assinalar num só jogo!
Época 2003/04, 31 de Janeiro de 2004, (Campeonato, Alvalade)Árbitro: Lucílio Baptista
Foi o terceiro Sporting x FC Porto consecutivo arbitrado por Lucílio Baptista (fantástico o critério das nomeações!) e, se um ano antes tinha feito vista grossa a quatro penalties a favor do FC Porto, desta vez não hesitou em assinalar dois penalties contra os dragões. Mas o desafio teve muitos mais casos de arbitragem de claro prejuízo do FC Porto, os quais podem ser recordados
aqui.
No final do jogo, os dirigentes do Sporting consideraram que o árbitro tinha realizado um “bom trabalho”, o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga (o confesso sportinguista Luís Guilherme) considerou a arbitragem de Lucílio Baptista "extremamente positiva" e os jornais
Record e
A Bola atribuíram-lhe uma elevada pontuação.
Época 2004/05, 21 de Março de 2005, (Campeonato, Alvalade)Árbitro: João Ferreira
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«McCarthy e Seitaridis terão sido mal expulsos do clássico no entender dos especialistas de O JOGO. No lance do grego, punido com vermelho pela grande penalidade cometida, as críticas a João Ferreira são unânimes: Seitaridis deveria ter visto apenas um amarelo por cortar uma linha de passe e não uma situação de golo iminente. Na avaliação feita à cotovelada do sul-africano, apenas António Rola aceita o entendimento do árbitro, apesar de, à semelhança dos outros, ter ressalvado que achava a expulsão demasiado severa.»
‘Tribunal de O JOGO’, 22/03/2005«Ontem, ao minuto 35 do jogo de Alvalade, o Sr. João Ferreira decidiu abrir o caminho do título ao Benfica, juntando-se a uma vasta campanha nacional em curso que tem como objectivo levar o Benfica ao título, nem que seja por decreto-lei. (...) De uma assentada, o Sr. João Ferreira conseguiu atingir duplamente o FC Porto: tomando decisões que se revelaram determinantes na derrota e privando a equipa de contar com McCarthy para os jogos seguintes.»
Miguel Sousa Tavares, A Bola, 22/03/2005Época 2007/08, 11 de Agosto de 2007, (Supertaça, Leiria)Árbitro: Bruno Paixão
Logo ao 2º minuto, zás, amarelo para o Paulo Assunção e passados mais oito minutos foi a vez de Pedro Emanuel, após ter feito uma falta normalíssima, também ficar amarelado. E assim, ao minuto 10, um dos defesas-centrais e o médio-defensivo (um jogador-chave nas compensações defensivas dos dragões) já estavam condicionados para o resto do jogo.
Poucos minutos após o início da 2ª parte, e ainda com o resultado em branco, deu-se o caso do jogo. Dentro da área do Sporting, Tonel corta a bola com a mão bem acima da cabeça. Os jogadores viram e o público, a avaliar pela reacção vinda da bancada, também não teve dúvidas. Penalty claríssimo em qualquer parte do mundo (e amarelo para Tonel), mas que Bruno Paixão (bem posicionado) e o árbitro-assistente que acompanhava o ataque do FC Porto decidiram ignorar.
Época 2007/08, 18 de Maio de 2008, (Taça de Portugal, Jamor)Árbitro: Olegário Benquerença
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Para além da enorme dualidade de critérios na mostragem dos cartões, em claríssimo prejuízo do FC Porto, o lance mais flagrante, em que Olegário mostrou ao que vinha, ocorreu aos 71 minutos, instantes antes da expulsão de João Paulo. Primeiro Polga e depois Miguel Veloso derrubam Lisandro dentro da área do Sporting, em ambos os casos sem nunca tocarem na bola. Fruto desta decisão de Benquerença, de uma situação em que o FC Porto poderia ter passado para uma vantagem no marcador, passou, isso sim, a jogar com menos um jogador!
O jogo terminou com os sportinguistas em festa e com os jogadores do FC Porto a chorar, com a revolta estampada no rosto. O festival dado por Olegário neste jogo pode ser recordado
aqui.
Época 2008/09, Agosto de 2008, (Supertaça)Árbitro: Carlos Xistra
Logo no jogo de abertura da época, a Supertaça Cândido de Oliveira entre o Sporting e o FC Porto, Xistra perdoou a expulsão a dois sportinguistas, conforme pode ser recordado
aqui.
Época 2008/09, 9 de Novembro de 2008, (Taça de Portugal, Alvalade)Árbitro: Bruno Paixão
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Uma arbitragem desastrosa, com erros a prejudicar as duas equipas mas, quer no aspecto técnico, quer no disciplinar, não há dúvida para que lado é que o campo esteve inclinado. Por exemplo, perante a habitual pressão histérica do público de Alvalade, Bruno Paixão amarelou três jogadores do FC Porto entre os 37 e os 46 minutos. Nesta altura do jogo, o FC Porto tinha um total de 6 faltas (uma média de um cartão amarelo por cada duas faltas!), enquanto o Sporting já ia em 16 faltas (e zero cartões). Mas houve muito mais, que pode ser recordado
aqui.
Época 2008/09, 4 de Fevereiro de 2009, (Taça da Liga - Meia-final, Alvalade)Árbitro: Carlos Xistra
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A forma como Xistra inventou dois penalties, invertendo um resultado de 1-0 a favor do FC Porto para o 2-1 que abriu caminho à vitória leonina, ficou nos registos como uma das
maiores poucas vergonhas dessa época.
"Tal como há fantásticos jogadores e treinadores que tomam opções erradas, o mesmo acontece com os árbitros. Estamos na presença de um excelente árbitro, mas que se equivocou numa fase de jogo em que o marcador estava em 1-1, num lance em que Postiga devia ter levado segundo amarelo por simulação e o Sporting ficava com dez jogadores. Em vez disso assinalou penalty contra nós, um de dois mal assinalados. Há lances que são grande penalidade e não o são no nosso estádio. É difícil conseguir clima de tranquilidade na arbitragem, assim. É com isto que temos de viver."
José Gomes (treinador-adjunto do FC Porto), na conferência de imprensa
É por estas e por outras, que alguns sportinguistas deviam lavar a boca quando falam no “Sistema” ou em Apitos. Mas não, para além de uma memória altamente selectiva, chegam ao ponto de se queixarem até em jogos que são beneficiados!