terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mais uma vez contra 14

Não é preciso analisar à lupa a actuação de Jorge Sousa no último Sporting x FC Porto, para se constatar que estivemos perante uma arbitragem de campo inclinado, com vários erros graves, prejudicando sempre a mesma equipa – o FC Porto – e que, por isso, teve uma enorme influência no resultado final. As imagens são claríssimas e as opiniões de ex-árbitros vão todas no mesmo sentido. Contudo, parece que não se passou nada de especial. Não houve capas de jornais inflamadas, o futebol português não está de luto e ninguém clamou para que o árbitro fosse remetido para a “jarra”.

O que diria a comunicação social do regime e os “calimeros de Alvalade”, se o golo do FC Porto tivesse sido precedido de um fora-de-jogo indiscutível do marcador do mesmo, se um jogador azul-e-branco tivesse entrado por trás e cravado os pitões na perna de um sportinguista (como Maniche fez a Moutinho aos 60’) ou se, devido a um erro/precipitação do árbitro, a equipa leonina tivesse sido obrigada a jogar com menos um durante os últimos 25 minutos? Não é preciso ser bruxo, porque todos sabemos a resposta.
Em contraponto, muitos portistas acham quase normal ser prejudicados em jogos contra os “viscondes”, principalmente quando esses jogos são disputados em Alvalade ou em campo neutro. E, de facto, analisando a história destes confrontos têm razão para isso.

Para não ficar por generalidades, ou insinuações vagas, para além deste último jogo, recordo mais nove (!) Sporting x FC Porto deste século, marcados por arbitragens vergonhosas e campos inclinados.

Época 2001/02, Agosto de 2001, (Campeonato, Alvalade)
Árbitro: Lucílio Baptista
1ª jornada de um campeonato que viria a ser ganho pelo Sporting. Logo aos 35 minutos, o senhor Lucílio Baptista expulsou o Costinha, mostrando-lhe o 2º cartão amarelo, após uma simulação grosseira de João Vieira Pinto. A televisão mostrou, de forma clara, que o Costinha nem sequer tocou no “grande artista”. O FC Porto jogou quase uma hora com menos um jogador e já perto do fim, sofreu um golo e perdeu o jogo por 0-1.


Época 2002/03, 12 de Janeiro de 2003, (Campeonato, Alvalade)
Árbitro: Lucílio Baptista
«Não foi mas podia ter sido complicado o resultado da arbitragem de Lucílio Baptista (...). Só que a vitória portista foi tão incontestável que ninguém vai dar o relevo que teriam noutras situações três lances de grande penalidade não assinalados, todos a favor do FC Porto. Dois deles foram flagrantes (puxão de Kutuzov a Derlei na área do Sporting, aos 33', e mão de Contreras na área para travar um cruzamento de Clayton, aos 81'), mas o terceiro dificilmente o árbitro poderia ter visto, pois estava a colocar-se no terreno quando Tiago, ao pontapear a bola na área, atingiu primeiro Jorge Costa.»
O JOGO, 13/01/2003

Para além destes três lances, houve um quarto penalty não assinalado, na jogada que precedeu o golo do FC Porto. Quatro penalties, a favor do FC Porto, que ficaram por assinalar num só jogo!


Época 2003/04, 31 de Janeiro de 2004, (Campeonato, Alvalade)
Árbitro: Lucílio Baptista
Foi o terceiro Sporting x FC Porto consecutivo arbitrado por Lucílio Baptista (fantástico o critério das nomeações!) e, se um ano antes tinha feito vista grossa a quatro penalties a favor do FC Porto, desta vez não hesitou em assinalar dois penalties contra os dragões. Mas o desafio teve muitos mais casos de arbitragem de claro prejuízo do FC Porto, os quais podem ser recordados aqui.
No final do jogo, os dirigentes do Sporting consideraram que o árbitro tinha realizado um “bom trabalho”, o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga (o confesso sportinguista Luís Guilherme) considerou a arbitragem de Lucílio Baptista "extremamente positiva" e os jornais Record e A Bola atribuíram-lhe uma elevada pontuação.


Época 2004/05, 21 de Março de 2005, (Campeonato, Alvalade)
Árbitro: João Ferreira
«McCarthy e Seitaridis terão sido mal expulsos do clássico no entender dos especialistas de O JOGO. No lance do grego, punido com vermelho pela grande penalidade cometida, as críticas a João Ferreira são unânimes: Seitaridis deveria ter visto apenas um amarelo por cortar uma linha de passe e não uma situação de golo iminente. Na avaliação feita à cotovelada do sul-africano, apenas António Rola aceita o entendimento do árbitro, apesar de, à semelhança dos outros, ter ressalvado que achava a expulsão demasiado severa.»
‘Tribunal de O JOGO’, 22/03/2005

«Ontem, ao minuto 35 do jogo de Alvalade, o Sr. João Ferreira decidiu abrir o caminho do título ao Benfica, juntando-se a uma vasta campanha nacional em curso que tem como objectivo levar o Benfica ao título, nem que seja por decreto-lei. (...) De uma assentada, o Sr. João Ferreira conseguiu atingir duplamente o FC Porto: tomando decisões que se revelaram determinantes na derrota e privando a equipa de contar com McCarthy para os jogos seguintes.»
Miguel Sousa Tavares, A Bola, 22/03/2005


Época 2007/08, 11 de Agosto de 2007, (Supertaça, Leiria)
Árbitro: Bruno Paixão
Logo ao 2º minuto, zás, amarelo para o Paulo Assunção e passados mais oito minutos foi a vez de Pedro Emanuel, após ter feito uma falta normalíssima, também ficar amarelado. E assim, ao minuto 10, um dos defesas-centrais e o médio-defensivo (um jogador-chave nas compensações defensivas dos dragões) já estavam condicionados para o resto do jogo.
Poucos minutos após o início da 2ª parte, e ainda com o resultado em branco, deu-se o caso do jogo. Dentro da área do Sporting, Tonel corta a bola com a mão bem acima da cabeça. Os jogadores viram e o público, a avaliar pela reacção vinda da bancada, também não teve dúvidas. Penalty claríssimo em qualquer parte do mundo (e amarelo para Tonel), mas que Bruno Paixão (bem posicionado) e o árbitro-assistente que acompanhava o ataque do FC Porto decidiram ignorar.


Época 2007/08, 18 de Maio de 2008, (Taça de Portugal, Jamor)
Árbitro: Olegário Benquerença
Para além da enorme dualidade de critérios na mostragem dos cartões, em claríssimo prejuízo do FC Porto, o lance mais flagrante, em que Olegário mostrou ao que vinha, ocorreu aos 71 minutos, instantes antes da expulsão de João Paulo. Primeiro Polga e depois Miguel Veloso derrubam Lisandro dentro da área do Sporting, em ambos os casos sem nunca tocarem na bola. Fruto desta decisão de Benquerença, de uma situação em que o FC Porto poderia ter passado para uma vantagem no marcador, passou, isso sim, a jogar com menos um jogador!
O jogo terminou com os sportinguistas em festa e com os jogadores do FC Porto a chorar, com a revolta estampada no rosto. O festival dado por Olegário neste jogo pode ser recordado aqui.


Época 2008/09, Agosto de 2008, (Supertaça)
Árbitro: Carlos Xistra
Logo no jogo de abertura da época, a Supertaça Cândido de Oliveira entre o Sporting e o FC Porto, Xistra perdoou a expulsão a dois sportinguistas, conforme pode ser recordado aqui.


Época 2008/09, 9 de Novembro de 2008, (Taça de Portugal, Alvalade)
Árbitro: Bruno Paixão
Uma arbitragem desastrosa, com erros a prejudicar as duas equipas mas, quer no aspecto técnico, quer no disciplinar, não há dúvida para que lado é que o campo esteve inclinado. Por exemplo, perante a habitual pressão histérica do público de Alvalade, Bruno Paixão amarelou três jogadores do FC Porto entre os 37 e os 46 minutos. Nesta altura do jogo, o FC Porto tinha um total de 6 faltas (uma média de um cartão amarelo por cada duas faltas!), enquanto o Sporting já ia em 16 faltas (e zero cartões). Mas houve muito mais, que pode ser recordado aqui.


Época 2008/09, 4 de Fevereiro de 2009, (Taça da Liga - Meia-final, Alvalade)
Árbitro: Carlos Xistra
A forma como Xistra inventou dois penalties, invertendo um resultado de 1-0 a favor do FC Porto para o 2-1 que abriu caminho à vitória leonina, ficou nos registos como uma das maiores poucas vergonhas dessa época.

"Tal como há fantásticos jogadores e treinadores que tomam opções erradas, o mesmo acontece com os árbitros. Estamos na presença de um excelente árbitro, mas que se equivocou numa fase de jogo em que o marcador estava em 1-1, num lance em que Postiga devia ter levado segundo amarelo por simulação e o Sporting ficava com dez jogadores. Em vez disso assinalou penalty contra nós, um de dois mal assinalados. Há lances que são grande penalidade e não o são no nosso estádio. É difícil conseguir clima de tranquilidade na arbitragem, assim. É com isto que temos de viver."
José Gomes (treinador-adjunto do FC Porto), na conferência de imprensa


É por estas e por outras, que alguns sportinguistas deviam lavar a boca quando falam no “Sistema” ou em Apitos. Mas não, para além de uma memória altamente selectiva, chegam ao ponto de se queixarem até em jogos que são beneficiados!

10 comentários:

fiona bacana disse...

Miguel Guedes,
lê e imprime isto. Guarda e atira.

Btw: o cervan é para ficar?

cumps

P. Ungaro disse...

Mas isto é mais do mesmo ... todos os anos a historia é a mesma e tentam por todas as maneiras sonegar-nos aquilo que por direito é nosso, como o caso do ano passado ... que a tal super-equipa so ganhou na ultima jornada.

Não basta sermos melhores temos que ser 10 vezes superiores aos outros ...

um abraço

http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.com/

fallengod disse...

Basta ver quem foram os srs do apito nesses jogos

miguel disse...

Para nós não existe luto, nem pode haver lugar a reclamações, temos de ser melhores...........estranho a posição do PC em não vir a terreiro denunciar a vergonha que existiu no sábado, mas enfim outros valores se levantam.
O próprio VB devia exaltar-se tal como no jogo de Guimarães, mas agora deve ser diferente (mas agora tinha razão), será que estratégias de negócio assim o obrigam?
Uma coisa garanto se fosse ao contrário, devemos imaginar as parangonas nos jornais, os lagartos durante os próximos anos não falariam de outra coisa, enfim coisas do costume.

Zé Luís disse...

José Correia, sei que és diligente nestas coisas, mas permite-me acrescentar uma coisita ou outra, incluindo um jogo viciado que não está aqui.

Na final da Taça de 2008, o Olarápio mostrou ao que vinha no primeiro quarto de hora, com duas traçadelas horrendas de Grimi a Quaresma em frente ao banco do Sporting, nem cartão mostrou e dava vermelho com um árbitro criterioso.

Agora, o jogo que falta: Sporting-Porto, 2-0, em 2008, aquele do festival de golos perdidos, com 10 ou 12 pontos de avanço, árbitro Carlos Xistra. Acho que foram dois golos do Vukcevic, o 2º em claro fora-de-jogo a desviar de cabeça ao primeiro poste um cruzamento da direita. Entre os dois golos leoninos, um penálti por marcar sobre Quaresma.

Creio que chega. E é o Xistra outra vez.

José Correia disse...

Zé Luís disse...
“José Correia, sei que és diligente nestas coisas, mas permite-me acrescentar uma coisita ou outra, incluindo um jogo viciado que não está aqui.”

E eu agradeço a tua ajuda, bem como de outros leitores portistas do ‘Reflexão Portista’, na correcção e /ou acrescento de factos a esta lista.

José Correia disse...

Zé Luís disse...
“Na final da Taça de 2008, o Olarápio mostrou ao que vinha no primeiro quarto de hora, com duas traçadelas horrendas de Grimi a Quaresma em frente ao banco do Sporting, nem cartão mostrou e dava vermelho com um árbitro criterioso.”

Sim, é verdade. Faz parte daquilo que designei como o festival dado por Olegário nesse jogo e cujo link, para um artigo que escrevi na altura (“Um roubo ao raio-x”), é um dos que indiquei no texto (http://reflexaoportista.blogspot.com/2008/05/um-roubo-ao-raio-x.html).

Zé Luís disse...

Já agora, desta vez em Alvalade podemos isentar o benfiquista de Valongo, porque não fez nada de mal para a má história do jogo e o FC Porto só jogou contra 13... penso eu de que...

Mefistófeles disse...

Por alguma razão são os lagartos conhecidos mais recentemente por "calimeros". Dessa já não se livram.

Há por aquelas bandas muita coisa do foro psicológico por explicar.

Lino S. Babo disse...

Mesmo descontando a costela Portista que me empurra para análises mais ou menos (?) parciais, desta vez não pode haver dúvidas quanto a qualidade da arbitragem, que segundo aqueles que como eu também tem uma isenção semelhante a minha, embora de sinal contrário, a reputam de normal. Sendo assim a sua apreciação reflectida no post, não passa de uma constatação do óbvio.
Por hoje fico por aqui, até por querer terminar de comer a maçã que consegui salvar do arremesso ao relvado de Alvalade em homenagem ao João Montinho.