quarta-feira, 22 de julho de 2009

Marionetas


Em 2 de Setembro de 2008, Pelé chegou ao FC Porto englobado no negócio Quaresma, avaliado em 6 milhões de euros e como a grande aposta da SAD para substituir Paulo Assunção.

As coisas não correram bem ao jovem internacional português e, perante a total ausência de rendimento desportivo, em 26 de Janeiro de 2009 foi emprestado ao Portsmouth, tendo na altura afirmado ao site dos pompeys:
"É uma transferência de sonho. Vejo sempre os jogos do campeonato inglês, sei que a atmosfera é fantástica, por isso acho que é muito bom estar aqui. (...) Podem esperar muito trabalho e dedicação e, espero que também alguns golos".

De acordo com o comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM, o contrato permitia ao Portsmouth a opção de compra definitiva dos direitos desportivos do jogador, pelo valor global de 6,5 milhões de euros.
Na realidade, durante os cinco meses que esteve em Inglaterra Pelé não fez um único jogo e, obviamente, a questão da compra do passe nem sequer se colocou.

Em 7 de Maio de 2009, Pelé revelava a sua vontade de voltar ao FC Porto: "O FC Porto é a minha equipa, tenho mais quatro anos de contrato para cumprir e conto ajudar o clube".
Contudo, rapidamente deve ter perdido as ilusões, porque Jesualdo Ferreira deu uma entrevista ao PUBLICO, publicada em 05/06/2009, e não podia ser mais claro:
«[O Pelé] não tem o traço, nem de carácter nem de estrutura táctica, para ser o “seis” que o FC Porto precisa. Isto sem colocar em dúvida minimamente as qualidades grandes que o Pelé tem. Poderá não ser o “seis” que o FC Porto deseja, mas poderá sê-lo noutro clube qualquer ou noutro país

Quatro dias depois, em 9 de Junho, o presidente do Génova (Enrico Preziosi) afirmou:
"Não consegui Quaresma - não queremos um jogador que não quer estar connosco -, mas com Jorge Mendes consegui um médio, Pelé".
De facto, no dia seguinte Pelé foi a Itália fazer os habituais exames médicos e afirmou ao site do Génova:
"Conheci o presidente Preziosi, que já me tinha expressado a sua admiração. Se a transferência se concretizar, irei com entusiasmo para um clube que, segundo sei, é vivido com muita paixão. (...) E, este ano, terei a possibilidade de jogar na Europa".

Não houve comunicado para a CMVM, mas a comunicação social anunciou que os genoveses ficavam com a opção de compra por 5 milhões de euros.

Quando toda a gente pensava que o caso Pelé estava arrumado - ia voltar ao campeonato onde já tinha sido feliz com a camisola do Inter -, mais uma reviravolta e, em 20 de Julho, Pelé é apresentado em Espanha como jogador do Valladolid.

Segundo O JOGO de 21/07/2009, o jogador chegou a acordo com o Génova para cancelar o contrato (o jornal não explicou porquê), ficando o clube espanhol com opção de compra no final da época.
Desta vez, nem comunicado para a CMVM, nem os valores da transferência foram anunciados embora, segundo O JOGO, «exista a forte possibilidade de serem semelhantes aos alinhavados anteriormente com o clube italiano: cinco milhões de euros para ficar com o jogador no final da época».

Quanto ao Pelé, afirmou: "Vou dar o melhor. Quero crescer como jogador e também quero fazer crescer o Valladolid".

Resumindo, em menos sete meses (de Janeiro a Julho de 2009), Pelé vestiu as camisolas de quatro clubes de diferentes campeonatos. Se não é recorde mundial deve andar lá perto.

A novela em que se transformou a carreira profissional deste jogador, pertencente aos quadros da FCP SAD, merece alguma reflexão.
Em primeiro lugar, quero dizer que não duvido que o Vitor Hugo Gomes Passos (Pelé) precise de um bom acompanhamento para evitar alguns desvios nefastos para um jogador profissional. Contudo, custa-me a crer que este jovem futebolista, que há dois anos atrás demonstrou tanta maturidade ao serviço do Inter de Milão, seja assim tão inconsciente e instável.

Não haverá aqui outros interesses? Não estará o jogador a servir de marioneta nas mãos dos empresários e clubes envolvidos?

Foto: La gran marioneta, Pablo Ciliberti

3 comentários:

dragao vila pouca disse...

Tenho muita pena do Pelé, que até chegou a ser meu vizinho, mas ele parece que não quer nada com o futebol profissional...é um bom exemplo, de que às vezes mais vale um meco com muita vontade, que um bom jogador sem vontade nenhuma.

Jorge disse...

não acredito que o clube não tenha feito o possível para tentar afastar o rapaz da noite, quanto mais não seja a nível pedagógico. no entanto, quando não há vontade, é complicado fazer o que quer que seja...lembro-me que o McCarthy também passava a vida nos copos mas quando chegava aos treinos aplicava-se, por isso pode ser uma questão de "tarimba" :)

Pedro disse...

Nunca em décadas ouvi o Jesualdo referir-se a um jogador como ao Pelé na entrevista ao Público.

A única explicação é algo grave ter ocorrido. Não me parece que uma mera saida à noite tenha provocado isto.