terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O "scouting"

Um blog suíço abordou recentemente a situação do FCP (desportiva- e financeiramente) de forma muito exaustiva e muito interessante. Recomendo a todos a sua leitura, aqui (em jeito de provocação eu diria que o autor suíço conhece melhor a nossa situação do que 95% dos nossos adeptos):


A comparação económica com outros clubes europeus em diversas rubricas é particularmente interessante, e só realça a forma como o FCP é, no panorama geral, um "case study" pela positiva no rácio rendimento desportivo/receitas. Em geral, os elogios que o autor nos endereçou são perfeitamente justificados (já agora, também assinalou correctamente algumas áreas a prestar atenção) e dá gosto ver este reconhecimento no estrangeiro.

Há no entanto um elogio que me parece demasiado simpático (por outras palavras: injustificado), nomeadamente quando o autor escreve:

"[...] Much of this is down to Porto's world-class scouting network, which is especially formidable in South America".

Ora eu constato que não há qualquer evidência de que a estratégia de comprar barato e vender caro, como o autor lhe chamou, assenta imenso no trabalho dos olheiros, em particular na América do Sul.

Se formos a ver as 15 vendas mais lucrativas desde Gelsenkirchen (que tanto contribuíram para alimentar a "máquina" financeiramente e para o sucesso desportivo), apenas 3 desses jogadores foram contratados do estrangeiro: Lucho, Lisandro e Anderson.

A esmagadora maioria saiu do campeonato português: três deles da casa (R Carvalho, B Alves e H Almeida), e os restantes 9 (N-O-V-E) foram produto da 1a divisão portuguesa: Deco, P Ferreira, Maniche, Bosingwa, Quaresma (*), Pepe, Meireles, Derlei e Cissokho.

Ora não foi certamente devido a trabalho de olheiros que descobrimos qualquer um destes 9 jogadores; todos eles eram titulares indiscutíveis nos seus clubes e eram bem conhecidos de todos que seguem o campeonato português com um mínimo de atenção (mais não seja pelas transmissões televisivas). No caso destes jogadores, a equipa técnica do FCP não precisava de olheiros para nada; nem para os avaliar (os elementos da equipa técnica podiam fazê-lo perfeitamente sozinhos), nem muito menos para os descobrir.

Assinalo também que até mesmo nas 3 excepções à regra (grandes vendas de jogadores chegados do estrangeiro) o "scouting" era desnecessário para "descobrir" os jogadores: Lucho era já um habitué da forte selecção argentina, Lisandro tinha acabado de ser o melhor marcador do campeonato argentino (Torneio Clausura), e Anderson era considerado internacionalmente como o melhor jogador sub20 do mundo, andando já em tenra idade com o Grémio de Porto Alegre "às costas".

Acho portanto que temos sido muito bons a pegar em jogadores promissores do campeonato português e "trabalhá-los" de forma a evoluírem de forma a atingir o seu potencial (sendo nós depois também muito bons nas negociações na hora da venda, onde temos também contado em geral com a ajuda - nada desinteresseira - do "mago dos agentes" que dá pelo nome de J. Mendes). Fizémos, neste tipo de jogadores, um lucro de muitas dezenas de milhões de Euros nos últimos 7 anos (para além da enorme contribuição desportiva). Não haja qualquer dúvida que sem estas contratações no campeonato português teríamos estado condenados ao insucesso nos últimos anos.

Mas no que toca a prospecção no estrangeiro, o saldo é muito menos positivo. Aliás, em termos financeiros (e até mesmo desportivos) eu diria que o balanço é claramente negativo, já que o dinheiro que gastámos em contratações fora de Portugal desde Gelsenkirchen ultrapassou em muitas dezenas de milhões de Euros aquilo que encaixámos nas vendas dos mesmos jogadores, MESMO já incluindo os 3 jogadores acima mencionados: repare-se que a muito grande maioria dos quase 200M€ que gastámos em contratações desde Gelsenkirchen foi para jogadores chegados do estrangeiro.

Para terminar, se a *verdadeira* prospeção no estrangeiro fosse boa teríamos alguns exemplos de jogadores chegados ao FCP antes de se destacarem (já como adultos) nos seus campeonatos/seleções (contratados para as camadas jovens do FCP, tal como um Messi no Barça). Ora aí é o deserto total (e não é por falta de tentativas, já que contratámos um número bem considerável de estrangeiros para os juniores nos últimos 10 anos).

(*) Quaresma é um caso algo especial: foi "comprado" do estrangeiro (Barcelona, tendo servido como pagamento parcial do passe do Deco), mas tinha sido em Portugal ao serviço do SCP que o ficámos a conhecer bem.

22 comentários:

Mefistófeles disse...

Só um reparo: se a memória não me falha, o Maniche estava "encostado" na Luz na equipa B, não era titular indiscutível. Creio que foi uma aposta do Mourinho pois conhecia-o bem do pouco tempo que por lá treinou.

Se estiver enganado, por favor corrijam-me.

José Rodrigues disse...

Bem visto: salvo erro o Maniche foi encostado nos últimos meses do slb (apesar de antes disso ser titularíssimo), mas apenas e só por se recusar a renovar contrato.

Pelo menos é o q tenho em mente, agora q falas disso... mais alguém se lembra dos factos concretos?

José Rodrigues disse...

De resto, Mefistófeles, levantas um ponto pertinente: Maniche veio certamente por indicação de Mourinho (apesar de ter antes merecido elogios de PdC), e é um entre vários exemplos do mais bem sucecido tipo de contratação de todos: jogadores com provas dadas no campeonato português e q tinham sido treinados pelo nosso treinador. Maniche, Costinha, Derlei, N Valente...

Assinalo q mesmo o caso do E Rafael não se pode considerar um falhanço, apesar de não se ter afirmado como titular: estou certo q a sua contratação foi feita numa perspectiva de "remendo", sem grandes expectativas (estávamos muito bem servidos a titular com A Pereira e precisávamos apenas de um jogador barato para o banco). E nesse aspecto penso q foi bem conseguida, E. Rafael tem valor q.b. para o plantel do FCP (mesmo q o potencial seja limitado, até pq já não é lá muito jovem).

O meu ponto a concluir é o seguinte: muito dificilmente compramos "gato por lebre" no campeonato português (ao contrário de quem vem do estrangeiro, em q me parece q há uma certa tendência a fiar na palavra de gente pouco objectiva no assunto, nomeadamente de empresários e não só); e esse tipo de jogadores não corre o mesmo risco de inadaptação do q quem vem de fora.

Isto traduz-se na prática numa taxa de sucesso bem diferente dos 2 tipos de contratação.

Mefistófeles disse...

José Rodrigues: percebo o teu ponto e concordo com ele. Aliás,os factos e os números só te dão razão.

Talvez só com uma excepção: não me lembro de um só jogador que tivéssemos "sacado" à equipa titular do slbosta que tenha sido marcante. Nem o Rui Águas.

Acho que temos mais sorte com a "pesca" em Alvalade que na Luz.

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

Tens razão quanto à ideia central do artigo, que também acho que está errada, mas no mercado português também já cometes gafes (a meu ver) impressionantes com jogadores comprados ou repescados depois de terem dado bom nivel em Portugal.

Casos como:

- Sodestrom (Vit. Guimaraes)
- Mário Silva (ex-Boavista via Nantes)
- Miguel Lopes (Rio Ave)
- Andrés Madrid (Braga)
- Joao Paulo (U. Leiria)
- Tiago (U. Leiria)
- Jorginho (V. Setubal)
- Ezequias (Maritimo)
- Diogo Valente (Boavista)
- Sokota (Benfica)
- Areias (Beira-Mar)
- Hugo Leal (ex-Benfica via PSG)
- Candido Costa (Salgueiros)
- Bruno (Maritimo)
- Marco Ferreira (V. Setubal)
- Paulo Costa (Alverca)
- Caju (Alverca)
- Panduru (Benfica)

Alguns dos que me lembro da última decada (acho que o clube de proveniencia está correcto, mas de alguns nao me fio a 100%).

Mesmo assim o fiasco sul-americano é mt maior, impossivel esquecer os Mareque, Valeri, Benitez e Prediguers deste mundo.

um abraço

José Rodrigues disse...

Miguel Pereira,

sinceramente não vejo no q me apontas qualquer gaffe da minha parte: eu não disse em lado nenhum que não se falharam bastantes contratações a nível interno. Claro q tb se falhou bastante, como se falha em qq outro clube.

No entanto compare-se o q gastou em compras & encaixou em vendas de jogadores comprados em Portugal, na totalidade, e por outro lado comprados no estrangeiro. O saldo é muito positivo no 1o caso, e negativo no segundo. Há uma diferença clara no dois tipos de contratações.

Para além disso (e isto é um detalhe) vejo jogadores na tua lista q para mim estão longe de ser um fracasso: nomeadamente, jogadores com um rácio desempenho/custo bastante razoável. Por exemplo: Jorginho e J. Paulo. Aliás, pouquíssimos são os jogadores dessa lista q custaram para cima de 2M€ (enquanto muito raramente se compra um jogador do estrangeiro por menos de 3M€).

E já agora (e isto é mesmo detalhes):

1) alguns destes jogadores q apontas NÃO tinham demonstrado estar a bom nível no seu clube, a meu ver (por ex Areias, Tiago e Ezequias, jogadores muito discretos dos seus clubes), e

2) A Madrid não foi comprado pelo FCP (esteve cá a título de empréstimo)

3) algumas dessas contratações foram pré-Gelsenkirchen, não pós-Gelsenkirchen, q é o horizonte temporal em discussão (Tiago, M Ferreira, Cajú, Panduru, Bruno, ...)

Para concluir: não faço a apologia de q se compre jogadores do campeonato português cegamente, claro. Cada caso é um caso, e algumas contratações nacionais pareceram-me muito escusadas (por ex Ezequias, Sereno e Scieczek), tendo em conta as alternativas q já tínhamos sob contrato.

Da mesma forma faz sentido fazer ALGUMAS contratações no estrangeiro, naturalmente (mais uma vez cada caso é um caso: depende do custo, depende das alternativas q já tínhamos, depende do CV do jogador).

Abraços

José Rodrigues disse...

"não me lembro de um só jogador que tivéssemos "sacado" à equipa titular do slbosta que tenha sido marcante"

Mefistófeles,

se calhar és mais exigente do que eu :-)

Passo a explicar: pessoalmente essa discussão (se uma contratação foi "marcante" ou não) não me aquece nem arrefece muito (até pq é mesmo muito subjectiva). A mim interessa-me apenas se as mais-valias na venda + o rendimento desportivo justificaram o custo de compra (mais diferencial de salário, a haver vs quem lá estava), ou não.

E nesse aspecto acho q o saldo geral de jogadores "roubados" ao slb é claramente positivo, mesmo q não seja exactamente fantástico. Maniche é o exemplo mais claro mas tb Kulkov, Iuran, R Águas, P Henriques e outros acho q valeram a pena.

Miguel Lourenço Pereira disse...

José,

Peço desculpa pelo lapsus linguae. Nao queria dizer "cometes" queria dizer "cometemos", porque estamos a falar da politica de transferencias do clube ;-)

É normal que o mercado interno, pela inexpressividade que tem, seja menos oneroso, mas o que realmente queria reforçar é aquilo que considero a nulidade do nosso serviço de scouting que não serve nem para contrastar a qualidade de jogadores que trabalham diariamente na nossa realidade.

Sei que alguns desses nomes foram manias pessoais de técnicos e dirigentes, e isso explica muito. Também sou favorável a que o FCP continue uma politica interna activa que nos trouxe no passado Drulovic, Zahovic, Deco, Maniche ou Pepe e óptimos dividendos.

Mas o que realmente critico no artigo original, e que quis apontar, foi que o nosso serviço de scouting é bastante fraco para a dimensão do clube que somos porque nao é preciso ser ninguém génio para adivinhar o falhanço de metade dos jogadores citados.

um abraço

Miguel

Daniel Gonçalves disse...

Mefistófeles disse: "não me lembro de um só jogador que tivéssemos "sacado" à equipa titular do slbosta que tenha sido marcante. Nem o Rui Águas." A verdade é que também não foram tantos quanto isso, e discordo do caso citado do Rui Águas, ele foi importante na conquista do título em 1989/90, marcando golos decisivos em jogos contra o Tirsense, o Portimonense, Braga e outros, tendo sido o nosso melhor marcador com 19 golos, o Madjer, com quem fez dupla atacante, nessa temporada, marcou 14 golos.
Também poderia citar o caso do Kulkov e do Iuran, embora estes, aquando da sua contratação, já não fossem do SLB, mas sim de uma sociedade qualquer.

José Rodrigues disse...

Miguel Pereira,

assinalo q a definição de "falhanço" não é a mesma em termos objectivos para todos os jogadores (vidé comentário prévio).

Naturalmente q o q se espera de um jogador q custa 10M€ é muito diferente de um q vem a custo zero (ou por 1M€), por exemplo.

Sendo assim um jogador q custe 1M€ ou 2M€ e vá "tapando remendos" neste e naquele jogo de forma minimamente satisfatória ao longo de uns 3 anos, mesmo q depois saia de borla, é para mim uma contratação bem sucedida. É por exemplo o caso do Jorginho.

Assinalo no entanto q uns quantos jogadores não conseguiram sequer atingir este patamar mas sem ser necessariamente por culpa própria, sendo vítimas em certa medida de uma impaciência da SAD/treinador q muito facilmente têm a tendência a ir ao mercado.

Quando se contrata em média uns 10 jogadores por ano, ano após ano, é inevitável q alguns vão ser "falhanços" (já q a maior parte não é "revendável").

Por exemplo: acho q o J. Paulo foi vítima disto. Durante 2 anos acho q contribuiu como "remendo" bem razoável aquilo q se pedia para o q custou, e podia ter continuado a fazê-lo por mais uma ou duas épocas. Mas a SAD pelos vistos achoou q não e preferiu ir buscar um Sereno...(digo "a SAD" pq a decisão foi tomada muito antes da chegada do AVB).

BATCdC disse...

"o nosso serviço de scouting é bastante fraco para a dimensão do clube que somos"

Eu li isto? A sério?!
Se a nossa prospecção é fraca, o que dizer de todos os outros clubes portugueses e muitos estrangeiros que competem connosco (com outras armas = €) nas competições da UEFA?
Que sorte que temos tido então ao longo dos anos com as provas conquistadas e vendas realizadas!

Cumprimentos

José Rodrigues disse...

"Mas o que realmente critico no artigo original, e que quis apontar, foi que o nosso serviço de scouting é bastante fraco para a dimensão do clube que somos porque nao é preciso ser ninguém génio para adivinhar o falhanço de metade dos jogadores citados"

Mas isso foi exactamente o que disse no meu artigo...

Quanto à relevância dos exemplos internos (i.e. do mercado português) q deste, volto a afirmar q eu acho q o scouting não é sequer para aqui chamado.

Quando se contrata jogadores q jogam regularmente em outros clubes da nossa liga, a responsabilidade (pela positiva ou negativa, saliente-se) cai inteiramente na equipa técnica e direcção da SAD, pq não é preciso scouting para nada para os descobrir e avaliar.

No caso de jogadores contratados para as camadas jovens e (a haver exemplos, q não há) seniores contratados a equipas da IIB, sim, o scouting teria um papel importante a desempenhar. Mas nesses jogadores da I Liga portuguesa, não.

@ Bruno

se leres com atenção (tanto o meu artigo como o do Swissramble), ficarás esclarecido como é possível termos tido o sucesso q tivémos: outras razões e méritos próprios q NÃO o scouting.

[mas pronto, em jeito de desabafo: há sempre pessoal q considera q qdo se ganha somos por consequência os melhores em todo, até nos roupeiros e vendedores de bilhetes, e vice-versa quando perdemos...]

Nuno Ribeiro disse...

Boa tarde.
Quero discordar com alguns pontos do blog. O scouting não se faz apenas fora do país mas principalmente dentro do país. Dos vários nomes mencionados de apostas (os tais 9) no mercado português temos de salientar talvez à excepção do quaresma, mais nenhum era tido na altura da sua contratação como um jogador de topo, à excepção do quaresma mais nenhum reunia o consenso no universo portista, mas mesmo assim o FCP apostou neles quando eles estavam ao alcance de outros clubes. Portanto eu considero isto bom scouting.

Falando agora do Scouting no estrangeiro, continuo a discordar do autor do blog na medida em que embora dê razão na análise das 15 melhores vendas apenas 3 delas terem vindo directamente do estrangeiro, temos ainda assim de louvar que nos tenhamos antecipado a outros clubes para os obter. Gostava de lembrar alguns jogadores do plantel actual que vieram do estrangeiro e estão em vias de entrar nesse top 15 de vendas.

Hulk
Falcão
Fernando
Àlvaro Pereira
Otamendi
Guarin (embora ainda não tenha alcançado consenso)
James
Belluschi

Estão de certo a falhar-me alguns jogadores mas como podemos ver são jogadores que vieram do estrangeiro (compreendo que possam discordar do potencial de alguns) e que estão a render desportivamente e não tenho dúvidas que iram render muito financeiramente.

Posto isto sou da opinião que embora o scouting tenha pontos a melhorar, não é tão mau como faz parecer o blog. E acima de tudo Scouting não é só descobrir o que ninguém conhece e saber avaliar o talento onde quer que ele esteja.

Saudações Portistas

Nuno Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mefistófeles disse...

"A mim interessa-me apenas se as mais-valias na venda + o rendimento desportivo justificaram o custo de compra (mais diferencial de salário, a haver vs quem lá estava), ou não."
( Jose Rodrigues )
e
"A verdade é que também não foram tantos quanto isso, e discordo do caso citado do Rui Águas (...)
(Daniel Goncalves )

Jose:
Entao diz-me la, segundo esses criterios, quais foram os grandes negocios com jogadores oriundos da equipa titular do slbosta ? Repito: da equipa titular ( e ate incluo ja o Cebola de avanco...).

Daniel:
Para esclarecer, quando digo marcante, e mais ou menos isto: tens saudades de algum que tenha vindo da equipa titular do slbosta ( e tambem ja incluo o Cebola )? Eu nao.

Olha, eu tenho saudades do Futre, do Quaresma e cheira-me que tambem vou ter do Varela.

E por isso que eu digo que devemos continuar a pescar em Alvalade. Da Luz nao vem nada de bom.

Desculpem responder aos dois ao mesmo tempo( so por economia de espaco apenas ) e pela falta de acentos, mas e culpa do teclado.:-)

Miguel Lourenço Pereira disse...

Nuno,

Quanto ao top que mencionas, dificilmente há um grande trabalho de scouting:

- Otamendi, internacional argentino e figura do campeonato.
- James, campeão argentino no modesto Banfield e estrela do Mundial sub-19 com a Colombia.
- Falcao, referencia no campeonato argentino, um dos máximos goleadores do River Plate à altura.
- Hulk, já tinha passado em junior pelo clube e depois foi para o Japão, ficando "debaixo de olho".
- Outra figura reconhecida do River que se tornou numa das figuras do Olimpiaikos campeão grego.


Assim que, exceptuando a boa descoberta do Fernando e do Alvaro (o Guarin também já tinha um passado conhecido nas selecçoes jovens colombianas, por isso já estava no S. Etienne), realmente o scouting feito pelo FCP podia ter sido feito por qualquer outro clube. Fomos ageis a negociar? Sim. Podemos tirar lucro disso? Sim, especialmente com Hulk, Falcao e James.

Mas isso nao implica um bom trabalho de scouting, até porque no mercado doméstico isso passa mais pela avaliaçao técnica da equipa de treinadores, que gere o mercado interno diariamente, do que propriamente estar a descobrir pérolas em divisoes secundárias ou outras ligas onde a equipa nao compete. Basta ver, p.e., o caso de Jesualdo ter descoberto Fucile numa transmissao televisiva nocturna, algo que tinha passado desapercebido a qualquer scouter que seguisse a liga uruguaia e argentina ;-)

um abraço

Anónimo disse...

E no caso do Hulk, se alguém fez scouting foi o Figger e não o FCP. Que eu saiba nós até o comprámos ao famoso clube Rentistas.

José Rodrigues disse...

Nuno disse: "O scouting não se faz apenas fora do país mas principalmente dentro do país."

Se faz, não se nota muito na prática.

O fruto visível do trabalho de scouting (vulgos olheiros) seria se tivéssemos contratado o Rolando ou o Bosingwa ou o Meireles ou o Rúben por meia dúzia de tostões aos juniores do Belenenses, Boavista, Nacional etc, isso sim.

Ou se tivéssemos sido nós a comprar o Pepe do Brasil em 2002, e não um Marítimo. Ou o Derlei ao Madureira em 1999, e não o Leiria. Ou o Cissokho ao Gueugnon, e não o Setúbal.

Ou se tivéssemos sido nós a captar para as camadas jovens o Varela, o Quaresma ou o Moutinho.

A partir do momento q todos estes jogadores passaram a jogar regularmente na I Liga ao serviço dos seus clubes (onde os fomos buscar), o scouting passou a dar quase tanto jeito como uma viola num enterro (ou seja, nenhum). Aí esses jogadores podiam ser avaliados (e certamente foram-no) quase todas as semanas pela TV e ao vivo pela equipa técnica (se não o treinador principal, ao menos um dos seus vários adjuntos).

José Rodrigues disse...

"Que eu saiba nós até o comprámos ao famoso clube Rentistas."

O Rentistas é q deve ter uns olheiros (scouts) do caraças. Caramba, uma equipa da 2a div do Uruguai q consegue descortinar um jogador no Japão, comprando-o por meia dúzia de tostões para vender 50% do passe umas semanas mais tarde por 5,5M€ (i.e. com um lucro de vários milhares de %)... é impressionante ;-)

Eu acho q o Swissramble devia dedicar um artigo ao Rentistas. :-D

Nuno Ribeiro disse...

Compreendo o que dizem... Mas por essa ordem de ideias quase não existe scouting nas equipas grandes na medida em que se contrata jogadores por darem nas vistas nos respectivos clubes. Falaram em jogadores como o Pepe, Cissocko, Derlei, Meireles, Rolando etc, mas acreditam que eles jogadores poderiam ter chegado mais cedo e ter sucesso? Sei que falam em ir buscar jogadores em idade júnior ou até mais novos mas temos feito isso com grandes promessas e aproveitamos muito poucos. Por exemplo, Rabiola, bruno gama, vieirinha, helder barbosa.

Penso que são raríssimos casos de jogadores perfeitamente desconhecidos a serem adquiridos por clubes de topo a singrarem. Falaram no messi mas o messi não foi scouting, teve de ir viver para barcelona por razões médicas depois a sua natureza aliada ao trabalho de top da cantera do barça fez dele o que nós conhecemos...

Abraço

José Rodrigues disse...

"Mas por essa ordem de ideias quase não existe scouting nas equipas grandes"

Ainda vai havendo, ainda vai havendo...

Começando por jogadores titulares na equipa senior do respectivo clube q foram contratados para as camadas jovens. Messi (e outros) no Barça, vários no Arsenal e Man Utd, etc. E porque não dizê-lo: o SCP, q tem tido muitíssimo mais talento a passar pelas camadas jovens do q nós.

Passa também por jogadores pouco conhecidos no país respectivo q jogam em outros campeonatos. Um Bebé no caso do Man Utd, mas tb jogadores contratados no estrangeiro por clubes grandes q não estavam muito no radar screen por não jogarem nesse país/regularmente na LC/serem uma figura da sua selecção (só para dar um exemplo: um Nani qdo foi contratado pelo Man Utd).

Ou por outras palavras: quando um Zenit contratou um B. Alves, não precisou de scouting para grande coisa (bastava acompanhar com um mínimo de atenção a LC e a selecção portuguesa ao longo de anos). Idem para o FCP no q diz respeito a alguém q jogue regularmente num Setúbal; ou Man Utd em relação a alguém q jogue num Tottenham.

Mas quando um Man Utd compra um Nani ao SCP, ou um FCP compra um A. Pereira na Roménia (na altura ainda bastante desconhecido) haverá certamente algum trabalho de olheiros (pelo menos espero eu q não seja só DVDs e palavra de empresário... embora às vezes até parece). Nós temos é pouquíssimos exemplos desses na última meia dúzia de anos por entre muitas dezenas de contratações.

Nuno Ribeiro disse...

Mas o barça produz os seus talentos... já o MU e o arsenal fazem o que fez o FCP, compram jogadores jovens com potencial...

O Bebé por exemplo custou mais que qualquer contratação do do FCP.

No caso do Nani nenhum jogador desconhecido custa 25 milhões...

Estamos a criticar o scouting do FCP (ao qual até estou de acordo) mas louvamos clubes que fazem igual por preços mais exorbitantes, parece-me contradição...