sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A crítica da crítica

Tenho lido os artigos e os comentários do RP e percebo a indignação (em alguns casos), mas dar atenção aos Santos, Fedorentos e demais Manhosos é uma perda de tempo. Têm uma agenda, são do SLB, falam com a linguagem mais apreciada pela tribo e alguns receberão, provavelmente, encomendas e pedidos de que tiram bom proveito: reconhecimento e mordomias.

Nada que me possa admirar. Ficaria surpreendido se fosse diferente. Nesta altura, já não podem despir a camisola. Seria pior a emenda que o soneto. Aliás, quanto mais o FCP andar por cima, mais agressivos tenderão a ser.

Pelas nossas bandas, também ocorrem alguns excessos. Já li severas críticas de portistas, nomeadamente a Rui Moreira ou MST, só porque estes teimavam em manter-se independentes e, de vez em quando, remarem um pouco contra a maré. No início da época escrevi um artigo neste blog, de cariz pessimista, e alguns não perdoaram o meu cepticismo. Fui cilindrado.

Não creio que ao insulto se deva responder com o insulto. Quem aceita fazer ouvir-se (ou se apresenta para ser lido) publicamente, deve respeitar a audiência. A réplica que estes tipo de programas (ou escritos) proporcionam, ainda que tenha se ser contundente, deve ser feita lucidamente. Aos gritos ninguém se ouve. As permanentes insinuações e teorias da conspiração vulgarizam-se e perdem efeito. O melhor remédio é deixá-los cansar, (re)agir só em casos maiores e continuar a ganhar. E não seguir o método da chafurdagem.

Fala-se demasiado da arbitragem, que o deveria ser só por excepção. E a maior parte das vezes há alguma “batotice” na apreciação. Decidir depois do recurso a inúmeras repetições, imagens em câmara lenta, lentíssimas e paradas, de ângulo inverso, com linhas virtuais e olho de águia para encontrar a melhor filmagem para justificar o erro irreparável, é muito mais fácil para ajudar a avaliação do lance e, ainda assim, anima tanta diversidade em doutas opiniões.

Espanta-me como ex-árbitros alinham nessas apreciações casuísticas, pois a arbitragem não se deve reduzir ao que se passa dentro das grandes áreas. Reconheço, porém, que há casos especiais, como o do Paixão em Vila do Conde, que até teve alguns acertos no desacerto global. Todavia o que sobressaiu, foi a impressão que o homem apitou por impulso ou se deixou condicionar por o quer que seja. Campo Maior não beliscou, bem pelo contrário, a chegada a internacional. O erro compensa e sabemos como.

Quanto à comunicação social, pouco ou nada se pode nem deve fazer. Podemos protestar para fazer prova que não nos deixamos comer por lorpas. O direito à indignação há muito foi institucionalizado. Só que já apanhei justos e pecadores a recorrerem ao mesmo princípio. O futebol, então, é pródigo na apropriação desse direito, nomeadamente pelos donos da verdade que pululam pelo país e são vedetas na TV.

Tenho vindo a munir-me de maior paciência e evito assistir aos programas desportivos que se tornaram uma espécie de crónicas de escárnio e mal dizer, sem qualquer graça ou interesse, tudo demasiado déjà vu. O que conta e o que ganha é o que dá mais caneladas. Diga-se que quem ousar ter uma postura mais soft não será (provavelmente) tolerado pelos seus apaniguados. E, sendo assim, os programas correm sem surpresas, crispados e trazem pouco esclarecimento.

No passado fim de semana, vi a 2ª parte do jogo do VG/FCP (em basquetebol) e fiquei admirado com o relator/comentador do jogo: o professor Barroca que, em tempos, até foi treinador do FCP. O homem virou-se mesmo quando o VG mudou o sentido do jogo. O seu entusiasmo era tão sincero quanto o dos adeptos do VG; não assobiou os árbitros, mas suas críticas foram sempre contundentes quando erraram em benefício do FCP e, no fim, muito menos efusivo, reconhecia-se-lhe alguma desilusão porque o FCP acabou por ganhar, depois de recuperar de sete pontos de desvantagem. Um profissional, que não saiba controlar as emoções, os seus amores e os seus ódios de estimação, não presta um bom serviço. É o que temos e o Barroca está longe de ser intragável, como muitos outros. Sabe e gosta muito de basquete e lê, normalmente, bem os jogos. No futebol é bem pior, diga-se. Num jogo da CL que o SLB perdeu, ao comentador, antigo jogador do SLB, só lhe faltou chorar.

Tenho acompanhado as intervenções de AVB, nomeadamente na TV, e fiquei com muitas dúvidas sobre a oportunidade de algumas declarações, por considerar que estaria a dar demasiada atenção a JJ. Depois de ter lido o Querido Manha fico com muitas dúvidas acerca das minhas dúvidas.

Constato que a vantagem de AVB decorre do facto de tomar a iniciativa, comandar o jogo e aos outros de reagirem (de forma grosseira e pouco inteligente), para logo a seguir os desarmar, recolocando na ordem do dia a competição e a qualidade do FCP, sem escamotear que este SLB é o melhor da década.

As palavras são como as cerejas e já me estendi. Palavras, palavras, futebol à parte. A saga continua, para a semana. Força Porto.

11 comentários:

Barba azul disse...

Concordo na generalidade com o que diz, com duas ressalvas:
1 - O cepticismo (como atitude prévia) não é realismo, não pode ser considerada uma pré-avaliação em bases científicas da tendência do curso dum campeonato. Não tem qualquer superioridade moral sobre a confiança (o oposto do cepticismo não é o optimismo). O cepticismo é uma atitude, como a confiança. E as atitudes influem no comportamento, no ânimo, na evolução. Nesse sentido, é mais inteligente (não mais ingénuo) ser confiante. E percebe-se a irritação de outros para com quem divulga públicamente o seu cepticismo. Não é uma questão de superstição, é uma questão psicológica.
Estamos totalmente de acordo, no entanto, com a necessidade de aceitação das opiniões diversas, do direito de expressão e da correcção na discussão / resposta.

2 - Completamente de acordo com o não ser em muitos casos justo a avaliação posterior do trabalho do árbitro, no que se refere à avaliação / decisão sobre lances específicos. Porque nós visionamos a repetição do mesmo, com todas as condições para correcta avaliação, e o árbitro não. Mas o árbitro sabe disso, e tem metodologias definidas para o seu trabalho instantâneo - avaliação do que viu e lhe parece ter acontecido, decisão que considera mais correcta a tomar, tendo em conta uma dúvida razoável que possa ter sobre o que efectivamente aconteceu, dado as limitações do seu visionamento. O que se critica e podemos criticar - não nos queira tirar isso! - é a percepção fácil duma tendência de determinado árbitro (em geral ou no curso dum jogo), em decidir de forma diversa perante circunstâncias idênticas, conforme a equipa em causa.

Pedro Reis disse...

Caro Mário Faria,
Parabéns pelo seu artigo!
De facto, salvo muito raras excepções, não conseguimos ouvir comentários lúcidos e isentos. E não é só no futebol ou em outras modalidades, na política a maioria das vezes, passa-se exactamente o mesmo. Conclusão, infelizmente para o país, seja porque motivo for, o nível é muito baixo.
Eu também, já só episodicamente vejo, ouço ou leio aquilo que nomeadamente ao FCP diz respeito. Porque efectivamente não se aprende nada!
Uma última nota para o nosso treinador AVB: fico muito satisfeito pela "aquisição" que fizemos porque ele tem revelado quase sempre uma inteligência e uma sagacidade notáveis. O AVB comanda, como você diz, enquanto ou outros têm que ir sempre a reboque, o que se traduz numa vantagem clara.
E, cereja em cima do bolo, para comandar nem precisa daquele estilo de confronto e arrogância excessivos que por exemplo o Mourinho tem (e isto não é uma crítica ao Mourinho, é apenas uma constatação).
Que fique por muitos anos no FCP, porque estou seguro que vai marcar uma época no nosso clube!
Abraço

HULK 11M disse...

Mais um excelente artigo do Mário Faria!
Parabéns!

Remígio Manuel Silva da Costa disse...

Aceito, e procuro seguir, a conduta aqui reiterada pelo autor do post.

nobigdeal disse...

De acordo, no geral :)

"Mas o árbitro sabe disso, e tem metodologias definidas para o seu trabalho instantâneo - avaliação do que viu e lhe parece ter acontecido, decisão que considera mais correcta a tomar, tendo em conta uma dúvida razoável que possa ter sobre o que efectivamente aconteceu, dado as limitações do seu visionamento"

Barba Azul, acrescentaria talvez que a metodologia definida pelo árbitro também leva em linha de conta o escrutinado que irá ser a sua actuação durante essa semana, dependendo do que marcou ou deixou de marcar e contra ou a favor de quem (repare no que se tem dito e escrito sobre o clarissimo penalty sobre o Hulk no último fds).

rbn disse...

Caro Mário Faria, concordo com tudo, mas infelizmente o que acontece é isto(desculpem as máiúsculas no texto, mas foi um copy/paste do que escrevi num blog do Fluminense Football Club sobre o tratamento lambe-botas da maioria da imprensa desportiva dado ao ben7ica por cá, ao flamengo no rio de janeiro e ao corinthians em são paulo):

HÁ 2 SEMANAS , O BENFICA JOGOU NUM DOMINGO COM A ACADEMICA DE COIMBRA, MAS NA 6ª FEIRA ANTERIOR AO JOGO, 2 DIAS ANTES, ANUNCIOU A CONTRATAÇÃO DE UM JOGADOR DA ACADEMICA(NUNO COELHO), QUE JÁ NÃO JOGOU NESTE JOGO...

NO MESMO JOGO, O BENFICA GANHOU DE 1 X O COM GOL EM FORA-DE-JOGO...

NA 4ª FEIRA SEGUINTE, 3 DIAS DEPOIS, O BENFICA JOGOU COM OLHANENSE, E NO MESMO DIA, CONTRATOU O MELHOR BEQUE DO OLHANENSE, O BRASILEIRO JARDEL...O JOGO FOI À NOITE, JARDEL FOI CONTRATADO Á TARDE E NÃO JOGOU....MAS JOGOU 3 DIAS DEPOIS PELO OLHANENSE CONTRA O VITÓRIA DE GUIMARÃES...

NO DOMINGO SEGUINTE, QUE FOI DOMINGO PASSADO, JOGOU CONTRA O NACIONAL DA MADEIRA, GANHOU POR 4 X 2 , E NO FINAL, O TREINADOR DO BENFICA DEU UM MURRO NA CARA DO JOGADOR DO NACIONAL, MAS NO RELATÓRIO DO ÁRBITRO NÃO CONSTA ESTE MURRO...

A COMISSÃO DISCIPLINAR DA LIGA PORTUGUESA VAI INSTAURAR INQUÉRITO PARA VER SE O MURRO É PASSÍVEL DE PUNIÇÃO(PELO MESMO MOTIVO, HULK FOI SUSPENSO POR 3 MESES ANO PASSADO E FOI FOI SUSPENSO DE IMEDIATO, JÁ NÃO PODENDO JOGAR O JOGO SEGUINTE)...O TREINADOR DO BENFICA NÃO, CONTINUA EM FUNÇÕES...

E, COMO SE DIZ EM PORTUGAL, A CEREJA NO TOPO DO BOLO FOI ONTEM À NOITE PELA TAÇA DE PORTUGAL...O BENFICA TEVE 3 PENALTIES A FAVOR NUM JOGO SÓ...O TREINADOR DO BENFICA E A MAIORIA DA IMPRENSA BENFIQUISTA PASSOU A SEMANA A RECLAMAR DO PENALTY(CLARO) MARCADO A FAVOR DO PORTO, QUE DEU A VITÓRIA POR 1 X 0, MAS HOJE, TÁ TODO MUNDO CALADINHO CALADINHO, E SE VOCE ACESSAR QUALQUER SITE DE ESPORTES PORTUGUES, CERTAMENTE NÃO VERÁ MANCHETES COM LETRAS GARRAFAIS SOBRE OS 3 PENALTIES...

(4ª feira, no jogo flamengo x americano pelo campeonato carioca) AOS 3 MINUTOS, 2 JOGADORES DO AMERICANO JÁ TINHAM CARTÃO AMARELO, E O CENTROAVANTE FOI EXPULSO AINDA NO 1º TEMPO...MAS, TAL COMO CÁ, TÁ TUDO CALADO...

Pedro disse...

"O melhor remédio é deixá-los cansar, (re)agir só em casos maiores e continuar a ganhar. E não seguir o método da chafurdagem."

tudo dito.

gosto muito do trabalho do carlos barroca, mas pelos vistos vou preferir continuar a ouvir o seu comentário apenas nos jogos da NBA..

Tiago Araújo disse...

Grande post!

Antevisão do Jogo F.C.Porto x SLBenfica aqui:

http://campeoesfcporto.blogspot.com/2011/01/fcporto-x-slbenfica-antevisao.html

Comentem sff.

Barba azul disse...

nobigdeal

É como diz, de facto existe por vezes essa componente metodológica. Eu chamaria a essa componente da equação mental da qual resulta a decisão do árbitro ao ajuizar um lance, coeficiente-de-correcção-retroactiva, a activar apenas em lances pontuais de carácter decisivo, com elevado peso na soma de todas as componentes em avaliação.

rbn disse...

Não se pode acusar os lampiões de falta de "iluminação".

Os gajos são mesmo iluminados e criativos.

Desde o começo da época até 4ª feira passada, andavam TODOS indignados com a QUANTIDADE de penalties a favor do FCP esta época.

Mas, depois de 4ª feira, onde tiveram num jogo só uma QUANTIDADE acima da média a favor deles,
agora andam TODOS indignados é com a QUALIDADE dos penalties a favor do FCP.

Não são mesmo criativos?

portodocrime disse...

quem são esses quatro parolos no rio tejo?
que chiques.
Abraço