
No dia em que o slb ia disputar a terceira final daquela que os sportinguistas (e não só) passaram a denominar por Taça Lucilio Baptista, João Querido Manha assinou um artigo no
Correio Manhã intitulado
A taça do Benfica, de que reproduzo a seguir alguns extractos:
«Pelo terceiro ano consecutivo, o Benfica atinge a final da Taça da Liga, dando à competição o interesse mínimo que a mantém viva, ao mesmo tempo que ela devolve ao clube a recompensa de um título que, embora
irrelevante, serve de consolo às frequentes desilusões nas provas principais. (...)
Enquanto o
FC Porto desdenha, a hegemonia benfiquista acaba por despertar um efeito perverso. A
maioria dos treinadores não a incluem nos objectivos de época, convencidos de que uma aposta numa competição menor prejudicaria o que realmente importa, acabando por se servir do calendário para
rodar jogadores e testes sem obrigações. (...)
O interesse dos treinadores num título menor, em contraponto com a reserva física dos principais jogadores para encontros mais importantes, é o grande dilema desta competição, a par de uma deficiente estruturação da 3.ª fase.
A tabela dos jogadores com mais presenças comprova o respeito do Benfica pela Taça da Liga, surgindo nos primeiros lugares apenas jogadores de primeiro plano, a começar pelo capitão Luisão que só este ano tirou as primeiras folgas na fase inicial. (...)
Desde a primeira edição, o
FC Porto desprezou a competição, começando por ser eliminado pelo Desportivo de Fátima.
Nenhum dos habituais titulares figura entre os mais utilizados, com relevo para Helton, que só actuou uma vez em 13 partidas.»
Conforme já escrevi várias vezes (
Para que serve a Taça da Liga?,
Poupar titulares, dar minutos aos outros, etc.), para mim a Taça da Liga é uma competição com um reduzidíssimo interesse competitivo e, sendo o FC Porto obrigado a participar e a ter de cumprir com as quotas mínimas em termos de jogadores, estou inteiramente de acordo com as opções que foram seguidas, quer por Jesualdo Ferreira, quer por André Villas-Boas.
A questão que se coloca é a seguinte: Havendo uma competição de regularidade – o Campeonato -, em que jogam todos contra todos a duas voltas; uma competição a eliminar – a Taça Portugal – envolvendo os clubes de todas as divisões; e uma competição entre os vencedores destas duas competições tradicionais – a Supertaça; porquê e para quê a Taça da Liga?
O que é que a Taça da Liga traz de novo, ou de diferente, relativamente às outras três competições nacionais?
Se nem sequer o seu vencedor é apurado para a Liga Europa, para quer serve a Taça da Liga?
A única explicação deu-a o Querido Manha, ao escrever que “serve de consolo às frequentes desilusões [do slb] nas provas principais”. Se assim é, proponho que lhe mudem o nome para Lampiões league...
P.S. Desta vez parece que o consolo foi pequeno.
«A festa acabou ontem mal para o Benfica, com vários
incidentes entre jogadores e adeptos. Os festejos da equipa no relvado foram já de si mornos e depois houve uma série de manifestações de desagrado à equipa... que ergueu o troféu. Estes começaram ainda no campo, quando Luisão e os colegas foram agradecer o apoio à claque No Name Boys. "
Eu fui o primeiro a dirigir-me aos adeptos e eles mandaram-me voltar. Não sei se era uma claque organizada ou não. Mas não gostei, achei uma falta de respeito". O capitão tirou a camisola para oferecer aos adeptos, mas esta foi devolvida. Luisão voltou a vesti-la e recolheu aos balneários, visivelmente chateado. (...)
Os incidentes não se ficaram por aqui. Muitos adeptos ficaram à espera da equipa junto ao autocarro e insultaram vários jogadores, nomeadamente Cardozo, que os mandou calar ao entrar para o Vermelhão. Ele que fora já permanentemente assobiado durante o jogo.
Rúben Amorim, que até tinha sido dos mais aplaudidos quando entrou para o autocarro, irritou-se e voltou a sair para reclamar com os adeptos. Alguns elementos do staff do Benfica é que sanaram situação. E até a polícia teve de intervir para separar Moreira, tão aplaudido antes, de um adepto que já estava a dois centímetros da sua cara.
"Joguem à bola!", "Esta é a
taça dos pobres!", "Chulos" e "A vergonha do Benfica são vocês" foram algumas das frases ouvidas junto ao autocarro.
Jara também não escapou daos insultos, tal como o presidente Luís Filipe Vieira, que deixou o estádio em carro particular.»
in
O Jogo, 24/04/2011