Budapeste

Já ouviram falar dos 14 milhões de adeptos do SLB? Alguém, por brincadeira certamente, enfiou na minha caixa do correio, há já algum tempo, uma folha de uma revista (creio que da Nova Gente?) que traz a decomposição dos 14 milhões de benfiquistas espalhados por esse mundo fora. A fonte do estudo: Vox Pop, com a colaboração do INE e da Secretaria de Estado das Comunidades.

Como tenho a certeza que o INE e a Sec-Estado estarão muito interessadas em participar num estudo análogo relativamente ao FCP, pois o nosso clube tem tido ganhos sustentados de notoriedade, muito particularmente fora do nosso cantinho plantado à beira-mar em que manda e comanda a "firma" monopolista SLB&Associados, aproveito para dar conta que na minha visita a Budapeste, o guia que comunicava connosco em espanhol, quando nos mostrava o complexo desportivo com o nome de Ferenc Puskas, me disse, sem que nada lhe tivesse perguntado, que o FCP era um clube que gozava de muito prestígio na Hungria e que era fã do FCP e da cidade do Porto, que já tinha visitado. Não me admirei e confirmei-lhe que o FCP é muito grande, mas muito menorizado em Portugal, em função do mega centralismo dominante e da asfixiante influência do SLB nos media.


Calcorreando a cidade, e atravessando a avenida Andrassi, que é uma das mais importantes de Budapeste, deparei, com surpresa e espanto, um rapaz todo equipado à FCP. Filmei, tirámos fotografias (uma das quais escolhi para fazer parte desta crónica), dissemos umas graças, mas o dragão húngaro, que pouco falava inglês, apenas repetia, apontando para o emblema: “simply the best”. Tentamos trocar mais impressões, mas pouco mais conseguimos que um sorriso tímido de alguém feliz pelo reconhecimento.

No estudo acima sobre o SLB não constava que tivesse adeptos na Hungria. A fazer fé no que vi e ouvi, deve haver bastantes húngaros que conhecem o FCP e alguns bem mais do que isso. Obviamente que não vou tomar a nuvem por Juno, mas perante tanta perseguição e condenação ao FCP, visando esvaziar sistematicamente os nossos méritos e sucessos, é reconfortante rever que do Estrangeiro vêm outros sinais. A ideia sempre expressa pela opinião publicada que somos um clube regionalista, entrincheirado nas nossas fronteiras, que conhecemos pela designação de Grande Porto, especialistas na teoria da conspiração e que faz do jogo da bola um jogo de guerra, não tem expressão além fronteiras, junto dos que gostam de futebol.

Tinha-me corrido mal o dia em Budapeste: furtaram-me 10.000 Florints, paguei uma multa de 18.000 Florints e numa viagem de táxi o motorista não foi de modas e levou-me 4.500 Florints. Estava pior que estragado. Senti-me recompensado pelo moço portista cujo nome me soou indecifrável e que muito vaidoso vestia a nossa camisola, cheio de uma contida satisfação pela “festa” que lhe fizemos. Esqueci os maus momentos e fiz as pazes com Budapeste.